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Revista Colombiana de Ciencias Químico - Farmacéuticas

versión impresa ISSN 0034-7418versión On-line ISSN 1909-6356

Rev. colomb. cienc. quim. farm. vol.51 no.1 Bogotá ene./abr. 2022  Epub 05-Dic-2023

https://doi.org/10.15446/rcciquifa.v51n1.91041 

Artigos de Revisão

Atividade antileishmanial dos óleos essenciais: uma revisão

Antileishmanial activity of essential oils: a review

Actividad antileishmanial de los aceites esenciales: una revisión

Rômicy Dermondes Souza1  * 

Maria Alves Fontenele2 

Núbia Régia de Almeida3 

Jaqueline Pereira de Araújo3 

Paulo Roberto Barros Gomes3 

1Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 45700-000, Itapetinga, BA. Correio eletrônico: dermondesromicy@gmail.com

2 Universidade Federal do Maranhão, 65915-240, Imperatriz, MA.

3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, 68625-000, Paragominas, PA


RESUMO

Introdução:

a leishmaniose, uma doença negligenciada que afeta mais de 200 países, apresenta algumas limitações em seu tratamento, como a possibilidade de efeitos colaterais graves, promovidos pelos medicamentos e o desenvolvimento de variedades de Leishmania com resistência a medicamentação. Visto os problemas apresentados pelos tratamentos atuais, novos medicamentos têm sido pesquisados, dentre eles, os óleos essenciais, que são apontados como um dos mais promissores, pois além de ter origem natural, apresentam bom potencial inibitório e podem estimular o sistema de defesa do organismo contra a Leishmania.

Objetivo:

abordar a atividade antileishmanial dos óleos essenciais, mais especificamente o potencial inibitório e sua seletividade. Os mecanismos de ação já reportados também são comentados.

Resultados:

o potencial inibitório dos óleos essenciais (OE) contra a Leishmania é influenciado principalmente pela presença de hidroxila aromática nos componentes isolados os OE, pela forma evolutiva e pela espécie de Leishmania. A seletividade apresenta pelos OE é influenciada pela composição química e pela forma evolutiva da Leishmania. Os principais mecanismos de ação dos OE são a apoptose mitocondrial da Leishmania e, quando na forma amastigota, a estimulação do sistema imune do macrófago infectado.

Conclusão:

os OE apresentam potencial para aplicação como medicamentos contra a Leishmania, todavia, é necessário considerar a presença de hidroxilas aromáticas em sua composição para melhor aplicabilidade.

Palavras-chave: Leishmania; óleo essencial; atividade antileishmanial

SUMMARY

Introduction:

Leishmaniasis, a neglected disease that affects over 200 countries, has some limitations in its treatment, the main ones being the possibility of severe collecting effects promoted by medicines and the development of Leishmania varieties with resistance to medication. Considering the problems presented by the current treatments, new medicines have been researched, among them, the essential oils are pointed out as one of the most promising, because besides having natural origin, have good inhibitory potential and can stimulate the organism's defense system against Leishmania.

Aim:

To review addresses the antileishmanial activity of essential oils, more specifically the inhibitory potential and its selectivity. The action mechanisms already reported are also commented.

Results:

The inhibitory potential of essential oils (OE) against Leishmania is influenced mainly by the presence of aromatic hydroxyl in the OE isolated components, by the evolutionary form and by the species of Leishmania. The selectivity presented by the OE is influenced by the chemical composition and the evolutionary form of Leishmania. The main mechanisms of action of OE are mitochondrial apoptosis of Leishmania and, when in amastigote form, stimulation of the immune system of infected macrophage.

Conclusion:

The OE have the potential to be applied as drugs against Leishmania, however, it is necessary to consider the presence of aromatic hydroxyls in their composition for better applicability.

Keywords: Leishmania; essential oil; antileishmanial activity

RESUMEN

Introducción:

la leishmaniosis, una enfermedad desatendida que afecta a más de 200 países, tiene algunas limitaciones en su tratamiento. Entre estos, la posibilidad de efectos secundarios graves, promovidos por fármacos y el desarrollo de variedades de Leishmania con resistencia a la medicación. Dado que existen problemas que presentan los tratamientos actuales, se han investigado nuevos fármacos, entre ellos, los aceites esenciales, los cuales se señalan como uno de los más prometedores, pues además de tener un origen natural, tienen un buen potencial inhibitorio y pueden estimular el sistema de defensa contra Leishmania.

Objetivo:

abordar la actividad antileishmanial de los aceites esenciales, más específicamente el potencial inhibitorio y su selectividad. También se comentan los mecanismos de acción ya reportados.

Resultados:

el potencial inhibitorio de los aceites esenciales (OE) contra la Leishmania está influenciado principalmente por la presencia de hidroxilo aromático en los componentes aislados de los OE, por la forma evolutiva y por la especie de Leishmania. La selectividad presenta por los OE es influenciada por la composición química y por la forma evolutiva de la Leishmania. Los principales mecanismos de acción de los OE son la apoptosis mitocondrial de la Leishmania y, cuando en forma amastigota, la estimulación del sistema inmune del macrófago infectado.

Conclusión:

los OE presentan potencial para aplicación como medicamentos contra la Leishmania, sin embargo, es necesario considerar la presencia de hidroxilas aromáticas en su composición para mejor aplicabilidad.

Palabras clave: Leishmania; aceite esencial; actividad antileishmanial

INTRODUÇÃO

A leishmaniose é uma doença causada pelo protozoário Leishmania e tem duas formas principais, a cutânea (mais comum) e a visceral (mais grave). Por ano, esta doença mata 70 000 pessoas ao redor do mundo e infecta 1,5-2 milhões de pessoas [1]. Em 2018, 200 países relataram casos de leishmaniose, destes, 44% são considerados endêmicos para a forma cutânea e 39% endêmicos para a forma visceral [2].

Para o controle da leishmaniose são utilizados alguns medicamentos que, embora eficientes, apresentam uma série de limitações com efeitos colaterais severos que podem provocar o surgimento de espécies de Leishmania resistentes à medicação e até mesmo levar a morte [3]. Além disso, a quantidade de medicamentos disponíveis para tratamento da leishmaniose é pequena, tornando o tratamento mais complicado [4]. Neste contexto, a procura por novos medicamentos é crucial para o controle da doença. Para isso, os óleos essenciais (OE) são apresentados como uma das alternativas mais promissoras [5].

Alguns trabalhos revisaram a utilização de extratos de plantas no combate a leishmaniose [6, 7], porém, sem dar foco aos OE. Neste trabalho, foi revisado a atividade antileishmanial dos OE focando em seu potencial inibitório, seletividade e mecanismo de ação. Utilizou-se como bancos de dados, plataformas e repositórios digitais como: PMC, PubMed e ScienceDirect. Nestes bancos foram selecionados os artigos mais relevantes publicados entre 2000 e 2020. As principais palavras-chaves empregadas na pesquisa foram Leishmania e essential oil. As referências dos trabalhos selecionados também foram consultadas.

Tratamentos atuais e limitações

O principal mecanismo de defesa do corpo humano contra parasitas celulares, como a Leishmania, é a produção de oxido nítrico (NO) [8]. O mecanismo de ação do NO sobre a Leishmania ainda está em estudo, no entanto, evidências apontam para um processo de apoptose [9]. De forma a tornar possível seu crescimento, a Leishmania desenvolveu mecanismos capazes de inibir a produção de NO [10]. Visto que as defesas do organismo são em alguns casos insuficientes para inibir sua ação, a utilização de medicamento se faz necessária. Os medicamentos disponíveis para combate a Leishmania incluem anfotericina B, antimoniais, pentamidina, paromomicina e miltefosina (figura 1).

Figura 1 Limitacoes dos principais medicamentos disponiveis no combate a leishmaniose [3, 17, 27-32]. 

Os mecanismos de ação pelo qual os medicamentos atuam contra a Leishmania não estão totalmente esclarecidos. Os antimônios, mais especificamente, a administrada como antimônio pentavalente, aparentemente apresentam dois mecanismos de ações que atuam em sinergia [4]. No primeiro mecanismo o antimônio reduz a capacidade do tiol de tamponamento pelo efluxo rápido do tripanotione (T[SH]2) e glutationa (GSH). O segundo mecanismo envolve a inibição da T[SH]2 redutase, causando acúmulo das formas dissulfeto do T[SH]2 e GSH [11]. Embora os antimônios sejam importantes para o controle da leishmaniose, o surgimento de cepas resistente a este medicamento torna sua utilização ineficaz em algumas regiões endêmicas, sendo este o caso de Bihar, na Índia, onde poucas pessoas tiveram resposta ao tratamento com o antimônio [12]. No este Africano a combinação de antimônio com paromomicina demonstrou que pacientes tratados com ambos os medicamentos apresentaram recuperação mais rápida do que os tratados somente com um medicamento [13]. Diferente do antimônio, os mecanismos de atuação da paromomicina estão relacionados à redução do potencial da membrana mitocondrial, além de também inibição da síntese de proteínas citoplasmáticas e mitocondriais [14].

O uso da anfotericina B é outra alternativa medicamentosa para regiões em que não há resposta positiva ao tratamento por antimoniais [15]. O mecanismo de ação proposto para este medicamento está relacionado à sua capacidade de se ligar ao colesterol da membrana do hospedeiro. Visto que o colesterol é de grande importância para entrada do parasita na célula, a interação anfotericina B com o colesterol é capaz de impedir a infecção. Além disso, a anfotericina B também se liga ao ergosterol da Leishmania.

Supõe-se que o mecanismo mais provável da anfotericina B seja a combinação de sua interação tanto com o colesterol da célula hospedeira quanto com o ergosterol do parasita [16, 17].

A pentamidina também surgiu como alternativa aos antimoniais pentavalentes, que embora eficiente no início de sua utilização, o surgimento de variantes resistentes associado aos seus efeitos colaterais fez com que sua utilização fosse reduzida [18]. Seu mecanismo foi pouco explorado, mas evidências apontam para ação direta na mitocôn-dria da Leishmania [19]. A miltefosina é outro medicamento ativo contra a Leishmania. Seu modo de ação ainda não é totalmente conhecido, todavia, supõe-se que esteja relacionado à perturbação da remodelação éter-lipídico [20].

Estes medicamentos e outros poucos medicamentos disponíveis no combate a leishmaniose apresentam certas limitações em sua aplicação como observado na figura 1, a principal é o surgimento de variedades de Leishmania resistentes à medicação [4, 21]. As limitações dos atuais medicamentos são discutidas com mais profundidade por Tiwari etal. [22]. Para contornar esta situação da resistência à medicação o emprego da terapia combinada é uma alternativa eficiente. Esta metodologia, como o nome sugere, utiliza a combinação de dois ou mais medicamentos disponíveis para o tratamento da leishmaniose. Esta estratégia é abordada com mais profundidade no trabalho de Olliaro [23]. Outras estratégias disponíveis para melhorar a eficiência do tratamento são o monitoramento da terapia, distribuição livre do medicamento e monitoramento da resistência à droga [4]. Vacinas também foram estudadas para controle da leishmaniose. A literatura dispõe de candidatas excelentes, sendo as vacinas de poliproteína e DNA plasmídico as abordagens consideradas mais promissoras [24]. No entanto, ainda falta interesse industrial para produção [25], além de que, infelizmente, nenhuma vacina estudada induziu proteção a longo prazo ou garantiu imunidade [26]. Vistos as limitações dos tratamentos atuais, principalmente as poucas drogas disponíveis para o combate da Leishmania [4], medicamentos alternativos têm sido pesquisados, sendo um deles os OE.

Potencial inibitório dos OE

A IC50 é definida como a concentração inibitória máxima capaz de inibir 50% do crescimento de microrganismos e é utilizada para avaliar o desempenho de medicamentos [33]. O principal fator associado ao desempenho de medicamento contra a Leishmania é o estágio do ciclo de vida, sendo os dois estágios principais: a promastigota, quando presente no vetor de transmissão, e a amastigota, quando parasitando uma célula [34]. As diferenças de IC50 dos OE para ambos os ciclos de vida podem ser visualizados na tabela 1.

Tabela 1 Concentração inibitória (IC50) dos óleos essenciais para as formas amastigotas e promastigota da Leishmania. 

Nota: para compor a tabela 1 foram selecionados apenas artigos que estudaram os ciclos de vida da Leishmania.

A forma amastigota intracelular da Leishmania (L.) é mais sensível à inibição por OE do que a formas promastigota. O OE de Eugenia uniflora tem IC50 de 1,9 fxg/mL para forma amastigota da L. amazonensis, enquanto a forma promastigota teve IC50 de 3 fxg/mL [35]. O OE de Curcuma longa apresenta IC50 de 63,4 µg/mL para a forma amastigota da L. amazonensis, enquanto a forma promastigota apresentou IC50 de 308,4 µg/mL [36]. A maior efetividade dos OE na forma amastigota está relacionada ao seu modo de ação. Os OE agem diretamente sobre a Leishmania [37], no entanto, também é reportado que eles podem promover aumento da atividade microbicida do macrófago parasitado, ou seja, além de atuar diretamente sobre a Leishmania ele também pode induzir a produção de NO, o que auxilia na eliminação do parasita [38].

Em condições equivalentes, o mesmo OE apresenta diferentes IC50 sobre diferentes espécies de Leishmania. Como exemplo tem-se o OE de Nectandra hihua, cujo IC50 sobre as formas promastigotas da L. infantum e L. amazonensis é de 0,2 µg/mL e 24,2 µg/mL, nesta ordem [39]. Da mesma forma, o OE de Lavandula stoechas apresentou diferentes potenciais inibitórios as formas promastigotas de L. major (IC50 = 0,9 fxg/mL), L. infantum (IC50 = 7,0 µg/mL) e L. tropica (IC50 > 10,0 µg/mL) [39]. O OE de Cymbopogon citratus também teve diferentes IC50 as formas promastigotas da L. infantum (IC50 = 25,0 µg/mL), L. tropica (IC50 = 2,0 µg/mL) e L. major (IC50 = 38 µg/mL) [40]. A composição química dos componentes isolados dos OE também é um fator a ser levado em consideração.

Para que o OE apresente um bom IC50, a presença de anéis aromáticos e grupo hidroxila é fundamental. Silva et al. [5] estudaram o potencial inibitório de dez componentes isolados de OE sobre a L. amazonensis e determinou que os compostos de maior atividade antileishmanial foram timol (IC50 = 26,8 µg/mL) e carvacrol (IC50 = 25,4 µg/mL). O autor atribuiu esta maior atividade inibitória a presença da hidroxila aromática. Outros compostos estudados, ausentes de hidroxila ou anel aromático, tiveram menor atividade antileishmanial, sendo este o caso do mentol (IC50 = 198,9 fxg/mL), um composto com grupo hidroxila e sem anel aromático, e do p-cimeno (IC50 > 1000 µg/mL), um composto com anel aromático e sem grupo hidroxila. Estudos posteriores comprovaram a importância da hidroxila na atividade antileishmanial. Tasdemir et al. [49] substituíram o grupo hidroxila do carvacrol e timol por um grupo metil e observou que a substituição resultou na diminuição do IC50 de, respectivamente, 25,1% e 79,9% para a forma amastigota da L. donovani.

Além da composição química, a quiralidade aparenta ser um fator importante na atividade antileishmanial dos componentes isolados dos OE. Moléculas de composição idêntica, porém quirais, têm diferentes IC50. É o caso do R-(+)-limoneno e S-(+)-limo-neno, que apresentaram IC50 de, respectivamente, 16,6 µg/mL e >100 µg/mL contra a L. mexicana [50].

Seletividade dos OE sobre a Leishmania

O índice de seletividade (SI) é definido como a razão entre a citotoxicidade e atividade antileishmanial [51]. Em tese, quanto maior o SI, maior será a segurança do medicamento [52]. Para a Leishmania a seletividade varia de acordo com seu ciclo de vida. Para a maioria dos casos a seletividade é maior para a forma amastigota, como demonstrado na tabela 2. Todavia, alguns OE apresentaram maior seletividade a forma promastigota, como é o caso do OE de Myrtus communis [53] e o OE de Erigeron multiradiatus e seu componente isolado, o éster trans-2-cis-8-matricaria [48].

Tabela 2 Seletividade dos OE sobre as formas promastigotas e amastigotas da Leishmania. 

Para compor a tabela 2 foram selecionados apenas artigos que estudaram os ciclos de vida da Leishmania. Não foram considerados artigos cujo limite para o CC50 é desconhecido. 1Os valores foram arredondados para apenas uma escala decimal. 2Macrófagos.

Outro fator que influencia a seletividade do OE é sua composição química, no entanto, sua relação com a seletividade à Leishmania ainda é alvo de debate. É dito que os compostos isolados que apresentam em sua composição hidroxilas aromáticas possuem maior potencial inibitório (IC50) [5], no entanto, necessariamente não significa que estes compostos apresentam maior seletividade à Leishmania. Como exemplo há o carvacrol, 6,7-dehydroroyleanone e o timol, todos contendo hidroxila aromático, todavia, contendo baixa seletividade. O carvacrol apresenta seletividade de 2,4 para a forma amastigota da L. amazonensis do que em comparação a macrófagos peritoneais [44]. O 6,7-dehydroroyleanone possui SI de 0,22 para a forma promastigota da L. amazonensis com relação aos macrófagos murinos [54]. A seletividade do timol a forma promastigota L. amazonensis é de 1.1 em comparação a macrófagos peritoneais [42]. Em contraste, o 7-hidroxicalameneno, também composto por hidroxila aromática, apresentou SI > 365,0 entre a forma promastigota do L. chagasi e macrófagos peritoneais, indicando ausência de citotoxicidade [55].

Alguns compostos isolados, cuja composição química apresenta ausência de hidroxilos aromáticos, também divergem entre si, é o caso do cariofileno e do trans-2-cis-8-matricaria. O cariofileno possui seletividade de 0,9 para entre a forma promastigota L. amazonensis e macrófagos peritoneais [44]. Já o éster trans-2-cis-8-matricaria apresenta SI de 63,3 entre a forma promastigota da L. donovani e macrófagos peritoneais [48]. Logo, ainda há muito a ser debatido a respeito da relação entre estrutura química e seletividade.

Mecanismo de ação dos OE sobre a Leishmania

A Leishmania sofre diferentes danos celulares quando expostos aos OE ou seus componentes isolados. Algumas alterações estruturais observadas na Leishmania quando em contato com os OE foram: formação de estruturas densas de elétrons, vacúolos similares ao autofogosoma, aumento do número de gotículas lipídicas próximas a membrana plasmática, inchaço nos cinetoplastos e vácuos na bolsa flagelar, aumento do volume do cinetoplastos, fragmentação do kDNA e condensação da cromatina nuclear [46]. Estas alterações sofridas pela Leishmania indicam que o mecanismo mais provável é a indução da morte celular programa, de forma mais específica, uma apoptose [56].

A apoptose pode ocorrer por duas vias possíveis: a via extrínseca e a via intrínseca ou mitocondrial [57], sendo a via mitocondrial apontada como a principal via de ação dos OE sobre a Leishmania. Uma das evidências que apoia o processo de apoptose por via mitocondrial é a externalização da fosfatidilserina observado por Islamuddin etal. [58] ao estudar o efeito do OE de Artemisia annua sobre L. donovani. Durante o processo de apoptose a fosfatidilserina localizado predominantemente no "folheto interno" da membrana plasmática migra para o "folheto externo", tendo este processo grande participação da mitocôndria [59]. Além da externalização da fosfatidilserina, outra evidência de apoio a apoptose por via mitocondrial é a fragmentação do DNA nuclear da Leishmania. Quando a célula sofre um estímulo apoptótico por via mitocondrial, há a liberação de uma DNAse específica, fragmentando o DNA em unidades nucleossômicas [60]. Outra característica da alteração apoptótica por via mitocondrial apontada pela literatura está na parada do ciclo celular na fase G0/G1 [61, 62].

Além de induzir a apoptose, os OE também podem se ligar a coenzimas importantes para o metabolismo energético. Monzote et al. [37], o equipe isolou frações mitocondriais da L. tolentolae e avaliou a interação dos componentes isolados carvacrol, arcaradol e óxido de cariofileno com as coenzimas NADH: ubiquinona oxidoredutase (complexo I), succinato:ubiquinona oxidoredutase (complexo II) e ubiquinol:cit c3+ oxidoredutase (complexo III). Os compostos não apresentaram atividade relevante sobre o complexo I e II, enquanto o complexo III foi inibido por todos os compostos, principalmente pelo óxido de cariofileno. O complexo III é uma coenzima importante para criar um gradiente de prótons na membrana mitocondrial interna, onde é utilizada para a produção de ATP [63].

Para as formas amastigotas, os mecanismos de ação também envolvem o sistema autoimune do macrófago infectado. Estima-se que os OE estimulam a produção de NO [64]. A contribuição do NO produzido se dá pela sua combinação com o ânion superóxido dentro do fagolisossomo, produzindo peroxinitrito, que por sua vez agirá como microbicida [47]. Islamuddin et al. [58] observaram que a presença do OE de Artemisia annua em macrófagos infectados com a forma amastigota da L. amazonensis gerou aumento significativo na produção de NO pela célula infectada, resultando em fragmentação do DNA nuclear do parasita. Islamuddin et al. [65] estudaram o potencial terapêutico de nanoemulsões de eugenol, também notou aumento significativo de NO induzido pelo eugenol, sugerindo um efeito de imonomodulação no próprio macrófago. Em contraste, Rodrigues et al. [35] não observaram aumento significativo na produção de NO induzido pela adição do OE de Eugenia uniflora no macrófago infectado pela L. amazonensis, todavia, o autor observou aumento significativo na capacidade fagocitária e atividade lisossomal, ambas com atividades imunomoduladoras.

Limitações do uso de OE

Logicamente, a aplicação dos OE está atrelada a algumas limitações que devem ser superadas para que seu emprego como um novo fármaco contra a Leishmania seja eficiente. Algumas destas limitações são alta volatilidade, baixa estabilidade oxidativa, hidrofobicidade e, dependendo do tipo e concentração do OE, citotoxicidade ao macrófago [66, 67].

Para uso terapêutico, a hidrofobicidade da maioria dos OE é uma das limitações que mais se destaca, visto que afeta diretamente a taxa de absorção e distribuição do fármaco [68, 69]. Para os OE, essa limitação pode ser superada pela formulação em nano-cocleatos. Machín et al. [70] demostraram por meio da administração intralesional que os OE de Bixa orellana e Dysphania ambrosioides formulados em nanococleatos apresentam uma entrega sistémica in vivo. Este resultado também foi observado para o OE de Artemisia absinthium [71].

Outra limitação que se destaca é a sua citotoxicidade que, logicamente, depende do tipo de OE e a concentração utilizada [72]. A citotoxicidade dos OE também pode ser reduzida pela nanoencapsulação, como discutido por Galvão et al. [73] ao investigar a citotoxicidade do carvacrol. Os autores também observaram aumento da seletividade do carvacrol encapsulado à forma amastigota da L. amazonensis em comparação ao carvacrol não encapsulado, além de melhoria no tempo de meia vida e tempo médio de residência.

CONCLUSÕES

A concentração do OE ou composto isolado, a espécie de Leishmania, o ciclo de vida e a composição química dos componentes individuais dos OE são fatores cruciais ao estudar a atividade antileishmanial dos OE. Com relação à composição química, compostos cuja composição química apresenta um grupo hidroxila e anel aromático aparentam ter maior potencial inibitório. A quiralidade também aparenta ter um papel fundamental na atividade antileishmanial. Com relação à seletividade, os OE são mais seletivas as formas amastigotas do que para as promastigotas. Quanto ao mecanismo de ação, os OE são responsáveis por causar apoptose mitocondrial, mas também podem inibir a ação de coenzimas importantes para o metabolismo energético da Leishmania. Além disso, os OE podem induzir a produção de óxido nítrico, aumentando sua ação sobre a forma amastigota. As principais limitações a serem superadas para o uso efetivo dos OE são sua baixa solubilidade em água, baixa estabilidade a oxidação e alta volatilidade. Estas limitações podem ser minimizadas pelo uso da nanoformulação.

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COMO CITAR ESTE ARTIGO R. Dermondes-Souza, M. Alves-Fontenele, N. Régia de Almeida, J. Pereira de Araújo, P.R. Barros-Gomes, Atividade antileishmanial dos óleos essenciais: uma revisão, Rev. Colomb. Cienc. Quím. Farm., 51(1), 68-88 (2022).

Recebido: 08 de Abril de 2021; Revisado: 18 de Maio de 2021; Aceito: 23 de Maio de 2021

*Autor correspondente.

CONFLITOS DE INTERESSE

Os autores declaram que não há conflito de interesses.

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