Servicios Personalizados
Revista
Articulo
Indicadores
- Citado por SciELO
- Accesos
Links relacionados
- Citado por Google
- Similares en SciELO
- Similares en Google
Compartir
Historia Crítica
versión impresa ISSN 0121-1617
Resumen
OLANO, Christiane Hoth de. “Há bebidas espirituais destiladas em todos os lugares”: consumo de álcool e alcoolismo na fronteira chilena no início do século XX. hist.crit. [online]. 2021, n.82, pp.79-105. Epub 26-Nov-2021. ISSN 0121-1617. https://doi.org/10.7440/histcrit82.2021.04.
Objetivo/Contexto:
a incorporação da região da Araucanía ao território chileno após terminar a ocupação militar em 1883 resultou num intenso processo de colonização, exploração por cientistas viajantes e establecimiento de missionários na região. Além disso, trabalhadores rurais mestiços (‘rotos’) e colonos europeus se uniram aos fronteiriços, colonos que já estavam vivendo na fronteira antes da ocupação. Neste artigo, são analisados a dinâmica e os efeitos do consumo de álcool e do alcoolismo na percepção da população mestiça e da indígena na fronteira chilena no início do século XX.
Metodologia:
a análise está baseada em fontes primárias que ainda não foram suficientemente estudadas e que consistem principalmente em diários de viagens, relatórios e publicações científicas escritos por cientistas, políticos e missionários chilenos e europeus.
Originalidade:
utilizando o exemplo pouco estudado do consumo de álcool na fronteira chilena, a contribuição deste trabalho consiste em demonstrar como os intensos processos de ocupação e colonização -e, em particular, as percepções de diferentes atores sobre as populações indígenas e mestiças- deram como resultado novas formas de estigmatizar as populações denominadas ‘rotos’ e a população indígena, e, em consequência, a consolidação de hierarquias sociais.
Conclusões:
embora o consumo de álcool fosse aceitável para certos povos, como é demonstrado pela simultânea prosperidade da indústria do vinho, era reprovável para os indígenas e para os colonos mestiços. Devido à percepção estigmatizada desses grupos sociais como bêbados, vagabundos e pobres, especialmente no contexto da intensa colonização que provocou um crescimento interesse em terras ocupadas principalmente por indígenas e fronteiriços, o alcoolismo pode ser interpretado como um veículo para dinâmicas específicas de exclusão. As antigas concepções de uma cultura indígena heroica, em longo prazo, levaram os missionários a se esforçar para ‘proteger’ esses grupos do alcoolismo, enquanto os comerciantes usavam as imagens de araucanos heroicos para estabelecer economias extrativas para os mercados nacionais e internacionais. Os documentos analisados revelam que tanto a população indígena quanto os ‘rotos’ foram retratados por intelectuais e missionários como vítimas indefensas e necessitadas de educação moral, o que buscava legitimar o trabalho missionário. Nesse sentido, as percepções, as práticas sociais e a mobilidade do conhecimento sobre o consumo de álcool resultaram ser um campo muito controverso no contexto da colonização e da incorporação da Araucanía ao Estado chileno.
Palabras clave : alcoolismo na ciência; colonização; consumo de álcool; cultura indígena; fronteira chilena; trabalho missionário; saúde pública..