SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número41O que molda a coleta: conhecimentos, cientistas e espécimes para outras ciências possíveisDa predação do diabo ao fim desta humanidade: cosmopolítica na safra do Nordeste argentino índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Em processo de indexaçãoCitado por Google
  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO
  • Em processo de indexaçãoSimilares em Google

Compartilhar


Antipoda. Revista de Antropología y Arqueología

versão impressa ISSN 1900-5407

Resumo

HENRIQUE, Fernanda Borges. As múltiplas agências dos encantados: esboço de uma teoria política kiriri. Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. [online]. 2020, n.41, pp.57-77. ISSN 1900-5407.  https://doi.org/10.7440/antipoda41.2020.03.

Este artigo trata do povo indígena Kiriri do Rio Verde que, em março de 2017, após sair de Muquém do São Francisco, oeste do estado da Bahia, região Nordeste do Brasil, ocupou uma terra no sul do estado de Minas Gerais, Sudeste do país. A terra ocupada possui 39 hectares e tem como seu proprietário legal o estado de Minas Gerais. A permanência dos Kiriri na área foi autorizada pelo seu verdadeiro dono, um antigo ancestral tapuia que apareceu durante a ciência, momento em que há uma comunicação, como veremos, mais direta e intencional com os encantados, seres outros-que-humanos que habitam o cosmos kiriri. Diferentemente do toré, brincadeira em que ocorre o compartilhamento de comida entre os humanos e os encantados, e em que os cantos são mais fracos para que esses seres outros-que-humanos não se manifestem, na ciência kiriri, os cantos são mais fortes para fazer com que os mestres encostem em pessoas que possuem o dom. Apesar de a ocupação ser legitimada pelo velho tapuia, os Kiriri reconhecem que também precisam negociar com o estado de Minas Gerais, o proprietário legal da área, para conseguirem a regularização da terra. Nesse contexto, este artigo tem como objetivo compreender como os Kiriri criam evidências que a ocupação feita por eles, a partir da atuação conjunta aos encantados, é legitimada pelo verdadeiro dono da terra e como o comunicam ao estado de Minas Gerais. Para olhar para as negociações entre os Kiriri e o estado de Minas Gerais, deve-se reconhecer e analisar a ampla rede de atuação de agentes humanos e outros-que-humanos e, para compreendê-la melhor, propomos atentar também à ciência kiriri. Assim, este artigo esboça questões que tangem ao que podemos chamar de “teoria política kiriri”, evidenciando como as relações diplomáticas de troca e negociação podem ser constituídas no mundo.

Palavras-chave : Ciência; cosmopolítica; encantados; etnologia; Kiriri; seres outros-que-humanos.

        · resumo em Espanhol | Inglês     · texto em Português     · Português ( pdf )