Serviços Personalizados
Journal
Artigo
Indicadores
- Citado por SciELO
- Acessos
Links relacionados
- Citado por Google
- Similares em SciELO
- Similares em Google
Compartilhar
Historia Crítica
versão impressa ISSN 0121-1617
Resumo
GARRIDO TORRES, Catalina del Mar. Herdeiras de uma degeneração atávica ou vítimas da miséria? Gênero e racismo no discurso médico sobre a prostituição em Cuba, 1902-1913. hist.crit. [online]. 2020, n.77, pp.59-73. ISSN 0121-1617. https://doi.org/10.7440/histcrit77.2020.03.
Objetivo/Contexto:
analisamos o discurso médico sobre a prostituição em Cuba, com atenção especial a como foi construído um diagnóstico sobre o fenômeno que variava entre explicações raciais e sociais, apoiado em distinções de gênero e em um racismo que sobrevivia aos estragos causados pelas guerras de independência no contexto pós-colonial cubano do início do século XX.
Originalidade:
neste artigo, sugerimos que o gênero e a “raça” tenham sido categorias de identidade que não se referiam a realidades preexistentes ou autoevidentes, mas sim que, no caso de Cuba, surgiram como construções socioculturais e discursivas que responderam às pressões de uma nova ordem política, forjada entre a última guerra pela independência (1895-1898), as duas intervenções militares dos Estados Unidos na Ilha (1898-1902 e 1906-1909) e os primeiros anos de vida republicana.
Metodologia:
a partir da análise de estudos sobre esse fenômeno na Ilha, elaborados pelos médicos Ramón M. Alfonso e Matías Duque, protagonistas do sistema de regulamentação da prostituição entre 1902 e 1914, observamos como vincularam argumentos e explicações dos âmbitos histórico, racial e social para expressar as ansiedades que havia em torno da prostituição (as mulheres que a exerciam e o mundo que a rodeava), em uma sociedade que privilegiava como protótipo nacional a mulher branca, mãe, esposa e filha “de família”.
Conclusões:
demonstramos que o gênero funcionou como uma forma de diferenciação situada historicamente, que hierarquizava as prostitutas com relação a seu afastamento de certos aspectos ideais de feminidade e masculinidade, definidos racialmente. Além disso, as explicações raciais e sociais da prostituição não resultavam autoexcludentes, assim como não era rejeitar o “outro”, suas diferenças raciais e de gênero, para incluí-los, embora às margens, em uma nação que idealmente teria que ser branca e heteronormativa.
Palavras-chave : contexto pós-colonial; Cuba; discurso médico; gênero; prostituição; racismo.