Objetivo/contexto:

neste artigo, explora-se como os projetos participativos de construção de paz geram resultados emancipatórios. Para isso, analisamos a implementação dos programas de desenvolvimento com abordagem territorial (PDAT), uma das peças-chave do processo de paz colombiano. Definimos “resultados emancipadores” como a designação de poder na tomada de decisões (por exemplo, controle de orçamentos, prioridades de projetos) e/ou de benefícios materiais (por exemplo, nova infraestrutura, bens públicos) a grupos marginalizados da sociedade.

Metodologia

: o artigo está baseado numa combinação de pesquisa de paz etnográfica e entrevistas semiestruturadas com atores governamentais e civis fundamentais envolvidos no desenho e implementação do PDAT tanto no âmbito nacional quanto local. Abordamos o PDAT de Chocó, onde ambos os autores realizam um acompanhamento etnográfico durante o desenho e a implementação do programa de paz entre janeiro de 2018 e março de 2020.

Conclusões

: no artigo, conclui-se que os resultados emancipatórios de um projeto participativo nunca são fixados antecipadamente: o grau em que esses projetos servem a objetivos emancipatórios de baixo para cima em lugar da expansão do Estado de cima para baixo depende dos resultados dos processos de disputa e cooperação entre atores de dentro e de fora do Estado.

Originalidade

: a corrente crítica tende a entender os programas participativos de construção de paz como programas desenhados de cima para baixo para cooptar os atores de base e expandir o escopo do Estado em lugar de concebê-los como projetos emancipatórios que criam mudanças reais nos acordos políticos existentes. Nossa contribuição está no estudo da dinâmica desses processos de paz para identificar os espaços que abrem para metas emancipatórias.