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Historia Crítica

 ISSN 0121-1617

VIDAL KUNSTMANN, José Miguel. Universalismos concorrentes e convergentes: jesuítas, eruditos e os primeiros relatos chineses sobre a “descoberta” e a evangelização das Américas. []. , 91, pp.3-30.   01--2024. ISSN 0121-1617.  https://doi.org/10.7440/histcrit91.2024.01.

Objetivo/Contexto:

Neste artigo, investiga-se como sete eruditos das dinastias Ming (1368-1644) e Qing (1644-1912), cujas obras tratam da geografia e da história mundial, interagiram e negociaram com as narrativas jesuítas em chinês sobre a “descoberta” e a evangelização da América. O objetivo principal é elucidar as diferenças e as semelhanças entre as perspectivas dos dois lados sobre esses eventos, destacando o papel que o encontro entre os universalismos do confucionismo e do cristianismo desempenhou nessas interpretações.

Metodologia:

Foi empregada uma análise textual, comparativa e histórico-contextual, emoldurada pelas perspectivas teóricas de Nicolas Standaert e Pingyi Chu sobre o encontro sino-jesuíta como um caso de intercâmbio cultural. O conhecimento foi negociado por meio da seleção de elementos textuais e da reestruturação de enquadramentos conceituais. Ao fazer isso, são contrastadas as narrativas sobre a “descoberta” e a evangelização da América nas obras chinesas com as representações jesuítas desses eventos, e são investigados os fatores contextuais que determinaram tanto a criação dessas narrativas pela missão jesuíta na China quanto as reações dos acadêmicos chineses a elas.

Originalidade:

Este é um estudo pioneiro na análise da recepção dos primeiros relatos chineses sobre os contatos euro-americanos. Ele busca contribuir para o campo da história intelectual chinesa e global ao trazer à discussão como um evento fundamental da visão de mundo europeia foi ressignificado a partir de várias perspectivas pelos eruditos chineses interessados em incorporar os relatos da “descoberta” em suas obras e integrá-los ao caminho do universalismo confucionista.

Conclusões:

As narrativas sobre esses eventos foram espaços discursivos onde ocorreram disputas e convergências entre os projetos civilizatórios do cristianismo e do confucionismo. A maneira como os estudiosos chineses os integraram em suas obras reflete como a transmissão da visão de mundo cristã foi submetida a estruturas locais que reforçaram as ideias etnocêntricas. Inevitavelmente, isso levou ao surgimento de interpretações alternativas às europeias da história americana na China imperial tardia. Este último aspecto desafia o olhar etnocêntrico europeu, que se baseava em grande parte na “descoberta” e evangelização da América, e mostra como os estudiosos chineses usaram suas narrativas para defender sua civilização.

: China-América; cristianismo; confucionismo; dinastias Ming e Qing; jesuítas; eruditos chineses.

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