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Forma y Función

Print version ISSN 0120-338X

Forma funcion, Santaf, de Bogot, D.C. vol.33 no.1 Bogotá Jan./June 2020

https://doi.org/10.15446/fyf.v33n1.84184 

Artículos

ECOLALIA E GESTOS NO AUTISMO: REFLEXÕES EM TORNO DA METÁFORA ENUNCIATIVA*

ECOLALIA Y GESTOS EN EL AUTISMO: REFLEXIONES EN TORNO DE LA METÁFORA ENUNCIATIVA

ECHOLALIA AND GESTURES IN AUTISM: REFLECTIONS ON THE ENUNCIATIVE METAPHOR

Isabela Barbosa do Rêgo Barros **  

Renata Fonseca Lima da Fonte ***  

Ana Fabrícia Rodrigues de Souza ****  

**Universidade Católica de Pernambuco, Brasil, ORCID https://orcid.org/0000-0002-0123-7670. isabela.barros@unicap.br

***Universidade Católica de Pernambuco, Brasil, ORCID https://orcid.org/0000-0002-3407-4409. renata.fonte@unicap.br

****Universidade Católica de Pernambuco, Brasil, ORCID https://orcid.org/0000-0001-7206-196X. a_fabricia03@yahoo.com.br


Resumo

Buscamos estudar a linguagem no autismo dentro do campo linguístico enunciativo e da perspectiva multimodal da linguagem, e identificamos a ecolalia como pertencente ao campo da metáfora a partir de sua relação com o gesto e com o contexto enunciativo. Fundamentamos o estudo na teoria enunciativa de Benveniste e na matriz multimodal da linguagem proposta por McNeill para discutir a possibilidade de a ecolalia coexistir como metáfora na linguagem de uma criança autista. Como metodologia, realizamos uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso, na qual selecionamos fragmentos de ecolalias extraídos do banco de dados do Grupo de Estudos e Atendimento ao Espectro do Autismo, que foram transcritos com a utilização do software Elan (Eudico Language Annotator). Os dados mostraram o funcionamento multimodal da ecolalia percebida como metáfora por uma transferência analógica de denominação produzida no discurso, a partir de gestos estereotipados associados a ela.

Palavras-chave: autismo; ecolalia; gestos; linguagem; metáfora

Resumen

Buscamos estudiar el lenguaje en el autismo dentro del campo lingüístico enunciativo y la perspectiva multimodal del lenguaje, e identificamos la ecolalia como perteneciente al campo de la metáfora desde su relación con el gesto y el contexto enunciativo. Fundamentamos el estudio en la teoría enunciativa de Benveniste y en la matriz multimodal del lenguaje propuesta por McNeill para discutir la posibilidad de que la ecolalia coexista como metáfora en el lenguaje de un niño autista. Como metodología, realizamos una investigación cualitativa, de tipo estudio de caso, en la que seleccionamos fragmentos de ecolalias retirados del banco de datos del Grupo de Estudios y Atención al Espectro del Autismo, que se transcribieron con la utilización del software Elan (Eudico Language Annotator). Los datos evidencian el funcionamiento multimodal de la ecolalia percibida como metáfora por una transferencia analógica de denominación producida en el discurso, desde gestos estereotipados asociados a ella.

Palabras clave: autismo; ecolalia; gestos; lenguaje; metáfora

Abstract

Our objective was to study language in autism, within the enunciative linguistic field and the multimodal perspective of language, and we identified echolalia as belonging to the field of metaphor, on the basis of its relation to gestures and the enunciative context. The study was based on Benveniste's enunciative theory and the multimodal language matrix proposed by McNeill to discuss the possibility that echolalia might coexist as a metaphor in the language of autistic children. We used a qualitative, case study methodology in which we selected fragments of echolalia drawn from the database of the Group for the Study of and Attention to the Autism Spectrum Disorder. The fragments were transcribed using the Elan (Eudico Language Annotator) software. Results show the multimodal functioning of echolalia perceived as a metaphor due to an analogical transfer of nomination produced in discourse, on the basis of stereotyped gestures associated with it.

Keywords: autism; echolalia; gestures; language; metaphor

INTRODUÇÃO

Muitos dos trabalhos sobre metáfora a vinculam aos estudos da gramática, da poética, da linguística cognitiva, todas com várias respostas teóricas e inúmeras abordagens sobre esse fenômeno linguístico. Distanciando-se dos estudos clássicos sobre o tema, os quais a percebem como uma operação cognitiva de cruzamento de domínios (alvo e fonte) do sentido das palavras no âmbito do sistema linguístico (Ferrarezi Junior, 2010), abordaremos a metáfora pelo viés enunciativo a partir dos estudos de Émile Benveniste, que a percebe pelo aspecto da linguagem subjetiva, e buscaremos compreendê-la sob a perspectiva multimodal da linguagem, na qual gesto e produção vocal estão integrados na mesma matriz de significação. Para isso, este estudo propõe discutir a ecolalia enquanto metáfora e sua relação com os gestos no autismo e com o contexto enunciativo.

Flores, no seu artigo sobre «Enunciação e metáfora na linguagem da criança: um esboço de estudo», cita «Vista d'olhos sobre o desenvolvimento da linguística», texto publicado em 1963 por Émile Benveniste, para questionar a escassez de pesquisas que tratam da metáfora associada à enunciação, mas aborda a questão levantada por Benveniste de existir uma «transferência analógica de denominações produzidas no discurso», esta seria considerada uma linguagem metafórica (Flores, 2013, p. 158).

Segundo Benveniste (2005), o sujeito se constitui na e pela linguagem, em um espaço enunciativo marcado por relações dêiticas (pessoal, espacial e temporal). Dessa forma, todo indivíduo teria sua subjetividade revelada pelo processo enunciativo.

No artigo «O aparelho formal da enunciação», publicado em 1970, Benveniste (2006) apresenta três definições de enunciação. Na primeira, aquela que norteará este trabalho, a enunciação é apresentada como a ação individual de colocar a língua em funcionamento e dela fazer uso. A segunda definição é a realização vocal de língua e a terceira o próprio aparelho formal de enunciação: as situações em que ele se realiza e os instrumentos de sua realização.

Na Teoria Enunciativa, a linguagem do sujeito é vista pela sua singularidade. Segundo Flores e Teixeira (2005), o relevante é como a enunciação distingue o sujeito, como este deixa suas marcas no enunciado.

De acordo com Benveniste (2006, p. 83), «antes da enunciação, a língua não é senão possibilidade de língua». Na enunciação, o locutor assume a língua e tem o outro diante de si. Portanto, no processo enunciativo, existe uma alocução que necessita de um alocutário. O ato individual de apropriação de que fala o autor acaba introduzindo aquele que fala em sua própria fala. Logo, o locutor na enunciação permite que, dentro de um campo discursivo, ele mesmo crie dentro de si uma referenciação enquanto falante.

Entendida por alguns pesquisadores apenas como um processo descontextualizado de repetição de palavras sem função comunicativa, a ecolalia é, para nós, um sintoma na linguagem de algo que está desorganizado, porém que revela o movimento de constituição enunciativa do sujeito. Afinal, quando o sujeito faz uso da ecolalia, ele põe a língua em funcionamento em uma ação individual de utilização do sistema linguístico.

Partindo do conceito de pessoa e de subjetividade para Benveniste, percebemos a ecolalia como um fenômeno de linguagem de ordem metafórica, uma vez que traz um novo sentido diferente daquele que seria transparente ao enunciado proferido, que deve ser considerado levando em conta os aspectos linguísticos e gestuais que a permeiam.

ECOLALIA E METÁFORA

A ecolalia é definida, classicamente, como a repetição do discurso de outra pessoa de forma involuntária e, aparentemente, sem sentido. Pessoas com a fala ecolálica podem repetir uma palavra ou frases inteiras com a entoação e o sotaque do orador.

No entanto, a ecolalia também está presente na criança em processo de aquisição da linguagem sem que represente um sinal de algo desorganizado, mas como uma característica da aquisição de competências linguísticas conhecida como «especula-ridade». Lemos (2002) postulou a noção de especularidade quando esclareceu que a fala da criança não surge do nada, mas é determinada pela fala do outro, ou seja, uma dependência dialógica na qual a criança responde por meio de incorporações de partes do enunciado do seu interlocutor.

A autora considera a especularidade como necessária para o diálogo, por existir interação, ou seja, a fala da criança vem da fala do adulto e retorna para este. Nesse contexto, a criança se constitui falante e esse processo de entre falas, em que a criança se reconhece no espelho do outro, dá início à aquisição da linguagem e ao processo de subjetivação, à formação do outro.

A primeira impressão que se pode ter de uma criança com ecolalia é que seja especular, ou seja, que repita, mas com intenção comunicativa. Na ecolalia, entretanto, enquanto condição sintomatológica, a pessoa que repete a fala do outro parece estar ausente, não há interação, não há diálogo, logo, o «falante» parece falar sozinho. Nesse contexto, a ecolalia «parece mostrar que uma fala pode fazer um corpo falar sem, no entanto, implicar falantes» (Oliveira, 2006a). As repetições de palavras e frases quando se tornam persistentes tomam a forma de um discurso ecolálico.

Segundo Oliveira (2006b), a ecolalia é uma fala «colada» à fala do outro, cujo problema não está em questões de morfossintaxe ou fonético-fonológicas, mas em uma repetição que parece distanciar o sujeito da fala. Uma fala que dificulta a interação, a conversa.

Quando integrante de um quadro sintomático, a ecolalia pode ser identificada no discurso de esquizofrênicos, afásicos e nos quadros de Síndrome de Tourette, porém é no autismo que a ecolalia ganha destaque como característica da linguagem das pessoas acometidas pelo transtorno e assume, na concepção médico-assistencialista, o lugar de uma não linguagem, um não dizer que distancia os interlocutores dos autistas.

No autismo, Kanner (1947) afirmou que as ecolalias seriam produções desprovidas de sentido, apenas como um eco, semelhante à fala de um papagaio: uma repetição sem intenção comunicativa, sem interlocutores. Para o autor, a ecolalia é uma repetição vazia, descontextualizada. As crianças teriam dificuldade para desenvolver a fala e poderiam apresentar uma fala incompreensível ou estereotipada que, de acordo com Wing (1985), pode significar uma linguagem metafórica.

Definida, segundo Oliveira (2006a), como repetição sintomática da fala do outro, no autismo, de acordo com Fernandes (1996), a ecolalia pode ser classificada como: imediata, tardia ou mitigada. A primeira é reproduzida de imediato, após a fala que serve de padrão; a segunda, reproduzida após um tempo maior: horas ou, talvez, dias; e a terceira apresenta alguma modificação na repetição, o que implica uma intenção comunicativa.

A fala ecolálica, para Albano (1990), é a «repetição fora do contexto», e os enunciados ecolálicos infantis representam uma criança «quase sem a linguagem»; no entanto, ela pode elaborar falas com seus próprios meios, através da fala televisiva ou como um gravador. Mas, mesmo que consigam repetir falas inteiras de comerciais de televisão, não conseguem pronunciar por si só uma figura de som, apenas repetem.

Para Laznik-Penot (1997), a ecolalia não pertence ao campo das repetições, pois, do ponto de vista da Psicanálise, a repetição de forma simbólica implica uma inovação. Segundo a autora, as falas ecolálicas são uma repetição estereotipada em que não existe o esforço humano, mas uma prévia de trabalho em que não enxergaríamos o simbólico ou uma novidade nesse tipo de fala.

Malta (2006, p. 48) retoma algumas crenças sobre a fala ecolálica e questiona:

Será mesmo que se trata apenas de uma reprodução? Ou seria possível algum movimento de transformação ou de organização simbólica que permitisse a emergência do novo nessa fala? [...]

Conforme discutimos, a metáfora organiza-se sobre o eixo das seleções, ou seja, ela emerge, segundo Dor (1989), quando é possível haver um deslizamento do significado sob os significantes. Assim, a metáfora é possível quando se pode, operando primeiramente uma seleção entre os diversos significantes disponíveis, fazer uma substituição de um significante pelo outro e tal substituição é possibilitada na medida em que significante e significado não estejam radicalmente e inseparavelmente ligados/ colados. (grifo nosso)

Segundo Malta (2006), dentro dessa fala, haveria possibilidade metafórica, desde que houvesse um deslize, momento este em que significado e significante não estariam atados. Na concepção lacaniana, que fundamenta os estudos da autora, o inconsciente é uma linguagem, e a fala ecolálica seria um sintoma e uma linguagem metafórica.

A ecolalia, enquanto sintoma na linguagem, configura uma fala diferenciada da fala da criança típica em processo de aquisição de linguagem. Apesar disso, não está para o erro, mas funciona como um movimento singular do sujeito na linguagem que, por meio de uma transferência analógica, tece seu discurso.

As lacunas existentes nos diferentes aspectos das ecolalias, em que um paciente muda o tom da voz que reproduz ou que, mesmo de modo mínimo, modifica a reprodução da fala do outro, pode indicar, nessa «falha» ecolálica, uma diferença que mostra a subjetividade do locutor (Vorcaro, 1999). A autora diz que, mesmo sendo uma raridade, esses estudos, especialmente o segundo, tornam claro que pode existir uma substituição, uma metáfora. Segundo Oliveira (2006b, p. 343),

Mesmo que uma raridade no conjunto da fala dos pacientes, vislumbramos essa possibilidade de substituição, na qual um significante pode vir no lugar do outro e produzir um diferente. Vemos, nessas poucas vezes, se não a presença, ao menos a probabilidade de uma dimensão metafórica. (grifo nosso)

É comum pensar na metáfora a partir de um sujeito que se comunica sem alterações na linguagem. Então, como pensar na ecolalia enquanto metáfora no autismo, tendo em vista a dificuldade de comunicação peculiar do transtorno?

METÁFORA ENUNCIATIVA

Benveniste (2006, p. 82), através do processo da enunciação, concebe a língua dentro do plano da realidade, pois o autor defende que há subjetividade e singularidade em cada ato de discurso. A enunciação, segundo ele, está para esse «colocar em funcionamento a língua», pelo processo individual de fala, no qual considera discurso. A língua, na perspectiva benvenistiana, deve ser considerada no momento que o sujeito que fala, através do ato enunciativo, se refere ao mundo.

Flores (2013) menciona duas citações de Benveniste em que observamos dentro do processo comunicativo a metáfora. A primeira que destaca está no artigo «Vista d'olhos sobre o desenvolvimento da linguística», escrito em 1963. Nela temos que

A linguagem oferece o modelo de uma estrutura relacional, no sentido mais literal e mais compreensivo ao mesmo tempo. Ela coloca em relação, no discurso, palavras e conceitos e produz assim, na representação de objetos e de situações, signos que são distintos dos seus referentes materiais. Institui essas transferências analógicas de denominações que chamamos metáforas, fator tão poderoso do enriquecimento conceptual. Encadeia as proposições no raciocínio e torna-se o instrumento do pensamento discursivo. (Benveniste, 2005, p. 30) (grifo nosso)

Benveniste não destitui na linguagem a metáfora como lugar de representação de algo, atrelando-a às relações estabelecidas no discurso. Segundo Flores (2013), nessa citação, observamos aspectos relevantes que nos conduzem a entender uma metáfora enunciativa. Primeiro, Benveniste nos diz que há uma natureza relacional na linguagem, a qual apresenta uma relação entre palavras (no campo do discurso) e conceitos, e, dessa relação, obtêm-se signos dessemelhantes do seu referente material. Nesse interim, vemos, então, o surgimento de «transferências analógicas de denominação produzidas no discurso» (Flores, 2013, p. 158). Estas seriam as metáforas.

Esclarecemos que entendemos aqui a problemática da adoção da expressão «transferência analógica» por uma teoria de base enunciativa em consonância com metáfora, sem que se confunda com a figura de linguagem. Porém, igualmente a Silva, neste trabalho, consideramos «analógico» a partir de Saussure, a quem Benveniste foi fiel, apontando-o como «um mecanismo que funciona segundo as leis da analogia, permitindo a inovação linguística» (Silva, 2016, p. 137). A metáfora enunciativa de que tratamos ocorre no discurso, que, para Benveniste, se define como as formas de atualização da língua cada vez que alguém assume o lugar de eu no campo enunciativo. (Flores et. al, 2009).

A segunda citação mencionada por Benveniste está na obra Problemas de Linguística Geral (1956), no texto «Observações sobre a função da linguagem na descoberta freudiana», no qual, inclusive, é esclarecido o conceito de «transferência analógica».

O inconsciente emprega uma verdadeira «retórica» que, como o estilo, tem as suas «figuras» e o velho catálogo dos tropos proporcionaria um inventário apropriado aos dois registros da expressão. Encontram-se aí num e noutro, todos os processos de substituição engendrada pelo tabu: o eufemismo, a alusão, a antífrase, a preterição, a litotes. A natureza do conteúdo evidenciará todas as modalidades da metáfora, pois é de uma conversão metafórica que os símbolos do inconsciente tiram o seu sentido e ao mesmo tempo a sua dificuldade. (Benveniste, 2005, p. 94)

Nesse texto, escrito para compor uma obra de Jacques Lacan: La psychanalyse, Benveniste analisa os estudos de Freud sobre a linguagem dos sonhos e as palavras primitivas; este último filósofo pensava que tinha descoberto uma analogia entre o sonho e a semântica das línguas primitivas, em que se enunciaria algo e, com a mesma expressão, o seu oposto. Na obra, Benveniste (2005) considera o sonho, na esfera do inconsciente, e a subjetividade, na esfera do discurso, e acredita na hipótese de uma aproximação, a qual estaria nas analogias «que se esboçariam entre os ditos processos estilísticos do discurso e as propriedades do sonho» (Flores, 2013, p. 159).

Portanto, podemos compreender existir uma metáfora que acontece por transferência analógica, ou seja, ocorre um deslocamento que comporta uma similaridade dentro do discurso. Compreendemos ser importante associar esse conceito de metáfora ao que diz Benveniste sobre a função da linguagem: «A linguagem representa a mais alta forma de uma faculdade que é inerente à condição humana, a faculdade de simbolizar» (Benveniste, 2005, p. 27). O autor segue afirmando que a faculdade simbolizante possibilita a formação do conceito distinto do objeto concreto. O simbólico trazido aqui seria a capacidade do pensamento de se organizar em uma língua. Temos que

não há relação natural, imediata e direta entre o homem e o mundo, nem entre o homem e o homem. É preciso haver um intermediário, esse aparato simbólico, que tornou possíveis o pensamento e a linguagem. Fora da esfera biológica, a capacidade simbólica é a capacidade mais específica do ser humano (Benveniste, 2005, p. 31)

O autor considera a linguagem como disseminante dentro de uma língua. A partir desse contexto, compreendemos a metáfora como uma transferência de similitude que ocorre no discurso, atribuindo outra denominação. No entanto, é necessário associarmos esse conceito de metáfora à enunciação. Para isso, não podemos nos distanciar do que é o processo enunciativo, no qual estão destacados o ato enunciativo em que temos locutor e alocutário, a situação (a cena enunciativa), o momento do discurso e os meios linguísticos.

A metáfora, nessa perspectiva (Flores, 2013), ocorreria no momento da enunciação, quando um locutor enuncia ao alocutário sentidos que trazem novas designações ou novos usos.

Benveniste (2006, p. 87) nos diz:

O que em geral caracteriza a enunciação é a acentuação da relação discursiva com o parceiro, seja este real ou imaginado, individual ou coletivo. Esta característica coloca necessariamente o que se pode denominar o quadrofigurativo da enunciação. Como forma de discurso, a enunciação coloca duas «figuras» igualmente necessárias, uma, origem, a outra, fim da enunciação. É a estrutura do diálogo. Duas figuras na posição de parceiros são alternativamente protagonistas da enunciação. Este quadro é dado necessariamente com a definição da enunciação.

Inferimos que a analogia tratada por Benveniste acontece no momento da fala, no discurso, e torna clara a subjetividade na língua. Não seria uma transposição do real para o figurado, mas a criação de um novo sentido, constituído no instante da enunciação.

Considerando a noção de enunciação, que apresenta um locutor e um interlocutor, surge uma reflexão sobre a possibilidade da ecolalia, em determinadas cenas discursivas, representar papel análogo ao das metáforas. Uma ecolalia, produzida em um determinado momento e a partir de sua relação com o gesto simultâneo a ela, pode gerar novo sentido compreendido pelo outro, estabelecendo outra forma de dizer.

Ferrarezi Junior (2010, p. 168) esclarece que a identificação de uma expressão como metafórica não ocorre «porque a expressão seja "linguisticamente-metafórica-em-si", mas porque ela revela uma operação conceitual de cruzamento de domínios que é, ela sim (a operação conceitual) uma metáfora». Isso implica afirmar que não há expressões ou palavras que, em sua essência, são metáforas; estas estariam no uso que o sujeito faz delas, ou seja, na utilização da língua no contexto enunciativo.

Desse modo, a ecolalia apresentaria, em nossa perspectiva, a existência de um sujeito constituído ou em constituição que se apropria da língua e a coloca em funcionamento de modo singular. Portanto, a ecolalia, outrora tida como rígida, encontra um sentido por meio de uma analogia, de uma metáfora.

GESTOS NA PERSPECTIVA MULTIMODAL DA LINGUAGEM

A partir da perspectiva multimodal da linguagem, concebemos o gesto enquanto aspecto multimodal coatuante na matriz da linguagem. Desse modo, neste artigo, defendemos gestos e produção vocal enquanto matriz única de funcionamento linguístico-cognitivo, conforme sugerem Kendon (2000, 2009, 2017), McNeill (1992, 2006), Butcher e Goldin-Meadow (2000), Cavalcante (2009, 2018), Fonte, Barros, Cavalcante e Soares (2014), Fonte e Cavalcante (2016), entre outros. Nessa perspectiva, segundo Kendon (2017), a linguagem é desenvolvida nas modalidades oral-auditiva e cinestésica em conjunto, sem existir uma precedência do gesto sobre a fala e viceversa.

Na matriz multimodal da linguagem, gestos e fala são organizados e sincronizados entre si (Butcher & Goldin-Meadow, 2000), sendo semântica e pragmaticamente coexpressivos (McNeill, 2000), pois esses aspectos multimodais da linguagem podem coatuar para produzir sentido em sincronia temporal e com coerência semântica.

Os gestos são definidos como quaisquer movimentos de uma ou mais partes do corpo realizados pelo indivíduo e manifestados espacialmente. (Laver & Beck, 2001), sendo considerados a imagem intrínseca da linguagem, uma vez que gesto e fala são indissociáveis (McNeill, 2006). Nas interações cotidianas, há diversos movimentos corporais que são considerados gestos, por isso o termo deve ser utilizado no plural, conforme sugere McNeill (2000).

Na literatura, há diferentes classificações propostas para categorizar os diversos tipos de gestos. No entanto, não é nossa intenção descrever a diversidade das terminologias gestuais adotadas pelos pesquisadores.

Optamos por descrever a classificação proposta por McNeill (2006), pois o autor defende a ideia de dimensões gestuais, em que pode ocorrer uma mescla entre os gestos, a qual revela iconicidade, metaforicidade, dêixis entre outras características no mesmo gesto. Para ele, os gestos podem ser: icônicos, quando representam imagens concretas de objetos ou ações; metafóricos, ao relacionarem as imagens abstratas; dêiticos, quando indicam a localização de objetos/ações no espaço físico; beats (ritmados), quando funcionam como um marcador da produção da fala (McNeill, 1992, 2006).

Em relação aos papéis dos gestos, Lima e Rehberg (2015) mencionam os seguintes: acompanhar, antecipar, exemplificar, completar, acrescentar, repetir, contradizer, enfatizar, questionar ou comentar o conteúdo semântico dos enunciados orais. Além disso, os gestos podem substituir a modalidade oral da linguagem. As funções e os significados das ações gestuais nas interações dependem do contexto interativo. Desse modo, a interpretação real das ações gestuais coverbais apenas pode acontecer localmente.

Em relação ao funcionamento multimodal da linguagem na especificidade do autismo, o estudo de Barros e Fonte (2016) defende que estereotipias motoras e vocalizações, tradicionalmente concebidas como desprovidas de sentido, marcam o lugar de uma criança autista na linguagem e funcionam como recursos multimodais e enunciativos da criança.

Neste artigo, interessa-nos discutir a ecolalia enquanto metáfora e sua relação com os gestos no autismo a partir do funcionamento enunciativo e multimodal da linguagem. Para essa discussão, apresentaremos exemplos de enunciados ecolálicos de uma criança com transtorno do Espectro Autista, extraídos do banco de dados do Grupo de Estudos e Atendimento ao Espectro do Autismo (Geaut/Unicap).

CONTEXTO METODOLÓGICO

Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso. Para atender às questões éticas da pesquisa científica, os nomes dos envolvidos nos fragmentos analisados foram substituídos por nomes fictícios para preservar a identidade deles.

Os fragmentos selecionados para a análise foram coletados do banco de dados do Geaut/Unicap e transcritos com a utilização do software Elan (Eudico Language An-notator), que funciona como uma ferramenta de transcrição de dados, que possibilita a descrição de diferentes recursos multimodais da linguagem, como gestos e produção vocal, por exemplo, no tempo exato de sua ocorrência. Optamos por transcrever a fala ecolálica e os gestos associados. Desse modo, selecionamos os trechos gravados em que ocorreram a ecolalia na fala de uma criança com autismo.

A criança participante deste estudo, doravante Estênio, tem sete anos de idade. Apresentava comportamento hiperativo, mas não agressivo. Inicialmente, sua linguagem era baseada no choro. Balbuciou aos quatro anos, as primeiras palavras foram ditas aos cinco. Os comportamentos estereotipados observados em Estênio se caracterizavam por olhar vago e rápido, movimento de mão (flapping), balanceio de corpo (rocking), fixação por pedaços de plástico ou papel e atividades de empilhar, gritos, ecolalia e vocalizações.

DISCUSSÕES SOBRE ECOLALIA VOCAL E GESTOS A PARTIR DA PERSPECTIVA ENUNCIATIVA E MULTIMODAL

Para discutir a ecolalia vocal e os gestos na matriz multimodal da linguagem, apresentaremos duas cenas enunciativas, na qual Estênio estava com sete anos de idade e em interlocução com uma fonoaudióloga.

Episódio 1

Estênio está sentado na cadeira em frente à mesa infantil. Pega o dominó, que está sobre a mesa, retira as peças, separa-as sem uma aparente categorização e as empilha, em um movimento ritmado e estereotipado, acompanhado por uma canção infantil.

Tabela 1 A ecolalia «Posso guardar?» como metáfora enunciativa 

Os sentidos que emanam dos gestos associados à ecolalia, entendida como linguagem metaforizada, possibilitam a colocação de um lugar para a criança na linguagem, no instante em que o interlocutor marca em seu discurso o sujeito com base na chamada ao nome próprio e ao uso dos pronomes (linhas 2, 4 e 6) pela fonoaudióloga.

A produção vocal «posso guardar?», que foi recortada de um contexto enunciativo anterior com a fonoaudióloga, não foi usada em seu sentido real/literal, já que os movimentos estereotipados com foco no objeto, caracterizados pelo ato repetitivo de empilhar as peças do jogo, indicavam o não interesse em guardá-lo ao sinalizar a manutenção do interesse e do foco atencional para o objeto da cena enunciativa. Esse mesmo movimento de empilhar repetitivamente as peças do jogo aconteceu na mesma sincronia temporal da ecolalia do trecho da música: «vi o sapo na beira do rio de camisa verde morrendo de frio, frio, frio», que também apresentou um sentido metafórico.

A metáfora ocorre no momento da enunciação, quando a criança, enquanto locutor, enuncia ao alocutário signos linguísticos já ditos, porém com novos sentidos no instante em que são postos em uso dentro de um contexto específico. Não há uma transposição do real para o figurado, mas a criação de um novo sentido compartilhado pelos interlocutores, constituído no instante da enunciação.

Percebemos, no episódio inicial, que as ecolalias «posso guardar» e a canção do sapo são acompanhadas dos gestos estereotipados de empilhar as peças do jogo de dominó, parecendo representar uma estratégia de recusa à interrupção da atividade, que seria guardar o objeto. Desse modo, a ecolalia não apresenta o sentido real da expressão. O funcionamento multimodal da negação da linguagem da criança marcado pela ecolalia e estereotipias também pode ser confirmado no episódio 2.

Episódio 2

Estênio permanece sentado na cadeira em frente à mesa infantil. Pega uma caixa e derruba as peças de um jogo de encaixe, enche as mãos em concha com as peças, soltando-as delicadamente como se fora areia que escapa entre os dedos.

Tabela 2 A metáfora enunciativa na canção 

Aludimos à canção ecolálica como metáfora representativa de uma recusa, ao ser acompanhada de gestos estereotipados diferentes do episódio 1. Essa diferença gestual parece acompanhar a existência de uma variação na canção. O que determina a relação ecolalia e gestos como indicativa de uma metáfora enunciativa no autismo.

Os gestos podem ser considerados metafóricos quando estão relacionados a um sentido abstrato, conforme afirma McNeill (1992, 2006). Nesse episódio, assim como no episódio anterior, os movimentos estereotipados podem também ser concebidos como metáfora a partir de sua relação com a ecolalia e com o contexto enunciativo ao produzir o sentido de negação na cena enunciativa.

O interlocutor da criança parece perceber nos dois episódios a possibilidade de a ecolalia significar algo que está no lugar de outro arranjo linguístico, tendo em vista que propõe outras atividades à criança, seguindo um deslize na linguagem. Seria o que Benveniste refere como «transferência analógica de denominação» produzida no discurso: uma metáfora.

Assim, na ecolalia apresentada, há a passagem de um sentido a outro, realizando--se uma inovação na denominação. Silva (2016, p. 144) lembra que «Benveniste não trata da metáfora enquanto mudança de denominações, mas enquanto transferência, isto é, passagem, no sentido saussuriano do termo. Se fosse mudança, um sentido substituiria o outro».

A ecolalia «posso guardar?», acompanhada de gestos de interrupção de atividade ou parada da criança (do foco visual para o objeto e da interrupção do gesto estereotipado), parece conduzir também para uma metáfora enunciativa ao convocar o interlocutor para o encerramento do encontro. A analogia ocorre no instante da fala, no discurso, e evidencia a subjetividade na língua.

Nos dois episódios, através da ecolalia e de gestos estereotipados, a criança coloca a língua em funcionamento, instituindo para seu interlocutor as posições de eu e de tu no discurso, marcando a enunciação. Lembremos que, para Benveniste, a língua deve ser considerada no momento que o sujeito que fala, através do ato enunciativo, se refere ao mundo, e parece que o interlocutor atesta essa referência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao discutir a ecolalia no autismo a partir de sua relação com os gestos e com o contexto enunciativo, constatamos que seu efeito metafórico ocorreu no funcionamento multimodal da linguagem por uma transferência analógica de denominação produzida no discurso a partir dos gestos estereotipados integrados à produção ecolálica na matriz da linguagem. Essa ecolalia metafórica a partir de sua relação com o gesto e o momento da enunciação foi irrepetível e colocou em circulação um novo sentido ao discurso na cena enunciativa.

Para além de uma repetição, a ecolalia, enquanto metáfora enunciativa, indicou o instante em que a língua foi atualizada no discurso pela criança autista. Houve um deslize, uma passagem de um sentido a outro que possibilitou a significação do interlocutor, obedecendo ao que Benveniste trata por «transferência analógica de denominação».

Para a compreensão da linguagem ecolálica no autismo, a criança deve ser significada pelo seu interlocutor não somente por sua fala, mas por toda a matriz multimodal da linguagem, que inclui, além da produção vocal, o olhar e os gestos, mesmo os estereotipados, pois, diferentemente de como são concebidos na tradição, esses gestos apresentam sentido peculiar a partir do contexto enunciativo. Logo, a criança deve ser significada pelo interlocutor, considerando todas suas manifestações enunciativas, colocando-a por inteira no universo da linguagem.

REFERÊNCIAS

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*Artigo resultante de pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), linha de pesquisa aquisição, desenvolvimento e distúrbios da linguagem em suas diversas manifestações.

Cómo citar este artículo: Barros, I., Fonte, R., & Souza, A. (2020). Ecolalia e gestos no autismo: reflexões em torno da metáfora enunciativa. Forma y Función, 33(1), 173-189. https://doi.org/10.15446/fyf.v33n1.84184

Recebido: 08 de Março de 2019; Aceito: 10 de Outubro de 2019

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