Objetivo/contexto:

A vinculação entre o culto às montanhas e a figura da Virgem Maria está presente nos Andes e tem sido objeto de vários trabalhos na etno-história e na Antropologia. Neste trabalho, apresentamos quais são as cadeias lógicas que são ativadas no encontro e na amálgama de dois elementos de raízes ontológicas diferentes: o culto mariano europeu e o culto às montanhas de origem andina. Os relatos sobre a aparição da Virgem Maria Rainha dos Céus em um dos morros do estado de Cachi (Salta, Argentina) nos permite jogar com os elementos dispersos dentro da lógica moderna que se alinham em torno da possibilidade que têm tanto o morro quanto a Virgem de interceder entre os humanos e os seres de potência maior.

Metodologia:

Foram realizadas entrevistas não estruturadas a partir das quais foram definidos elementos a organizar dentro do universo analógico diaguita-kallchaki. Para isso, foi fundamental examinar seu vínculo com a paisagem para indagar a rede de relações que são criadas entre humanos e as demais entidades que a habitam.

Conclusões:

Salientamos que o Cerro de la Virgen não é um elemento desintegrador das lógicas locais andinas nem um elemento passivo, mas sim que a soma da Virgem e o Cerro (morro) faz com que ambos se tornem mais potentes.

Originalidade:

A partir disso, podemos destramar as relações que vinculam e organizam o Cerro de la Virgen, tanto na paisagem quanto na reprodução do ciclo agrícola para as comunidades diaguita-kallchakies atuais. Por sua vez, o fenômeno do culto às montanhas manifesta o vínculo entre as comunidades diaguitas passadas e presentes, e sua associação com outras referências do universo andino.

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