Objetivo/contexto:

Esta introdução de corte historiográfico, bem como os artigos publicados na edição especial da revista Historia Crítica intitulada “A via chilena ao socialismo”, a partir de uma perspectiva transnacional, têm o objetivo de destacar como essa abordagem nos ajuda a superar as limitações herdadas da historiografia existente sobre a Unidad Popular (up), que tende a adotar um referencial nacional de análise.

Metodologia:

Consiste em analisar criticamente e resumir as contribuições da pesquisa sobre a up de 2003 até a presente data.

Originalidade e conclusões:

Constata-se que a dimensão transnacional do “ciclo 1970-1973” esteve ausente ou foi marginal em grande parte da historiografia sobre o período. O foco nacional no processo político da up é geralmente acompanhado por uma convicção sobre a suposta excepcionalidade dos “mil dias” de Allende. Com base na discussão historiográfica deste ensaio e nas contribuições dos artigos do dossiê, mostramos que uma abordagem transnacional da up permite que ela seja totalmente compreendida, colocando-a em um contexto mais amplo do que o nacional. A abordagem regional demonstra que a up é um dos muitos projetos de “revolução democrática” que marcam a “Guerra Fria Interamericana”, enquanto a abordagem global mostra que o impacto da up se deve não apenas à sua natureza excepcional, mas também à ressonância do projeto da “via chilena ao socialismo” com os debates de longa data sobre caminhos revolucionários e modelos de sociedade que agitaram a esquerda mundial ao longo dos séculos 20 e 21. O foco nos “espaços periféricos” da Guerra Fria nos permite pensar no governo de Allende como um caso adicional dos sucessivos esforços para encontrar um caminho alternativo ao socialismo soviético e ao capitalismo estadunidense.

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