Objetivo/contexto:

Este artigo demonstra a análise da bifurcação da direita peruana em dois caminhos diferentes e distantes. Apesar da origem comum nas reformas de ajuste aplicadas pelo governo de Alberto Fujimori no início da década de 1990, as ramificações populistas e tecnocráticas da direita peruana tomaram caminhos próprios. Enquanto a recomposição do fujimorismo no novo século optou pelo caminho populista, as elites técnicas encontraram em Peruanos por el Kambio um veículo político de influência na arena eleitoral. A prominência de temas de valor na última década acabou fortalecendo essas divisões como clivagem política. A vertente populista se vinculou com valores conservadores em temas morais, e a tecnocrática tendeu a abraçar uma agenda de valores liberal. Esse conflito a respeito de temas sociais, sobreposto na ruptura entre populistas e tecnocráticos, consolidou uma divisão irreconciliável, pois evidenciou a existência de um substrato classista.

Metodologia:

A pesquisa foi guiada por uma sistematização de fontes secundárias, em específico, o emprego de bases de dados de opinião pública que investigou a evolução de posições programáticas referidas ao eixo econômico e ao eixo sociocultural.

Conclusões:

A divisão no interior da direita peruana está apoiada em duas formas de construir legitimidade social (populista versus tecnocrática) e na adoção de duas agendas de valor opostas (conservadora e liberal, respectivamente). Assim, fortaleceu-se uma clivagem política que transcende expressões partidárias ou eleitorais conjunturais.

Originalidade:

Com frequência, os estudos sobre a direita no Peru estão focados nos posicionamentos ideológicos das elites ou de seus respectivos eleitorados. Contudo, neste artigo, o interesse está em combinar a oferta com a demanda, identificando divisões sociológicas mais profundas no interior do campo da direita no Peru.