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Revista de Estudios Sociales

versão impressa ISSN 0123-885X

Resumo

ANDRADA DONATO, Emilene  e  INIGUEZ-RUEDA, Lupicinio. Sertão como sul epistêmico: uma análise pós-colonial da produção acadêmica sobre saúde mental no Brasil. rev.estud.soc. [online]. 2024, n.87, pp.97-116.  Epub 17-Jan-2024. ISSN 0123-885X.  https://doi.org/10.7440/res87.2024.06.

No período de transição entre os séculos 19 e 20, a identidade nacional brasileira e o pensamento social foram constituídos levando em conta a dicotomia espacial e simbólica litoral-sertão e com a participação ativa da psiquiatria. Entretanto, no campo de estudos das teorias racialistas, esses aspectos não foram suficientemente correlacionados pelas ciências sociais e, em geral, permanecem ausentes no campo interdisciplinar da saúde mental. Dessa forma, o artigo teve como objetivo compreender o lugar o lugar do sertão nordestino na produção científica brasileira relacionada à história da saúde mental desde o final do século 19 até 1940. Essa delimitação temporal se deve ao relevante período de violência dessas epistemologias quanto à necessidade de problematizar a escassa produção científica sobre o tema. Foram analisados três repositórios acadêmicos de duas instituições de excelência na área da saúde, a Fundação Oswaldo Cruz e a Universidade de São Paulo. O método e a análise foram inspirados em pressupostos pós-coloniais, nas metodologias colaborativas e não extrativistas das epistemologias do sul e na psicologia social crítica. Por se tratar de um estudo de revisão, foi elaborada uma matriz temática com três categorias de análise - estudos pós-coloniais, nordeste e sertão; racialismo e saúde mental; justiça epistêmica - e dez temas, além de uma matriz documental. Os resultados apontaram para uma escassez de produções científicas sobre o Nordeste e sua sub-região sertão, o que denominamos invisibilidade epistêmica e o configuramos como um sul epistêmico. A originalidade do estudo está justamente no método utilizado para analisar as produções acadêmicas sobre o sertão, à luz dos debates interseccionais e interdisciplinares em saúde. Ele coloca em primeiro plano esse território para além do eixo sudeste (Rio de Janeiro-São Paulo, centro epistêmico da história da saúde mental), democratizando assim a compreensão da construção da identidade brasileira e enfatizando o papel da psiquiatria e seus efeitos duradouros na geração de justiça epistémica. Por fim, foram recomendadas ações de impacto e colaboração para fomentar estudos nesse campo, atualizando a relevância do sertão e ressaltando os fundamentos racistas e regionalistas arraigados na construção do conhecimento.

Palavras-chave : estudos pós-coloniais; história da psiquiatria; psicologia social; racismo; saúde mental; sertão.

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