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Revista Latinoamericana de Psicología

Print version ISSN 0120-0534

rev.latinoam.psicol. vol.45 no.1 Bogotá Jan./Apr. 2013

 

Imagem corporal e status social de estudantes brasileiros envolvidos em bullying

Body image and social status of Brazilian students involved in bullying

Gustavo Levandoski
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil

Fernando Luiz Cardoso
Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil

Reconocimientos.

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio e investimento financeiro. Este trabalho faz parte da Dissertação intitulada "Análise de fatores associados ao comportamento bullying no ambiente escolar: características cineantropométricas e psicossociais" no Programa em Ciências do Movimento Humano- UDESC do primeiro autor.
Gustavo Levandoski, glevandoski@gmail.com. Docente do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa, UEPG.
Fernando Luiz Cardoso, fernandocardoso.ph.d.lagesc@gmail.com, fernando. cardoso@udesc.br. Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Universidade do Estado de Santa Catarina, CEFID/ UDESC.
Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, Centro de Ciências da Saúde e do Esporte - CEFID. Laboratório de Gênero, Sexualidade e Corporeidade - LAGESC.
Endereço do autor: Av. General Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 Fone: (42) 3220-3141. Ponta Grossa, Paraná, Brasil.

Recibido: October 2011 - Revisado: November 2012 - Aceptado:March 2013


Resumo

O objetivo deste estudo foi verificar o envolvimento bullying em escolares e compará-lo em relação à imagem corporal e o status social no ambiente escolar. Participaram deste estudo 337 alunos sendo 184 garotos e 153 garotas com média etária de 12.77 anos regularmente matriculados na 6ª série do ensino fundamental de uma escola de ensino público da cidade de Florianópolis- BR. Foram utilizados o Questionário para o Estudo da Violência entre Pares, um exame sócio-métrico, escala percepção da imagem corporal e a escala de status social na escola. A análise de dados foi realizada por meio de estatística descritiva e inferencial adotando p ≤ .05. A incidência foi de 28.3% de alunos envolvidos com bullying, sendo que 14.1, 4.3 e 9.8% eram vítimas (V), agressores/vítimas (AV) e agressores (A). Não houve diferença entre os envolvidos em relação à auto imagem percebida e a ideal, mas encontrou-se que tanto as (V) quanto os (AV) gostariam de ser maiores fsicamente; em média, os (A) estão mais satisfeitos com sua imagem corporal e apresentam maior popularidade em sala de aula em relação as (V) e (AV). Considera-se que a imagem e a percepção corporal, bem como, a posição social exercem infuência e diferem na ação de (A) e (V) no processo do bullying.

Resumo: bullying, imagem corporal, status social, adolescente, exercício.


Abstract

The aim of this study was to verify the bullying involvement among scholars as well as compare them in relation to the corporal image and the social status in the school environment. Took part in this study 337 children, being 184 boys and 153 girls, with average age of 12.77 years old, regularly enrolled at the last year of elementary public school in Florianópolis - BR. The Questionnaire for the Study of the Violence among Pears, a sociometric analysis, Scale for body image, and Scale for social status in the school environment were used. The data analysis was made using descriptive and inferential statistics, adopting p ≤ .05. It was found that 28.3% of children involved with bullying, being 14,1, 4,3, and 9,8% were victims (V), aggressors/victims (AV) and aggressors (A), respectively. There is no diference among them in relation to the current and ideal self-image, but the study shows that more (V) and (AV) would like to be physically larger, and the (A) are more satisfed with their corporal image and also have a higher popularity among peers in the class room (V) and (AV). It is important to consider that the self-image and the corporal perception, as well as, the social position interfere in the bulling action among (A) and (V).

Key words: bullying, corporal image, social status, adolescent, exercise.


A Imagem Corporal, de acordo com Cash (2004) refiere-se a uma experiência psicológica multifacetada do próprio corpo, com grande ênfase, mas não exclusivamente na aparência física. De acordo com Tavares (2003) é a maneira pela qual nosso corpo aparece para nós mesmos, ou seja, é uma representação mental que engloba todas as maneiras de visualização, seguido de uma auto avaliação da imagem física percebida. Muitas vezes, esta imagem é distorcida ou apresenta alguma deficiência ou deformidade que acaba gerando bloqueios psicológicos.

Entre os muitos estudos sobre a imagem corporal e a aparência humana, destacamos o de Cash (2004) que organiza a história da área e propõe novas perspectivas de análise. Dentre estas, destaca-se a disforia de percepção corporal, compreendida como uma preocupação exagerada com um defeito imaginário ou aparente sem procedimento (Veale, 2004). Esta insatisfação ou descontentamento com a forma corporal é investigada em por diversos autores (Jones, Bain & King, 2008; Labre, 2002; Lunde, Frise'n & Hwang, 2006; Mellor, Mccabe, Ricciardelli & Merino, 2008; Odea & Caputi, 2001; Smolak, 2004; Verplanken & Velsvik, 2008; Xu et al., 2010) em jovens de ambos os sexos (Hildebrandt, Langenbucher & Schlundt, 2004; Swami, Hadji-Michael & Furnham, 2008; Swami, Salem, Furnham & Tove'E, 2008; Wolke & Sapouna, 2008) e também em adultos.

Os mecanismos da auto percepção corporal pode diferenciar-se entre meninas e meninos. Para detecção da insatisfação corporal são utilizadas figuras das silhuetas e questionários que focalizam forma corporal (Smolak, 2004). Os resultados de um estudo longitudinal de Gardner, Friedman e Jackson (1999) com escolares entre 6 e 13 anos, mostram que as meninas apresentam uma constante discrepância em relação aos meninos para uma maior imagem corporal percebida e ideal ao longo dos anos. No estudo de Lunde et al (2006) envolvendo escolares suecos de 10 anos de idade verificou que meninas e os meninos vítimas de bullying apresentam um descontentamento com a sua aparência corporal, entretanto as meninas tendem a acreditar que os outros alunos vêm sua aparência corporal de forma diferente.

Para Goodman, Adler, Kawachi, Frazier, Huang e Colditz (2001) existem poucos estudos investigando a percepção das pessoas sobre o seu posicionamento na hierarquia social. Parece haver uma incógnita sobre o que determina essas percepções, justamente pela carência de indicadores de status social para realizar esta avaliação subjetiva. Entretanto os estudos existentes analisam estas ações sociais através de atitudes políticas, culturais e de comportamento.

O bullying pode ser definido como um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra um ou outros, causando dor, angústia e terrível sofrimento as vítimas, gerando como consequências bloqueios psicológicos (Olweus, 1994). Atualmente outro conceito muito utilizado nos estudos é a definição de (Rigby, 2002) como "abuso sistemático de poder" (Smith, 2004). A prevalência do bullying ainda é uma questão polêmica e diversos estudos indicam diferentes valores. Assim, temos diferentes taxas de vitimização como, por exemplo, de 15% (Kim, 2004); 16% (Fekkes, Pijpers & Verloove-Vanhorick, 2005; Lemeshow et al, 2008); 18% (Pellegrini, Bartini & Brooks, 1999); 21,4% (Carvalhosa, Lima & Matos, 2001); 27% (Storch et al, 2007); 28% (Grifths, Wolke, Page & Horwood, 2006); 39,8% (Wolke, Woods, Bloomfeld & Karstadt, 2001) com alunos em idade escolar e 17% (Rivers, 2004); 21% (Wolke & Sapouna, 2008) avaliando adultos que retratam valores recordados de vitimização no período escolar.

Estudos indicam que a imagem e percepção corporal, bem como, a posição social exercem infuência e diferem na ação de agressor e vítima no processo do bullying (Grifths et al, 2006; Janssen, Craig, Boyce & Pickett, 2004; Lemeshow et al, Lyznicki, Mccafree & Robinowitz, 2004). Muitos adolescentes com excesso de massa corporal são marginalizados socialmente (Strauss & Pollack, 2003) e sintomas depressivos ligados a esta distorção da auto imagem são comumente encontrados em meninas com idade escolar (Needham & Crosnoe, 2005). Todavia um status social mais elevado tende a proteger indivíduos que apresentam classificação corporal de sobrepeso e obesidade (Goodman et al, 2001). Para Lemeshow et al, (2008), uma posição social subjetiva mais elevada na escola pode proteger as meninas mesmo que estejam acima do peso, já que os alunos agressores são os que possuem maior status social, ao contrario das vítimas. Sendo assim este trabalho teve como objetivo verificar o nível de satisfação da auto imagem e percepção corporal e a posição de status social de escolares agressores e vítimas de bullying na cidade de Florianópolis- Brasil.

Método

Participantes

Este estudo possui delineamento descritivo de caráter exploratório, ao qual participaram todos os alunos regularmente matriculados na 6ª série do ensino fundamental, de uma escola de ensino público da cidade de Florianópolis - Brasil. Os sujeitos da pesquisa eram 337 alunos sendo 184 do sexo masculino e 153 do sexo feminino, selecionados utilizando evidências apontadas na literatura. A escolha desta série de ensino deve-se ao fato de que as ações de bullying são mais evidentes entre alunos com idades entre 11 a 13 anos (Lyznicki et al, 2004).

Instrumentos

Com o intuito de verificar os alunos com características bullying foram utilizados o Questionário para o Estudo da Violência entre Pares (Freiré, Veiga Simáo & Sousa Ferreira, 2006), um exame sócio-métrico construído a partir os estudos (Freiré et al, 2006; Olweus, 1994; Pereira, Mendonça, Neto, Valente & Smith, 2004; Smith, 2004) e a observaçáo informal dos pesquisadores realizadas (em sala de aula, recreio, nos corredores durante os intervalos de aula, ñas aulas de educaçáo física e na saída das aulas). De acordó com Wolke e Sapouna (2008) os instrumentos utilizados para identificar as vítimas e os agressores de bullying são geralmente informações registradas de forma retrospectiva do fato durante a infância ou na atualidade (adolescência) utilizando questionários que analisam de seis formas básicas de vitimizaçáo tais como: 1. à retrocedência do fato, 2. se já teve seus pertences dañineados, 3- alvo de agressáo verbal, 4. o fato das vítimas serem usadas como objeto de divertimento "gozaçáo", 5- vítima exclusáo social no grupo de convivência, 6. sofrimento por fofoca ou comentários maldosos. Para ser considerado um aluno envolvido em bullying este sujeito deveria:

(a) Vítima: Auto declarar urna vítima através do questionário.
(b) Agressor/vítima: Auto declarar urna vítima através do questionário; recebimento de indicações através do exame sociométrico, e observações feitas pelo pesquisador.
(c) Agressor: A partir da indicaçáo auto relatada das vítimas; auto declarar-se como um agressor denominando suas vítimas por meio do questionário, indicaçáo no exame sociométrico e a partir das observações feitas pelo pesquisador.

Através das observações realizadas pelo pesquisador entre os meses de maio à novembro do ano de 2008 e baseadas na análise do questionário e exame sóciométrico, alguns alunos com indicações a serem classificados como agressores foram excluídos do diagnóstico de envolvimento bullying por não utilizarem suas características para praticar ações de bullying. Exemplificando: Alguns alunos apresentaram características que de acordó com a literatura são indicativos a serem considerados possíveis atores, tais como: (ser aluno repetente, de maior idade, mais forte, mais temido na visáo dos demais colegas). Entretanto a partir das observações estes alunos não utilizaram estas características a seu favor para praticarem ações de bullying, desta forma foram classificados como indivíduos sem envolvimento.

Para verificar o nível da satisfação ou insatisfação da imagem corporal percebida e a ideal foi utilizada a escala de silhueta corporal proposta por (Stunkard, Sorenson & Schlusinger, 1983) o qual representa um continuum entre um estado de magreza (item 1) até um estado e obesidade (item 9) ilustrados na figura 1. Nesta avaliação o indivíduo escolhe o número da silhueta que considera semelhante a sua aparência corporal percebida, bem como o número da silhueta que acredita ser a sua aparência corporal ideal. Também foi utilizada para mensurar a percepção da imagem corporal uma adaptação do questionário de (Veale, 2004) que apresentou uma consistência interna de 0,797 (Alpha de Crombach) com respostas em Escala Likert de 5 pontos (1= nunca; 2= pouco; 3= medianamente; 4= razoavelmente; 5= muito).

Para verificar o Status Social Subjetiva entre os alunos utilizou-se uma escala sociométrica de Levandoski (2009) contendo questões retrospectivas sobre habilidades específicas percebidas durante o convívio diário. A pontuação encontrada de cada indivíduo refete ao número de indicações recebidas pelos outros colegas de turma. 1. Quem você escolheria para participar do seu time? 2. Quem você não escolheria para participar do seu time? 3. Quem são os alunos mais fortes? 4. Quem são os alunos menos fortes? 5. Quem você escolheria para participar em um trabalho coletivo em sala de aula? 6. Quem você não escolheria para participar em um trabalho coletivo em sala de aula? A questão 1 é oposta a questão 2, assim como a questão 3 é oposta a questão 4, e questão 5 é oposta a questão 6.

Análise dos dados e procedimentos éticos

A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva utilizando os valores de tendência central e dispersão; a análise inferencial através dos testes: Test T pareado, Qui-quadrado, Kruskal-Wallis e One Way Anova com Duncan post hoc adotando um valor de p< .05.

A direção da escola foi comunicada sobre a intenção de pesquisa. Posteriormente realizou-se uma reunião com equipe pedagógica e professores para explicar sobre os objetivos e procedimentos. Em seguida os pais dos alunos receberam uma carta informativa sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa, onde nesta carta assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) autorizando seus flhos a participarem do estudo. A pesquisa seguiu os procedimentos técnicos de acordo com as "Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos" (196/96), editadas pela Comissão Nacional de Saúde e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade do Estado de Santa Catarina, sobre protocolo 117/2008.

Resultados

No trabalho de campo, não conseguimos construir um diagnóstico de bullying entre os alunos do sexo feminino. O motivo deve-se ao fato de uma instabilidade no círculo de socialização e amizade entre as garotas. Em certo dia, por exemplo, observaram-se dois grupos em confito, no dia seguinte três grupos e posteriormente, os grupos de confito se diluíram.

A limitação no diagnóstico da existência do fenômeno bullying entre o sexo feminino foi à preservação de sua definição conceitual. O bullying deverá ser uma ocorrência de violência de ordem intencional, velada, sistemática e sem visibilidade social (Olweus, 1994, 1997). Assim, afirma-se que o bullying é um tipo de violência e que atos de agressão verbal ou atitudes agressivas oriundos de ações esporádicas e ocasionais entre as garotas, não são suficientes para caracterizá-las como agentes de uma ação individual ou coletiva de envolvimento ao bullying.

Na tabela 1 apresenta-se a proporção e porcentagem dos alunos do sexo masculino, matriculados na 6° série do ensino fundamental de uma escola da cidade de Florianópolis que manifestam ou não envolvimento em ações de bullying.

Em relação à auto avaliação da imagem corporal, não foram encontradas diferenças significativas utilizando-se o teste do qui-quadrado (X2= 1.078, p= n.s.), sendo que 34.6% dos alunos vítimas, 37.5% dos alunos agressores/ vítimas e 50.0% dos alunos agressores estão satisfeitos com sua imagem corporal, de acordo com o parâmetro a Escala da Silhueta Corporal de (Stunkard et al, 1983).

Comparando a auto avaliação corporal percebida com o desejo de uma imagem ideal, percebeu-se, através de um test t de student intragrupo, que não houve diferença significativa (t (51)= - .343; p= n.s.), o que nos leva a supor um bom nível de satisfação corporal entre os participantes como um todo. O mesmo aconteceu quando se comparou por categorias de envolvimento bullying.

As seguintes tabelas (2 e 3) descrevem as opiniões em relação à imagem percebida e ideal dos alunos envolvidos em bullying, utilizando a estatística descritiva por frequência e o teste de Kruskal-Wallis para analisar estes fatores associados. A escala da silhueta corporal conforme ilustrado pela (figura 1) indicou que a auto imagem percebida das vítimas, os agressores/vítimas e os agressores são dos desenhos 2, 3 e 3 da escala da silhueta corporal, respectivamente. Os desenhos da auto imagem desejada são de 4, 4 e 3, também respectivamente. Assim, percebemos que vítimas e agressores/vítima gostariam apresentar urna imagem corporal semelhante de seus agressores.

Foi observado que de 65.4% das vítimas insatisfeitas com a auto-imagem corporal, 47.1% gostaria de ser fsicamente menores e 52.9% gostariam de ser fsicamente maiores. Já de 62.5% de alunos agressores/vítimas insatisfeitos com a auto-imagem corporal, 40.0% gostaria de ser fsicamente menores e 60% gostariam de ser fsicamente maiores. Dos 50,0% de alunos agressores insatisfeitos com a auto-imagem corporal, 66.7% destes gostaria de ser fsicamente menores e 33-3% gostariam de ser fsicamente maiores.

De acordó com o teste de Kruskal-Wallis, utilizado para verificar as diferenças entre os grupos quando não podemos realizar cálculos paramétricos em virtude da utilização de variáveis categóricas, verificou-se que, em média, os alunos agressores possuem uma auto-imagem percebida mais elevada em relação aos outros grupos, mas não ao ponto de se diferenciar estatisticamente. Para a auto-imagem ideal, foram encontrados valores similares, visto que ambos os grupos gostariam de possuir sua estrutura física parecida com a auto-imagem percebida dos alunos agressores descritos na tabela 4.

Em relação à percepção com a auto-imagem corporal utilizando a escala adaptada do questionário de Veale, (2004), não foram encontradas evidências que indiquem diferenças entre os grupos. Entretanto, quando comparamos os três grupos em relação à pergunta: O quanto eu acho o meu corpo bonito? Que permitia uma variação de opções de respostas em uma escala tipo Likert (1= nunca; 2= pouco; 3= medianamente; 4= razoavelmente; 5= muito), percebemos que o agressor/vitima se auto avaliou como mais bonito (x= 4.38 ± 0.74 F= 3.667, p< .01) em relação as vítimas e os demais alunos não envolvidos em bullying. O mais interessante foi que apesar de escores maiores os agressores/vitimas neste aspecto não houve diferença significativa com os agressores (x= 411 ± .58). Enfm, tanto agressores/vitimas e agressores parecem ter uma auto estima corporal ligeiramente superior aos seus colegas.

Para testar essa auto avaliação sobre beleza desses meninos participantes perguntou-se aos alunos do sexo feminino das respectivas turmas, para saber sua opinião sobre quais eram os garotos mais bonitos? Sem saber do diagnóstico de bullying as garotas elegeram os agressores como os mais bonitos (x= 3.39 ± 4.27, F= 8.298, p< .001) em relação aos demais (grupo sem envolvimento x= 1.18 ± 2.06; vítima x= .19 ± .49; agressor/vítima x= .13 ± .35). Tal situação confirma a ideia de existir uma relação entre status social e o agressor, uma vez que dentre os alunos envolvidos com bullying, os agressores e os agressores/vitimas se auto avaliam com sendo mais bonitos e as garotas confirmam essa percepção pessoal quando elegem os agressores como os mais bonitos. Além disso, encontramos fortes correlações entre a avaliação feminina das garotas com ter preferência na escolha para participar de um grupo esportivo (r2= .426; p < .001) e serem considerados os mais fortes (r2=.397; p < .001).

Na tabela 5 apresenta-se a variação dos alunos do sexo masculino que manifestam ou não envolvimento em ações de bullying em relação às variáveis que tem como objetivo mensurar o status social discente no ambiente escolar. Verificou-se que os discentes agressores apresentam maior popularidade em sala de aula na opinião dos demais colegas na visão discente entre o sexo oposto, estes são os mais atraentes fsicamente. Este resultado inverte-se para as vítimas e agressores/vítimas de forma negativa.

Com intuito de ajudar a escola a tentar compreender algumas dificuldades de comportamento dos alunos, tivemos acesso a informações confdenciais a respeito o comportamento diário bem como as notas dos alunos. Sendo assim a tabela 5 apontou alguma destas diferenças. Percebeu-se que não opinião das garotas que os agressores são os alunos com maior popularidade em sala de aula e se destacam nas atividades que envolvem força e habilidades esportivas. Em termos de status dentro da sala de aula encontramos que as vitimas tem maiores notas tanto em matemática quanto português, sendo que apenas a ultima a diferença foi significativa.

Discussão

De acordo com Smith (2004), os estudos envolvendo estudantes em grande escala sobre bullying, geralmente utilizam instrumentos de forma anônima. Em nossa pesquisa, não tínhamos apenas o objetivo de verificar a incidência do bullying, mas sim de analisar fatores associados como a satisfação com imagem corporal e a posição de status dos alunos para enfm poder comparar aos grupos de envolvimento (vítima, agressor/vítima e agressores).

Dentre os 184 alunos do sexo masculino que fzeram parte da pesquisa, encontramos uma taxa de 28.3% deles envolvidos no fenômeno bullying. Através da observação do pesquisador sobre estes alunos, descobrimos que não existe um lugar específico ou pré-determinado para realização destas práticas entre pares, porque elas acontecem durante as aulas, nos corredores, banheiros, recreios e nos intervalos. Para Rodríguez Piedra, Seoane Lago e Pedreira Massa (2006), os espaços físicos de ocorrência aumentam a partir do momento em que a vitimização se consolida.

Por meio da análise dos resultados constatou-se que 34.6% das vítimas, 37.5% dos agressores/vítimas e 50.0% dos agressores estão satisfeitos com a imagem corporal. Em relação à imagem corporal ideal, percebemos que, tanto as vítimas quanto os agressores/vítimas, gostariam de ser maiores fsicamente. Este interesse em aumentar de tamanho corporal pode ser compreendido porque o corpo masculino ideal está se tornando cada vez mais musculoso e os garotos adolescentes estão experimentando, constantemente, um descontentamento corporal (Labre, 2002). Geralmente, os meninos adolescentes possuem pensamentos negativos sobre seu corpo, o que faz com que eles desenvolvam atitudes de mudança (Verplanken & Velsvik, 2008). O problema é que os refexos deste acontecimento estão acoplados a uma desordem alimentar, provocada pelo mau uso de suplementos dietéticos e por esteróides anabólicos para controle e ganho de massa muscular sem esforço (Smolak, 2004).

Em estudo com 67 meninos norte americanos com idade média de 12.6 anos, Jones, Bain e King (2008) encontraram que 34% dos meninos quiseram manter seu peso atual, 38% quiseram perder e 28% quiseram ganhar peso. As correlações moderadas indicaram associação entre os valores do IMC elevado de acordo com a manifestação perda do peso, e os meninos com os níveis os mais baixos de IMC quiseram ganhar o peso. Em estudo realizado por Li, Hu, Ma, Wu, e Ma (2005) com crianças chinesas foi verificada urna elevada insatisfação com a imagem corporal. Já para Xu et al, (2010) também com chineses a insatisfaçáo e os transtornos ligados a imagem corporal são cada vez mais prevalente nos países do oriente. Entre os 209 adolescentes Chineses avaliados verificou a existência da pressáo dos colegas bem como a influencia da mídia e de familiares para que os jovens adquiram aumento de sua massa muscular.

No estudo de Shelton e Liljequist (2002) que foi investigado a satisfaçáo da imagem corporal entre os homens com média etária de 34 anos que praticaram violência doméstica, associado com a experiência retrospectiva de bullying na infância, foi encontrado que aqueles que receberam contagens como agressores tiveram urna imagem da satisfaçáo corporal mais baixa quando comparado àqueles que receberam contagens como "não agressores" t (93) = 4.10; p < .001, mas aqueles que foram classificados como vítimas tenderam a ter urna satisfaçáo da imagem total do corpo mais baixa quando comparada àqueles que receberam contagens como "não vítimas" t (93) = 2.52; p= .013.

Sonoo, Hamada e Hoshino (2008) realizaram um estudo em que pretendiam analisar a fobia social relacionada à prática de atividade física em estudantes do sexo masculino com idades entre I4 e 20 anos. Foi verificada urna correlaçáo linear negativa significativa entre o nível ruim de atividade física e os fatores segurança (r2= - Ã97',p < .05) e somático (r2= -0,524; p < 0,05), cujos valores somáticos indicam síntomas de urna pessoa insegura e com urna imagem corporal negativa. Mellor et al, (2008), por meio de análise de regressáo verificou que o índice de massa corporal (IMC) pode esclarecer 7% da variaçáo em estratégias para mudança corporal para perder o peso. Um dos fatores sociocultural de infuência que auxilia neste processo de mudança é a pressáo exercida pelos familiares para aumentar a massa muscular. Levandoski (2009) verificou que a diferença da composição corporal entre os envolvidos em bullying está no volume de massa muscular sem gordura.

Em estudo sobre o efeito do status socioeconómico associado ao controle de peso corporal para melhora da saúde de crianças e adolescentes, Odea e Caputi (2001) encontraram que os meninos com um status socioeconómico baixo eram significativamente mais propensos a sofrerem com excesso de peso (26.7% status socioeconómico baixo; 12.1% status socioeconómico médio/alto, qui-quadrado x2=15-l p< .001). Com o objetivo de fazer no presente estudo uma relação semelhante entre o nível socioeconômico (medido por meio do nível escolar dos pais) e o envolvimento bullying dos alunos, foi utilizado como instrumento o teste de Kruskal-Wallis. Verificamos que a soma da média dos postos do nível escolar do pai das vítimas, agressores/ vítimas, e agressores indicou valores de 26.5; 27.5; 20.2, respectivamente e o resultado estatístico de x2= 2.635; p= .268; para as mães das vítimas, agressores/vítimas, e agressores, os valores encontrados foram de 25.3; 29.5; 25.3, respectivamente e o resultado estatístico de x2= .750; p= .687. Este resultado indicou não existir diferença estatística entre os grupos. Mesmo assim, os pais dos alunos agressores apresentaram valores médios inferiores em relação aos demais grupos, o que significa que apresentam menor grau de instrução em nível escolar. O maior grau de instrução foi verificado para os pais dos agressores/vítimas.

Alunos sem envolvimento em bullying apresentam uma rejeição do ponto de vista social à conviverem com os alunos vitimas e agressores. Contudo em uma relação de preferência estes alunos poderiam se relacionar com alunos agressores comparados às vitimas tanto em escolas inglesas como em espanholas (Cerezo & Ato, 2005). Esta escolha deve-se ao fato dos alunos sem envolvimento apresentarem medo de tornarem-se uma próxima vítima de ações de bullying. Desta forma evitam uma aproximação de convívio com uma vítima.

Os estudos que abordam as questões ligadas ao status social e a autopercepção da imagem corporal costumam utilizar como ponto de corte para níveis de comparação os valores da variável IMC, pois, segundo Lemeshow et al, (2008), acredita-se que ela fornece uma boa referência da forma corporal nas várias fases da vida. Desta forma, as pesquisas têm indicado que pessoas com IMC elevado ou com excesso de massa corporal gorda, possuem maior probabilidade de serem incluídas nos grupos com baixo status. A valorização do tamanho corporal, bem como a origem de sua raça, são valores de fundamental importância na construção de hierarquia e status social (Crandall, 1994; Crosnoe, Frank & Mueller, 2008;).

A forma corporal na cultura norte americana possui um valor determinante como um marcador da posição de status dos indivíduos. Possuir um corpo esteticamente bonito para os padrões desta sociedade é garantia de sucesso nos relacionamentos interpessoais. Pessoas com a massa corporal elevada apresentam dificuldades em relacionamentos sociais com amigos e com experiências amorosas (Crosnoe et al, 2008).

Nossos dados indicaram que os agressores, na visão de seus colegas, são os mais fortes fsicamente, participam mais de atividades esportivas, fazem mais sucesso com as colegas do sexo oposto e, por consequência disto, tiveram mais experiências amorosas. Contrapondo, encontramos estudos indicando a existência de contextos sociais em que os agressores podem não ser valorizados pelo restante do grupo (Martins, 2005). Todavia alunos com comportamento agressivo gostam de demonstrar poder na sua relação com colegas de classe. De certo modo, estes alunos possuem a convicção de serem individuos com popularidade na visão de seus colegas, e partir disto muitas vezes se utilizam deste status de poder com ações de comportamentos agressivos para intimidar outros colegas (Vaillancourt & Hymel, 2006).

Verificou no estudo que as vítimas de bullying na opinião dos colegas de turma, bem como na visão das garotas apresentam uma menor posição de status. Para Boulton e Smith (1994) as vítimas de bullying também apresentaram este resultado em relação aos agressores no ambiente escolar. De acordo com Ostberg (2003) esta situação social é propicia para o surgimento de sintomas como estresse emocional originado da associação entre um baixo status e vitimização de ações de bullying. Em alguns casos isto poderá trazer consequência graves para a saúde futura destes indivíduos. Ostberg e Modin (2008) verificaram que durante a infância, quanto menor sua posição de status na relação com seus pares, este individuo apresentará uma menor auto avaliação de saúde na vida adulta.

A contribuição deste estudo diante a literatura internacional é o apontamento de um valor sobre a incidência de ações de bullying entre estudantes brasileiros. Entre as limitações, é importante citar que a grande dificuldade foi situar os alunos sobre o significado da palavra bullying. Durante o período em que o estudo foi desenvolvido (ano letivo de 2008), esta terminologia não fazia parte do contexto cultural local. Desta forma a tradução cultura utilizada para termo bullying para exemplificação, foi a terminologia "gozação" utilizada em estudos Portugueses. Futuros estudos com delineamento de coorte longitudinal poderão verificar a existência da continuidade destas ações de bullying comparada ao processo de crescimento e desenvolvimento de maturação corporal destes alunos.


Referencias

Boulton, M. J., & Smith, P. K. (1994). Bully/victim problems among middle school children: stability, self-perceived competence, peer perceptions and peer acceptance. British Journal of Developmental Psychology, 12, 315-329.         [ Links ]

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