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Franciscanum. Revista de las Ciencias del Espíritu

Print version ISSN 0120-1468

Franciscanum vol.64 no.177 Bogotá Jan./June 2022  Epub Oct 06, 2022

https://doi.org/10.21500/01201468.5395 

Teología

Cristo dorme no fundo da barca? Uma reflexão teológica a partir de Mc 4,35-41 sobre o protagonismo laical em tempos de Pandemia Covid-19 *

Christ sleeps in the boat background? A theological reflection from Mc 4,35-41 on laical protagonism in thimes of pandemic Covid-19

¿Cristo duerme en el fondo del barco? Una reflexión teológica de Mc 4,35-41 sobre el protagonismo laical en tiempos de la pandemia Covid-19

1 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; São Paulo; Brasil

2 Professor do Departamento de Teologia, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil.


Resumo

A pandemia da Covid-19 transformou realidades e exigiu comportamentos sociais jamais experienciados que, na dimensão eclesial, vêm revelando compreensões e posturas inadequadas à mistagogia evangélica, mas que também podem provocar um discipulado missionário ad extra, na concepção de Igreja Povo de Deus. Portanto, o presente artigo objetivou, a partir de uma hermenêutica de Mc 4,35-41, refletir sobre o protagonismo laical em tempos de pandemia, sua autocompreensão eclesial e seu posicionamento diante da crise sanitária. Para tanto, estruturou-se em três pontos: teceu uma compreensão da perícope marcana à luz da pandemia; refletiu sobre a postura do laicato em meio a crise sanitária e, por fim, teceu pistas para um agir missionário coerente ao discipulado, concluindo que mesmo em meio a posturas inadequadas o laicato é fortemente chamado ao protagonismo eclesial contribuindo para a superação da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus.

Palavras-Chave: Pandemia; protagonismo laical; discipulado missionário; Covid-19; igreja

Abstract

The Covid-19 pandemic transformed realities and demanded social behaviors never experienced that, in the ecclesial dimension, have been revealing inadequate understandings and attitudes to the evangelical mystagogy, but which can also provoke ad extra missionary discipleship, in the concept of Church People of God. Therefore, this article aimed, based on a hermeneutics by Mc 4,35-41, to reflect on the lay protagonism in times of pandemic, its ecclesial self-understanding and its position in the face of the health crisis. To this end, it was structured in three points: it made an understanding of the Marcan pericope in the light of the pandemic; reflected on the position of the laity in the midst of the health crisis and, finally, wove clues for a missionary action consistent with discipleship, concluding that even in the midst of inadequate postures the laity is strongly called to ecclesial protagonism contributing to overcoming the health crisis caused by the new coronavirus.

Key words: Pandemic; lay leadership; missionary discipleship; Covid-19; Church

Resumen

La pandemia Covid-19 transformó realidades y exigió comportamientos sociales nunca vividos que, en la dimensión eclesial, han ido revelando entendimientos y actitudes inadecuados hacia la mystagogía evangélica, pero que también pueden provocar un discipulado ad extra misionero, en el concepto de Iglesia Pueblo de Dios. Por tanto, este artículo tiene la intención, a partir de una hermenéutica de Mc 4,35-41, de reflexionar sobre el protagonismo laical en tiempos de pandemia, su autocomprensión eclesial y su posición frente a la crisis de salud. Para ello, se estructuró en tres puntos: se presentó una comprensión de la perícopa de Marcos a la luz de la pandemia; se reflexionó sobre la posición del laicado en medio de la crisis de salud y, finalmente, se tejieron pistas para una acción misionera coherente con el discipulado, concluyendo que incluso en medio de posturas inadecuadas el laicado está fuertemente llamado al protagonismo eclesial contribuyendo a la superación de la crisis de salud provocada por el nuevo coronavirus.

Palabras clave: Pandemia; protagonismo laico; discipulado misionero; Covid-19; iglesia

Introdução

As transformações provocadas pela pandemia da Covid-19 têm revelado crises, incertezas e fragilidades de um sistema que parecia ser sólido e estável. No ambiente eclesial a realidade pandêmica fechou templos e revelou comportamentos, no mínimo curiosos, em relação ao protagonismo e visão de Igreja por parte dos laicos. Numa onda de emoções e reações diferentes muitos se sentiram perdidos e desamparados, exigindo a qualquer custo a volta das missas, outros tantos questionam a própria fé e a real presença de Deus em tudo isso, já outros debandam para o negacionismo em meio a um sistema político e religioso divididos. Um grito de desespero e sentimento de abandono, como se a promessa evangélica se esvaziasse. Nesse sentido, surgem questionamentos que trazem à tona o desespero dos apóstolos no Evangelho de Marcos, capítulo 4, versículos 35 a 41: Em meio à tempestade Cristo dorme no fundo da barca e não se importa que pereçamos?

Enfim, um momento de crise sanitária, política e de fé, que expõe a real visão de Igreja e posicionamento do cristão em relação ao seu protagonismo e missão por meio do Batismo e revela um laicato, em sua maioria, ainda focado na passividade e na dependência da estrutura eclesiástica.

Isso demonstra que a ideia de Igreja Povo de Deus, presente no Concílio Vaticano II (1962-1965) e a exigência do protagonismo laical no discipulado missionário conclamado pela Conferência de Aparecida (2007) estão longe de se tornarem realidade.

Nesse sentido, a partir de uma hermenêutica de Mc 4,35-41 este artigo objetiva verificar se a falta de compreensão do sentido de Igreja e de discipulado missionário presente na comunidade de Marcos, ainda se faz presente na ação laica nos tempos atuais de pandemia. Para tanto, estrutura-se em três objetivos específicos: faz uma análise hermenêutica da perícope com foco no protagonismo laical; reflete sobre o protagonismo laical e a barca em tempos de pandemia; e propõe pistas para um protagonismo capaz de superar os desafios trazidos pelo coronavírus.

1. O Cristo que dorme no fundo da barca: uma análise hermenêutica com foco no protagonismo laical.

35E disse-lhes naquele dia, ao cair da tarde: «Passemos para a outra margem».36 Deixando a multidão, eles o levaram, do modo como estava, no barco; e com ele havia outros barcos.37 Sobreveio então uma tempestade de vento, e as ondas se jogavam para dentro do barco e o barco já estava se enchendo.38 Ele estava na popa, dormindo sobre o travesseiro. Eles o acordam e dizem: «Mestre, não te importa que pereçamos?» 39Levantando, conjurou severamente o vento e disse ao mar: «Silêncio! Quieto!» Logo o vento serenou, e houve grande bonança.40 Depois, perguntou: «Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?»41 Então ficaram com muito medo e diziam uns aos outros: «Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?» (Mc 4,35-41).

1.1. Marcos 4,35-41: Uma pré-compreensão

A pré-compreensão da perícope marcana onde Jesus dorme no fundo da barca tem como premissa a teologia central do evangelho. «O núcleo da teologia de Marcos é o mesmo da teologia de Jesus - o reino de Deus, tudo o que é ensinado sobre a cristologia (a identidade de Jesus) e sobre o discipulado (a resposta a Jesus) recebe sua estrutura do reino de Deus»1. Assim, a intenção do evangelista é ao mesmo tempo esclarecer quem é Jesus aos olhos da fé e construir a identidade de seus discípulos e como estes devem agir em comunidade no seguimento de Jesus Cristo.

O Reino de Deus preconizado por João Batista (cf. Mt 3,2-3) e inaugurado por Jesus e que chega aos seus a partir da conversão (cf. Mt 4,17; Mc 1,14-15) é, além de uma promessa de «um mundo que há de vir» na «ressurreição dos mortos» como reza o Credo Niceno- Constantinopolitano, uma realidade relacional comunitária, não exclusiva, como define a Carta Encíclica Fratelli Tutti em seu número 942, em que a conversão, o discipulado e as práticas comunitárias proporcionam a antecipação dos frutos do Reino.

Nesse sentido, estão presentes tanto a dimensão teológica como pastoral. O Reino de Deus, escatológico em sua plenitude, também é sinalizado na ação eclesial através do discipulado, «já presente na sua Igreja, o Reino de Cristo, contudo, ainda não está acabado «em poder e glória» (Lc 21,27) pela vinda do Rei à terra»3, assim, «a Igreja, ou seja, o Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus»4.

Isso denota que para assumir o Reino «a resposta à pessoa de Jesus é o discipulado»5 que passa também pelo sacrifício na cruz. «O modo como Marcos estruturou o relato sobre Jesus sugere que a paixão e a morte constituem seu clímax. Sem a cruz, os retratos de Jesus como operador de milagres e mestre ficam desequilibrados e sem um princípio diretor»6. Portanto, a ação eclesial em seu «começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cf. Jo 19,34), e preanunciam-nos as palavras do Senhor acerca da Sua morte na cruz: “Quando Eu for elevado acima da terra, atrairei todos a mim” (Jo. 12,32)»7.

O sacrifício da Cruz é confiança absoluta que o Filho tem no Pai o que permite concluir, nesta pré-compreensão de Mc 4,35-41, que «a capacidade de Jesus de dormir na popa do barco no meio da grande tempestade mostra sua completa confiança em Deus»8 e a repreensão final «ainda não tendes fé» (Mc 4,40) consiste justamente em chamar a atenção dos discípulos à confiança mesmo em momentos difíceis.

Esta repreensão é a mais forte até agora dirigida aos discípulos (veja 8,14 21). Faltava- lhes fé em Deus ou em Jesus? Se for a primeira, então eles foram repreendidos por não seguirem o exemplo de confiança em Deus dado por Jesus (4,38). Se for a segunda, então a repreensão enfoca o poder de Jesus, o operador de milagres9.

Esta pré-compreensão produz chaves de leitura iniciais a serem aqui reservadas para posterior entendimento do convite ao protagonismo laical e es exigências deste implicitamente presentes em Marcos 4,35-41: A adesão ao Reino implica em conhecer e seguir Jesus; a conversão e o seguimento implicam no discipulado; o clímax do anúncio do Reino invariavelmente passa pelo evento pascal, então o discipulado não prescinde da cruz; e, por fim, o discipulado pressupõe confiança em Deus através da radicalidade da fé.

1.2. Marcos 4,35-41: Breve reconhecimento do texto e interrogações provenientes da fusão de horizontes.

Avançando na compreensão e reconhecimento do texto bíblico e partindo para uma fusão de conceitos e horizontes ao modo hermenêutico, é fundamental refletir sobre o contexto e sentido da mensagem para a cultura e ambiente dos primeiros destinatários do evangelho de Marcos. Primeiramente destaca-se a cultura agrária e extrativista das primeiras comunidades, tanto os habitantes da cidade como os camponeses viviam esta cultura10.

A releitura do texto à luz dessa cultura lança luzes para compreender a real intenção do evangelista, pois analisando desta forma se torna difícil imaginar que homens experientes na pesca e em navegação, apesar de sentirem tamanho pânico diante de uma tempestade «comum no mar da Galileia»11, ficassem passivos, sem tomar decisões que desencadeassem ações eficazes para conduzir o barco em segurança. Era profissão deles, a exerciam há gerações. Portanto, restringir a compreensão apenas à leitura literal seria, no mínimo, superficial.

Para Malina e Rohrbaugh, os evangelhos sinóticos pressupõem que compreendamos as complexidades da honra e da vergonha12 presentes na cultura da época. Portanto, para Marcos, o relato deste medo dos discípulos até o questionamento final «quem é este?» (Mc 4,41) tem função catequética que se utiliza dessa complexidade para transmitir a mensagem e provocar ação pastoral ativa da comunidade na promoção do Reino.

Sentir medo abertamente, como os discípulos aqui, seria uma grave perda de honra para um homem do Mediterrâneo, se esse medo chegasse aos ouvidos de alguém de fora do grupo. Deve-se acrescentar a isso a frequente caracterização que Marcos faz dos discípulos como obtusos e de compreensão lenta. A pergunta dos discípulos no v. 41 não se refere a «identidade», como um leitor moderno pode pensar. Refere-se a status ou honra. Os discípulos se perguntam sobre a posição que Jesus ocupa na hierarquia de poderes, uma vez que «até o vento e o lago lhe devem»13.

Isto posto, e tendo em mente que «o evangelista Marcos utiliza diversos recursos estilísticos narrativos para apresentar a mensagem de Jesus, o que significa que há no texto possibilidades de leituras em diferentes níveis»14, há uma mensagem mais profunda na perícope em que o destinatário inicial de Marcos pôde compreender e certamente ser mais impactado a partir de sua cultura imersa na complexidade da honra e vergonha. Nesse sentido, de forma empírica e à luz da cultura mediterrânea da época, é possível atingir a centralidade da mensagem.

A proximidade dos primeiros destinatários do evangelho de Marcos com o evento pascal permite uma relação mais próxima da comunidade com o Jesus histórico, «a Igreja na qual vive Marcos, tem sua origem no Jesus Histórico; é, com relação a ele, uma espécie de continuação temporal [e Marcos foca sua mensagem] na atuação histórica de Jesus»15; nesse sentido, os primeiros a seguirem Jesus, esperançosos pela mensagem do Reino e animados com a promessa de sua proximidade (cf. Mc 1,14-15), subitamente passaram à um momento histórico marcado por perseguições e forte opressão por parte dos poderes político e religioso dominantes, tudo isso justamente no momento em que foram subitamente privados da presença física de Jesus.

Em relação à esta realidade de perseguições e opressão, na visão de Carneiro, «para os povos dominados, especialmente aqueles situados na periferia do império [Romano] (como no caso da Judeia) isso significava a impotência e falta de esperança numa mudança»16. Enfim, «vivíamos tempos de perseguição. E tempos depois, lembrávamos deste feito; compreendemos na comunidade que o contrário da fé não é a incredulidade, mas sim o medo. E que o medo impede de compreender Jesus como o Senhor da vida, que triunfa sobre a morte»17.

Portanto, a tempestade não é proposta por Marcos no sentido literal, mas representa todo esse período das primeiras comunidades; o medo não está na possibilidade de perecer com as ondas do mar, «símbolo dos poderes do caos e do mal que lutam contra Deus»18, mas pelas ameaças de um império opressor e de um poder religioso contrário ao movimento cristão; a barca é a Igreja; Jesus que dorme expressa também o sentimento da comunidade eclesial que se sente indefesa e à deriva pela morte do Mestre e ainda não compreendeu corretamente a Ressurreição; o clamor dos tripulantes representa a necessidade da oração, mas também a falta de fé e confiança que posteriormente seria objeto da advertência que Jesus faz «Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?» (Mc 4,40) que tem o intuito de recordar presença misteriosa de Cristo e a necessidade do discipulado mesmo em meio a tribulações.

Nesse sentido, no intuito de posteriormente aplicar o texto bíblico ao posicionamento dos leigos e leigas no contexto social, sanitário, religioso e político da pandemia da Covid- 19, são retomados aqui, com maior amplitude, os conceitos da pré-compreensão; onde, seguir a Cristo é conhecê-lo e depositar Nele total confiança, compreendendo que o discipulado, mesmo tendo como horizonte a cruz, é essencial para abraçar o Reino que agora também se constrói através do protagonismo, oração e perseverança dos discípulos.

Isso posto, surgem algumas interrogações para estes tempos de pandemia: Cristo dorme e é indiferente? O laicato hoje assume o protagonismo, confia em Deus como Igreja Povo de Deus? Consciente da Cruz, colabora na promoção do Reino? Ou é passivo e de pouca fé e detêm-se pelo medo da cruz pandêmica bradando «Mestre, não te importa que pereçamos?» (Mc 4,38). Este laicato passivo sujeita-se ao poder político e religioso que, em boa parte, ainda atenta contra a vida e bem comum em meio à crise sanitária? A repreensão feita aos primeiros discípulos ainda é atual? Existe um laicato consciente, corresponsável na missão, ou um laicato de consumo religioso que coloca Deus ao seu serviço bradando «não te importa que pereçamos?» (Mc 4,38).

Esta análise hermenêutica e estes questionamentos permitem uma reflexão crítica sobre a reação do laicato diante da pandemia, das ondas do negacionismo, de políticas públicas ineficientes e destrutivas, de parte de um poder religioso que muitas vezes compartilha da postura negacionista predicando a fé e à saúde pública.

2. O laicato e a barca em tempos de pandemia: como está a compreensão e a ação?

Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar sua vida, a perderá; mas o que perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará. (Mc 8,34-35).

2.1. Covid 19: uma cruz no início de uma década?

Estas palavras do evangelho retomam e deixam mais clara a condição para o seguimento de Jesus e corroboram a análise aqui construída que demonstra que seguir Jesus é assumir o Reino a partir da conversão, do discipulado e do protagonismo, mas sobretudo, sem prescindir da Cruz «loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus» (1Cor 1,18).

É nítido o fato de que a pandemia do Covid-19 transformou o quotidiano a partir do início do ano de 2020. Formas de trabalho se modificaram, crises avassaladoras recaíram sobre economias, sistemas de saúde entraram em colapso, incertezas e medo passaram a fazer parte da rotina das populações. O que parecia normal e confortável forçadamente cedeu lugar à uma nova tempestade capaz de lançar ondas sobre nações que antes confiavam no mar azul de suas economias. Uma doença que não escolhe classe social19, nação, raça tampouco ideologias20.

Como afirma Purilla, de repente nos encontramos na intempérie, desprovidos e vulneráveis, conforme vamos entrando no meio da tempestade causada pelo Covid-19 no planeta21. Assim, traçando um paralelo com Marcos 4,35-41, podemos identificar facilmente a tormenta com a pandemia que estamos vivendo no mundo22.

O mundo que outrora esbanjava vigor, confiança e expectativas se vê agora diante de uma crise de sentido, de incertezas, da possibilidade de graves dificuldades, do sofrimento e da morte, simbolizados na Cruz, que aos olhos dos insensatos parecem o fim (cf. Sb 3,1). A morte passa ser pauta na sociedade e todos se deparam com a verdade e igualdade da finitude humana23.

Assim, a partir da linguagem cristã é possível identificar a pandemia à cruz, símbolo romano de morte e sofrimento. A crise sanitária do Sars-Cov-2, volta à atenção de todos à possibilidade dessas realidades. Contudo, para os cristãos, no sentido de Marcos 4,35-41, a Cruz é também fonte de redenção, ressignificação e esperança, meio para fazer a vontade de Deus e para dar sentido, através do discipulado, às realidades terrenas.

No contexto pascal que vivemos, com a certeza da ressurreição apesar da tormenta da pandemia e suas consequências, é necessário pois afirmar-nos em nossa condição indispensável de crentes, na certeza da vitória sobre a morte que anuncia a libertação do ser humano sobre o medo da morte24.

Isso não significa ignorar o medo e as incertezas decorrentes da realidade pandêmica, pois, os testemunhos de Mateus e Marcos descrevem o momento em que Jesus experimentou medo e angústia frente a morte na cruz25, é natural sentir medo diante do desconhecido, ainda mais de um desconhecido invisível capaz de tanta dor e sofrimento, no entanto a confiança no Pai é o que permite [Jesus] dizer ‘que não seja feia a minha vontade, mas a Sua’ e ‘em Suas mão entrego meu espírito’, respectivamente26.

Portanto, a postura diante da cruz deve ser de confiança e não desespero, tendo em vista que «Jesus sobre o lago, no meio de forças desencadeadas por um mundo ameaçador, revela aos seus discípulos em perigo o poder salvífico de sua palavra»27, sinal de esperança e chamado à coragem em meio às tribulações. No entanto, os discípulos em Mc 4,35-41 perguntam: Não te importa que pereçamos? E ainda: Quem é este? E diante de tais questionamentos Jesus responde com outra pergunta: Não tendes fé?

Isso posto, não com o intuito de duvidar, mas de conhecer e seguir Jesus «a pergunta deles, como a de Jesus, deve se prolongar como eco na comunidade cristã. Nas provas que ameaçam a vida dos fiéis, o Senhor muitas vezes aparece ausente, estranho»28, no entanto, é preciso confiar na presença de real de Cristo, que se concretiza em meio à comunidade e passa pelo protagonismo e corresponsabilidade, num discipulado missionário onde a participação ativa, reforçada pela fé, testemunho e promessas de Jesus, podem desencadear uma resposta positiva e de superação aos desafios que se apresentam29.

Novamente está presente a teologia marcana, um amalgamado de fé, confiança e busca do Reino por meio do discipulado, tudo sem prescindir da Cruz. O dilema da perícope marcana se reconstrói na sociedade da pandemia da Covid-19, em primeiro lugar o sofrimento e a angústia, seguidos da dúvida e da passividade. Mas será que existe também a questão das perseguições? Assim, antes de abordar diretamente a posição do laicato como sujeito eclesial no discipulado, suas omissões e iniciativas, o tópico a seguir refletirá sobre este tema.

2.2. Covid-19, a barca de hoje e os poderes: novamente prostrados diante de um poder político e religioso?

O Mar, que em Marcos representa o poder político e religioso turbulento em que a Barca, Igreja de Cristo, navega em meio aos gritos de desesperos e da falta de fé, também se reconfigura atualmente. As eleições gerais de 2018, foram marcadas por um fenômeno que permanece no Brasil em tempos de pandemia, a polarização. Não somente de cúpula ou partidária, mas de massa.

Aparentemente o cenário se resume à esquerda e direita, progressistas versus conservadores, estes, auto investidos de supostos valores cristãos, ambos numa disputa pelo bem e mal, pelo certo e errado, pelo nós contra eles. «Em particular, a polarização está associada a sentimentos partidários negativos, uma vez que eleitores de direita (esquerda) acabam por rejeitar claramente as legendas de esquerda (direita)»30, e como consequência surgem grupos radicais que, ao se identificarem com um lado ou outro, vivem em competição, no sentido pejorativo do termo, onde o sucesso de um lado está na aniquilação do outro.

Assim, em um ambiente necropolítico31 polarizado, desencadeia-se a pandemia dando novos rumos à polarização, produzindo grupos negacionistas, que ignoram a gravidade da doença, que se posicionam contra as vacinas, que vivem em meio ao poderio das redes sociais e das fakenews retroalimentados por um governo cuja estratégia «é representada pelo negacionismo, que em sua modulação viral cumpre um papel central na administração pública da pandemia da covid-19»32, claramente «uma estratégia negacionista que continua cumprindo fielmente com as exigências do neoliberalismo, como se absolutamente nada devesse mudar com a pandemia»33. Num paralelo com Marcos 4,35-41, é nítida a intenção, da estrutura governamental e de seus apoiadores, que imprimem perseguições e desinformação, agravando a situação pandêmica por seus atos unilateral e com foco apenas ponto de vista único.

Também, retomando o histórico das eleições 2018, fica nítida uma aliança do poder civil com setores específicos do poder religioso e a «ampliação da ocupação de espaço pelos evangélicos na política nacional, com ênfase no lugar das mídias nesse processo»34. Nunca se usou tanto o nome de Deus em campanhas políticas. A ideia de um suposto retorno aos valores cristãos e de governos em nome e por vontade de Deus torna-se guarda-chuva atrativo para que muitos encontrem a suposta segurança e conforto que esperam. Enfim, um processo de secularização da esfera religiosa que Camurça coloca

como diferenciação e articulação do religioso e do secular [... em] que no Brasil atual a relação entre religião e política/gestão do Estado, obedece duas dinâmicas antagônicas e complementares: quando a religião contamina diretamente às regras do funcionamento da esfera pública e política com sua cosmologia, moral e valores, mas também quando critérios laicos e humanistas influenciam religiões na suas concepções da realidade35.

Assim, «com o desfecho das eleições presidenciais de 2018 que marcou o triunfo eleitoral da coligação de direita (...), se consolida no poder uma visão religiosa de caráter obscurantista e intolerante»36 e uma aliança que surge a partir de afinidades e interesses, o que denota que também na religião existe polarizações, onde parte do poder religioso adere aos ideais do sistema político vigente e, no caso da Covid-19, também adotam o negacionismo e o fundamentalismo.

No ambiente católico, por exemplo, é comum leigos e clérigos adotando postura negacionista, contrários a tratamentos e vacinas, avessos ao distanciamento social e protocolos de segurança. Tomando alguns exemplos, no dia 03/02/2021 o portal de notícias G1, noticia o caso de padre catarinense que opinou eu sua homilia de 24/01/2021 que as vacinas eram produzidas com fetos humanos e posteriormente foi advertido pela mitra diocesana37; também durante uma celebração eucarística, conforme noticiado pelo portal Folha de São Paulo, em janeiro/2021, padre católico manifesta-se contrário às vacinas e afirma que não as tomará38.

Obviamente estas não são posições oficiais da Igreja e constituem casos isolados; contudo, demonstram a polarização e posturas contrárias às orientações sanitárias, o que coloca parte da instituição religiosa em confronto com a batalha contra o coronavírus, causando desinformação e alienação. Além disso, tais casos e opiniões acabam por serem difundidos pelo poder das mídias, influenciando e formando opiniões negativas.

Sassatelli, em artigo livre publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos, ao se referir a um caso específico de negacionismo por parte de um clérigo destaca o ato como irresponsável, apontando duas faltas gravíssimas nestas opiniões:

Do ponto de vista social, a fala é criminosa por contribuir - e muito - com o aumento diário do número de doentes e de mortes por causa da pandemia do coronavírus. Do ponto de vista eclesial, é uma fala contra a comunhão, por «confrontar direta e desrespeitosamente» toda a Igreja, Povo de Deus39.

Enfim, «há um negacionismo suicida»40 como destaca o Papa Francisco onde as tempestades marítimas de Marcos 4,35-41 estão presentes e atuantes.

As perseguições, opressões, desinformações e desencaminhamentos políticos e religiosos, motivados na sua maioria por interesses particulares, contribuem com o agravamento da crise sanitária e econômica, aumentando o sofrimento social e, no caso dos exemplos citados, partem de dentro de setores específicos da estrutura eclesiástica, onde lideranças laicas e clericais influenciam negativamente o comportamento de muitos favorecendo a propagação da doença.

Ressalvado, para evitar generalizações, que tais exemplos são casos isolados e não representam a opinião oficial da Igreja vêm as perguntas: onde está a outra parte? Se preocupando com a vida e o bem comum ou presa no indiferentismo? Onde está o laicato, Igreja Povo de Deus, chamado ao discipulado missionário, ao protagonismo e à promoção Reino? Existe um protagonismo onde o laicato assume o comando da barca e se sente responsável perante sua missão? Ou será que há estão gritando «não te importa que pereçamos?» numa postura de passividade e na busca por mestres em outros e não em Cristo?

2.3. Laicato conduzindo a Barca: Protagonista ou passivo?

O exposto nos tópicos anteriores permitiu estabelecer um paralelo entre Mc 4,35-41 e a crise sanitária, política e de fé dos tempos da pandemia. Surge uma nova cruz e nova influência negativa do poder político e religioso, onde boa parte do laicato acomoda-se em uma postura passiva.

A Constituição dogmática Lumen Gentium, retomando a verdade evangélica sobre a presenta real do Reino de Deus, que germina e cresce também no seio da história humana41, reconhece que «a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra»42.

Também, aos moldes da teologia Paulina que define a Igreja como Corpo Místico de Cristo43 enriquecida pela diversidade de dons, carismas e ministérios (cf. 1Cor 12,1-27), o Concílio Vaticano II reconhece a dignidade de todo o Povo de Deus como constitutivos da Igreja de Cristo44, atribuindo a todos, sem exceção, uma vez conformados com Cristo45, os múnus sacerdócio, profético e régio, a fim de que Nele, todos sejam «convocados à santidade na comunhão e na missão»46.

Nessa eclesiologia, «requer-se que todos os leigos se sintam co-responsáveis na formação dos discípulos e na missão»47, assumindo «a vocação ao discipulado missionário [que] é con-vocação à comunhão»48 e, como membros do corpo místico de Cristo que é a Igreja, assumam sua identidade católica na evangelização missionária, pois «são chamados por Cristo como Igreja, agentes e destinatários da Boa Nova da Salvação, a exercer no mundo, vinha de Deus, uma tarefa evangelizadora indispensável»49, permitindo que Cristo se manifeste nas variadas dimensões existenciais da pessoa humana e de suas relações sociais50.

O laicato, pelo menos em documentos eclesiais, é tido como «imprescindível na missão de evangelizar e chamado a participar desse processo nas suas mais variadas instâncias»51. Enfim, para a teologia conciliar o laicato é chamado a ser protagonista na missão da Igreja e, a seu modo, em todas as dimensões que lhe cabe. Assim, ser cristão é ser Igreja, em comunhão, participação e engajamento, «não existe cristão isolado»52.

Contudo, não é esta consciência proativa e corresponsabilidade que está sendo vista em tempos de pandemia, o que se presencia é uma passividade e dependência que coloca boa parte dos cristãos em postura de conforto e de consumo do religioso e que, quando pegos por uma tempestade, ficam sem ação, sentindo-se abandonados e desorientados.

Infelizmente, «na prática, a grande maioria dos leigos prefere a passividade e a posição de meros receptores dos sacramentos; a maioria se comporta como ovelhas passivas frente um pastoreio hierárquico»53, o que favorece uma ideia de Igreja de sacristia e culto, sem excluir ou reduzir a importância teológica deste último, do que uma Igreja em saída, discípula missionária. Nesse sentido, retomando Marcos 4,35-41, as perguntas, «Senhor, não te importa que pereçamos?», e ainda, «quem é este?», ainda ressoam em meio ao laicato atual que, em boa parte, não aprendeu quem de fato «é Este», o Cristo que está presente e conduz Sua Igreja. Por consequência, não tomou consciência que Ele se importa sim, contudo exige também um posicionamento ativo de seus discípulos na condução da barca, não somente em momentos de bonança, mas principalmente em meio às tempestades. Como disse o Papa Francisco, para muitos cristãos «é mais cômodo ser coroinha do que protagonista»54, pois é muito mais fácil interiorizar uma Igreja de passividade, da leveza da obediência à hierarquia, numa consciência de rebanho obediente55.

Corroborando, Kuzma destaca que «nem mesmo eles, leigos e leigas, sabem da sua especificidade, de sua singularidade e de sua importância na constituição da estrutura eclesial»56 e isso pode ser visto em tempos de pandemia. Ao iniciarem as iniciativas de tentativa de controle da evolução da doença no Brasil, estados e municípios implementaram fortes medidas de restrição, entre elas, o fechamento de atividades econômicas não essenciais; por essa razão as dioceses suspenderam as missas presenciais com participação de fiéis.

Imediatamente, grupos passaram a exigir o retorno das missas mesmo em meio à crise sanitária, como noticiado pelo Jornal Estadão em 01/05/2020, em que jovens católicos publicaram vídeo na internet e estavam promovendo abaixo assinado para a volta das missas57. O mesmo caso foi noticiado pelo portal de notícias UOL dois dias depois, que cita um trecho de um vídeo onde jovens afirmam: «O que pode ser mais essencial para nós? Por favor, devolvam-nos as santas missas ...»58. Em hipótese alguma está sendo aqui questionada a importância das missas para os fiéis, tampouco o direito destes aos sacramentos, pois é fundamento teológico que «a missa é a celebração da vida, da morte e ressurreição de Jesus, e também celebração de nossa vida, morte e ressurreição»59.

Porém, nesses movimentos, mesmo cientes da gravidade doença, a postura foi direcionar os esforços para a liturgia para a necessidade de estar no templo, como se essa fosse a única dimensão dos laicos na Igreja e como se estes não fossem chamados a assumir o timão da Barca no mundo e na sociedade. Uma postura dependente da estrutura eclesiástica, um auto reducionismo frente a real proposta do discipulado presentes tanto na perícope marcana como nas propostas do Concílio Vaticano II de Igreja Povo de Deus. Se somente assim fossem «nesse caso, sua participação ativa para o bem da Igreja seria mínima, repetitiva e servil»60.

Esta postura demonstra preocupação com uma Igreja ad intra, quando o momento de pandemia requer uma Igreja ad extra. Os laicos «têm um papel próprio a desempenhar na missão do inteiro Povo de Deus, na Igreja e no mundo»61, seus dons e carismas oferecidos pelo Espírito conferem a eles «o direito e o dever de os atuar na Igreja e no mundo, para bem dos homens e edificação da Igreja»62, exercem «seu apostolado multiforme tanto na Igreja como no mundo»63, razão pela qual «se tornam luz do mundo»64. «Sendo próprio do estado dos leigos viver no meio do mundo e das ocupações seculares, eles são chamados por Deus para, cheios de fervor cristão, exercerem como fermento o seu apostolado no meio do mundo»65.

O laico então, é o cristão «que vive em dois mundos: o da realidade cotidiana e o mundo da fé»66, portanto, preocupar-se em ser cristão somente no ambiente eclesiástico e litúrgico é cortar pela metade o sentido do discipulado missionário, fica de lado a dimensão da responsabilidade e do protagonismo, a missão própria dos leigos de transformar realidades terrenas a partir do espírito evangélico67.

Em outra situação está o negacionismo fundamentalista acentuado pela crise sanitária68, e muitos que se dizem católicos afloram interesses particulares e visões deturpadas daquilo que é de fato ser cristão. Para muitos a bandeira não está focada na vida e na superação da crise sanitária, mas em um negacionismo mais preocupado em derrubar a mão esquerda pela força da mão direita.

Trava-se uma batalha aos moldes de Dom Quixote onde o foco é derrubar o suposto comunismo que domina o Brasil via uma nova direita cujo «tique mais evidente é sentirem- se ameaçados pelos outros»69 e quem perde nessa disputa é a vida e o bem comum. Não somente parte do laicato, mas também parte da instituição católica levanta esta bandeira, o que dá força à uma prática religiosa voltada ao fundamentalismo negacionista que permeia as estruturas políticas e sociais, «ao mesmo tempo em que se registra um aumento da participação política de integrantes religiosos evangélicos e católicos, constata-se a difusão de uma compreensão fundamentalista da fé»70.

Apesar de tudo, não se pode dizer que o laicato hoje está à deriva em uma barca sem rumo e sem condutores, fadada ao naufrágio em meio à uma tempestade perfeita. A Igreja de Cristo é corpo místico que O tem como cabeça, mas que também é constituída pelos seus membros, o Povo de Deus, que vive sob a Sua promessa de que «as portas do inferno não prevalecerão contra Ela» (Mt 16,18). Assim, configurada ao movimento quenótico na encarnação do verbo, em que, por amor, Deus promove em si um movimento de saída ao encontro da humanidade carente e necessitada (cf. Jo 3,16), a Igreja também é chamada, em oração, comunhão e revestida pela recepção dos sacramentos a exercer seu sacerdócio comum71, a fazer também um movimento de saída em busca dos mais necessitados em meio à crise pandêmica, «hoje todos somos chamados a esta nova saída missionária»72.

Dando testemunho evangélico boa parte da Igreja, principalmente dos laicos, está colocando em prática essa visão de Igreja ad extra. É nítido que, mesmo em meio às deturpações, muito se tem feito no âmbito pastoral, a partir de posturas ativas, protagonistas e responsáveis em prol da vida e do bem comum.

Tomando como exemplo a notícia veiculada pelo portal de notícias da comunidade Canção Nova, a Igreja tem desempenhado papel significativo com ações emergenciais de cunho pastoral para auxiliar os mais necessitados em meio à pandemia, e esta ação pastoral tem como protagonistas os laicos. Apresenta a referida notícia, que a Diocese de Curitiba desenvolveu um serviço psicológico de escutas e assistência aos abalados pela crise sanitária; já a Diocese de Marabá, estado do Pará, por meio de ação coordenada entre o laicato, sacerdotes e bispo, está promovendo ações de combate à fome em prol dos mais pobres e moradores de rua.

Enfim, movimentos laicos que se colocam na corresponsabilidade de conduzir a Barca, em um espírito de esvaziamento em prol do próximo, num movimento de Igreja em saída ao resgate do mais necessitado como propõe o Papa Francisco73, «movimentos [que] vão além de organizações puramente humanas, são manifestação do Espírito, são frutos do carisma e são instrumentos de Deus que conduzem e renovam Sua Igreja, que guiam seu povo em espírito de comunhão»74.

«Os templos das igrejas estão de portas fechadas, mas não a Igreja orgânica - corpo vivo de Cristo, formado por fiéis discípulos/as. Deste modo, essa é uma especial oportunidade do exercício da solidariedade, ajuda aos mais carentes da comunidade de fé»75, mesmo diante das «mudanças de comportamento, pessoal e social, impostas para evitar o contágio do novo coronavírus [que] atingem também a Igreja e a forma de viver a fé cristã»76.

É possível afirmar que existe mais esperança do que tragédia e que os laicos, a partir de seus dons, carismas e movimentos, ainda têm muito a oferecer através de seu protagonismo e discipulado como ensina Mc 4,35-41, dessa forma, algumas pistas para uma ação concreta do laicato serão tratadas no próximo tópico.

3. Ação do laicato na Igreja em tempos de Pandemia: Protagonismo e não passividade

Vós sois uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, o povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências daquele que vos chamou das trevas para sua luz maravilhosa, vós, que outrora não éreis povo, mas agora sois o povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia. (1Pd 2,9-10).

3.1. O laicato e o tríplice múnus: ser Igreja em tempos de pandemia.

À luz de Marcos 4,35-41, e diante da crise pandêmica, é fundamental que o laicato, de forma consciente e radical, assuma sua corresponsabilidade na promoção do Reino de Deus, e reconheça que, pelo Batismo, se torna parte atuante do corpo místico de Cristo que é a Igreja, «raça eleita» e «sacerdócio régio» (cf. 1Pd 2,5-9), o que implica em uma exigente ação pastoral em prol da superação das dificuldades contemporâneas, num ato de auto oferecimento como hóstias vidas, como testemunho de Cristo em todos os níveis sociais, no sacerdócio comum que permite agir no testemunho e na caridade operosa77, unidos no Povo de Deus atuando nos lugares que só eles podem ir78.

Destarte, «os batizados tornaram-se pedras vivas para a edificação de um edifício espiritual, para um sacerdócio santo. Pelo Baptismo, participam no sacerdócio de Cristo, na sua missão profética e real»79 «são participantes do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, têm um papel próprio a desempenhar na missão do inteiro Povo de Deus, na Igreja e no mundo»80, fato que permite retomar as chaves de leitura que se reservaram no início deste artigo e direcionar a ação do laicato para o apostolado.

O tríplice múnus, por meio do sacerdócio comum implica na dimensão real onde toda a Igreja povo de Deus participa da realeza de Cristo, mas sobretudo na responsabilidade profética. O ensinamento que se extrai de Marcos 4, 35-41 permite concluir que o discipulado é fundamental para aquele que faz a opção pelo Reino de Deus, o que pressupõe confiança nas promessas do Evangelho e implicam em protagonismo e não passividade. Em meio às dificuldades, «Jesus sobre o lago, no meio de forças desencadeadas por um mundo ameaçador, revela aos seus discípulos em perigo o poder salvífico de sua palavra»81, poder este que deve ser luzeiro para o discípulo missionário.

Ser profeta é reconhecer que Cristo não está longe, não dorme no fundo da barca e está no meio dos seus. Não cabe ao discípulo de Jesus o desespero diante da tempestade, mas sim uma ação profética crítica de denúncia e enfrentamentos de injustiças e barbáries em tempos de pandemia, pois, «a falta de confiança na ação misteriosa de Deus, que pode vencer os poderes do caos e da morte, provoca o medo que paralisa a prática compromissada com o projeto de vida, deixando assim campo aberto para a ação alienadora e opressora»82.

Portanto, à luz da fé e da reflexão teológica a pandemia não deve ser vista como um castigo divino, mas as injustiças promovidas por aqueles que se constituem como um mar raivoso, essas sim são um flagelo à vida e à dignidade humana. Assumir as exigências do múnus profético é obrigação de todo fiel laico, para que este não seja repreendido severamente: «Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?».

Com essas premissas é possível apontar algumas pistas para o discipulado dos laicos, para que estes sejam efetivamente discípulos de Jesus Cristo exercendo sua missão na Igreja e no mundo de sacerdote, profeta e rei em meio à crise sanitária que assola a todos.

3.2. Laicos em meio à pandemia: ser discípulo à luz de Marcos 4,35-41

Não ao negacionismo.

Como já mencionado, o Papa Francisco caracterizou o negacionismo como uma postura suicidada83, que refuta a ciência em prol de interesses individuais e proporciona morte, uma atitude contrária ao Evangelho, «uma lógica da morte que se espalha enquanto se estimula que todos saiam a fazer suas compras»84. Negar a gravidade da pandemia bem como a complexidade social dela advinda e ainda assim ostentar o estandarte de cristão é negar o próprio evangelho, neutralizar a comunhão em prol de uma religião de interesse que molda Deus à imagem e semelhança do indivíduo e seus interesses. É ir contra a ética cristã que deve interligar «ética da vida e ética social»85, pois é da natureza do Evangelho o bem comum e não se pode afirmar valores cristãos e ao mesmo tempo violar a vida humana86.

Uma atitude negacionista é grave violência, pois «a valorização da vida e da dignidade humana é uma necessidade cristã, o respeito e o amor ao próximo constituem-se num mandamento sagrado da Igreja deixado pelo próprio Jesus aos seus seguidores»87; portanto, «a promoção da vida (...) constitui o núcleo da doutrina social da Igreja [e] os batizados são chamados para uma atuação concreta que contribua para a redução das injustiças sociais que ferem o conceito de vida e dignidade»88.

Não à passividade.

Ser discípulo missionário exige proatividade que sai de um passivo esperar à um ativo buscar89. À luz de Mc 4,35-41, uma postura de passividade que somente questiona «Senhor, não te importa que pereçamos?», sem obras concretas (cf. Tg 2,26), não é a atitude esperada daquele que se coloca como cristão.

Momentos de crise como o da pandemia do coronavírus exigem, dentro do respeito pleno às prerrogativas sanitárias, uma Igreja em saída animada por discípulos missionários que promovam a vida e o Reino, que gerem frutos e tomem iniciativas90. «Ser discípulo missionário exige do cristão uma postura proativa em todos os setores da sociedade»91.

Não aos fundamentalismos individualistas.

O posicionamento negacionista e passivo de muitos laicos abrem espaço ao fundamentalismo religioso negativo, que se define em construir uma religiosidade pautada em ideologias, moralismos e visão particular de fé, «práticas e discursos de apoio e valorização do ultra tradicionalismo que refletem um pensamento fundamentalista, sobretudo, tensionando a dicotomia razão/fé (...) nesse aspecto, trata-se de fundamentalismo político-religioso»92 em que «se perde a possibilidade de um diálogo fecundo e de uma profícua colaboração entre a razão e a fé religiosa»93.

O fundamentalismo, nestes termos, fere a comunhão e impede o discipulado missionário laico em prol da vida e do bem comum, pois coloca sempre um lado contra o outro a partir de um espírito de guerra e perseguição ao invés de inclusão e comunhão. Como coloca o Papa Francisco, o futuro não deve ser encarado de forma monocrática mas se consolidará a partir da diversidade das contribuições de cada um94. Assumir o timão da Barca a partir do fundamentalismo político-religioso é ao mesmo tempo levá-la cada vez mais para o centro da tempestade e fazer com que muitos pereçam na jornada.

Sim à vida.

Em tempos de pandemia a postura do laicato deve ser sempre em optar pela vida e pela dignidade humanas. Assim, uma postura ad extra que permita o florescer de sinais do reino em meio a uma sociedade fragilizada em vários sentidos em função da crise sanitária da Covid-19 é essencial ao discipulado aos moldes de Mc 4,35-41 e tal postura passa pela preocupação com o outro. Semelhante à forma como Cristo veio ao mundo para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10) o discípulo missionário, ciente de sua identidade e responsabilidade, deve promover a vida, mesmo que tenha que remar contra às tendências negativistas e destrutivas que brotam em meio à crise sanitária.

Souza e Fiore corroboram tal posição ao afirmarem que «valorizar a vida é garantir dignidade ao ser humano. Assim, é função do leigo, por meio de sua vocação secular, ser exemplo de vida e denunciar todas as formas de abuso que, direta ou indiretamente, agridem a vida humana e consequentemente sua dignidade»95.

Sim ao discipulado missionário.

Um dos pilares da mensagem de Mc 4,35-41 é o discipulado, o protagonismo cristão frente às intempéries da vida. Miranda, ao retomar a compreensão do discipulado e seu processo formativo a partir do Documento da V Conferência do CELAM (2007), traz que o discipulado missionário é formado a partir um processo que passa pelo encontro com Jesus de Nazaré, pela conversão, pela comunhão96 e culmina na missão97. Portanto, «discipulado missionário está aqui significando um crescimento na vocação cristão»98, que constantemente cresce e amadurece em prol da missão central da Igreja que é levar a boa nova de Cristo em todas as esferas da sociedade99.

Em tempos de pandemia, é imperativo que o laicato, como parte constitutiva da Igreja Povo de Deus, reassuma seu protagonismo em prol do discipulado, pois «a missão é inseparável do discipulado, estando, assim, sempre presente na vida do cristão»100, e isso se dá «num constante colocar-se a serviço da vida integral como fez Jesus»101.

Sim ao profetismo.

Como consequência das opções anteriores é fundamental um laicato capaz de exercer seu múnus profético na denúncia e combate às injustiças proporcionadas pelos negacionismos, passividades e pelas forças dos vendavais políticos e religiosos que advém de parte das instituições desde Marcos 4,35-41 até os tempos pandêmicos da Covid-19. Um profetismo que lança luzes para uma conversão e transformação social, que permita a todos reconhecerem de fato «Quem é este” Jesus apresentado na perícope marcana, pois “no interior do tríplice ministério da vida cristã, o lugar e a função da pastoral profética é levar os interlocutores da ação evangelizadora a se conectarem com o evento da revelação, a Palavra feita carne em Jesus Cristo»102.

A força profética dos laicos deve também se revelar no testemunho, favorecendo e estimulando a verdadeira postura evangélica na missão, fortemente presente em parte significativa das mesmas esferas políticas e religiosas. Os cristãos precisam «tomar consciência de que, inseridos no contexto cultural moderno de superação de uma postura dedutiva e essencialista diante da verdade, a própria mensagem revelada só será digna de crédito quando acompanhada pelo testemunho, por sua verificação histórica»103.

O testemunho é fundamental para demonstrar que a pergunta feita por Jesus em Marcos 4,35-41 sobre a falta de fé dos discípulos foi sim superada e as consequências desta superação permitem uma postura evangélica e eclesial em prol do discipulado, da vida, da dignidade, da esperança e, principalmente, do Reino de Deus, núcleo do ensinamento de Marcos. Postura esta, fortemente presente no seio da Igreja, mesmo diante dos desvios e dificuldades, o que reforça verdade de fé que afirma «as portas do inferno sobre ela não prevalecerão» (Mt 16,18).

Conclusão

A hermenêutica de Mc 4, 35-41 permitiu identificar o núcleo da mensagem evangélica da perícope em que Jesus dorme no fundo da barca. Em uma análise preliminar identificou o Reino de Deus, a Cruz, o discipulado e a confiança como chaves de leitura para compreensão do texto, momento fundamental para formulação das interrogações provenientes da fusão de horizontes.

Levando-se em conta a proximidade dos interlocutores de Marcos com o evento pascal e que a comunidade marcana originou-se no Jesus histórico e na esperança do Reino por Ele prometido, a súbita crise de opressão por parte dos poderes político religioso, aliada à privação física do mestre, deixou todos desorientados e o texto marcano tem justamente a função de demonstrar que ser cristão é assumir o protagonismo em meio às intempéries, é revestir-se da corresponsabilidade pela promoção do reino como sujeito eclesial no discípulo missionário, é ser chamado a assumir a cruz de cada dia e colocar-se em missão. Enfim, o cristão não é aquele que vive sua fé na passividade e em tempos de bonança, mas aquele que dá testemunho em tempos de crise.

Dessa forma, ao traçar um paralelo entre Mc 4,35-41 e o comportamento laical em tempos de pandemia constatou-se que a crise de fé é a mesma, a de um laicato que, em grande parte, não tem a visão de Igreja Povo de Deus e senso de protagonismo no discipulado missionário, não conhece a Cristo e se desespera passivamente diante da cruz e vive suscetível a um poder político e religioso, que muitas vezes oprime e confunde.

A pandemia da Covid-19 novamente colocou todos em estado de tempestade. Além da cruz da doença também a sociedade se viu em meio à um novo peso do poder político e religioso, tudo isso somado aos ventos do negacionismo e da indiferença. Na Igreja não foi diferente e boa parte do laicato, que vivia uma religiosidade de bonança e passividade novamente teve por assalto a insegurança e a tentação de questionar: «Senhor! Não te importa que pereçamos?».

A perícope do Evangelho de Marcos, capítulo 4, versículos 35 a 41, nunca foi tão atual. E as questões presentes no evangelho, «Não te importa que pereçamos?», «Não tendes fé?» e «Quem é Este?» devem novamente encontrar resposta em meio ao laicato capaz de assumir seu protagonismo em prol da superação da crise sanitária, reconhecendo a Cristo, dando a devida resposta de fé e assumindo sua identidade eclesial que o coloca como corpo místico da Igreja onde Cristo sempre estará presente.

Contudo, apesar dos problemas serem os mesmos, também se repete a advertência que leva ao discipulado: «Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?» (Mc 4, 40), um chamado a conhecer a Cristo e por meio Dele assumir o protagonismo evangélico exigido pelo Batismo, conversão e oração. Enfim, um chamado para ser Igreja de fato em meio à crise pandêmica e colocar em prática o discipulado a fim de enfrentar e superar, à luz do evangelho e suas exigências, a cruz da pandemia da Covid-19.

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*Artigo fruto de pesquisa doutoral em curso desenvolvido a partir do vínculo institucional com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil.

1 D. J. Harrington, «O Evangelho segundo Marcos», em Novo Comentário Bíblico São Gerônimo: Novo Testamento e artigos sistemáticos, ed. R. E. Brown, J. A. Fitzmyer e R. E. murphy (São Paulo: Paulus, 2011), 67.

2Cf. Francisco, Carta encíclica Fratelli Tutti (São Paulo: Paulinas, 2020), 94.

3 Igreja Católica, Catecismo da Igreja Católica (São Paulo: Paulinas, 1992), 671.

4 Igreja Católica, «Constituição Dogmática Lumen Gentium», em Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II, ed. Lourenço Costa, (São Paulo: Paulus, 1997), 3.

5D. J. Harrington, «O Evangelho segundo Marcos», 68.

6D. J. Harrington, «O Evangelho segundo Marcos», 67.

7Igreja Católica, «Constituição Dogmática Lumen Gentium», 3

8D. J. Harrington, «O Evangelho segundo Marcos», 85

9D. J. Harrington, «O Evangelho segundo Marcos», 85.

10Cf. Bruce J. Malina e Richard L. Rohrbaugh, Los evangelios sinópticos y la cultura mediterránea del siglo I: Comentário desde las ciencias sociales (Navarra: Verbo Divino, 1996), 9.

11D. J. Harrington, «O Evangelho segundo Marcos», 85.

12Cf. Bruce J. Malina e Richard L. Rohrbaugh, Los evangelios sinópticos y la cultura mediterránea del siglo I: Comentário desde las ciencias sociales, 19.

13Cf. Bruce J. Malina e Richard L. Rohrbaugh, Los evangelios sinópticos y la cultura mediterránea del siglo I: Comentário desde las ciencias sociales, 162.

14 Marcelo da Silva Carneiro, «Jesus dominando o mar: esperança em meio à tragédia no Evangelho de Marcos», Revista Estudos Bíblicos 125, Vol. 32, (2015): 81.

15 Francisco de La Calle, Teologia de Marcos (São Paulo: Paulinas, 1978), 61.

16Marcelo da Silva Carneiro, «Jesus dominando o mar: esperança em meio à tragédia no Evangelho de Marcos»: 80.

17 Carlos Bravo Gallardo, Galileia ano 30: para ler o evangelho de Marcos (São Paulo: Paulinas, 1996), 52.

18D. J. Harrington, «O Evangelho segundo Marcos», 85.

19Vale destacar aqui que a utilização da expressão «não escolhe classe social» foi utilizada com o intuito de apontar o potencial de transmissão e contaminação do vírus Sarscov-2, causador da Covid-19, que é altamente contagiante. No entanto há a questão econômica e de vulnerabilidade das classes menos favorecidas, que por conta da necessidade de trabalho e baixas condições financeiras acabam por se expor mais ao risco de contaminação, contudo essa temática da vulnerabilidade não constitui objeto deste artigo.

20Cf. Stefan Cunha Ujvari, História das Epidemias (São Paulo: Contexto, 2020), 297-309.

21Cf. Rosário Purilla, «¿Por qué tienen miedo?», Revista Clar 2, Vol. 58 (2020): 28.

22Cf. Rosário Purilla, «¿Por qué tienen miedo?»: 26.

23Cf. Cássia Quelho Tavares, «Dimensões do cuidado na perspectiva da espiritualidade durante a pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19)», Journal Health NPEPS 1 (2020): 2, consultado em fevereiro 25, 2021, https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/4517.

24Cf. Rosário Purilla, «¿Por qué tienen miedo?»: 32.

25Cf. Rosário Purilla, «¿Por qué tienen miedo?»: 27.

26Cf. Rosário Purilla, «¿Por qué tienen miedo?»: 27.

27 Rinaldo Fabris e Bruno Maggioni, Os Evangelhos II (São Paulo: Loyola, 2006), 93.

28Rinaldo Fabris e Bruno Maggioni, Os Evangelhos II, 93.

29Cf. Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi. Sobre a Evangelização no mundo contemporâneo (São Paulo: Paulinas, 1975), 21.

30o André Borges e Robert Vidigal, «Do lulismo ao antipetismo? Polarização, partidarismo e voto nas eleições presidenciais brasileiras», Opinião Pública 1 (2018): 58, consultado em março 01, 2021, https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8652276.

31A respeito do termo vide Achille Mbembe, Necropolitica: seguido de sobre el governo privado indirecto (Santa Cruz de Tenerife: Melusina, 2011). Caracteriza-se por um sistema que dá legitimidade à divisão e à segregação, pois permite que o estado exerça poder sobre a vida, escolhendo quem vive e quem morre a partir de um discurso em nome do coletivo, mas que na realidade visa garantir os anseios do capitalismo.

32 Thor João de Souza Veras, «Negacionismo viral e política exterminista: notas sobre o caso brasileiro da Covid-19», Voluntas e45 (2020): 8, consultado em março 15, 2021, https://periodicos.ufsm.br/voluntas/article/view/43934/pdf.

33 Sandra Caponi, «Covid-19 no Brasil: entre o negacionismo e a razão liberal», Estudos Avançados 99 (2020): 218, consultado em março 11, 2021, https://www.scielo.br/j/ea/a/tz4b6kWP4sHZD7ynw9LdYYJ/?lang=pt.

34 Magali do Nascimento Cunha, «Os processos de midiatização das religiões no Brasil e o ativismo político digital evangélico», Famecos 1 (2019): 4, consultado em março 01, 2021, https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/30691.

35 Marcelo Ayres Camurça, «Religião, política e espaço público no Brasil: perspectiva histórico/sociológica e a conjuntura das eleições presidenciais de 2018», Estudos de Sociologia 25 (2019): 139, consultado em março 06, 2021, https://periodicos.ufpe.br/revistas/revsocio/article/view/243765.

36Marcelo Ayres Camurça, «Religião, política e espaço público no Brasil: perspectiva histórico/sociológica e a conjuntura das eleições presidenciais de 2018»: 149.

37Cf. Carolina Fernandes, «Padre de SC é repreendido por diocese após divulgar informações falsas sobre vacina contra covid-19», em Portal G1 na Internet, 03 de fevereiro de 2021, consultado em março 10, 2021, https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2021/02/03/padre-de-sc-e-repreendido-por-diocese-apos- divulgar-informacoes-falsas-sobre-vacina-contra-a-covid-19.ghtml.

38Cf. Anna Virginia Balloussier, «Em missa na TV, padre diz que não tomará vacina sem comprovação», em Portal de notícias Folha na internet», 11 de janeiro 2021, consultado em março 10, 2021, https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/01/em-missa-na-tv-padre-diz-que-nao-tomara-vacina-sem-comprovacao.shtml.

39 Marcos Sassatelli, «Uma fala irresponsável», em Instituto Humanitas Unisinos, 21 de janeiro de 2021, consultado em março 11, 2021, http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/606329-uma-fala-irresponsavel.

40Cf. Globo, «Papa anuncia que se vacinará na próxima semana e denuncia ‘negacionismo suicida’», em O Globo, 2021, 09 de janeiro de 2021, consultado em março 12, 2021, https://oglobo.globo.com/sociedade/vacina/papa-anuncia-que-se-vacinara-na-proxima-semana-denuncia-negacionismo-suicida-24831387.

41Cf. Igreja Católica, «Constituição Dogmática Lumen Gentium», 5.

42Igreja Católica, «Constituição Dogmática Lumen Gentium», 5.

43 André Gustavo Di Fiore, Leigos e leigas a serviço do Reino: responsabilidade e protagonismo a partir do Documento de Aparecida (Curitiba: CRV, 2018), 20.

44Cf. Igreja Católica, «Constituição Dogmática Lumen Gentium», 9.

45Cf. Igreja Católica, «Constituição Dogmática Lumen Gentium», 7.

46 Celam, Documento de Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino- Americano e do Caribe (São Paulo: Paulinas, 2007), 163.

47Celam, Documento de Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino- Americano e do Caribe, 202.

48Celam, Documento de Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino- Americano e do Caribe, 156.

49 Celam, Conclusões da IV Conferência de Santo Domingo (São Paulo: Paulinas, 1992), 94.

50Cf. Celam, Documento de Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino- Americano e do Caribe, 13.

51 André Gustavo Di Fiore, «Os leigos em Puebla e a evangelização na América Latina», em Puebla Igreja na América Latina e no Caribe: opção pelos pobres, libertação e resistência, ed. Ney de Souza e Emerson Sbardelotti (São Paulo: Vozes, 2019), 353.

52 Mário de França Miranda, Igreja que somos nós (São Paulo: Paulinas, 2013), 10.

53André Gustavo Di Fiore, Leigos e leigas a serviço do Reino: responsabilidade e protagonismo a partir do Documento de Aparecida, 69.

54 Mário Escobar Golderos, Francisco, o papa da simplicidade (Rio de Janeiro: Agir, 2013), 10.

55Cf. Renold Blank, Ovelha ou protagonista? A Igreja e a nova autonomia do laicato no século XXI (São Paulo: Paulus, 2006), 45.

56 Cezar Augusto Kuzma, Leigos e Leigas: força e esperança da Igreja no Mundo (São Paulo: Paulus, 2009), 24.

57Cf. José Maria Tomazela, «Grupos católicos pedem volta das missas, padre diz que hora é de prudência, 2020», em O Estadão, 01 de maio de 2020, consultado em março 12, 2021, https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,grupos-catolicos-pedem-volta-das-missas-padre-diz-que-hora-e- de-prudencia,70003289526.

58Cf. José Maria Tomazela, «Movimento católico que volta das missas; padre pede prudência», em Portal de notícias UOL, 03 de maio de 2020, consultado em março 12, 2021, https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/05/03/movimento-catolico-quer-volta-das-missas-padre-pede-prudencia.htm.

59Mário de França Miranda, Igreja que somos nós, 19.

60Mário de França Miranda, Igreja que somos nós, 17.

61 Igreja Católica, «Decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos», em Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II, ed. Lourenço Costa, (São Paulo: Paulus, 1997), 2.

62Igreja Católica, «Decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos», 3.

63Igreja Católica, «Decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos», 9.

64Igreja Católica, «Decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos», 13.

65Igreja Católica, «Decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos», 3.

66Mário de França Miranda, Igreja que somos nós, 17.

67Cf. Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual (São Paulo: Paulinas, 2013), 201.

68Cf. Catiane Souza e Priscila Chéquer, «Fundamentalismo religioso e político na pandemia: “é isso mesmo”, “e daí?”», Caderno Teológico 2, Vol. 5 (2020): 126, consultado em março 11, 2021, https://periodicos.pucpr.br/index.php/cadernoteologico/article/view/27225.

69 Antônio Flávio Pierucci, «As bases da nova direita», Novos estudos CEBRAP 19 (1987): 26, consultado em março 13, 2021, http://novosestudos.com.br/produto/edicao-19/#58dac69876c27.

70 Anna Carletti e Fábio Nobre, «A religião global no contexto da pandemia de Covid-19 e as implicações político-religiosas no Brasil», Revista Brasileira de História das Religiões 39, Vol. 13 (2021): 311, consultado em março 13, 2021, https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RbhrAnpuh/article/view/56601.

71Cf. Igreja Católica, «Constituição Dogmática Lumen Gentium», 10.

72Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, 20

73Cf. Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, 49.

74 André Gustavo Di Fiore, «A atuação dos movimentos religiosos no contexto da V Conferência do CELAM», Caminhos 3 (2019): 248, consultado em março 10, 2021, http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/caminhos/article/view/7212/4325.

75 Márcio Divino de Oliveira, «Cuidado pastoral da Igreja em tempos de pandemia Covid-19», Revista Caminhando 1 (2020): 266, consultado em março 10, 2021, https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/Caminhando/article/viewFile/10336/7240.

76 Elias Wolff, «Igreja Católica e a fé cristã em tempos de coronavírus/Covid-19», Estudos teológicos 2 (2020): 631, consultado em março 10, 2021, http://periodicos.est.edu.br/index.php/estudos_teologicos/article/view/4044.

77Cf. Igreja Católica, «Constituição Dogmática Lumen Gentium», 10.

78Cf. Igreja Católica, «Constituição Dogmática Lumen Gentium», 33.

79Igreja Católica, Catecismo da Igreja Católica 1268

80Igreja Católica, «Decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos», 2.

81Rinaldo Fabris, Bruno Maggioni, Os Evangelhos II, 93.

82 Euclides Martins Balacin, Como ler o Evangelho de Marcos: quem é Jesus (São Paulo: Paulus, 1991), 69.

83Cf. Globo, «Papa anuncia que se vacinará na próxima semana e denuncia ‘negacionismo suicida’», em O Globo, 2021, 09 de janeiro de 2021, consultado em março 12, 2021, https://oglobo.globo.com/sociedade/vacina/papa-anuncia-que-se-vacinara-na-proxima-semana-denuncia-negacionismo-suicida-24831387.

84Sandra Caponi, «Covid-19 no Brasil: entre o negacionismo e a razão liberal», Estudos Avançados 99 (2020): 221, consultado em março 11, 2021, https://www.scielo.br/j/ea/a/tz4b6kWP4sHZD7ynw9LdYYJ/?lang=pt.

85 Bento XVI, Carta Encíclica Caritas in Veritate: Sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade (São Paulo: Paulinas, 2009), 15.

86Cf. João Paulo II, Carta Encíclica Evangelium Vitae: Sobre o valor e inviolabilidade da vida humana (São Paulo: Paulinas, 1995), 101.

87 Ney de Souza e André Gustavo Di Fiore, «Vida e dignidade humana, o compromisso de todo fiel leigo», Revista de Teologia e Ciências da Religião da UNICAP 2 (2016): 398, consultado em março 11, 2021, http://www.unicap.br/ojs/index.php/theo/article/view/809.

88Ney de Souza e André Gustavo Di Fiore, «Vida e dignidade humana, o compromisso de todo fiel leigo»: 400.

89Cf. Celam, Documento de Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 517.

90Cf. Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, 24.

91André Gustavo Di Fiore, Leigos e leigas a serviço do Reino: responsabilidade e protagonismo a partir do Documento de Aparecida, 80.

92Catiane Souza, Priscila Chéquer, «Fundamentalismo religioso e político na pandemia: “é isso mesmo”, “e daí?”»: 125-126.

93Bento XVI, Carta Encíclica Caritas in Veritate: Sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade, 56.

94Cf. Francisco, Carta encíclica Fratelli Tutti, 100.

95Ney de Souza, André Gustavo Di Fiore, «Vida e dignidade humana, o compromisso de todo fiel leigo»: 403.

96Cf. Mário de França Miranda, Igreja e Sociedade (São Paulo: Paulinas, 2009), 157.

97Cf. Celam, Documento de Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino- Americano e do Caribe, 278.

98Mário de França Miranda, Igreja e Sociedade, 157.

99Cf. Igreja Católica, «Decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos», 2, 6.

100Mário de França Miranda, Igreja e Sociedade, 157.

101Mário de França Miranda, Igreja e Sociedade, 158.

102 Agenor Brighenti, A pastoral dá o que pensar: a inteligência da prática transformadora da fé (São Paulo: Paulinas, 2011), 87.

103Agenor Brighenti, A pastoral dá o que pensar: a inteligência da prática transformadora da fé, 90.

Para citar este artículo: De Souza, Ney y Di Fiore, André Gustavo. «Cristo dorme no fundo da barca? Uma reflexão teológica a partir de Mc 4,35-41 sobre o protagonismo laical em tempos de Pandemia Covid-19». Franciscanum 177, Vol. 64 (2022): 1-26.

104 Cf. Liliane Borges, «Com ações emergenciais, Igreja Católica auxilia população necessidade», em Portal de Notícias Canção Nova, 24 de abril de 2020, consultado em março 10, 2021, https://noticias.cancaonova.com/mundo/pandemia-coronavirus/com-acoes-emergenciais-igreja-catolica-auxilia-populacao-necessitada/.

**Pós-doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil, Doutor em História Eclesiástica, pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma (1998). Professor do Departamento de Teologia, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil. Lider do Grupo de Pesquisa «Religião e Política no Brasil Contemporâneo (CNPq), PUC-SP». ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7866-8041. Contato: nsouza@pucsp.br.

***Doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil (Bolsista CAPES). Professor no Centro Paula Souza, autarquia do Governo do Estado de São Paulo, Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa Religião e Política no Brasil Contemporâneo (CNPq), PUC-SP. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1085-8145.Contato: andre.contabilidade@terra.com.br

Recebido: 12 de Maio de 2021; Aceito: 31 de Maio de 2021

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