Objetivo/contexto:

Depois da vitória de Salvador Allende nas eleições de setembro de 1970, a chegada ao poder da Unidade Popular (up) inaugurou no Chile um expressivo processo de transformações políticas e sociais associadas ao horizonte de construção de um caminho próprio em direção ao socialismo. Este artigo explora o modo como, na Argentina, o Partido Revolucionario de los Trabajadores-Ejército Revolucionario del Pueblo (prt-erp) analisou este momento histórico e a maneira como suas interpretações foram passadas para o âmbito de suas reflexões teórico-programáticas e para a própria realidade política local. Aqui também se evidencia que, durante o governo de Allende, o Chile foi um lugar fundamental de trânsito, asilo político e confluência de ideias para os integrantes daquela organização.

Metodologia:

Este artigo está construído principalmente com base na análise de documentos internos do prt-erp, em memórias de ex-integrantes do partido, e particularmente a partir da exploração de seu mais importante veículo de comunicação, o jornal El Combatiente.

Originalidade:

Este trabalho favorece a compreensão da dimensão transnacional da experiência militante de esquerda no Cone Sul durante os anos 1960/1970 ao considerar suas atuações e posicionamentos para além das fronteiras nacionais e busca contribuir com o estudo do impacto regional da chamada “via chilena ao socialismo”. Além disso, habilita a reflexão acerca de características particulares da história do prt-erp ao recompor os modos como a organização interagiu e buscou intervir no cenário político regional.

Conclusões:

O desenvolvimento da experiência chilena interpelou diversos atores regionais, incluídos aqueles que, como o prt-erp, se encontravam comprometidos com a construção do socialismo através do caminho da luta armada. Ainda que seus posicionamentos e táticas apresentassem diferenças com relação ao programa da up, o partido buscou aproximar-se ao processo político encabeçado pela up e interpretou a interrupção de sua trajetória - com o golpe militar de 11 de setembro de 1973 - como uma confirmação de algumas de suas mais céticas expectativas acerca das possibilidades de transformação da realidade por vias democráticas. Nesse sentido, a organização procurou extrair do golpe uma série de lições a respeito da própria realidade local, atravessada pelo concomitante retorno do peronismo ao poder, e analisá-las.

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