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Antipoda. Revista de Antropología y Arqueología

versão impressa ISSN 1900-5407

Resumo

PAIARO, Melisa  e  SANCHEZ, Ana. Vestígios documentais do (des)aparecimento de corpos: sepultamentos irregulares e antropologia forense em um cemitério público de Córdoba, Argentina. Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. [online]. 2024, n.55, pp.89-113.  Epub 19-Abr-2024. ISSN 1900-5407.  https://doi.org/10.7440/antipoda55.2024.04.

Neste artigo, reflete-se sobre o uso extensivo de sepultamentos irregulares em cemitérios públicos como método de desaparecimento/eliminação de cadáveres durante a última ditadura civil-militar na Argentina. A partir de uma perspectiva histórico-antropológica, investiga-se um caso paradigmático: a descoberta de uma das maiores valas comuns da América Latina, localizada no Cemitério San Vicente, na cidade de Córdoba, Argentina. O pressuposto que orienta a análise é o de que o sepultamento irregular implicou a intervenção de órgãos burocrático-administrativos ligados ao manuseio regular de cadáveres -hospitais, necrotérios e cemitérios públicos-, levando à existência de vestígios documentais que, até o momento, demonstram seu uso e extensão. Parte-se da descrição de uma carta escrita em 1980 por funcionários do necrotério e de um artigo de jornal sobre a primeira identificação em Córdoba, como marcadores temporais de um longo processo de busca. A reconstrução geográfica e histórica de San Vicente e suas práticas de sepultamento nos permitem configurá-lo como um território de marginalidade e impureza, como um receptor dos corpos dos doentes, dos pobres e dos “delinquentes subversivos”. Analisados como artefatos culturais, os livros de admissão do necrotério e a carta de 1980 fornecem evidências de diferentes aspectos da prática do enterro irregular e da maneira como os corpos dos assassinados eram incorporados às rotinas das instituições estatais. Esses registros se mostraram cruciais no trabalho antropológico forense de busca e de localização da grande vala comum. O artigo se enquadra em estudos que enfocam as formas “legais” e “administrativas” de repressão e de terror estatal. Ele procura destacar a importância da pesquisa preliminar e da interdisciplinaridade na aplicação da antropologia forense, não apenas na área geográfica analisada, mas também no esclarecimento das múltiplas formas de violência que atravessam a região.

Palavras-chave : antropologia forense; cemitério; ditadura argentina; documentos burocráticos; sepultamentos; investigação preliminar; métodos de desaparecimento.

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