Scielo RSS <![CDATA[Colombia Internacional]]> http://www.scielo.org.co/rss.php?pid=0121-561220190001&lang=en vol. num. 97 lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://www.scielo.org.co/img/en/fbpelogp.gif http://www.scielo.org.co <![CDATA[Commissioning the Truth and Memory in Society]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-56122019000100003&lng=en&nrm=iso&tlng=en resumen está disponible en el texto completo<hr/>Abstract: Objective/context: This article analyses the political function assumed by a truth commission, as an entity situated at the center of disputes regarding memory typical of societies dealing with a violent past. The text proposes that rather than the construction of the truth, the main function of a truth commission is the promotion and consolidation of a new regime of truth that opposes that which has been constructed through a violent past. Analyzing the Colombian case, the article critically examines the concept of reconciliation, which underlies the work of a commission of this type, as a mechanism of transitional justice. We propose that the truth commission avoids the promotion of a national reconciliation, understood as a pact to hide the violent past behind an insurmountable wall that steers us away from assuming responsibility and consequences in the present. Instead, the article sets out that the truth commission must promote reconciliation within society; that is, a process that seeks to preserve certain communicating vessels with a violent past, in that it addresses the causes that propitiated the emergence and naturalization of this violence. Methodology: The study was guided by the Gadamerian premise of questioning one's own certainties. Based on experience in research in the area of memory, and on the researchers own experience in the production of official historic memory reports, what underlies this article is a hermeneutic work of general enquiry into the functions of memory in transition periods, and, in particular, into the challenges faced by a truth commission. Conclusions: The article concludes that the central task of a truth commission is not so much the recovery of specific memories (this happened in this way), but rather the construction of the social framework for the legitimation of the memory of suffering. This requires an effort to incorporate the suffering in society's general representation, its needs, and its values. In this sense, although described as an instrument for seeking the truth, the real social and political purpose of the truth commission may be its capacity to build a new regime of truth that opens a present space through which to understand the current patterns of violence and recognize its current agents. The article also concludes, about the Colombian case, that the Commission for the Clarification of the Truth, Coexistence, and Non-Repetition should function as an enabler of a narrative public sphere. In this order of ideas, it must create frameworks of meaning in which to unfold counter-hegemonic narratives that may even become bothersome in social terms. It is about opening up a possibility for different social agents traditionally situated at the margins of the State, to take a position from which to dialogically confront the State itself and the groups that have sought to impose their narrative through armed command or control of the public sphere. Originality: The boom of such studies on memory in the second half of the twentieth century has meant that the topic has been approached from many disciplines and perspectives within the social sciences. Ours is a hermeneutic approach that does not attempt to account for the contents of memory or the nature of the truth produced in the institutionalised work of memory; rather, it situates its analysis among the possibilities for the development of a space for the narrative resonance in which it is possible to produce an alternative regime of truth.<hr/>Resumo: Objetivo/contexto: este artigo analisa a função política assumida por uma comissão da verdade como um organismo localizado no centro das diferentes disputas de memória que ocorrem em sociedades que enfrentam um passado violento. O texto propõe que a principal função de uma comissão da verdade não é a construção da verdade, mas a promoção e fortalecimento de um novo regime de verdade que se oponha ao que foi construído através do exercício da violência. Analisando o caso colombiano, o artigo examina criticamente o conceito de reconciliação que está por trás do trabalho de uma comissão desse tipo, como mecanismo de justiça transicional. Propõe-se que a comissão da verdade evita a promoção de uma reconciliação nacional, que é entendida como um pacto para encerrar o passado violento em um muro intransponível que não torne obrigatório assumir responsabilidades e consequências no presente. Em vez disso, o artigo argumenta que uma comissão da verdade deve promover uma reconciliação da sociedade, ou seja, um processo que buque preservar certos canais comunicativos com o passado violento, ao mesmo tempo em que aborda as causas que propiciaram o surgimento e naturalização dessa violência. Metodologia: a pesquisa foi guiada pela premissa gadameriana de questionar as próprias certezas. A partir da experiência em pesquisa na área da memória, da própria experiência de pesquisadores na elaboração de relatórios oficiais de memória histórica, o que embasa o artigo é um trabalho hermenêutico de indagação geral sobre a função do trabalho da memória em períodos de transição e, em particular, sobre os desafios de uma comissão da verdade. Conclusões: o artigo conclui que o trabalho central de uma comissão da verdade não é tanto a recuperação de memórias específicas (isso aconteceu desse jeito), mas a construção de um quadro social de legitimação da memória do sofrimento. Isso implica um esforço para incorporar esse sofrimento na representação geral da sociedade, nas suas necessidades e nos seus valores. Nesse sentido, embora enunciada como um instrumento para a busca da verdade, a real utilidade social e política de uma comissão da verdade pode estar em sua capacidade de construir um novo regime de verdade que abra um espaço atual para entender os padrões vigentes de violência e reconhecer seus agentes atuais. O artigo conclui também, para o caso colombiano, que a Comissão para o Esclarecimento da Verdade, da Convivência e da Não Repetição deve funcionar como competência de uma esfera pública narrativa. Sendo assim, deve-se buscar a criação de quadros de significado que possam desenvolver narrativas contra-hegemônicas que possam, inclusive, se tornar incômodos em termos sociais. Trata-se de abrir a possibilidade de que diferentes agentes sociais, tradicionalmente localizados à margem do Estado, possam se posicionar para enfrentar, através do discurso, o próprio Estado e os grupos que buscaram impor seu relato a partir do domínio armado ou controle da esfera pública. Originalidade: o boom dos estudos da memória na segunda metade do século XX fez com que eles fossem realizados a partir de uma série de disciplinas e perspectivas dentro das Ciências Sociais. O nosso é uma abordagem hermenêutica que não procura explicar o conteúdo da memória ou do caráter da verdade que é produzida no trabalho institucionalizado da memória, mas situa a sua análise nas possibilidades de desenvolvimento de um espaço de ressonância narrativa no qual seja possível o surgimento de um regime de verdade alternativo. <![CDATA[The Truth Commissions in the Battle of Memory: Disputed using Effects of the Extrajudicial Truth in Chile]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-56122019000100027&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumen: Objetivo/contexto: El artículo analiza, a partir del marco de la batalla de la memoria, la disputa (2014-2018) sobre el embargo estatal de la documentación e información de la Comisión Nacional sobre Prisión Política y Tortura de 2004 de Chile y su resistencia por un colectivo que interpela el embargo, desatando una discusión legislativa. Metodología: En este artículo aplicamos enfoque procesual y pragmático a un corpus de datos multirreferencial, analizado cualitativamente. Profundizamos la aproximación performativa desarrollada por la literatura sobre las comisiones de verdad, pero desplazamos su examen del marco de la justicia transicional al terreno de la batalla de la memoria que sostienen las sociedades al enfrentar estos pasados violentos. Conclusiones: Nuestro análisis demuestra que la trayectoria de la batalla por la verdad y por la construcción de una memoria colectiva sobre el pasado no es incremental y sufre reveses. El silenciamiento sobre la documentación de la Valech I gatilló el involucramiento de nuevos actores en la batalla de la memoria, que ya no se configura únicamente por la díada Estado-víctima. Originalidad: Este artículo examina las comisiones de verdad (CV) desde un ángulo menos estudiado: el acervo documental e informacional producido por estas comisiones y su impacto en la colaboración con la justicia y el esclarecimiento de la verdad. Observar la disputa por el secreto del acervo documental e informacional de la comisión desde el terreno de la batalla de la memoria permite ampliar el marco temporal de referencia, examinar las CV más allá de los efectos y usos contemplados por el Estado mandante, incluir otros actores y poner a las comisiones en diálogo entre sí y con otros dispositivos y artefactos de gestión de este tipo de atrocidades.<hr/>Abstract: Objective/context: Based on the framework of the battle of memory, this article examines the dispute (2014-2018) regarding the state embargo of documentation and information from 2004 from Chile's National Commission on Political Prisoners and Torture and its resistance to a collective that can question the embargo, triggering a legislative discussion. Methodology: In this article, we apply a procedural and pragmatic focus to a body of qualitatively analyzed multi-referential data. We take an in-depth look at the performative approach developed by the literature on truth commissions, but shift the examination of the framework of transitional justice to the terrain of the battle of memory supported by societies when dealing with these violent pasts. Conclusions: our analysis shows that the trajectory of the battle for truth and for the construction of collective memory on the past is not incremental and is subject to setbacks. The silence regarding the documentation of the Valech Commission triggered the involvement of new actors in the battle of memory that is no longer solely configured by the State-victim dyad. Originality/value: This article examines the truth commissions (TC) from a not frequently studied perspective: the document and information archive produced by these commissions and their impact on the collaboration with justice and the uncovering of the truth. To observe the dispute over the secret of the document and information archive of the commission from the terrain of the battle of memory allows us to extend the temporal reference framework, examining the TC beyond the effects and uses contemplated by the mandating State, including other actors, and leading the commissions to talk to each other and to other management devices and artifacts of such atrocities.<hr/>Resumo: Objetivo/contexto: este artigo analisa, a partir do campo da batalha da memória, a disputa (2014-2018) sobre o embargo estatal da documentação e informação da Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura de 2004, no Chile, e a sua resistência por um coletivo que interpela o embargo, desatando uma discussão legislativa. Metodologia: neste artigo, aplica-se uma abordagem pragmática e processual em um corpus de dados multirreferenciais, analisados qualitativamente. Aprofunda-se a abordagem performativa desenvolvida pela literatura sobre as comissões da verdade, mas mudamos sua análise do âmbito da justiça transicional para o campo da batalha da memória que as sociedades mantêm ao enfrentar esses passados violentos. Conclusões: nossa análise mostra que a trajetória da batalha pela verdade e pela construção de uma memória coletiva sobre o passado não sofre aumento e retrocede. O silenciamento sobre a documentação da Comissão Valech desencadeou o envolvimento de novos atores na batalha da memória, que já não é mais configurada apenas pela díade estado-vítima. Originalidade: este artigo examina as comissões da verdade (CV) de um ângulo menos estudado: o acervo documental e informacional produzido por essas comissões e seu impacto na colaboração com a justiça e no esclarecimento da verdade. Observar a disputa pelo segredo do acervo documental e informacional da comissão a partir do terreno da batalha da memória possibilita ampliar o quadro temporal de referência, examinar as CV mais além dos efeitos e usos contemplados pelo Estado mandatário, incluir outros atores e colocar as comissões em diálogo entre si e com outros dispositivos e artefatos de gestão desse tipo de atrocidades. <![CDATA[<strong>Submissive to the Political Will? Civil Society and Victims’ Mobilization around Truth Commissions</strong>]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-56122019000100057&lng=en&nrm=iso&tlng=en Abstract: Objective/context: The article explores truth commissions as processes that allow victims and civil society mobilization. It examines the relationship between victims and civil society with the governing regime in the lead up to the establishment of a truth commission and in the implementation of a commission’s recommendations. The article frames mobilization as enabling vertical accountability relationships following the pressure that victims and civil society exert on the governing regime. To support this argument, I examine the commissions established in 1990 in Nepal and in 1994 in Sri Lanka. Methodology: The article proposes evaluative criteria showing a governing regime is rendered accountable to pressure from civil society, in the lead up to establishing a truth commission and as a result of the recommendations in the final report. It then assesses whether or not the data collected fulfills the evaluative criteria proposed. Data has been collected by carrying out a literature review, including primary and secondary sources, and through semi-structured interviews conducted in Nepal and Sri Lanka between 2013 and 2015. Conclusions: The evidence collected suggests that a close relationship between victims, civil society, and pro-democracy political parties leading to the establishment of a truth commission, limits the pressure this civil society can exert on the implementation of recommendations, once those pro-democracy political parties are in the new government. Originality: The analysis of truth commissions as processes is relevant to better understand the reasons behind a lack of implementation of their recommendations.<hr/>Resumen: Objetivo/contexto: El artículo explora las comisiones de la verdad como procesos que permiten la movilización social de las víctimas y de la sociedad civil. Examina la relación entre el régimen de gobierno y las víctimas y sociedad civil en el periodo previo al establecimiento de una comisión de la verdad y en la implementación de las recomendaciones de la comisión. El artículo considera que la movilización permite relaciones verticales de rendición de cuentas tras la presión que las víctimas y la sociedad civil ejercen sobre el régimen gobernante. Para respaldar este argumento, examino las comisiones establecidas en 1990 en Nepal y en 1994 en Sri Lanka. Metodología: El artículo propone criterios evaluativos que muestran que un régimen gubernamental rinde cuentas ante la presión de la sociedad civil, en el periodo previo al establecimiento de una comisión de la verdad, y como resultado de las recomendaciones del informe final. Luego evalúa si los datos recolectados cumplen con los criterios evaluativos propuestos. Los datos se recolectaron realizando una revisión de literatura, incluyendo fuentes primarias y secundarias, y mediante entrevistas semiestructuradas realizadas en Nepal y Sri Lanka entre 2013 y 2015. Conclusiones: La evidencia recolectada sugiere que una relación cercana entre las víctimas, la sociedad civil y los partidos políticos prodemocráticos en el periodo previo al establecimiento de una comisión de la verdad, limita la presión que esta sociedad civil puede ejercer, en términos de la implementación de recomendaciones, cuando esos partidos políticos prodemocráticos se encuentren en el nuevo gobierno. Originalidad: El análisis de las comisiones de la verdad como procesos es relevante para comprender mejor las razones que subyacen a la falta de implementación de sus recomendaciones.<hr/>Resumo: Objetivo/contexto: este artigo explora as comissões da verdade como processos que permitem a mobilização social das vítimas e da sociedade civil. Examina a relação entre o regime do governo e as vítimas e a sociedade civil no período anterior ao estabelecimento de uma comissão da verdade e na implementação das recomendações da comissão. O artigo considera que a mobilização permite, depois da pressão que as vítimas e a sociedade civil exercem sobre o regime dominante, relações verticais de prestação de contas. Para respaldar esse argumento, são examinadas as comissões estabelecidas, em 1990, no Nepal e, em 1994, no Sri Lanka. Metodologia: o artigo propõe critérios avaliativos que mostram que um regime governamental presta contas diante da pressão da sociedade civil, no período anterior ao estabelecimento de uma comissão da verdade, e como resultado das recomendações do relatório final. Em seguida, avalia se os dados coletados atendem aos critérios de avaliação propostos. Os dados foram coletados por meio de uma revisão da literatura, incluindo fontes primárias e secundárias, e por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas no Nepal e no Sri Lanka entre 2013 e 2015. Conclusões: a evidência coletada sugere que uma relação próxima entre vítimas, sociedade civil e partidos políticos pró-democráticos no período anterior ao estabelecimento de uma comissão da verdade, limita a pressão que essa sociedade civil pode exercer, em termos de implementação de recomendações, quando os partidos políticos pró-democráticos estão no novo governo. Originalidade: a análise das comissões da verdade como processos é relevante para entender melhor as razões subjacentes à falta de implementação de suas recomendações. <![CDATA[The origin of the Provincial Commission for Memory in Buenos Aires (Argentina, 1999-2000)]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-56122019000100087&lng=en&nrm=iso&tlng=en resumen está disponible en el texto completo<hr/>Abstract: Objective/context: The purpose of this article is to reveal and analyze the emergence of the Provincial Commission for Memory (PCM) in Buenos Aires (Argentina). The work is based on a historical reference that allows us to reinstate the context in which the institution was created, and, in particular, the way in which Argentine society has processed this traumatic recent past. Methodology: The study's design is flexible and involves crossed methodological strategies pertaining to sociology, history, and anthropology. The research question focuses on how the Provincial Commission for Memory entered the framework of the field of human rights and memory. To answer this question, we had to recover, through written documents, the institutional form that the Commission acquired, in order to understand its objectives, its internal regulations, its funding methods, and its composition. These written sources were, in turn, analyzed by cross-linking them with oral sources. Conclusions: The paper reveals that to understand the process of the emergence of the Provincial Commission for Memory, and some of the central features of the institution, we had to recap on the actors that staged the process and the context in which they acted. In terms of memory, what the PCM reinstated was an account centered on the horror; in other words, on that which the dictatorship had done with the victims, without addressing what these actors had had done before being victims: their political militancy. This implied the crystallization of the humanitarian narrative above other memories that highlight the importance of remembering the political projects embodied by the victims. With respect to the place of enunciation, the Commission faced a process of an “opening of the circle of those that remember” and of those that produce these memories. That is, from the PCM, it was thought that the families of the disappeared were not the only voice authorized to speak of the recent past; rather, and with the purpose of taking on the dispute, the institutions sought to support itself by a professionalized voice that could validate its enunciations, not so much in terms of personal experience but in terms of expertise. Originality: Studies of the recent past in Argentina are usually based on an enquiry into the relationship between civil society and the state, conceiving both as though they were self-contained areas. These analytical and methodological perspectives conceive social movements as actors that demand from the state from a position of exteriority, and conceive the State, from this same position, as an actor that responds more or less satisfactorily to these demands. What these perspectives do not show is an area of porosity that exists between civil society and the State. In this sense, this work is different from those perspectives that overestimate the distance between these spheres and resumes a careful examination of this area of confluence. This study attempts to account for a specific historical process, examining it with an analytical depth to prevent a simple description.<hr/>Resumo: Objetivo/contexto: este artigo tem como objetivo mostrar e analisar o processo de surgimento da Comissão Provincial pela Memória (CPM) da província de Buenos Aires (Argentina). O trabalho parte de uma referência histórica que nos permite recriar o contexto em que esta instituição foi criada, especialmente como a sociedade argentina havia tramitado esse passado recente traumático. Metodologia: a pesquisa foi orientada por um delineamento flexível que cruza as estratégias metodológicas da sociologia, história e antropologia. A questão que norteou a pesquisa foi como ocorreu a inscrição da Comissão Provincial pela Memória no âmbito do campo dos direitos humanos e da memória. Para respondê-la era necessário recuperar, através de documentos escritos, qual a forma institucional que a Comissão tinha adquirido para ver quais eram seus objetivos, seus regulamentos internos, seus modos de funcionamento e sua composição. Por outro lado, a análise dessas fontes escritas foi realizada por meio da interligação com fontes orais. Conclusões: neste trabalho, mostra-se que para compreender o processo de surgimento da Comissão Provincial pela Memória, e também algumas das características centrais que a instituição cobrava, era necessário rever os atores que protagonizaram esse processo e o contexto em que agiram. Em termos de memória, o que a CPM repunha era um relato centrado no horror, ou seja, no que a ditadura tinha feito com as vítimas, sem prestar atenção ao que esses atores tinham feito antes de se tornarem vítimas, isto é, sua militância política. Isso implicava a cristalização da narrativa humanitária sobre outras memórias que ressaltam a importância de lembrar dos projetos políticos que as vítimas representavam. Em relação ao lugar da enunciação, a Comissão enfrentou um processo de "abertura do círculo dos que se lembram" e também dos que produzem essas memórias. Ou seja, da CPM esperava-se que os familiares dos desaparecidos não fossem a única voz autorizada a falar do passado recente e, para assumir essa disputa, a instituição buscou se sustentar em uma voz profissionalizada que validasse suas afirmações, não tanto na experiência pessoal senão na expertise. Originalidade: normalmente, os estudos sobre o passado recente na Argentina partem da pergunta da relação entre a sociedade civil e o Estado, concebendo-os como se fossem compartimentos estanques. Essas perspectivas analíticas e metodológicas concebem os movimentos sociais como atores que demandam o Estado de uma posição de exterioridade, e o Estado, a partir dessa posição, como um ator que responde de uma forma mais ou menos satisfatória a essas demandas. O que essas perspectivas não advertem é a zona de porosidades que existe entre a sociedade civil e o Estado. Dessa forma, este trabalho difere das perspectivas que supervalorizam a distância entre essas esferas e retoma um olhar atento a essa área de confluências. Esta pesquisa procurou dar conta de um processo histórico específico e investigá-lo com uma profundidade analítica que permitisse evitar a simples descrição. <![CDATA[Pardon as an Event and the Assault on the Language of Memory in Peru]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-56122019000100117&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumen: Objetivo/contexto: Este artículo trata sobre el indulto otorgado el 24 de diciembre de 2017 a Alberto Fujimori. El análisis asume el hecho como un evento ejemplar, esto es, un punto de inflexión en la política peruana, revelador de un marco significante y un discurso que intentan tomar por asalto el lenguaje de la memoria, especialmente la idea de reconciliación. Metodología: La investigación fue guiada por un análisis crítico y profundo de un caso específico, como ha sido el indulto otorgado a Alberto Fujimori el 24 de diciembre de 2017. Asumimos el hecho como un acontecimiento, es decir, un evento ejemplar que señala un momento diferente y revelador en las pugnas por la memoria del conflicto armado interno peruano. Conclusiones: Abordar el indulto a Alberto Fujimori como un acontecimiento nos permite profundizar en el proceso político y cómo se constituye su marco significante, y también el campo simbólico de su representación y gesta, su propio desenvolvimiento. Esto nos posibilita demarcarlo y poder, desde allí, comprender cómo se ha procedido con el asalto al lenguaje de la memoria. Originalidad: El acontecimiento del indulto otorgado a Alberto Fujimori el 24 de diciembre de 2017 permite visibilizar la pugna por la impunidad, por un lado, y la lucha por la justicia, por el otro. Usualmente los estudios de memoria se centran en los aspectos de lucha desde las asociaciones de víctimas o en los propios procesos de justicia transicional, pero poco en hechos que evidentemente provocan la polarización y las tensiones propias de la memoria. Aquí se trata más bien de subrayar la manera como los discursos justificativos revelaron los esfuerzos por fijar el sentido definitivo del evento y reflejaron además tensiones y forcejeos diversos, principalmente alrededor de la sostenibilidad del neoliberalismo. Así, el indulto se constituyó además en un punto de inflexión del proceso político de consolidación de la democracia, dejando ver su extrema fragilidad.<hr/>Abstract: Objetive/context: This article is about the pardon granted to Alberto Fujimori on December 24, 2017. The analysis assumes the pardon as an exemplary event. That is, a point of inflection in Peruvian politics, which reveals a significant framework and discourse that attempt to make and assault on the language of memory, especially in terms of the idea of reconciliation. Methodology: The study was based on critical and in-depth analysis of a specific case: the pardon granted to Alberto Fujimori on December 24, 2017. We consider this pardon as an exemplary event that marks a different and revealing moment in the struggle for memory of the Peruvian internal armed conflict. Conclusions: To approach Alberto Fujimori's pardon as an event enables an in-depth examination of the political process and how its significant framework is constituted, as well as the symbolic field of its representation and achievement: its own unfoldment. This allows us to demarcate it and from there, understand how the assoult on the language of memory has proceeded. Originality: The event of the pardon granted to Alberto Fujimori on December 24, 2017 reveals the struggle for impunity, on one hand, and the struggle for justice, on the other. Studies on memory usually focus on aspects of struggle based in victims' associations or in processes of transitional justice, but rarely on facts that evidently provoke the tensions of memory. This is more likely about underlining the way in which discourses of justifications reveal the effort to establish a definitive meaning as the event, and reflects difference tensions and struggles surrounding, mainly, the sustainability of neoliberalism. Thus, pardon also constituted as a Point of inflection of the political process of the consolidation of democracy, revealing its extreme fragility.<hr/>Resumo: Objetivo/contexto: este artigo trata do indulto concedido, em 24 de dezembro de 2017, a Alberto Fujimori. A análise assume o fato como um evento exemplar, isto é, um ponto de inflexão na política peruana, que revela um quadro significativo e um discurso que tenta atacar a linguagem da memória, especialmente a ideia de reconciliação. Metodologia: a pesquisa foi guiada por uma análise crítica e profunda de um caso específico, como foi o indulto concedido a Alberto Fujimori, em 24 de dezembro de 2017. Assumimos o fato como um acontecimento, ou seja, um evento exemplar que sinaliza um momento diferente e revelador nas lutas pela memória do conflito armado interno peruano. Conclusões: abordar o indulto a Alberto Fujimori como um acontecimento nos permite aprofundar no processo político e como o seu quadro significativo é constituído, e também o campo simbólico de sua representação e realização, seu próprio desenvolvimento. Isso nos permite demarcá-lo e poder, a partir daí, entender como ocorreu o ataque à linguagem da memória. Originalidade: o indulto outorgado a Alberto Fujimori, em 24 de dezembro de 2017, como acontecimento, nos permite visibilizar a luta pela impunidade, por um lado, e a luta por justiça, por outro. Normalmente, os estudos de memória se centram nos aspectos de luta a partir das associações de vítimas ou nos próprios processos de justiça transicional, mas pouco em fatos que evidentemente provocam a polarização e as tensões características da memória. Aqui, tratamos de enfatizar a maneira em que os discursos justificativos revelaram os esforços para estabelecer o sentido definitivo do evento e também refletiram tensões e várias lutas, principalmente em torno da sustentabilidade do neoliberalismo. Assim, o indulto também foi um ponto de inflexão do processo político de consolidação da democracia, que revelou sua extrema fragilidade. <![CDATA[What Memory<em>?</em> The political effects and the symbolic order of the official works of memory]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-56122019000100147&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumen: Objetivo/contexto: El artículo construye un concepto de memoria como relato abierto en un plano de reflexión política. Analiza los ejercicios de construcción de memoria oficial que se encuentran en informes como los realizados por el Centro Nacional de Memoria Histórica (CNMH) estableciendo su función paradójica con el orden social y las víctimas. El argumento se desarrolla a partir de un reclamo por la imposibilidad de un cierre simbólico pleno o totalizante del sentido político de toda narración resultante de dichos informes. Metodología: La investigación fue guiada por una perspectiva teórica posestructuralista, con algunas correcciones conceptuales del paradigma materialista y en atención a la información resultante del trabajo de campo con víctimas del conflicto armado colombiano en investigaciones pasadas. Especialmente se toma en cuenta el testimonio de una de las víctimas entrevistadas en uno de esos trabajos previos. Conclusiones: En este trabajo se concluye que la memoria debe constituirse en un relato abierto que precisa una interacción política y discursiva con los traumas irrepresentables vinculados a la base histórica de la sociedad. Originalidad: Usualmente, los análisis teóricos sobre los ejercicios de memoria exaltan el papel de los relatos de memoria para superar hechos violentos o defienden la búsqueda de una verdad alternativa a la producida institucionalmente. En este artículo se destaca la inconmensurabilidad del conflicto y se critica la idea de relatos de memoria con una simbolización cerrada y estable. Se plantean los efectos del relato de memoria en el plano de la política en el que se pongan en juego los traumas irrepresentables que reflejan víctimas no reconciliadas.<hr/>Abstract: Objective/context: This article constructs a concept of memory as an open story in a domain of political reflection. It analyses the exercises of official memory-building found in reports such as the one written by the Historical Memory Documentary Centre (CNMH) establishing their paradoxical function with respect to social order and the victims. The argument is based on a claim regarding the impossibility of an absolute or totalizing closure of the political meaning of any narrative resulting from such reports. Methodology: The study was based on a poststructuralist theoretical perspective, with some conceptual corrections of the materialist paradigm and in consideration of the fieldwork involving the victims of the Colombian armed conflict in previous studies. We particularly emphasize the testimony of one of the victims interviewed in one of these previous works. Conclusions: The paper concludes that memory must constitute an open story that specifies a political and discursive interaction with the irrepresentable traumas linked to society's historical foundation. Originality: Theoretical analyses of memory exercises usually exalt the role of memory narratives in overcoming violent events or defending a search for an alternative truth from the one produced institutionally. In this article, we highlight the incommensurability of the conflict and criticize the idea of memory narratives with a closed and stable symbolization. We set out the effects of the memory narratives on a political level in which the irrepresentable traumas that reflect unreconciled victims are at stake.<hr/>Resumo: Objetivo/contexto: o artigo constrói um conceito de memória como um relato aberto em um plano de reflexão política. Analisa os exercícios de construção de memória oficial presentes nos relatórios, como os realizados pelo Centro Nacional de Memória Histórica (CNMH), e estabelece sua função paradoxal com a ordem social e as vítimas. O argumento é desenvolvido a partir de uma reivindicação da impossibilidade de um fechamento simbólico pleno ou totalizante do sentido político de qualquer narrativa resultante desses relatórios. Metodologia: a pesquisa foi orientada por uma perspectiva teórica pós-estruturalista, com algumas correções conceituais do paradigma materialista e considerando a informação resultante do trabalho de campo com as vítimas do conflito armado colombiano em pesquisas anteriores. Considera-se, especialmente, o testemunho de uma das vítimas entrevistadas em um desses trabalhos anteriores. Conclusões: neste trabalho conclui-se que a memória deve ser constituída em um relato aberto que requer uma interação política e discursiva com os traumas irrepresentáveis ​​ligados à base histórica da sociedade. Originalidade: normalmente, as análises teóricas sobre os exercícios de memória exaltam o papel dos relatos de memória na superação de fatos violentos ou defendem a busca de uma verdade alternativa àquela produzida institucionalmente. Neste artigo, destaca-se a incomensurabilidade do conflito e critica-se a ideia de relatos de memória com uma simbolização fechada e estável. Apresentam-se os efeitos do relato de memória no plano da política, em que os traumas irrepresentáveis ​​que refletem as vítimas não reconciliadas são colocados em risco. <![CDATA[Denying the Past: Reparations in Guatemala and El Salvador]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-56122019000100175&lng=en&nrm=iso&tlng=en Resumen: Objetivo/contexto: El artículo analiza los avances en reparaciones materiales masivas y simbólicas por los crímenes del pasado, después de las transiciones a la paz en Guatemala y El Salvador, y explora cómo se explican dichos avances o la falta de ellos. Metodología: Se trata de un estudio que explora cambios a lo largo del tiempo en políticas de justicia transicional. Para ello, la investigación establece criterios de evaluación de los programas de reparaciones materiales masivas y simbólicas. Conclusiones: El trabajo permite seguir la evolución de las iniciativas para reparar a las víctimas de los conflictos armados en Guatemala y El Salvador, con mayores avances en el primer caso, pero con dificultades, como que el programa de reparaciones masivas establecido desde 2003 no ha llegado a tener el respaldo del Legislativo, lo que pone en riesgo su continuidad y transparencia, pero además facilita que se instrumentalice con fines electorales. En El Salvador, sólo a partir de 2010 se ha intentado establecer un programa de reparaciones materiales masivas, con un diseño integral pero con resultados poco significativos. En cuanto a las reparaciones simbólicas, los resultados no son mejores. Las explicaciones a las dificultades para materializar el derecho a la reparación de las víctimas se relacionan con el apoyo que continúan recibiendo los perpetradores de crímenes del pasado, los militares y sus aliados políticos; el perfil de las víctimas; las cargas presupuestales que suponen los programas de reparaciones masivas, y con dinámicas del proceso transicional, que en ambos casos privilegió inicialmente el esclarecimiento de la verdad sobre los derechos a obtener justicia y reparación. Originalidad: En la misma línea, los estudios sobre justicia transicional en Guatemala y El Salvador se han enfocado principalmente en las comisiones de la verdad y los juicios. Este artículo pone el énfasis en las reparaciones, y lo hace mediante un análisis longitudinal, integral y sistemático, que favorece la comparación, incluso con otros países.<hr/>Abstract: Objective/context: This article analyzes the advances in the massive and symbolic material reparations for past crimes, following the transitions to peace in Guatemala and El Salvador, and it explores how such advances or their lack can be explained. Methodology: the study explores changes through time in transitional justice policies by establishing evaluation criteria for the massive and symbolic material reparations program. Conclusions: This work allows us to follow the evolution of the initiatives to compensate the victims of the armed conflict in Guatemala and El Salvador, with greater advances for the former. However, some difficulties are to be found such as the fact that the mass reparations program established in 2003 has not enjoyed the support of the Legislative branch, putting its continuity and transparency at risk, and leading to the possibility of it being instrumentalized for electoral ends. In El Salvador, it is only since 2010 that the country has attempted to establish a massive material reparations program, with an integrated design but without any very meaningful results, and these results are no better when we consider symbolic reparations. The explanations to the difficulties to materializing the victims' right to compensation are related to the continued support of the perpetrators of past crimes, the military, and their political allies, the victims' profiles, the budgetary burdens imposed by the massive reparation programs, and the dynamics relating to the transitional process, which, in both cases, initially privileged the uncovering of the truth on the right to obtain justice and reparation. Originality: In the same line, studies on transitional justice in Guatemala and El Salvador have focused mainly on the truth commissions and the trials. This article emphasizes reparations through a longitudinal, integral, and systematic analysis that favors comparison, even with other countries.<hr/>Resumo: Objetivo/contexto: este artigo analisa os avanços em reparações materiais massivas e simbólicas pelos crimes do passado, depois das transições à paz na Guatemala e em El Salvador; além disso, explora como são explicados esses avanços ou a falta deles. Metodologia: trata-se de um estudo que explora mudanças ao longo do tempo em políticas de justiça de transição. Para isso, esta pesquisa estabelece critérios de avaliação dos programas de reparações materiais massivas e simbólicas. Conclusões: este trabalho permite seguir a evolução das iniciativas para reparar as vítimas dos conflitos armados na Guatemala e em El Salvador, com maiores avanços no primeiro caso, mas com dificuldades, como o programa de reparações massivas estabelecido desde 2003 que ainda não teve o apoio do Legislativo, o que coloca em risco sua continuidade e transparência, mas, além disso, facilita que seja instrumentalizado com propósitos eleitorais. Em El Salvador, somente a partir de 2010 tem se tentado estabelecer um programa de reparações materiais massivas, com um desenho integral, mas com resultados pouco significativos. Quanto às reparações simbólicas, os resultados não são melhores. As explicações para as dificuldades para materializar o direito à reparação das vítimas estão relacionadas com o apoio que os responsáveis por crimes do passado, os militares e seus aliados políticos continuam recebendo, com o perfil das vítimas, com as cargas orçamentárias que os programas de reparações massivas supõem e com dinâmicas do processo de transição que, em ambos os casos, privilegiaram inicialmente o esclarecimento da verdade sobre os direitos a obter justiça e reparação. Originalidade: nesse sentido, os estudos sobre justiça de transição na Guatemala e em El Salvador têm se focado principalmente nas comissões da verdade e nos julgamentos. Este artigo enfatiza nas reparações e faz isso por meio de uma análise longitudinal, integral e sistemática, que favorece a comparação, inclusive com outros países.