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Revista de Estudios Sociales
versión impresa ISSN 0123-885X
Resumen
VIGNOLO, Paolo. Uma nação de monstros: Ocidente, os cinocéfalos e os paradoxos da linguagem. rev.estud.soc. [online]. 2007, n.27, pp.140-149. ISSN 0123-885X.
Entre todas as raças monstruosas que povoam o além, os cinocéfalos ocupam um espaço destacado no imaginário europeu, graças a sua relação privilegiada com a linguagem. Já na Grécia antiga os humano-canídeos representaram os intermediários míticos entre a palavra humana e o verso animal. Esta tradição desenvolve-se em dois sentidos diferentes: por um lado, o cristianismo medieval (influenciado também por lendas chinesas e mongóis) fomenta a versão dos habitantes das fronteiras remotas da terra como povos bárbaros -quanto à impossibilidade de elaborar um idioma propriamente humano- e demoníacos, bandidos da humanidade. Por outro lado, o humanismo renascentista, seguindo a escola cínica, retoma o tema dos seres metade cachorros e metade humanos, para abordar os paradoxos da linguagem. A questão da compreensão lingüística com os habitantes do Alter Orbis se torna um problema de candente atualidade durante a Conquista. Assistimos então, ao passo de um imaginário relacionado com o mundo canino ao ligado com o selvagem simiesco: um sintoma de mudanças profundas na comunicação entre o centro e a periferia do mundo. O cinocéfalo, o sábio mediador, é substituído pela símia, imitadora paródica da expressão humana.
Palabras clave : Raças plinianas; cinocéfalos; linguagens; mundos às avessas; Conquista.