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Revista Interamericana de Bibliotecología

Print version ISSN 0120-0976

Rev. Interam. Bibliot vol.36 no.1 Medellín Jan./Apr. 2013

 

INVESTIGACIÓN

 

A multitemporalidade da biblioteca

 

The library multitemporalidade

 

 

Jonathas Luiz Carvalho Silva*

* Doutorado em andamento em Ciência da Informação. Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor Epistemologia e pesquisa em Biblioteconomia e Ciência da Informação. Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri. Juazeiro do Norte – Brasil. jonathascarvalhos@yahoo.com.br

 

Recibido: 2012-11-27 / Aceptado: 2013-05-03

 


RESUMO

Aborda a complexidade histórica da biblioteca. Apresenta como problema a seguinte pergunta: como se apresenta a temporalidade da biblioteca a partir de um diálogo com conceitos de história? O objetivo deste trabalho é discutir sobre as concepções multitemporais da biblioteca e suas relações no âmbito de diferentes conceitos e percepções de história, como Paul Veyne, Edgar Morin e Eric Hobsbawm. Em termos metodológicos, o estudo se constitui de uma revisão bibliográfica, buscando estabelecer um diálogo entre as áreas do conhecimento, especialmente a biblioteconomia e a história e as literaturas das áreas supramencionadas de cunho nacional e global. Podemos concluir que a biblioteca é multitemporal porque se estabelece em diversos contextos históricos de cunho narrativo, assim como diálogos a partir do presente e a concepção integrada entre tempos passado, presente e futuro. Consideramos, por fim, que a biblioteca é multitemporal porque suas transformações históricas são plurais e se consolidam a partir de diálogos e integrações diversas.

Palavras–chave: Biblioteca, multitemporalidade, história, tempos passado–presente– futuro.

Cómo citar este artículo: CARVALHO SILVA, Jonathas Luiz. A multitemporalidade da biblioteca. Revista Interamericana de Bibliotecología, 2013, vol. 36, n° 1, pp. 25–34.


ABSTRACT

Discusses the historical complexity of the library. Presents as a problem the following question: how has the temporality library from a dialogue with concepts of history? The objective of this work is to discuss the concepts of multitemporal library and its relationships within different concepts and perceptions of history, as Paul Veyne, Edgar Morin and Eric Hobsbawm. In terms of methodology, the study represents a literature review, seeking to establish a dialogue between the fields of knowledge, especially the library and the history and literature of the above areas of national and global nature. We conclude that the library is because multitemporal settles in various historical contexts of narrative as well as dialogue from this design and integrated between times past, present and future. We believe, finally, that the library is multitemporal because their historical transformations are plural and consolidated from various dialogues and integrations.

Key words: library, multitemporalidade, story times past–present–future.

How to Cite this Article: CARVALHO SILVA, Jonathas Luiz. The library multitemporalidade. Revista Interamericana de Bibliotecología, 2013, vol. 36, n° 1, pp. 25–34.

RESUMEN

Analiza la complejidad histórica de la biblioteca. Presenta como un problema la siguiente pregunta: ¿cómo ha cambiado la biblioteca temporalidad de un diálogo con los conceptos de la historia? El objetivo de este trabajo es discutir los conceptos de biblioteca multitemporal y sus relaciones dentro de los diferentes conceptos y percepciones de la historia, como Paul Veyne, Edgar Morin y Eric Hobsbawm. En cuanto a la metodología, el estudio representa una revisión de la literatura, buscando establecer un diálogo entre los campos del conocimiento, especialmente la biblioteca y de la historia y la literatura de las áreas antes mencionadas de carácter nacional y global. Llegamos a la conclusión de que la biblioteca se debe a multitemporal se instala en los diversos contextos históricos de la narración y el diálogo a partir de este diseño y se integra entre el pasado, presente y futuro. Creemos, por último, que la biblioteca es multitemporal porque sus transformaciones históricas son plurales y consolidado a partir de diversos diálogos e integraciones.

Palabras clave: Biblioteca, multitemporalidade, historia veces pasado–presente–futuro.

Cómo citar este artículo: CARVALHO SILVA, Jonathas Luiz. A multitemporalidade da biblioteca. Revista Interamericana de Bibliotecología, 2013, vol. 36, n° 1, pp. 25–34.


 

 

1. Introdução

A biblioteca é uma instituição social historicamente reconhecida e repleta de tipologias, conceitos, estudos e práticas. A história das bibliotecas, em diversos lugares, possui uma gama de experiências, acervos e serviços que permitem pensar amplos processos para construção do conhecimento humano.

A história das bibliotecas também é marcada por polêmicas como censuras, incêndios (para evitar a disseminação de livros e restringir o compartilhamento de novos pensamentos e idéias), restrição de acesso ou delimitação de acordo com a classe social, credo, raça (MILANESI, 1983), demonstrando serem suas histórias (no plural pela multiplicidade histórica da biblioteca), conforme declara Battles (2003) uma conturbada história.

A biblioteca é um espaço repleto de alternativas de contribuições para a sociedade. Compreender a biblioteca nos dia de hoje, especialmente no que se refere à explosão informacional, além da vertiginosa transformação tecnológica e sua influência direta na sociedade não é um desafio fácil. Mas isto não quer dizer que seja uma tarefa impossível. A biblioteca é um instrumento de grande valor teórico–prático, mas precisa ser identificada em sua essência, tanto em seu caráter funcional, como institucional para se configurar efetivamente como útil a sociedade. (CARVALHO SILVA; SILVA, 2010).

O presente estudo apresenta como condição problematizadora a seguinte pergunta: como se apresenta a temporalidade da biblioteca a partir de um diálogo com conceitos de história? O objetivo deste trabalho é discutir sobre as concepções multitemporais da biblioteca e suas relações no âmbito de diferentes conceitos e percepções de história, como Paul Veyne, Edgar Morin e Eric Hobsbawm. Em termos metodológicos, o estudo se constitui de uma revisão bibliográfica, buscando estabelecer um diálogo entre as áreas do conhecimento, especialmente a biblioteconomia e a história e as literaturas das áreas supramencionadas de cunho nacional e global.

 

2 O olhar historicista da biblioteca como narração de eventos: concepção positivista

A biblioteca, como instituição milenar, se estabelece como um importante meio de preservação da memória documental e de acesso à informação, de modo que reúne uma imensidão de conteúdos e construtos de conhecimento em diferentes períodos históricos, contextos sociais e espaciais.

Desse modo, a biblioteca se configura como instrumento sine qua non para se pensar uma história repleta de conceitos e práticas narrativas e seletivas dos processos de preservação da memória e acesso à informação. Mais do que isso, a biblioteca pode ser concebida como patrimônio físico, intelectual, cultural e artístico que reúne fundamentos conteudísticos ao qual superam barreiras da história da humanidade.

Podemos afirmar que a história das bibliotecas se associa (e até se confunde) com a própria história do conhecimento (BURKE, 2003) e a história das produções bibliográficas, especialmente dos livros (LITTON, 1975; ESCARPIT, 1976). Essa associação e confusão é possível em face da biblioteca ser um espaço bastante referenciado e visado durante o transcurso histórico e que necessita de 'cuidado' e 'vigilância', o que permite atentar para importância política e estratégica da biblioteca.

Com efeito, é indissociável a concepção de que a biblioteca é fruto latente da construção histórica e de suas concepções políticas, sociais e ideológicas. Mas quando falamos de história e/ou de uma temporalidade das bibliotecas a que, de fato, nos referimos? Em primeira instância atentamos para a biblioteca como instrumento que narra e seleciona eventos.

Conforme nos revela Paul Veyne (2008) a história é uma narrativa de eventos significando dizer que ela não faz reviver os fatos e nem consegue abarcá–los de forma completa, mas sim busca selecionar e simplificar um acontecimento por indícios.

Partindo desse conceito, invocamos duas observações gerais:

a) a biblioteca pode ser, a priori, uma instituição que narra fatos da história, conforme as necessidades de grupos sociais;

b) a biblioteca estabelece um conjunto selecionado de narrativas, visando disseminá–las junto à comunidade e a sociedade de forma mais ampla;

c) todo contexto histórico, embora seletivo, não significa dizer que deve ser linear e atrelado aos interesses de grupos específicos, mas pode servir como elemento de socialização e ampliação do acesso à informação contemplando as particularidades/necessidades dos grupos sociais.

Consideramos que a biblioteca, em sua multitemporalidade, tem sido marcada por este olhar narrativo de acesso à informação. Por um lado, essa perspectiva não seria um ponto negativo atentando para o processo teleológico de preservação da memória. Por outro lado, esse olhar cria na biblioteca um desiderato de instituição elitizada e que só incentiva o acesso à informação a um pequeno grupo de acordo com as conveniências sócio–econômicas.

Entendemos que o indício de preservação da memória é uma característica natural da biblioteca (CASTRO,2006), o que não incide na necessidade de uma simples conformação com esta função, mas, ao contrário, demanda que a biblioteca busque ampliar e estabelecer outras funções e atividades mais amplas que possam ir para além do caráter narrativo.

Ponderamos que a biblioteca a partir de uma concepção narrativa e seletiva representa um conceito eminentemente positivista. Primeiramente, pelo fato de constituir uma percepção ad infinitum de que a biblioteca deve se ater apenas aos fatos específicos, sem uma concepção mais ampla e integrada da história e uma preocupação mais definida com as causas e origens dos fenômenos e processos da realidade. Em segundo lugar, o ideário narrativo da biblioteca pode primar pelo acesso à informação a grupos específicos, de acordo com conveniências, em detrimento de outros grupos com necessidades de informação mais carentes e latentes. Em terceiro lugar, a biblioteca é vista como um espaço estanque e imóvel em que cabe à comunidade de usuários a opção de acesso e uso do acervo e dos serviços da biblioteca, sem uma preocupação mais efetiva da biblioteca em buscar adequações às necessidades de informação dos usuários.

Podemos afirmar que o olhar histórico da biblioteca de cunho narrativo e positivista desemboca na concepção de Almeida Júnior (1997, p. 66) quando alerta que:

A biblioteca tende a veicular informações imbuídas de conceitos contrários às propostas sócio–político– econômicas e culturais da maioria da população. Refletindo posturas e interesses da classe detentora do poder, a biblioteca transforma–se num instrumento de dominação. As informações que normalmente são veiculadas pela biblioteca, apenas são decodificadas e absorvidas pelos que possuem um mínimo de ''iniciação'', um mínimo de ''conhecimentos'', um mínimo, porque não dizer de ''informações''. A complexidade das informações está proporcionalmente relacionada, para seu entendimento, ao acervo de conhecimento de cada usuário. A biblioteca, ao se preocupar com o usuário ''culto'', amplia o fosso da ''distribuição de informações'' nada para quem não tem e muito para quem já tem.

Neste caso, podemos pensar que a história narrada a partir de interesses minoritários, não possibilita um olhar mais amplo sobre o conhecimento, assim como restringe as possibilidades de acesso à informação. Por isso, acreditamos que o grande problema não está na biblioteca em si, enquanto instituição social, mas em seus regentes externos (instituições públicas municipais, estaduais, federal ou instituições privadas) que determinam as políticas e projeções da biblioteca voltadas para públicos particulares.

Isso significa dizer que o acesso à informação nas bibliotecas é determinado por aqueles que se apropriam do poder, seja intelectual, político, econômico ou cultural. Todavia, isso só acontece mediante a constatação de que a biblioteca, enquanto estrutura patrimonial infraestrutural (estantes, livros e outros materiais bibliográficos, pessoal, etc.) e superestrutural (o conhecimento real e potencial contido em todo o acervo, nos serviços e nos profissionais atuantes, além de seu ideário de preservação da memória) demanda uma concepção de que a biblioteca é um espaço de ostentação e que deve ser salvaguardado com muita cautela e restrição de acesso.

Como afirma Jacob (2000, p. 10) as bibliotecas não são apenas edifícios imponentes. Elas vão muito além: denunciam implicitamente as representações que dada sociedade faz de si mesma, e, ao mesmo tempo, dissimulam ''uma concepção [...], a cultura, do saber e da memória'' que as convertem em espaços privilegiados para que um rico diálogo entre o presente e o passado teça os limites da tradição.

Isso implica dizer que a biblioteca possui uma construção histórica que vai desde a formulação e transformação dos suportes (do papiro aos acervos digitais) até as estratégias humanas para promoção de acesso, uso e apropriação da informação firmando a conotação de que a biblioteca é uma instituição social e multitemporal, bem como, conforme nos indica Lemos (2005, p. 101) uma instituição com uma ''intencionalidade política e social.''

Logo, podemos afirmar que uma história da biblioteca que seja apenas narrada e seletiva não permite uma compreensão mais articulada entre passado e presente, assim como delibera uma tendenciosidade que revela a biblioteca como espaço de segregação, fragmentação e exclusão. Não estamos aqui desprezando o procedimento narrativo da biblioteca, mas considerando que sua condução pode conduzir/restringir os ideários finalísticos de acesso à informação independente de classe, raça, credo, escolaridade, gênero entre outros.

Portanto, a biblioteca, enquanto modus operandi, não deve ser (normativamente falando) apenas uma narrativa positiva e seletivamente constituída, embora não possamos deixar de reconhecer que na prática o conceito de biblioteca como fenômeno positivista (narrativo) tenha sido o mais aplicado na história da humanidade pelas conveniências sociais e políticas de concentração de poder e, por conseguinte, restrição de acesso à informação.

 

3 A temporalidade da biblioteca: o tempo presente como mediador histórico

Após uma breve análise sobre o conceito narrativo (positivista) de história é possível observar que a biblioteca em sua multitemporalidade (passado e presente) tem se adequado institucionalmente a esse viés por uma concepção macro que vai além da constituição da biblioteca como instituição social.

Contudo, é preciso refletir que a biblioteca possui outras tonalidades identitárias no âmbito da construção histórica, principalmente pelo fato da biblioteca ser, em sua essência, uma instituição múltipla em diversos sentidos históricos e sociais e prima por um gradual (e muitas vezes tenso e contraditório) processo de transformação.

As transformações históricas da biblioteca nos remetem a uma reflexão temporal que é de fundamental relevância para compreensão de sua postura social: a biblioteca tem como ponto chave e embrionário o presente, pois é o momento que situa a biblioteca para dialogar com o passado e estabelecer diálogos em potencial com o futuro.

Essa percepção do tempo presente pode ser percebida no discurso de Morin (2010, p. 12):

De fato, sempre existe um jogo retroativo entre presente e passado, no qual não somente o passado contribui para o conhecimento do presente, o que é evidente, mas igualmente no qual as experiências do presente contribuem para o conhecimento do passado e, por meio disso, transformam–no. [...] O passado é construído a partir do presente, que seleciona aquilo que, a seus olhos, é histórico, isto é, precisamente aquilo que, no passado, desenvolveu–se para produzir o presente.

Morin permanece com a fundamentação seletiva da história, mas quebra o paradigma de sua narratividade no âmbito da linearidade mostrando que presente e passado possuem uma associação nem sempre convencional e recíproca. Em outras palavras, a história, para ser constituída, demanda um intenso olhar retrospectivo (do presente para o passado) para ser associado ao olhar prospectivo (do passado para o presente).

Destarte, entendemos que o tempo presente é condição premente de ação da biblioteca, pois é a partir desse contexto que a biblioteca pode dialogar com as condições do passado que interessam ao usuário da informação e promover possibilidades dialógicas em potencial para o futuro ratificando como chama Morin (2010) a interdependência passado/presente/futuro.

E como uma biblioteca, considerando sua realidade multitemporal, pode investir no tempo presente como fator de mediação para estabelecer um diálogo profícuo com o passado? É preciso considerar que a biblioteca é uma instituição que se desenvolve no contexto histórico, assim como vale pensar sobre suas diversas possibilidades de ação no âmbito de seu acervo, de seus serviços e de seu pessoal.

A grande fundamentação do presente como mediador histórico na biblioteca é referente ao que convencionamos chamar de acesso à informação. O tempo presente na biblioteca se configura na busca por estratégias de acesso à informação que dialogue e busque corrigir os problemas de acesso à informação no passado, visando perspectivas futuras de acesso à informação de maneira mais eficiente e eficaz.

Esse acesso à informação no futuro é o que podemos convencionar de acesso aberto ou acesso livre e deve ser construído a partir de múltiplos suportes, especialmente o digital, de modo que poderá ser utilizado em qualquer tempo e/ou espaço. Robert Darnton (2010, p. 15) ao falar sobre o futuro dos livros e da biblioteca afirma que ''o futuro, seja ele qual for, será digital.''

Darnton se apropria do presente para anunciar uma questão do futuro considerando as particularidades e deficiências do passado. Esse diálogo a partir da biblioteca nos remete ao pensamento de que o acesso aberto é um dos principais objetivos a serem concretizados pelas bibliotecas a ser constituído a partir do presente em constante diálogo com as limitações do passado e as perspectivas do futuro.

O tempo presente é o articulador que transforma sonhos (passado–presente) em realidade (presente–futuro) ou frustrações (passado–presente) em alegrias e conquistas (presente–futuro). No caso das bibliotecas, o ideário é precisamente transformar um acesso restrito (presente– –passado) em um acesso aberto (presente–futuro).

Para tanto, é fundamental observar alguns quesitos que precisam ser dimensionados a partir do tempo presente, a saber:

a) a disseminação seletiva da informação (DSI), pois é um serviço que busca, por meio do tempo presente, suprir necessidades (passado–presente) em satisfação (presente–futuro). O DSI pode ser entendido aqui de acordo com Luhn (1961 apud HOUSMAN, 1973, p. 222) como um ''serviço que consiste em direcionar novos itens de informação, de qualquer que seja a fonte, para aqueles pontos onde a probabilidade de seu uso, em conexão com o interesse corrente [do usuário], seja alta.''

b) serviço de informação utilitária (SIU), de sorte que uma ação da biblioteca deve trabalhar com o usuário contemplando suas necessidades cotidianas, isto é, deve buscar a partir do dia–a–dia do usuário (tempo presente) transformar as dúvidas e incertezas do passado–presente em novos questionamentos e construções de conhecimento para o presente futuro. Como afirma Costa (1984) a prática desenvolvida a partir do serviço de informação utilitária não pode ser concebida de forma unilateral, mas deve ser participativa envolvendo várias categorias de pessoas, visando encontrar soluções para os seus problemas.

Observamos que a inclusão e articulação da DSI e do SIU como elementos centrais de mediação histórica da biblioteca a partir do tempo presente se dá por alguns motivos, tais como:

– a DSI é um setor de estudos e práticas profissionais que busca promover acesso, uso e satisfação das necessidades de informação em qualquer ambiente (centro de informação) e suporte (físico ou digital);

– o SIU é um setor de estudos e práticas profissionais que busca aproximar/resolver uma das maiores deficiências históricas da biblioteca: a sua adequação de acervo, conteúdos, suportes, espaços físicos e serviços a realidade social dos usuários da informação, de modo que o SIU é uma prática em constante mobilidade na biblioteca e não espera o usuário ir à biblioteca, mas estabelece heurísticas para aproximar o usuário da biblioteca.

– a DSI e o SIU são componentes humanos, pois suas finalidades estão em satisfazer necessidades dos usuários; também são componentes culturais, pois devem se adequar a cultura cotidiana e profissional dos grupos específicos de usuários; são componentes de estrutura física, pois demandam grupos especializados de materiais (computador, internet e outras tecnologias físicas e digitais), assim como bibliotecários e outros profissionais (apoio) para executar suas ações.

Enfim, observamos que nas ações de uma biblioteca, o tempo presente sempre se configura como um período de transição e diálogo e não como período isolado ou passível de arbitrariedades, mas que busca no diálogo com o passado os procedimentos para resolver problemas e/ou criar oportunidades no futuro.

 

4 A biblioteca e sua temporalidade integrada: a tríade passado–presente–futuro

A biblioteca em seus diversos contextos históricos estabelece relações múltiplas. Observando as relações entre as multitemporalidades da biblioteca e alguns conceitos de história percebemos algumas particularidades, perspectivas e limitações. Uma das relações e particularidades mais complexas é a relação entre a biblioteca e a tríade integrada passado–presente–futuro.

Hobsbawm (1998, p. 50) confirma a importância de reflexão integrada entre passado, presente e futuro:

A maior parte da ação humana consciente, baseada em aprendizado, memória e experiência, constitui um vasto mecanismo para comparar constantemente passado, presente e futuro. As pessoas não podem evitar a tentativa de antever o futuro mediante alguma forma de leitura do passado. Elas precisam fazer isso. Os processos comuns da vida humana consciente, para não falar das políticas públicas, assim o exigem. E é claro que as pessoas o fazem com base na suposição justificada de que, em geral, o futuro está sistematicamente vinculado ao passado que, por sua vez, não é uma concatenação arbitrária de circunstâncias e eventos.

É fundamental conceber uma relação entre passado, presente e futuro. Qualquer prognóstico para uma situação futura exige um conhecimento do passado, principalmente pelo fato de que o passado serve para interrogar e problematizar as prerrogativas do presente, visando, por sua vez, uma previsão do futuro.

Por isso, apenas narrar os eventos não é suficiente, uma vez que a tríade passado–presente–futuro, embora seja atestada cotidianamente por muitos indivíduos e grupos sociais não é algo tão simples e muito menos arbitrário, precisa ser estabelecida. Implica dizer que a análise histórica pressupõe conceber os mecanismos para correlacionar os eventos de modo multilateral com vistas a buscar um relativo entendimento sobre uma determinada realidade.

Pensar o passado, presente e futuro da biblioteca não é uma tarefa fácil, de modo que é preciso inserir vários outros elementos para discussão que estabeleça essa integração ou pelo menos esse diálogo entre os três tempos. Acreditamos que três fatores são fundamentais para pensar a integração entre passado, presente e futuro nas bibliotecas:

1. a biblioteca como ''lugares de memória'' (NORA, 1993);

2. o uso de elementos como a organização e representação da informação;

3. o desenvolvimento dos estudos de usuários e práticas de mediação da informação, por meio da aplicação de serviços de informação desde os mais elementares como empréstimos até os mais sofisticados e complexos, como a DSI, serviços de referência virtual, entre outros, visando estimular o acesso, uso e apropriação pelo usuário da informação.

Acreditamos que os fatores supramencionados se apropriam como interlocutores entre os três tempos históricos, haja vista que a biblioteca, seja de qual tipo se configurar, sempre buscou, em seu legado histórico, conceber esses três fatores como uma das principais justificações para sua existência, especialmente os dois primeiros.

Quanto ao primeiro fator podemos perceber, conforme Santos (2003, p. 25–26) que:

A memória não é só pensamento, imaginação e construção social; ela é também uma determinada experiência de vida capaz de transformar outras experiências a partir de resíduos deixados anteriormente. A memória, portanto, excede o escopo da mente humana, do corpo, do aparelho sensitivo e motor e do tempo físico, pois ela é também o resultado de si mesma; ela é objetivada em representações, rituais, textos e comemorações

A citação acima nos permite afirmar que a memória está vinculada aos diversos contextos humanos, como aqueles relacionados aos aspectos sensoriais, psicossociais, físicos e históricos do indivíduo. Outrossim, a memória é um construto social ligado as experiências do cotidiano humano, sendo representada por meio rituais, textos, comemorações, imagens, datas simbólicas.

Um lugar de memória pode ser identificado a partir do conceito de Nora (1993, p.13) quando esclarece que este lugar que ''secreta, veste, estabelece, constrói, decreta, mantém pelo artifício e pela vontade uma coletividade fundamentalmente envolvida em sua transformação e sua renovação.''

Assim, percebemos a biblioteca como lugar de memória por conceber e promover ao conhecimento permanência na história e no tempo. A biblioteca é um lugar específico para a sociedade compreender de forma mais efetiva sobre o tempo, a história e os seus processos de construção e transformação.

Entendemos ainda que a biblioteca se constitui como lugar de memória, uma vez que é um espaço que dá vazão a diversos processos de representação da vida humana, a saber:

– intelectual (a biblioteca é um lugar que corrobora com o intelecto humano, principalmente por meio de seu acervo e serviços);

– social (a biblioteca é um lugar de encontro entre pessoas e compartilhamento de conteúdos);

– cultural (a biblioteca é um lugar de expressão das culturas local, regional, nacional e/ou global);

– político (a biblioteca é um lugar de tomadas de proposição e de decisão para a vida humana).

Já no que toca ao segundo fator é concernente às estratégias históricas desenvolvidas, visando aprimorar o acesso e uso da informação. Desde a Antiguidade, o grande primado das bibliotecas era desenvolver heurísticas representacionais para organização do acervo. Desse modo, é possível identificar como primeiros construtos representacionais das bibliotecas da antiguidade, os catálogos e as classificações que eram concebidas, em caráter particular, por assunto e/ou autor.

É preciso considerar que as primeiras classificações que se consagraram foram destinadas a representar o conhecimento. Souza (2009, p.14) adverte que ''as principais classificações, no decorrer da história, foram puramente filosóficas, científicas e não serviam para serem aplicadas aos livros, como a de Aristóteles, Porfírio, Francis Bacon, Augusto Comte e atualmente a de Rolf Carnap.''

Porém, é na Idade Moderna que o processo de organização de bibliotecas se amplia tornando–se mais especializado. Belo (2002, p. 41) nos revela que ''com o barateamento e com a multiplicação do número de livros e textos disponíveis, a elaboração de catálogos ou bibliografias das obras impressas, tão antiga como a própria imprensa, tornou–se ainda mais indispensável para a orientação dos leitores no meio de um mar de títulos e temas.''

Afirmamos que a temporalidade da biblioteca está ligada aos contextos político e econômico, de modo que apenas com o advento da imprensa, o desenvolvimento das universidades (desde o século XII) e a nova efervescência ideológica e artística da modernidade inspiram novas práticas organizacionais para as bibliotecas.

O desenvolvimento da bibliografia, na Idade Moderna, também se constitui como uma revolução para a organização de bibliotecas, pois a partir das bibliografias de ''Gesner (Pandectae, 1548) ou de Possevinus (Bibliotheca selecta, 1593): temos aí o fundamento dos sistemas bibliográficos e de suas classificações – seja por temas, seja por outras vias'' (MCKITTERICK, 2000, p. 95).

Com efeito, é na Idade Contemporânea que os sistemas de organização de bibliotecas se aperfeiçoam. Smiraglia (2002, p. 30) destaca que ''no século dezenove, Panizzi (1841), Cutter (1876) e Dewey (1876) desenvolveram muitas ferramentas pragmáticas (isto é, catálogos e classificações), explicando como eles interpretavam os princípios nos quais suas ferramentas eram construídas.''

Especificando cada contribuição envidada pelos estudiosos, Anthony Panizzi publicou as Regras para a Compilação de um Catálogo, iniciando o acesso ao assunto de uma obra por meio de um vocabulário controlado. (Olson, 2002, p.10). De acordo com Mey (1995, p. 21) Charles Ami Cutter, bibliotecário norte–americano, em 1876, publicou suas Regras para um Catálogo Dicionário, que incluía a catalogação de assuntos. Já Dewey pode ser considerado um dos grandes expoentes da classificação bibliográfica, de sorte que a Classificação Decimal de Dewey (CDD), criada em 1876 (a primeira edição foi anônima), é a mais utilizada nas bibliotecas de todo o mundo até os dias atuais.

Conforme podemos observar, a construção histórica da organização de bibliotecas não revela apenas a concepção de diferentes práticas em distintos períodos, mas que as necessidades organizacionais das bibliotecas foram se constituindo de acordo com os contextos sociais e a partir de interligações diretas ou indiretas entre cada período histórico.

Por exemplo, a organização de bibliotecas na Idade Contemporânea se deu de forma mais ampla em virtude de toda prática já desenvolvida na Idade Moderna, o que comprova a multitemporalidade das bibliotecas (presente–passado) e a organização de bibliotecas em fins do século XX e início do século XXI se estabeleceu diante de um eterno diálogo entre passado, presente e futuro (o uso da CDD, CDU e Cutter, que são criações dos séculos XIX e início do século XX, demonstra esse efetivo diálogo temporal entre passado, presente e futuro).

Finalmente, quanto ao terceiro fator, pode ser situado como um fenômeno eminentemente contemporâneo. Durante milênios, a biblioteca teve como principal e quase que exclusiva marca o processo de preservação da memória e construtos/práticas de organização de acervos.

Isso significa que o sistema era prioridade, enquanto o usuário era visto como secundário, já que a biblioteca historicamente é um centro acessível a uma minoria, especialmente em países considerados mais carentes em termos economia, política e educação.

Com a crescente Revolução Científica do século XIX e a chamada explosão informacional do século XX, os pesquisadores e as bibliotecas passam também a centrar estudos e práticas em torno dos usuários da informação. Destacamos o desenvolvimento dos estudos de usuários em duas tessituras iniciais, conforme Figueiredo (1994) na Conferência da Royal Society, em 1948 onde foram apresentados diversos estudos sobre as necessidades dos usuários; a Conferência Internacional de Informação Científica em Washington, em 1958 com a apresentação de vários trabalhos sobre estudo de usuários.

Ingwersen (1992) destaca também a Conferência de Copenhaguen, ocorrida em 1977, visando compreender: adaptação dos serviços da biblioteca à necessidade do usuário; motivos pelos quais os clientes usam seus serviços; benefícios que são oferecidos; como pode ser feito aperfeiçoamento da apresentação dos seus serviços; as características da organização em que o Bibliotecário trabalha.

Essa integração entre passado, presente e futuro das bibliotecas e dos usuários é ainda mais latente, pois o primeiro tempo de estudos de usuários foi o chamado quantitativo (entre 1948 e 1970), enquanto o segundo tempo foi o chamado de estudo qualitativo (fins da década de 1970 até o início da década de 1990) e o terceiro (ainda em construção teórico–conceitual e empírica) é chamado de estudo de usuários no contexto do paradigma social ou sócio–cognitivo (HJØRLAND; ALBRECHTSEN, 1995; HJØRLAND, 2000; 2002; 2003).

Vale ressaltar que o período delimitado não é o de existência desses estudos, mas de predominância teórica,discursiva e acadêmico–científica, o que confirma uma integração entre esses três modelos de estudos de usuários nos dias atuais e, por conseguinte, uma integração multitemporal no âmbito da tríade passado–presentefuturo.

 

5 Considerações finais

A biblioteca é uma instituição milenar e que passou por diversas transformações em seu transcorrer histórico de suporte, de função social, de gerência, de organização e acesso à informação.

O que podemos constatar no presente estudo é que a biblioteca se consolida como instrumento multitemporal, pois se afirma, inicialmente, como uma narrativa de eventos que a insere na sociedade sem uma efetiva contextualização histórica; a biblioteca também é multitemporal porque tem em seu tempo presente as bases práticas e teóricas para confluência de um diálogo com o passado, selecionando o que for necessário, para promover perspectivas para o futuro; e a biblioteca é multitemporal por conceber uma concepção integrada milenar entre passado, presente e futuro, tanto por meio de seu ideário de preservação da memória, quanto por seus processos de organização e mais contemporaneamente pela inserção do usuário da informação como um dos fundamentos centrais de seus estudos e práticas.

Desse modo, a biblioteca é multitemporal porque integra os períodos históricos a partir de seu acervo e de suas práticas mediacionais, mas é ainda mais multitemporal porque extrapola os próprios limites da história quando supera a percepção de linearidade histórica e traz novos segmentos de ação/reflexão sobre a história dinamizando diálogos e práticas plurais e coletivas.

Finalmente, a multitemporalidade da biblioteca além de ser histórica, plural e coletiva também se consolida como social, cultural, cognitiva, tecnológica, gerencial, organizacional, humana e interacionista, pois é um centro de referência que deve primar pelo acesso e uso da informação de qualquer indivíduo em quaisquer períodos e suportes.

 

Referências bibliográficas

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