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Tabula Rasa
versão impressa ISSN 1794-2489
Resumo
BOUTELDJA, Houria. Feministas ou não feministas? Pensando na possibilidade de um «feminismo decolonial» com James Baldwin e Audre Lorde. Tabula Rasa [online]. 2014, n.21, pp.77-89. ISSN 1794-2489.
Muito frequentemente, os feminismos do sul, até mesmo os feminismos islâmicos, entendem o movimento feminista como um fenômeno não histórico, universal e natural. Costumam também ver esse movimento como um signo intrínseco de progresso. A subjugação é tão grande que as feministas muçulmanas, por exemplo, não cogitam na hora de fazer anacronismos históricos para inscrever o feminismo na gênese da história islâmica. Portanto, toda a dignidade do islã é limitada à capacidade das próprias militantes de demonstrar que ele é muito feminista na letra e sexista na leitura que o patriarcado local faz dele. Há somente uma fissura nessa construção retórica: o feminismo como movimento político não existia na época da revelação. Nessa perspectiva, o feminismo é um padrão de medida da modernidade que subordina a ele o islã, religião que o precedeu no tempo.
Palavras-chave : feminismo decolonial; triple opressão; opressão do gênero masculino; James Baldwin; Audre Lorde.