Resumo

NARANJO BOTERO, María Elvira. Contribuições dos viviendistas colombianos para a paz no pós-acordo: um exercício de Pesquisa-Ação Participativa com fundadores de bairros. Rev. colomb. soc. [online]. 2018, vol.41, n.1, pp.157-174. ISSN 0120-159X.  https://doi.org/10.15.446/rcs.v41n1.66673.

Este artigo sintetiza uma tese de doutoramento em Estudos Políticos elaborada a partir da metodologia de Pesquisa-Ação Participativa (PAP). Esta pesquisa reconstrói as memórias de uma organização social de moradias que vem funcionando há 58 anos na América Latina, apesar da persecução estatal e de suas dificuldades internas; ilustra o movimento de despojamento, o desterro e a luta pela moradia de milhares de colombianos, e contribui para promover a não repetição indispensável para uma paz duradoura. Consequente com a opção metodológica da pap, a tese reflete uma construção coletiva, com fundadoras dos bairros veteranas e diretores da Central Nacional Nacional (Cenaprov), organização que representa a história de cerca de 100 mil famílias desterradas que conseguiram ser proprietárias de suas habitações. Esta é uma experiência social baseada em ações coletivas autogestionadas, que foi silenciada pelo pensamento hegemônico, mas que tem sido reconstruída com seus protagonistas, a partir de uma reflexão partilhada, orientada a compreender suas dinâmicas internas e algumas circunstâncias que inluenciaram na organização e nas mudanças desde sua origem até suas perspectivas no pós-acordo. Com algumas particularidades, essa experiência é um exemplo de um longo processo organizativo de colonos desterrados que solidariamente superaram o desenraizamento, conseguiram formar uma identidade de bairro e sonhar com melhores perspectivas de vida cidadã. Argumenta-se que, nos bairros populares fundados pelos colonos de Cenaprov, tentou-se consolidar um novo modelo de bairro, solidário e autogestionado. Por meio da resistência à violência estatal, a maioria dos fundadores sobreviventes preservou sua dignidade pessoal como sujeitos políticos. Embora a permanente estigmatização, transmitem sua experiência às novas gerações, continuam com projetos alternativos na perspectiva do pós-acordo e sonham com uma paz estável, duradoura e comjustiça social.

Palavras-chave : colonização popular urbana; desterrados; pós-conflito; viviendistas autogestionados.

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