APRESENTAÇÃO

Os estudos sociais da ciência e tecnologia (ESCT) configuramse como campo de pesquisa que abarca grande diversidade em temáticas e mesmo, posturas teóricas. As discussões que conformam este campo colhem-se anualmente em eventos organizados pela Sociedade de Estudos Sociais de Ciência, conhecida como as 4S, e encontros bianuais de ESOCITE, que reúnem pesquisadores latino-americanos preocupados por compreender, tanto como por problematizar o local que os conhecimentos científicos e tecnológicos (na sua própria diversidade) têm na configuração de nossas sociedades, assim como no seu contrário, quer dizer, nos modos em que estes saberes institucionalizados estão construídos socialmente.

Algumas destas discussões são colhidas por revistas anglo-saxônias de longa data, como Science, Technology and Human Values, Science as Culture ou Social Studies of Science. Apesar da produção sobre este campo na América Latina ser crescente, ainda são poucas as publicações seriadas que se concentram em servir de plataforma para a circulação das mesmas. Exemplo deste esforço é o trabalho de revistas como Redes e Revista CTS. Mesmo assim e de modo mais recente, na Colômbia emergiram números especiais sobre o tema em publicações como Revista Colombiana de Sociología (N° 23, 2004), Nómadas (N° 28, 2008 e N° 36, 2012), e Revista CS (N° 6, 2010).   

É neste contexto que a revista Universitas Humanística apresenta seu número monográfico 76, o qual foi editado em conjunto com a professora María Fernanda Olarte Sierra e que conseguiu entretecer contribuições provindas de diferentes cantos da América Latina e outros hemisférios. Nesta oportunidade contamos com artigos enviados da Argentina, Brasil, Equador, México, Canadá, Suíça e Colômbia.

Os 18 artigos que conformam o nosso número 76 reúnem reflexões críticas sobre o papel do conhecimento científico e tecnológico desde dimensões situadas e geopolíticas. Pesquisas que, neste sentido, contribuem a pensar e problematizar, quanto a construir, o lugar que a ciência e a tecnologia têm na composição de cartografias específicas da inclusão e da exclusão. Contemos aqui trabalhos que se questionam criticamente sobre a construção da deficiência, pelas chamadas de Tecnologias Sociais, pela ciência e a tecnologia como saberes construídos desde o gênero, mesmo como por reflexões que investigam sobre os modos que estas cartografias configuram particulares sentidos de nação.

Como sempre, este esforço editorial está hoje em suas mãos; agradecemos vocês curtirem-no desfrutarem-no, aproveitarem-no, discutirem-no e puserem em circulação.

Tania Pérez-Bustos
Editora