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Revista Colombiana de Sociología

versão impressa ISSN 0120-159X

Resumo

PEREZ-BUSTOS, Tania. O tecido como conhecimento, o conhecimento como tecido: reflexões feministas sobre a agência das materialidades. Rev. colomb. soc. [online]. 2016, vol.39, n.2, pp.163-182. ISSN 0120-159X.  https://doi.org/10.15446/rcs.v39n2.58970.

Neste artigo, busco compreender e problematizar a metáfora do conhecimento como tecido visto que é uma entrada para entender criticamente as mediações, as desigualdades e as diferenças na produção do conhecimento tecnocientífico e em seus encontros e diálogos com outros conhecimentos. O ponto de partida da análise é o componente etnográfico de um projeto interdisciplinar que desenhou uma interface tangível de usuário. Essa interface foi inspirada no calado, bordado artesanal realizado na região de Cartago (Colômbia). Se for considerada a maneira em que se realiza esse bordado, pode-se entender como uma forma de tecido. Os encontros entre os saberes-fazeres das bordadeiras artesãs, conhecimentos situados em suas mãos, feminizados e precários, e os conhecimentos da engenharia, com sua experiência codificada e legítima, enredam e desenredam as práticas. Estas últimas sustentam hierarquias e binarismos epistêmicos e de gênero que estão imersos em contextos geopolíticos particulares; além disso, possibilitam a criatividade, a reparação e a reinvenção dessas práticas por meio de suas temporalidades e concreção diária.

Para desenvolver o argumento, o artigo inicia discutindo como a aproximação proposta permite desfazer uma metáfora clássica nos estudos sociais da ciência: a dos sistemas sociotécnicos como tecidos sem costura. Em seguida, mostra-se como uma certa aproximação etnográfica ao bordado permite revelar formas de conhecimento particulares que contribuem para descolocar o conhecimento tecnocientífico, em especial quando se encontra com outras formas de saber. Para elaborar esse argumento, realizo dois movimentos complementares. Em primeiro lugar, um zoom-out ao trabalho do calado, para ter uma visão mais ampla do trabalho que sustenta a existência do tecido e de suas condições de vulnerabilidade. Em seguida, faço um zoom-in dessa técnica de bordado, aproximando-me a sua materialidade para ver as estruturas que o sustentam. Minha intenção com esse movimento é responder às perguntas que surgem da etnografia, que questionam e descolocam o saber tecnocientífico, incorporado, nesse caso, na engenharia, quando se encontra com outros conhecimentos.

Palavras-chave : Assuntos de cuidado na tecnociência; bordado artesanal; conhecimento; desenho tecnológico; materialidades.

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