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Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud

versión impresa ISSN 1692-715Xversión On-line ISSN 2027-7679

Rev.latinoam.cienc.soc.niñez juv v.9 n.1 Manizales ene./jun. 2011

 

 

Editorial

Apresentação do Volume 9 Nº 1 Janeiro-Junho de 2011, número monográfico em juventude e praticas políticas na America Latina

Com muito prazer apresentamos este novo número realizado com a colaboração do Grupo de Trabalho Clacso “Juventude e práticas políticas na America Latina”.

A propósito dos conteúdos temáticos deste dossiê, recentemente no Dictionnaire de l’adolescence et la jeunesse, com referencia ao engagement politique, Anne Muxel (2010) assinala: «Les jeunes ne sont pas dépolitisés, mais ils son politisés autrement»1. Tudo isso parece conectar nossos estudos Latino-americanos com aqueles que cuidam da relação entre política e juventude ao outro lado do Atlântico, em tanto afirma-se a critica e o questionamento ao suposto “apoliticismo” juvenil. Pois bem, isto supõe que os jovens “politizam-se”, estamos ante a emergência de uma nova politicidade? Podemos tomar esta certa politicidade renovada como uma modificação do vinculo juventude e política ou como uma processualidade da política mesma que se transforma? Podemos desentranhar esta complexidade como uma classe de “geologia” da política para permitirmos avançar de um estrato superficial e manifesto a um estrato profundo e imperceptível? Como não supor tão politicidade sem explicá-la, e como não explicá-la sem ficar na exterioridade das suas manifestações?

Quando nós supomos a relação juventude-política, de uma ou outra maneira, não estamos tomando como premissa sua desconexão? É intrínseco o caráter político à condição de ser jovem? Estamos tentados a dizer que a produção social da juventude é, por definição, uma produção política, o poder produzido por suas ordens e lógicas é um campo complexo de forças, sem que o poder seja traduzido sempre em dominação. Tanto os exercícios de reprodução como aqueles de contra-hegemonia inserem-se nas lógicas de produção política da juventude. Podemos então pensar numa compreensão da manifestação concreta de uma simbiose estruturalmente dada?

O compendio de contribuições conteúdas neste numero coincide com a indagação das conexões múltiplas e simbióticas entre juventude e política na America Latina, acudindo à uma certa variedade de enfoques de aproximação, em cujos sujeitos-objeto de pesquisa, o termo juventude indica uma elaboração e densidade as quais expressam-se diferenciadamente em cada caso.

Multiplicidade, provavelmente, é um termo para qualificar a riqueza de contribuições oferecidas aqui. Tudo isto pela pluralidade expressada através de uma diversidade de dimensões: a) nos marcos de aproximação e interpretação, b) nas categorias de interesse e analise, c) nas formas de vinculação dos e das jovens em cada estudo, d) nos lugares e contextos concernidos, e) nas temporalidades implicadas.

Antes de expor em detalhe esta multiplicidade, diremos que o anterior não obsta para indicar a identificação de aspetos transversais e predominantes nestes modos de aproximação.

a) Assim, no relativo aos enfoques, privilegiam-se os enquadres hermenêuticos-interpretativos, a indagação etnográfica e as epistemologias que apropriam as metodologias qualitativas. Então, o estudo da juventude e da política está mediado pelos ênfases que orientam uma perspectiva de analise mais singular em cada caso, verbi gratia, a valorização de um enfoque socio-cultural do juvenil e do político, a noção de cidadania considerada em ocasiões mais como uma perspectiva do que uma categoria. A indagação que integra a economia política e a analise do discurso (Ocampo), o modelo gerativo que põe em correlação condições objetivas e disposições subjetivas (Castellanos), contribui com olhadas de pesquisa sobre o juvenil e o político na America Latina. Destaca-se o trabalho de Laura Kropff quando põe em tensão a relação entre as abordagens acadêmicas e as denominadas teorias nativas. Da outra parte, o trabalho de Silvia Helena Simões Borelli insiste num imperativo de pesquisa: a reflexão ineludível sobre as relações entre matrizes epistemológicas, teóricas/conceituais e metodológicas.

Varias premissas ficam na base: de uma parte, o questionamento de uma suposta apoliticidade juvenil, que mais tarde transforma-se mais bem numa multiplicidade de esforços para revelar uma complexidade renovada da politicidade associada ao juvenil; de outra parte, o interesse para problematizar as relações de poder, as tensionalidades entre o instituído e o instituente, entre as lógicas do poder, as práticas de resistência e a procura de espaços de construção de formas alternativas para a legitimação de discursividades e práticas políticas.

b) As perguntas que animam estas produções intelectuais e de pesquisa versam sobre uma heterogeneidade de categorias, que podemos aproximativamente distinguir na forma de denominação de sentidos e práticas, as quais, longe de corresponder a variáveis separadas e excludentes, constituem-se em ferramentas analíticas e compreensivas que se entrecruzam para formar um tecido conceitual em cada trabalho. Assim, num conjunto referente aos sentidos, os autores e as autoras interessam-se pelas conceições (Vergara, Montaño, Becerra, León-Enríquez, Arboleda, Kropff), pelos significados e discursos Ghiso, Tabares-Ochoa; Ocampo, Lozano, Alvarado), pelos imaginários (Hurtado), pelas identidades e as representações sociais (Magno, Dula, de Almeida Pinto), pelas noções (Domínguez, Castilla), e pelas idéias, idéias de paz (Urbina-Cárdenas, Muñoz). Destaca-se outro conjunto categoria que enfatiza sobre as maneiras de fazer: as ações (Lozano, Alvarado; Muñoz-Lopéz, Alvarado; Ghiso, Tabares-Ochoa; Domínguez, Castilla), as ações culturais (Borelli), as experiências e as práticas (López-Moreno, Alvarado; Vommaro). Esta taxonomia dupla indica o interesse suscitado mediante a ênfase numa ou outra perspectiva sem que sejam consideradas de maneira excludente.

Outros trabalhos voltam sobre as categorias clássicas da política, tais como, democracia (Vergara et al.; Lozano, Alvarado), cidadania (Saucedo, Taracena; Ocampo, Lozano, Alvarado), participação (Domínguez, Castilla, Vommaro, Vásquez-Ceballos), governo e estado (Ocampo), indagando rotas de aproximação mediante trabalhos de pesquisa com suporte empírico, pondo em dialogo categorias clássicas com esforços renovados de compreensão desde as realidades contemporâneas que envolvem os jovens. Outros recorridos categoriais indagam sobre trajetórias e perspectivas (Kropff), juízos (Lozano, Alvarado),
subjetivação (Hurtado, López-Moreno, Alvarado, Domínguez, Castilla), vulnerabilidade e exclusão (Rivera-González).

Um quarto conjunto orienta-se com uma ênfase maior pela busca de novas rotas, de interpelação ao poder e de construção de outras lógicas e formas de ação. Destacam-se as categorias orientadores: alternativas e resistências (Magno et al., Vomaro, Muñoz-López, Alvarado; López-Moreno, Alvarado), autonomia (Saucedo, Taracena; Muñoz-López, Alvarado), projetos e ideais de mudança individual (Guerrero, Massa, Durán), reconfiguração das experiências de organização social (Vommaro), transformação, relações de poder e relações inter-geracionais (López-Moreno, Alvarado).

Finalmente, apreciam-se as indagações que coincidem pelo seu interesse pelas processualidades constituídas em relação com os espaços: cidades-espaços (Hurtado), lugar (Urbina-Cárdenas, Muñoz), e territórios, identidade territorial, (Magno et al.).

Tudo o anterior evidencia um acervo de explorações e abordagens multivetoriais, as quais se deslocam entre as densidades contributivas das teorias sociais e políticas e a busca criativa de categorias emergentes, que são sugestivas para a desconstruição/adequação de uma compreensão mais profunda de um fenômeno que expressa continuidades como também mutações e rupturas.

c) Quando falamos dos estudos de juventude - contrario à aparência do termo -, neste dossiê, “juventude” é uma polifonia; o que refere-se ao jovem cobra vida sob distintas formas as quais sugerem composições especificas: estudam-se ações coletivas, movimentos sócias, organizações, os grupos juvenis, coletivos juvenis, militâncias armadas (as quais por definição privilegiam os corposjovens na confrontação e na guerra). Apreciamos também, que o interesse não está sempre centrado nos e nas jovens como o “objeto” principal de interesse. Assim, por exemplo, destaca-se o trabalho que explora os significados atribuídos as noções de cidadania juvenil, juventude e estado nos discursos do Banco Mundial (Ocampo) evidenciando as lógicas da economia política e contribuindo com uma olhada que aborda o juvenil fora da sua especificidade para localizá-lo num contexto de problematização relacionado com a definição de discursos que os incluem e afetam.

Em contexto, no campo dos estudos sobre os jovens, este dossiê evidencia um avanço da primeira ordem em termos de fazer visível os jovens e as juventudes que freqüentemente vivem no anonimato. Sob o termo jovens invisíveis entendemos aqueles, geralmente de classes medias e populares, não organizados formalmente, que não acostumam suscitar a atenção dos meios de comunicação, das instituições políticas o da pesquisa acadêmica (Portillo, 2004). Evidencia-se aqui uma pluralidade de juventudes cujas demandas, apostas, sonhos e realidades são postas em cena nestes trabalhos: os jovens da guerra, os militantes de grupos legais e ilegais, os jovens em condições de deslocamento, os jovens rurais, os jovens que moram na rua, os jovens objeto de formação para o trabalho, os estudantes de formação media, técnica e universitária, os jovens artistas, os jovens que praticam o skateboarding, capoeira, teatro, death metal; os mapuches, tapatios, cariocas, santiagueños; os coletivos juvenis das periferias e os jovens como também as jovens na cena da cidade e do urbano, os quais ocupam um lugar de analise privilegiado.


d) Aprecia-se um panorama de pesquisas de latitudes diferentes na America Latina: Bariloche, La Havana, São Paulo, Rio de Janeiro, Santiago de Chile, Viçosa (no Estado de Minas Gerais), Cúcuta, Pereira, entre outras cidades, de tal maneira que a multiplicidade de trabalhos que nos convocam referem-se à geografias que incluem cidades capitais, cidades intermédias e contextos não urbanos.

Uma policromia de territórios no cenário Latino americano muito concernido e interpelado em tanto fica em vinculo intrínseco com as complexidades abordadas em cada trabalho.

e) Assim mesmo, abordam-se temporalidades diversas que vão desde os anos 60 e 70 passando pela ultima década do século XX, até a indagação em cortes diferentes da primeira década do século XXI, para apreciar um estado dos estudos em cortes longitudinais e transversais que compreendem o ultimo meio século.

Assim, renovam-se e oxigenam-se as perguntas cujos vetores entrecruzam-se no eixo política-culturajuventude para sugerir e problematizar rotas de pesquisa, como também para fomentar as necessidades de conhecimento e de ação, tanto para a tarefa de pesquisa como para a formulação de políticas publicas e de estratégias de intervenção.

Desde o Grupo de Trabalho Clacso “Juventude e práticas políticas na America Latina” seguiremos animando a atividade de esforços conjuntos e colaborativos pela produção de novo conhecimento. Também animaremos as iniciativas de divulgação, formação e ação neste campo as quais vão permitirmos avançar no dialogo, no debate, no intercâmbio e na construção coletiva, participativa e decididamente inclusiva das vozes dos e das jovens.

Na Terceira Seção da revista apresentamos o Indice Acumulativo por autores e o Indice Temático , atualizados até o Volume 8 Nº 2 de Julho-Dezembro de 2011. Também comenta-se um documento da OEI sobre “Energia e crise sócio-ambiental”, onde se diz que temos tempo para mudar o nosso modelo energético por um modelo mais sustentável baseado na poupança, na eficiência e na utilização de energias limpas. Também se diz que estamos a tempo para começar uma [r]evolução “verde” que defina as bases para um futuro sustentável para toda a humanidade e para a biodiversidade da qual nos somos parte e da qual dependemos.

Também encontramos a informação sobre o simpósio “Juventudes em fronteira: situações, transito, processos e emergências de atores e sujeitos juvenis”, no marco do 54 Congresso Internacional de Americanistas.

Apresenta-se este evento como uma proposta para convocar pesquisadores e acadêmicos interessados no intercâmbio e na discussão sobre achados recentes e sobre reflexões teórico-metodológicas sobre os fenômenos concernentes à juventude, etnicidade e migração.

Na Quarta Seção encontramos um material amplo de entrevistas e resenhas cuja publicação vaicontinuar-se para que as pessoas interessadas possam mandar suas contribuições para ser publicadas nesta seção.

Primeiramente, Carlos Alberto González Quitián reproduz duas entrevistas sobre Criatividade e Educação. A primeira entrevista foi aquela de Saturnino de La Torre, Professor da Universidade de Barcelona quem apresenta seu trabalho neste campo e as contribuições importantes para a criação de ferramentas úteis para o desenvolvimento da criatividade; a segunda entrevista sobre a criatividade nos cenários de educação e o desenvolvimento, onde Carlos González explica a importância da criatividade e seus alcances no cenário educativo; conceito muito admirado mais igualmente desconhecido desde a sua dimensão pedagógica.

Ángela Hernández Córdoba faz uma resenha do seu livro “Vínculos, individuação e ecologia humana: para uma psicologia clinica complexa”. Este texto apresenta os desenvolvimentos do projeto/linha institucional “Vínculos, Ecologia e Redes”, do Programa de Mestrado em Psicologia Clínica e de Família da Faculdade de Psicologia da Universidade São Tomás de Bogotá desde o ano 2003. Hernández (2010, p. 5) aplica uma metodologia baseada na “modelização dos sistemas complexos”, cujos desenvolvimentos estão em processo de validação para cumprir com o imperativo ético de responder tanto aos critérios de rigor cientifico como daqueles de relevância sócio-cultural.

Em seguida apresenta-se um comentário ao livro “Leitura sistemática sobre a família e o padrão de violência” de María Sánchez Jiménez e Sandra Milena Valencia que recria a produção cientifica em língua espanhola, mais com o mérito de resgatar a literatura nacional, focalizada nos centros de estudos superiores e nos autores e grupos, que desde a década dos 80 incursionaram no enfoque sistêmico e apresentaram uma visão holística do mundo. Tudo isto está respaldado pela nutrida e variada bibliografia e pelo reconhecimento ético e colaborativo das contribuições daqueles que precederam este trabalho.
Em terceiro lugar, Graciela Tonon apresenta a sua compilação do livro “Comunidade, participação e socialização política”, onde amostra que a comunidade tem sido um campo de intervenção especifico e tradicional para o Trabalho Social. Igualmente, tem-se configurado, nas últimas décadas, como campo de interesse específico para outras disciplinas, tais como a Psicologia, a Ciência Política e a Economia, entre outras. Neste sentido, o texto está organizado em sete capítulos, escritos por autores de países diferentes (Argentina, Colômbia, México) e pertencentes à varias disciplinas.

Carlos Eduardo González Quitián faz a relação do seu livro “Pautas de Convivência Eco-ambiental.

Conviver com a natureza em conurbações e propriedade horizontal”. Este texto está tomado do estudo e experiência do autor no campo da propriedade horizontal, particularmente da experiência de convivência em espaços camponeses onde os proprietários e habitantes de propriedades privadas compartilham bens e serviços comuns, utilizando procedimentos e normas segundo a lei para coexistir em equilíbrio e harmonia com o ambiente desfrutando dos direitos que consagram o privado e com respeito do comum e do publico.

Um adeus para Eloisa Vasco Montoya

Registramos com profunda dor o falecimento da nossa amiga e companheira de sonhos Eloisa Vasco Montoya, co-fundadora, co-editora e integrante do Comitê Editorial da Revista Latino Americana em Ciências Sociais, Infância e Juventude. Eloisa deixa uma impressão gravada com afinco pelas suas grandes contribuições ao fortalecimento da revista, pelo seu compromisso com a educação e, sobretudo, pela sua alegria de saber transcorrer na vida de maneira frutífera, especialmente quando suas responsabilidades tinham relação com a formação de alta qualidade para as novas gerações de professores, professoras, de pesquisadores e pesquisadoras, e com a difusão do conhecimento na revista e em outras publicações.

Referências

Muxel, A. (2010). “Engagement politique” em: Le Breton, David ; Marcelli, Daniel. Dictionnaire de l’adolescence et la jeunesse. Paris: PUF.

Portillo, M. (2004). Culturas juveniles y cultura política: la construcción de la opinión política de los jóvenes de la Ciudad de México. Dissertação doutoral. Barcelona: Universidade Autónoma de Barcelona.

 

A editora convidada,

 

Liliana Galindo
Doutorante em Ciências Políticas
Sciences de L’Homme, Du Politique e du Territoire
Université de Grenoble, França

 

O diretor-editor,

 

Héctor Fabio Ospina

 


Notas:

1 “Os jovens não estão despolitizados, eles estão politizados de maneira diferente”. T. da Ed.


 

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