Objetivo/Contexto:

esta pesquisa aborda as transformações na masculinidade heterossexual na Argentina e no México na segunda metade do século XX, com ênfase no homem de classe popular que tem relações sexuais com maricas, jotas ou gays, sem deixar, por isso, de se considerar e de ser considerado heterossexual por seus pares. Argumentamos que as relações entre maricas e homens heterossexuais jovens de classe popular eram frequentes, não eram objeto de estigmatização na comunidade de pares e não geravam uma identidade diferente para os participantes heterossexuais.

Metodologia:

são analisados histórias de vida, entrevistas em profundidade e um amplo corpus de documentos históricos diversos conformados por materiais autobiográficos, etnografias, expedientes judiciais e imprensa organizacional não considerados antes como unidade. Por sua vez, os estudos sobre o tema são discutidos de forma crítica a partir de interpretações de pesquisadores e ativistas.

Originalidade:

este trabalho tem uma abordagem comparativa que reconstrói processos históricos e sociais regionais em médio prazo. Pela primeira vez, o problema é questionado sob a perspectiva dos homens heterossexuais, com base em um corpus documental novo e diverso.

Conclusões:

ao contrário das interpretações tradicionais, este trabalho desenvolve uma contraintuitiva: essas práticas não colocavam em xeque a heterossexualidade do membro ativo da relação nem constituíam um dispositivo pelo qual ele reafirmaria sua heterossexualidade viril, portanto essas relações entre homens não podem ser consideradas homossexuais, além de serem constituídas como um dispositivo medular na produção da heterossexualidade.

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