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Avances en Psicología Latinoamericana

Print version ISSN 1794-4724On-line version ISSN 2145-4515

Av. Psicol. Latinoam. vol.42 no.1 Bogotá Jan./Apr. 2024  Epub Sep 21, 2024

https://doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/apl/a.13043 

Artículos

Propriedades psicométricas do questionário de gratidão (GQ-6) para o Brasil

Propiedades psicométricas del cuestionario de gratitud (GQ-6) para Brasil

Psychometric Properties of the Gratitude Questionnaire (GQ-6) to Brazil

Júlio Frota Lisbôa Pereira de Souza1 
http://orcid.org/0000-0002-6313-2962

Cristian Zanon1 
http://orcid.org/0000-0003-3822-5275

Eduardo Remor1 
http://orcid.org/0000-0002-5393-8700

1Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil


Resumo

Este estudo investigou as propriedades psicométricas do Questionário de Gratidão (GQ-6) na população brasileira. Participaram 1 850 respondentes com média de idade de 25.13 anos (DP = 5.36), sendo 50 % do sexo feminino e 50 % do sexo masculino e com representação de todos os estados brasileiros. Foram rodadas análises fatoriais exploratória (EFA) e fatorial confirmatoria (CFA), e correlações entre gratidão (GQ-6) e satisfação com a vida (SWLS), otimismo (LQ-R), esperança (AHS), felicidade subjetiva (SHS), afetos positivos e negativos (PANAS) e personalidade (BFI). Os resultados da EFA e da CFA indicaram uma solução unidimensional com os itens carregando com cargas adequadas > 0.39) no fator e ajuste aceitável para a solução unifatorial (X 2 (9) = 59, p < 0.001; CFI = 0.956, RMSEA = 0.078). As correlações indicaram relações com variáveis externas relevantes. Conclui-se que a escala apresenta evidências de validade e fidedignidade para uso em pesquisa no Brasil.

Palavras-chave: gratidão; adaptação e validação; GQ-6

Resumen

Este estudio tuvo como objetivo adaptar el Cuestionario de Gratitud (GQ-6) a la población brasileña. La muestra estuvo constituida por 1 850 participantes con una edad media de 25.13 años (DT = 5.36), 50 % mujeres y 50 % hombres, con representación de todos los estados brasileños. Se realizó análisis factorial exploratorio (AFE) y análisis factorial confirmatorio (AFC), y correlaciones entre gratitud (GQ-6) y satisfacción con la vida (SWLS), optimismo (LQT-R), esperanza (AHS), felicidad (SHS), afectos positivos y negativos (PANAS), y personalidad (BFI). Los resultados de EFA y CFA indicaron una solución unidimensional con los elementos que soportan cargas (λ > 0.39) en el factor y un ajuste aceptable para la solución de un factor (X 2 (9) = 59, p < 0.001; CFI = 0.956, RMSEA = 0.078). Las correlaciones indican una asociación con variables externas relevantes. Se concluye que el cuestionario presenta evidencia de validez y confiabilidad para su uso en investigación en el contexto brasileño.

Palabras clave: gratitud; adaptación y validación; GQ-6

Abstract

This study aimed to evaluate the psychometric properties of the Gratitude Questionnaire (GQ-6) to the Brazilian population. The sample consisted of 1 850 participants with a mean age of 25.13 years (SD = 5.36), 50 % female and 50 % male and the sample represents all Brazilian states. Exploratory factor analysis (EFA) and confirmatory factor analysis (CFA) were run, along with correlations between gratitude (GQ-6) and life satisfaction (SWLS), optimism (LQT-R), hope (AHS), happiness (SHS), positive and negative affects (PANAS), and personality (BFI). The EFA and CFA results indicated a one-dimensional solution with the items loading satisfactorily (λ > 0.39) in the factor and acceptable fit for the one-factor solution (X 2 (9) = 59, p < 0.001; CFI = 0.956, RMSEA = 0.078). Correlations indicate relevant relationships with external variables. In conclusion, the questionnaire shows evidence of validity and reliability for research use in the Brazilian context.

Keywords: Gratitude; adaptation and validation; GQ-6

A gratidão é considerada, simultaneamente, uma emoção e um traço (McCullough et al., 2002), relacionada positivamente a vários indicadores de bem-estar subjetivo, prossociabilidade (Ma et al., 2017), felicidade subjetiva, autoestima, esperança e otimismo (Layous et al., 2017). Como emoção, a gratidão caracteriza-se como um estado afetivo dependente de atribuição a um evento externo ou pessoa, que resulta de um processo cognitivo de dois passos: (a) o reconhecimento de que um resultado positivo foi obtido; e (b) o reconhecimento de que existe uma fonte externa da qual provém esse resultado positivo (Emmons & McCullough, 2003). Dessa forma, a gratidão pode ser entendida como uma emoção positiva surgida de uma gratidão generalizada, focada na apreciação do que é valioso e celebrado na vida (p. ex., um lindo dia de sol; estar saudável; McCullough et al., 2002).

Enquanto traço, a gratidão caracteriza-se como uma tendência ou orientação no sentido de reconhecer e responder com a emoção positiva da gratidão aos outros e ao mundo em geral (Wood et al., 2010). Esse entendimento do construto gratidão é apoiado por evidências de diversos estudos que avaliaram a relação desse traço com aspectos da teoria dos cinco grandes fatores de personalidade demonstrando sua validade convergente para predição de bem-estar (Wood et al., 2008). Indivíduos com alta gratidão disposicional tendem a ser mais extrovertidos, sociáveis, abertos à experiência e conscienciosos, além de apresentar menor neuroticismo (McCullough et al., 2002; McCullough et al., 2004).

Além de serem mais sociáveis, estáveis emo-cionalmente e conscienciosas, pessoas mais gratas também tendem a apresentar níveis mais elevados de bem-estar subjetivo, otimismo e esperança (Lima-Castro et al., 2019; Lyubomirsky et al., 2005; Fredrickson et al., 2001; Scheier & Carver 1985). Estas evidências indicam que pessoas mais gratas tendem a serem mais esperançosas e otimistas (ou seja, apresentam mais expectativas positivas para o futuro), avaliam sua vida como sendo mais satisfatória (indicando que tem alcançado muitas de suas metas) e vivenciam mais frequentemente afetos positivos (entusiasmo, excitação e alegria) e menos frequentemente afetos negativos (raiva, culpa e vergonha).

A gratidão difere consideravelmente de outras emoções morais, como empatia, simpatia, culpa e vergonha. Embora empatia e simpatia possam ser entendidas, principalmente, como uma resposta à angústia de outra pessoa, e vergonha e culpa como respostas à incapacidade de cumprir padrões morais, a gratidão é a resposta prazerosa de afeto a um agente externo depois de reconhecer os benefícios recebidos (Ellsworth & Smith, 1988). De uma perspectiva evolucionária, a gratidão foi descrita como tendo evoluído como um mecanismo regulador adaptativo para a troca de benefícios custosos entre parentes (isto é, altruísmo recíproco) e como uma forma de "distribuir benefícios" a alguém que não seja o benfeitor (ou "reciprocidade a montante"; McCullough, Kimeldorf & Cohen, 2008; Nowak & Roch, 2007). Além disso, como característica, a gratidão é diferente de outras características positivas. Por exemplo, a gratidão como traço é orientada para perceber resultados positivos na vida, enquanto o otimismo é orientado para esperar resultados futuros positivos (Wood et al., 2010).

A gratidão como promotora do bem-estar e da felicidade aparece, historicamente, no contexto religioso, na filosofia e em livros de autoajuda (Wood et al., 2010). Sua prática é especialmente interessante pela facilidade e baixo custo, já que pode ser realizada de maneira individual e sem auxílio terapêutico (Layous et al., 2012).

A Psicologia Positiva tem estudado os efeitos de intervenções experimentais de gratidão para a promoção de bem-estar há quase duas décadas. Há vários estudos sobre os efeitos da gratidão sobre o bem-estar, sobretudo de estudantes, pacientes clínicos e colaboradores de empresas específicas (de Souza et al., 2023; Natividade et al., 2019; Sin & Lyubomirsky, 2009, Siquiera & Freitas, 2019). Entretanto, há poucos estudos (p. ex., Mondelo & Remor, 2021), com a população em geral, em culturas diferentes da norte-americana. Pouco se sabe sobre características individuais, de personalidade ou demográficas, relacionadas a um maior efeito da gratidão (Dickens, 2017). A literatura sobre gratidão levanta questões sobre a aplicabilidade do conceito a contextos distintos do contexto universitário americano, com populações caracterizadas como WEIRD (Wester, Educated, Individualistic, Rich and Developed; Davis et al., 2016). Este estudo busca estudar as propriedades psicométricas do Questionário de Gratidão (GQ-6) para uso no Brasil.

A fim de discriminar os efeitos das intervenções positivas de gratidão dos efeitos das intervenções em geral de Psicologia Positiva, bem como entender o fenômeno da gratidão na sua relação com outros construtos da Psicologia, foram desenvolvidos instrumentos para avaliar a gratidão (Emmons & Stern, 2013). O Questionário de Gratidão possui uma estrutura unifatorial com índices adequados de confiabilidade e validade (CFI = 0.95; α = 0.82) em sua versão original em inglês e é o instrumento mais utilizado no mundo. Ele foi traduzido para 14 idiomas e apresenta adaptações para o turco (Yüksel & Oguz Duran, 2012), espanhol (Blasco-Magraner et al., 2015; Bernabé-Valero et al., 2015; Carmona-Halty et al., 2015; Langer et al., 2016; Lima-Castro et al., 2019), chinês (Wei et al., 2011), húngaro (Martos et al., 2014), por exemplo. O instrumento consiste de seis itens que mensuram a gratidão numa perspectiva disposicional, e mudanças em seus escores tem sido observadas a partir de intervenções (McCullough et al., 2002; Mondelo & Remor, 2021). Os resultados da avaliação do GQ-6 sugeriram que uma versão de cinco itens é mais parcimoniosa, possui melhor consistência interna e melhor validade convergente e discriminante do que a versão original de seis itens (Bernabé-Valero et al., 2015; Chen et al., 2009).

Até o momento do desenvolvimento deste projeto, não havia instrumentos validados para a cultura brasileira que possibilitassem o estudo da gratidão. Durante a execução da pesquisa, duas versões do instrumento foram publicadas com avaliação de estrutura e dimensionalidade do instrumento (Gouveia et al., 2019; Natividade et al., 2019) e com dados de validade convergente (Natividade et al., 2019). Um diferencial do presente trabalho é a autorização prévia dos autores para a tradução e adaptação do GQ-6 e a abrangência e diversidade da amostra usada em nosso estudo. Não houve comunicação entre os grupos de pesquisas nas fases de adaptação dos itens - o que resultou em itens com redação distinta, mas, com conteúdos semelhantes. Entendemos que a potencial similaridade dos resultados observados em relação às propriedades psicométri-cas do instrumento GQ-6 não indica investigações redundantes, mas o acúmulo de evidências para o estudo e medição da gratidão no Brasil.

O presente estudo

Considerando que as evidências de validade para instrumentos psicológicos deve ser concebida como um processo contínuo e cumulativo (American Educational Research Association [AERA], American Psychological Association [APA], & National Council on Measurement in Education [NCME], 2014) buscou-se ampliar o conjunto de evidências de validade descritos até o presente no Brasil para o Questionário de Gratidão de 6 itens (Gratitude Questionnaire GQ-6; McCullough et al., 2002), com este estudo. O GQ-6 é um instrumento internacionalmente usado para o estudo da gratidão, e também tem sido adotado de forma frequente em estudos na temática no Brasil com as mais diversas populações.

Método

Delineamento

Tratou-se de um delineamento transversal correlacional com coleta de dados on-line.

Participantes

A amostra inicial contou com 9 845 participantes (89 % mulheres) com idades variando de 18 a 86 anos (M = 26.3; DP = 7.5). Uma vez que apenas 0.7 % da amostra indicou outro gênero e 5 % da amostra apresentava idade acima de 40 anos, esses casos foram eliminados para produzirmos um grupo mais homogêneo. Na sequência, procedemos uma equiparação aleatória do número de mulheres com o número de homens usando a idade como critério. Este procedimento resultou em uma amostra de 1 850 participantes com média de idade de 25.13 anos (DP = 5.36), sendo 50 % do sexo feminino e 50 % do sexo masculino. Houve participantes de todas as regiões do Brasil: 44 % nasceram no Sudeste, 25.7 % no Nordeste, 16.3 % no Sul, 7.7 % no Centro-oeste e 5.6 % no Norte. Em relação à raça/cor, 56.8 % dos participantes se autodeclararam brancos, 29.7 % pardos, 9.8 % negros, 2.8 % amarelos e 0.9 % outra raça/cor.

Aproximadamente 21 % da amostra possuía escolaridade entre ensino fundamental incompleto e ensino médio completo, 33 % ensino superior incompleto e 20.6 % ensino superior completo (sendo que cerca de 6 % também tinham pós-graduação incompleta e 11.6 % pós-graduação completa). Quanto à situação ocupacional, os participantes se dividiam, em ordem decrescente de porcentagem, entre: Estudantes (26 %), empregados com carteira assinada (22.2 %), estudantes e estagiários (10.9 %), profissionais liberais (10.2 %), não exercendo atividade remunerada (10.2 %), funcionários públicos (8.1 %), empregados sem carteira assinada (5.2 %) e do lar (2.8 %). Os outros 4.4 % não se enquadraram em nenhuma dessas situações ocupacionais. Por fim, em relação à crença ou religião, as respostas que mais apareceram foram: evangélico (19 %), católico (17.1 %), católico não praticante (14.6 %), não ter nenhuma religião (13.4 %) e agnóstico (12 %).

Instrumentos

Questionário Sociodemográfico. Foram levantadas informações para caracterizar a amostra, tais como idade, sexo, raça/cor, escolaridade, situação ocupacional, nacionalidade e crença ou religião.

Questionário de Gratidão (Gratitude Questionnaire-Six Item Form [GQ-6]; McCullough et al., 2002). Instrumento de autorrelato que avalia as diferenças individuais na gratidão disposicional com base em seis perguntas autodirigidas, com opções de resposta de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente). A versão utilizada neste estudo, foi adaptada para o português brasileiro por Remor (2018); Mondelo e Remor, (2021). Pontuações mais altas indicam que é muito provável que a pessoa avaliada sinta gratidão na vida diária.

Escala de Satisfação de Vida (SWLS: Diener et al., 1985). Instrumento de autorrelato composto de cinco itens que avaliam o componente cognitivo do bem-estar subjetivo de forma unifatorial. Os itens são classificados em uma escala do tipo Likert de 7 pontos, variando de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente). Quanto maiores os valores obtidos na escala, maior a satisfação de vida do participante. A versão usada neste estudo apresenta evidências de validade e fidedignidade para o contexto brasileiro (Zanon et al., 2014). A consistência interna para o presente estudo foi de 0.87.

Escala de Felicidade Subjetiva (SHS: Lyubomirsky & Lepper, 1999). Instrumento de quatro itens que mede a felicidade subjetiva global, considerando a felicidade da própria perspectiva do respondente. Cada item é classificado em uma escala do tipo Likert de 7 pontos. Quanto maiores os valores obtidos na escala, maior a felicidade subjetiva. A versão usada neste estudo apresenta propriedades psicométricas adequadas (Damásio et al., 2014). A consistência interna para o presente estudo foi de 0.84.

Escala de Otimismo Disposicional (LQT-R: Scheier et al., 1994). Instrumento de autorrelato desenvolvido para medir otimismo disposicional (Scheier & Carver, 1985). O teste é composto de 10 afirmações que são respondidas pelo nível de concordância dos participantes em uma escala do tipo Likert de cinco pontos, sendo três sobre otimismo, três sobre pessimismo e quatro distra-tores. A maior pontuação na escala indica maior otimismo disposicional. A versão usada nesse estudo apresenta adaptação e validação para o Brasil (Bastianello et al., 2014). A consistência interna para o presente estudo foi de 0.87.

Escala de Esperança Disposicional Adulta (AHS: Snyder et al., 1991). Instrumento elaborado para avaliar a esperança disposicional. A versão brasileira é composta de 12 itens classificados em uma escala do tipo Likert de cinco pontos. Maior pontuação indica uma quantidade maior de energia direcionada a um objetivo (esperança-traço). O instrumento adaptado para o contexto brasileiro apresentou evidências de validade adequadas para uso em pesquisa (Pacico et al., 2013). A consistência interna para o presente estudo foi de 0.85.

Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS: Watson et al., 1988). Instrumento composto por 20 itens (10 adjetivos para cada um dos dois fatores, afetos positivos e negativos), sendo classificados em uma escala do tipo Likert de cinco pontos e os escores representam estados afetivos. Maior pontuação indica maior presença dos afetos, em ambas as dimensões - afetos positivos e negativos. A versão brasileira do instrumento usada neste estudo foi a de Zanon et al. (2013). A consistência interna para o presente estudo foi de 0.89 para Afetos Negativos e 0.88 para Afetos Positivos.

Big Five Inventory (BFI: John et al., 1991). Instrumento composto de 44 breves frases descritivas respondidas em escala do tipo Likert de cinco pontos. Os itens são marcadores prototípicos para cinco amplas dimensões de personalidade: Amabilidade, Conscienciosidade, Extroversão, Neuroticismo e Abertura. Maior pontuação indica maior disposição para cada traço do modelo Big Five. Essa escala apresenta evidências de validade para uso no Brasil (Zanon et al., 2018). A consistência interna para o presente estudo nas cinco dimensões foi de 0.69 para Amabilidade, 0.81 para Conscienciosidade, 0.85 para Extroversão, 0.85 para Neuroticismo e 0,77 para Abertura.

Procedimentos

Tradução e adaptação da escala para o português falado no Brasil

Após autorização do autor original (Prof. Michael McCullough, Center for Research on Experimental Evolutionary Psychology) uma metodologia em cinco etapas foi realizada para efetuar a tradução e adaptação da escala para o português falado no Brasil. Primeira etapa (forward-translation), a versão original em inglês da escala foi traduzida para o português brasileiro por dois tradutores independentes nativos do Brasil e com fluência no inglês. Após, segunda etapa (reconciliation), os dois tradutores se reuniram e compararam as duas versões para deliberar uma reconciliação e consenso sobre a versão traduzida (versão preliminar). Terceira etapa (back-translation), a versão preliminar passou pelo processo de tradução reversa por um terceiro pesquisador da área bilíngue português-inglês. Nesta etapa a porcentagem de semelhança com a versão original, item por item, foi realizada. A porcentagem de semelhança variou entre 64 % e 100 %, sendo a média de semelhança de 84 %. Quarta etapa (harmonization), harmonização, todas as informações foram reunidas, junto com a equipe de pesquisadores envolvidos no processo de adaptação, e conferidas todas as versões para a decisão por uma versão final, corrigindo as discrepâncias observadas. Pequenas alterações foram aplicadas durante esta reunião de consenso. Quinta etapa, o relatório breve final em inglês com todas as informações foi encaminhado ao autor original inicialmente contatado para ciência, e os resultados desta etapa foram apresentados em um congresso nacional para difusão (Remor, 2018).

Coleta de dados

Os participantes responderam aos questionários conduzidos integralmente em forma digital e on-line. Para isso, foi utilizada a plataforma SurveyAnyplace, na qual foi desenvolvido o protocolo de avaliação e coletado os dados. Os participantes foram convidados através das redes sociais, e-mail e aplicativos de mensagens. A resposta ao protocolo de avaliação somente era possível após o participante ler e aceitar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados se desenvolveu no último semestre de 2019. Esta pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CAAE: 14351319.0.0000.5334).

Análise de dados

Objetivando analisar as possíveis evidências de validade da escala, a amostra foi aleatoriamente dividida. Na primeira metade utilizamos análise fatorial exploratória (AFE) e na segunda metade utilizamos análise fatorial confirmatória (AFC). Os programas utilizados para as análises fatoriais exploratória e confirmatória foram Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 16.0 MPlus for Windows, versão 7.11, respectivamente.

Para a AFE (usando análise de eixos principais), usamos o índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMQ) e o teste de esfericidade de Bartlett (BTS) para avaliar a adequação da amostra. Em seguida, tendo encontrado resultados adequados e uma estrutura unifatorial, foi realizada a AFC. Para avaliação do modelo unifatorial, selecionamos o método maximum likelihood robust (MLR) por não assumir distribuição normal das variávies. Em relação aos índices de ajuste, foram utilizados o chi-quadrado (X 2 ), o Comparative Fit Index (CFl) e o Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA). X 2 não significativo, CFI maior que 0.90 e RMSEA menor 0.08 indicam ajuste aceitável (Browne & Cudeck, 1993; Bentler, 1990).

Para avaliar evidências de validade baseada nas relações com medidas externas, correlações de Pearson foram estabelecidas entre gratidão e as medidas externas (SWLS, SHS, LQT-R, AHS, PANAS, BFI).

Resultados

Evidências baseadas na estrutura interna

Para testar a hipótese de que o instrumento GQ-6 pode ser adaptado para a população brasileira, mantendo a mesma estrutura fatorial unidimensional condizente com a teoria, foram realizadas duas análises fatoriais, sendo a primeira exploratória (AFE) e a segunda confirmatória (AFC) a partir de amostras diferentes.

As análises fatoriais exploratórias mostraram que os dados foram fatoráveis (KMO = 0.81 e Teste de esfericidade de Bartlett's foi significativo [p < 0.001]). A análise fatorial extraiu apenas um fator com eigenvalue maior que 1 (e.g., 3.01) que explicou 41.6 % da variância total. Os itens apresentaram cargas fatoriais adequadas variando entre 0.43 e 0.77. Os resultados da análise fatorial confirmatória revelaram ajustes aceitáveis para a solução unifatorial (X 2 (9) = 59, p < 0.001; CFI = 0.956, RMSEA = 0.078). As cargas fatoriais dos itens podem ser vistas na figura 1.

Evidências baseadas nas relações com medidas externas

Para avaliar evidências de validade baseada nas relações com medidas externas relevantes, correlações de Pearson foram estabelecidas entre gratidão e as medidas externas (SWLS, SHS, LQT-R, AHS, PANAS, BFI), ver Tabela 1. Partiu-se da hipótese de que o instrumento GQ-6 apresentaria associações com as medidas incluídas no presente estudo, porém estas não seriam elevadas, caracterizando construtos diferentes. Conforme esperado, os coeficientes apresentaram correlações condizentes com a teoria, positivas para variáveis convergentes, negativas para variáveis como neuroticismo e afetos negativos, e magnitudes baixas a moderadas. Os coeficientes das correlações de Pearson podem ser vistos em detalhe na tabela 1.

Figura 1 Cargas fatoriais dos seis itens da Escala de Gratidão 

Tabela 1 Coeficientes de Correlação de Person entre Gratidão e Outras Variáveis Relevantes 

Medidas externas relacionadas Questionário de Gratidão (GQ-6) r
Satisfação com a Vida (SWLS) 0.64
Otimismo Disposicional (LQT-R) 0.58
Esperança (AHS) 0.56
Felicidade Subjetiva (SHS) 0.64
Afetos Negativos (PANAS) -0.45
Afetos Positivos (PANAS) 0.50
Neuroticismo (BFI) -0.44
Extroversão (BFI) 0.38
Abertura (BFI) 0.28
Conscienciosidade (BFI) 0.35
Amabilidade (BFI) 0.39

Nota. Para todos os casos: N = 1.850 e p < 0.001.

Descritivos do instrumento e fidedignidade

Obtidas as evidências de validade da escala, procedeu-se com uma análise descritiva do questionário em termos de média (DP), percentis (25, 50, 75), assimetria e curtose e consistência interna (Alfa de Cronbach = 0.80) considerando a amostra do presente estudo, ver Tabela 2. Não foram observados efeitos teto (4.1 % apresentaram pontuação máxima de sete pontos) e solo (nenhum participante apresentou pontuação mínima de um ponto) (ceiling andfloor effects) para os escores do GQ-6.

Tabela 2 Informação descritiva dos itens do GQ-6 e consistência interna (N = 1.850) 

GQ-6 Itens Média (DP) Percentis (25 - 50 - 75) Assimetria Curtose CIT
Item 01 5.52 (1.54) 5 - 6 - 7 -0.91 0.03
Item 02 5.05 (1.74) 4 - 5 - 7 -0.60 -0.63
Item 03 4.79 (1.86) 3 - 5 - 7 -0.36 -1.08
Item 04 4.95 (1.79) 4 - 5 - 7 -0.56 -0.74
Item 05 5.18 (1.79) 4 - 5 - 7 -0.80 -0.35
Item 06 4.47 (1.86) 3 - 5 - 6 -0.18 -1.13
Escore total 4.99 (1.24) 4.17 - 5.17 - 6 -0.42 -0.42

Nota. DP = Desvio padrão; CIT = Correlação item-total.

Discussão

Este estudo objetivou estudar as propriedades psicométricas do Questionário de Gratidão de 6 itens (GQ-6) para o português falado no Brasil. Todos os procedimentos recomendados pela literatura sobre a tradução e adaptação de instrumentos psicométricos foram seguidos (International Test Commission [ITC], 2011) e os resultados aqui descritos apoiam e complementam as evidências de validade para o questionário e seu uso em pesquisa no Brasil descritos em estudos prévios (Gouveia et al., 2019; Natividade et al., 2019).

A análise fatorial exploratória demonstrou que todos os itens carregavam em um fator - resultado condizente com a proposta unidimensional da escala original em inglês (McCullough et al., 2002). A análise fatorial confirmatória, realizada com a outra metade da amostra, apresentou bons índices de ajuste para o modelo, confirmando a unidimensionalidade. Diferente de outros estudos que verificaram baixa carga fatorial para o último item da escala (Cabrera-Vellez et al., 2019) e que propõe uma versão de cinco itens para a escala em diferentes contextos (Chen et al., 2009), esta versão adaptada apresentou solução idêntica à original (McCullough et al., 2002) e a outros estudos brasileiros (Gouveia et al., 2019; Natividade et al., 2019).

A literatura internacional sobre gratidão levanta questões sobre a aplicabilidade do conceito a contextos distintos do contexto universitário americano, com estudos majoritariamente em populações caracterizadas como WEIRD (Western, Educated, Industrialized, Rich and Democratic; Davis et al., 2016). Um esforço por parte dos pesquisadores no nosso contexto deve ser realizado para não cair nas mesmas limitações observadas nos estudos em países ricos. Estudos no Brasil são iniciais, com duas iniciativas no sentido de adaptar a escala (Gouveia et al., 2019; Natividade et al., 2019). A primeira investigação ocorreu em um contexto universitário (Gouveia et al., 2019), com uma amostra jovem (média de idade de 22.8 anos). Entre as limitações abordadas pelos autores, foram salientadas a falta de participantes representativos da população em geral brasileira e a idade reduzida, além da falta de instrumentos para análise de validade externa (Gouveia et al., 2019). O segundo estudo (Natividade et al., 2019), aplicou o instrumento em 916 adultos, com média de idade de 37 anos, em sua maioria com ensino superior completo. Neste estudo outras variáveis relacionadas ao construto foram incluídas para estudo da validade baseada nas relações com medidas externas. Os ajustes do modelo estatístico da escala foram apropriados. Como limitações apontadas ao estudo, os autores relataram a alta escolaridade da amostra (95.2 % tinham ao menos ensino superior incompleto) e a predominância de raça branca (75.8 %) e baixa representatividade de outras regiões do Brasil, com a região sudeste super-representada (72.4 %).

O presente estudo superou algumas limitações descritas nos estudos prévios, uma amostra maior e mais diversa do que os estudos anteriores, com distribuição de raça, escolaridade, renda e região do país mais similar à da população brasileira (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2010). Corroborou informações prévias, análises de evidências de validade com algumas medidas similares ao estudo de Natividade et al. (2019), p. ex., SWLS, LQT-R, PANAS, indicando que a gratidão como mensurada pelo GQ-6 se comporta de maneira semelhante com amostras não vinculadas ao meio acadêmico, mais diversificadas e mais representativas da população brasileira.

Cumpre notar que no presente estudo as correlações com outras variáveis utilizadas para validação baseadas na relação com medidas externas relevantes variaram de pequenas a moderadas, como no estudo de Natividade et al. (2019) e, similares aos resultados reportados em estudos prévios (Mc-Cullough et al., 2002; Natividade et al., 2019) e em metanálises (Davis et al., 2016; Dickens, 2019). A gratidão enquanto variável protetora correlaciona-se moderadamente com satisfação de vida, felicidade subjetiva, otimismo, esperança e afetos positivos. Isso indica a relevância da gratidão como variável por si só, sem que as correlações indiquem sobreposição demasiada com outros construtos. As pequenas correlações com os cinco fatores de personalidade OCEAN, apontam que a gratidão enquanto disposição (traço) parece não estar integrada dentro de algum desses fatores, não se tratando de uma faceta conforme observado no estudo original de criação da escala (McCullough et al., 2002).

Além disso, as correlações apresentadas no estudo de criação da escala (McCullough et al., 2002) foram replicadas para a população brasileira. Os coeficientes de correlações entre o GQ-6 e outras variáveis relacionadas se distribuíram de maneira muito similar aos estudos com a população angló-fona. As correlações com traços de personalidade como extroversão, amabilidade, conscienciosidade e neuroticismo apresentaram igualmente valores muito similares, com correlações pequenas e moderadas (McCullough et al., 2002).

O uso de uma amostra tão diversa reforça as conclusões de que a gratidão é um conceito capaz de funcionar de maneira similar aos estudos americanos para uma população como a brasileira. Além disso, a distribuição em termos de raça autodeclarada pelos participantes também se aproxima da observada em censos nacionais, o que demonstra que o fenômeno da gratidão é potencialmente independente das diferenças culturais em um país tão diverso e de população continental como o Brasil (IBGE, 2010).

Na literatura, a gratidão é entendida ora como traço, no sentido de uma predisposição a sentir gratidão de maneira mais fácil, duradoura ou intensa, ora como um estado. Em relação à personalidade, o estudo original de criação da escala buscou diferenciar a gratidão disposicional de traços de personalidade como amabilidade e extroversão. As correlações variando de pequenas a moderadas encontradas no presente estudo apoiam a interpretação do construto da gratidão como um construto separado da personalidade igualmente para a população brasileira.

Em relação à correlação com variáveis como satisfação de vida (r = 0.64) e felicidade subjetiva (r = 0.64), a literatura aponta a gratidão como um fenômeno relacionado positivamente à experiência de bem-estar e à avaliação positiva da própria vida e negativamente à experiência de afetos negativos (Davis et al., 2016; Dickens, 2019). A gratidão seria uma via potencialmente promotora de bem-estar tanto do ponto de vista cognitivo quanto do ponto de vista da experiência emocional direta conforme as hipóteses do estudo original (McCullough et al., 2002) e revisões mais recentes da literatura (Dickens, 2019).

O presente estudo não é isento de limitações. Apesar de contemplar quase todas as regiões do Brasil, a coleta realizada on-line pode ter enviesado os resultados selecionando participantes mais disponíveis e cooperativos.

Os resultados encontrados neste estudo aprofundam as evidências de validade do Questionário de Gratidão - GQ-6 para a população brasileira, com índices adequados de ajuste estatístico ao modelo teórico e evidências de validade satisfatórias considerando uma amostra mais heterogênea e mais representativa da população brasileira. Os resultados aqui descritos permitem sugerir que o questionário pode ser utilizado para avaliação da gratidão no contexto brasileiro.

Agradecimentos:

Os autores agradecem à banca de qualificação que indicou melhorias importantes na versão anterior deste manuscrito.

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Categoria do artigo: Relato de pesquisa

Financiamento Não houve financiamento.

Para citar este artículo: Souza, J. F. L. P., Zanon, C., & Remor, E. (2024). Propriedades psicométricas do questionário de gratidão (GQ-6) para o Brasil. Avances en Psicología Latinoamericana, 42(1), 1-14. https://doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/apl/a.13043

Recebido: 13 de Julho de 2023; Aceito: 11 de Dezembro de 2023

Dirigir correspondência a Cristian Zanon. Correio eletrônico: crstn.zan@gmail.com

Declaração de conflitos de interesse:

Os autores declaram que não há conflitos de interesse no manuscrito submetido.

[comitê de ética do Instituto de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, CAAE n. 14351319.0.0000.5334]

Certificamos que todos os autores participaram suficientemente do trabalho para tornar pública sua responsabilidade pelo conteúdo. A contribuição de cada autor pode ser atribuída como se segue:

J.F.L.P.S. foi orientando de doutorado de C.Z.; J.F.L.P.S, C.Z, e EAR contribuíram para a conceitualização, investigação, visualização do artigo, redação inicial e final do artigo. C.Z. conduziu as análises estatísticas

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