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Theologica Xaveriana

versión impresa ISSN 0120-3649

Theol. Xave. v.62 n.173 Bogotá ene./jun. 2012

 

CRISE RELIGIOSA JUVENIL NA PERFÍFERIA DO RECIFE (PE), BRASIL*

JUVENILE RELIGIOUS CRISIS IN THE OUTSKIRTS OF RECIFE (PE), BRAZIL

CRISIS RELIGIOSA JUVENIL EN LA PERIFERIA DE RECIFE (PE), BRASIL

Luiz Alencar Libório**
Antonio Raimundo Sousa Mota, S.J.***

* Artigo síntese de um Projeto de Pesquisa intitulada "A crise da pertença religiosa do adolescente e do jovem numa sociedade secularizada" da Universidade Católica de Pernambuco, Unicap". Código de Registro: 37.2340-TEO-020.2006/2-2FC.
** Professor-pesquisador Adjunto I do Grupo de Pesquisa Religiões, Cultura e Sociedade da Unicap, Brasil; Licenciado em Filosofia, Teologia e Psicologia; Especializado em Psicologia Cognitiva, UFPE, Metodologia do Ensino Superior (Unicap) e Psicologia da Religião, Pontifícia Universidade Salesiana, Roma; Mestre e Doutor em Psicologia da Família, UPS; professor de Psicologia da Religião no Mestrado de Ciências da Religião da Unicap; orientador de Mestrandos, de Monografias e de alunos do Pibic. Correo electrónico: laliborio@terra.com.br
*** Professor-pesquisador Adjunto I do Grupo de Pesquisa Religiões, Cultura e Sociedade, Unicap, Brasil; Licenciado em Filosofia e Bacharelado em Teologia; Doutor em Teologia Pastoral com ênfase em Pastoral Juvenil e Catequese, Pontifícia Universidade Salesiana, Roma; professor e orientador do Mestrado de Ciências da Religião e do Curso de Teologia, Unicap, e orientador de alunos do Programa Institucional Básico de Iniciação Científica, Pibic; assessor do reitor e coordenador da Pastoral da Unicap; responsável pela inacianidade na Unicap. Correo electrónico: amota@nlink.com.br

Recibo: 15-01-11. Evaluación: 20-05-11. Aprobación: 14-02-12.


RESUMO

Este artigo mostra como a secularização muda os esquemas mentais ' juvenis referentes à "pertença" e à "crise religiosa" juvenil. Esta pesquisa tem como objetivo identificar as "características" da "ética cristã" e da "crise religiosa" juvenil na atual cultura da subjetividade. A metodologia consiste em leituras temáticas e num Questionário Misto (25 questões) aplicado a 120 jovens (14-23 anos) da classe baixa do Recife (PE), Brasil, dos colégios Liceu Nóbrega e do Presidente Kennedy. A ética cristã juvenil concilia os prazeres da vida, a sexualidade e os novos conhecimentos (evolução) com Deus e sua religião (Igreja), e não há tantas culpas como no passado.

Palavras chave: Cristianismo, identidade sociorreligiosa, pluralismo religioso, crise juvenil, pertença religiosa.


Abstract

This article shows how secularization changes the juvenile views of the world concerning "belonging" and "religious crisis" in youths. This research aims at identifying the "characteristics" of juvenile "Christian ethics" and "religious crisis" in the current culture of subjectivity. The methodology followed consists in thematic readings and a mixed questionnaire (25 questions) applied to 120 youths (14-23 years old) from the low income social class of Recife (PE), Brazil, studying at Liceu Nóbrega and Presidente Kennedy schools. Juvenile Christian ethics reunites the pleasures of life, sexuality, and new knowledge (evolution) with God and His religion (the Church), without so much guilt as it used to happen in the past.

Key words: Christianity, socio-religious identity, religious pluralism, juvenile crisis, religious belonging.


Resumen

Este artículo muestra cómo la secularización cambia los esquemas mentales referidos a la "pertenencia" y a la "crisis religiosa" juvenil. Esta investigación tiene como objetivo identificar las "características" de la "ética cristiana" y de la "crisis religiosa" juvenil en la actual cultura de la subjetividad. La metodología consiste en lecturas temáticas y en un Cuestionario Mixto (25 preguntas) aplicado a 120 jóvenes (14-23 años) de la clase baja de Recife (PE), Brasil, de los colegios Liceu Nóbrega y Presidente Kennedy. La ética cristiana juvenil concilia los placeres de la vida, la sexualidad y los nuevos conocimientos (evolución) con Dios y su religión (Iglesia), y no hay tantas culpas como en el pasado.

Palabras clave: Cristianismo, identidad socioreligiosa, pluralismo religioso, crisis juvenil, pertenencia religiosa.


INTRODUÇÃO

A juventude do século XXI vive um momento verdadeiramente crítico, especialmente no que diz respeito à vivência da fé. A Modernidade tem suas raízes no eclodir das ciências empíricas, do iluminismo, sendo uma antítese ao teocentrismo medieval, e gerando em seu bojo a secularização que é a autonomia do profano e do secular ante o sagrado constituído, ou seja, "ação ou o jeito de secularizar-se; transformação ou passagem de coisas, fatos, pessoas, crenças e instituições, que estavam sob o domínio religioso, para o regime leigo"1, tornando a fé do jovem hodierno bastante crítica.

Sobre a secularização, na relação religião versus Estado onde vive o jovem, assimse expressa Habermas: " [...] é um processo comum de aprendizagem complementar, ambos os lados estando em condições de levar a sério, em público, por razões cognitivas, as respectivas contribuições para temas controversos"2 que se agravam na Pós-modernidade (desencanto da Modernidade) com o individualismo e o hedonismo juvenil com matiz materialista e consumista corroborado pela mídia.

Atualmente, vivem-se as consequências desse sistema de valores sociais elaborado pela filosofia moderna de matiz bastante subjetivista. Gianni Vattimo é um lídimo representante da desconstrução da dimensão institucional (clerical) em prol da dimensão subjetivista da fé juvenil e não da "verdade objetiva" das Instituições, combatida pela hermenêutica vattiminiana que admite só a "verdade subjetiva", particular3 bem ao sabor da crise religiosa adolescente e juvenil.

Como afirma Mota (2007), o critério de "verdade objetiva" é substituído pelas instâncias individuais ligadas à experiência imediata do jovem, pluralizando o conceito de verdade, oferecendo aos jovens as mais variadas possibilidades de estilos de vida e de religiosidade, cimentando a cultura da subjetividade4, corroborada pela "cultura virtual", gerando um profundo vazio existencial.

A literatura sobre a adolescência e a juventude aponta -a partir de pesquisas de Piaget (1976)5 e outros pesquisadores6- que, principalmente, o adolescente, na passagem da fase ético-religiosa heterônoma para a fase autô-noma, vive também uma crise de pertença religiosa7 decorrente de sua natural sede de autonomia e dos novos conhecimentos científicos adquiridos, no Ensino Médio, bem como pelo despertar da crítica da fase formal.8

Essa crise suscita nos adolescentes uma nova concepção de Deus, não mais nos moldes infantis nem ainda nos moldes da fase madura9, mudando a concepção de Deus e afetando também o relacionamento com Ele, gerando o afastamento da Igreja e do sagrado convencional10, além do surgimento de um comportamento superficial e frio com a religião em geral.11

Os jovens, ao vivenciarem a sua fé, buscam muito mais experiências religiosas fortes e significativas que uma sistemática programação da própria relação com Deus proposta pelas Igrejas12, duvidando também, muitas vezes, da existência de Deus13 ou tendo um relacionamento emocional, individual e intimista com Deus14, marginalizando a vivência religiosa comunitária15, inserindo-se a religião num "sentido projetual de si", no processo de subjetivização, influenciado pela modernidade e secularização.

A influência dos pais e amigos para desencadear ou não a crise religiosa é muito forte, sendo necessário que os líderes religiosos engajem o adolescente e jovem nos campos social e comunitário16, sendo a influência dos amigos muito marcante na religiosidade do adolescente17, levando-o a uma "espontaneidade" da própria religiosidade e espiritualidade (Sim a Deus, não à Igreja!), acontecendo também uma "ideologização" do sagrado como um valor apenas cultural ou sociopolítico.18

A secularização, portanto, pode ser enunciada como o surgimento dessas novas formas sociais de religião que seriam, nas palavras de Luckmann, a "religião invisível"19 vivenciada por tantos jovens nessa fase da vida.

A totalidade dos sujeitos da amostra é dos subúrbios do Recife, estudando a metade (60 sujeitos), na Escola Kennedy, de Ensino público estadual, na cidade de Paulista, Região Metropolitana, a 20 km do Recife, caracterizada, maior-mente por famílias de baixa renda e de pouca cultura, muita violência, onde é fecundo o movimento protestante e evangélico pentecostal ou neopentecostal (Assembleia de Deus, Igreja Universal do Reino de Deus, Brasil para Cristo, Igreja quadrangular, entre outras denominações).

A outra metade dos sujeitos da amostra (60) mora, em diversos subúrbios pobres do Recife, estudando, no antigo Colégio Nóbrega e Liceu de Artes Ofícios, centro do Recife, numa parceria da Universidade Católica de Pernambuco, Unicap, com o Governo do Estado de Pernambuco que indica e paga os professores com exceção da Direção e Coordenação desse Centro Educacional.

A essa amostra (120 sujeitos) foi aplicado aleatoriamente um Questionário misto (questões fechadas e abertas) com 25 questões sobre as temáticas atinentes ao Projeto de Pesquisa e Pesquisa de campo com os jovens suburbanos.

Como os pastores das Igrejas protestantes e evangélicas suburbanos, no Brasil, são muito radicais e cerceadores da liberdade humana (juvenil), com um discurso moralista, puritano e condenatório, espera-se uma influência fraca da secularização, principalmente, entre os jovens de maioria protestante e evangélica neopentecostal (48,0%) já que 32,5% se declaram não pertencentes a uma Igreja.

Este artigo, portanto, divide-se nos seguintes tópicos: Objetivo Geral, Metodologia, Contextualização da Pesquisa de campo, Resultados (Dados sociodemográficos da amostra, características da pertença e da ética cristã juvenil) e Considerações teológico-pastorais (sugestões às famílias, às escolas e às Igrejas).

OBJETIVO GERAL

Identificar as características da pertença (experiência) religiosa e da crise do adolescente e do jovem (14-23 anos) ante o sagrado, na transformação cultural de uma sociedade secularizada e elencar suas percepções (representações), motivações e atitudes a interferirem no relacionamento de adolescentes e jovens com Deus, com suas famílias e com as Igrejas, configurando uma nova matriz psicossocial e espiritual na atual cultura da subjetividade.

METODOLOGIA

Durante três anos (2006-2009), foram feitas leituras atinentes às temáticas da Pesquisa, que contou também com uma Pesquisa de Campo a uma amostra de 120 alunos num universo de aproximadamente 1.500 alunos dos colégios Liceu de Artes e Ofícios/ Nóbrega (bairro: Boa Vista, Recife-PE) e o colégio Presidente Kennedy (Paulista, Região Metropolitana do Recife-PE). A amostra foi aleatoriamente escolhida nas faixas etárias de 14-23 anos. Foi usada a porcentagem para os dados adquiridos na pesquisa de Campo e foram feitas a análise quantitativa e a qualitativa dos dados adquiridos na Pesquisa de Campo.

CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO

Essa Pesquisa de campo foi realizada com alunos dos subúrbios do Recife, em dois Colégios: o colégio estadual Kennedy, em Paulista (Região Metropolitana do Recife: RMR) e o Liceu de Artes e Ofícios/Nóbrega, no bairro da Boa Vista, centro do Recife que recebe esses alunos dos subúrbios numa parceria dos jesuítas com o Governo do Estado de Pernambuco para a inclusão dos mais necessitados.

A cidade de Paulista conta hoje com aproximadamente 250 mil habitantes, incluindo a região beira-mar do Janga, Conceição e Maria Farinha. Está situada a 20 km do Recife e já foi palco de um grande desenvolvimento na área dos tecidos com a família Lundgren. Hoje é uma cidade de comércio variado, com a maioria das pessoas pertencentes à classe economicamente baixa, habitando na periferia do centro urbano, onde imperam a droga, a violência e a miséria.

Na periferia de Paulista como nos subúrbios do Recife, em geral, estão presentes as Igrejas protestantes (Batistas, Presbiterianas, Adventistas do 7° dia) e evangélicas (Assembleia de Deus, Igreja Universal do Reino de Deus, Brasil para Cristo, Igreja quadrangular), entre outras.

No Brasil e no Recife, os pastores dessas Igrejas, especialmente, as evangélicas, são conhecidos por sua pregação moralista, puritana e condenatória de ideologias (evolucionismo, cultos afro-brasileiros, imagens, as outras Igrejas, concepção da vida) e dos costumes (vestir, beber, dançar, relações pré-matri-moniais, vida social juvenil) tendo como referência negativa principal a Igreja Católica Apostólica Romana.

O colégio Kennedy está inserido nessa realidade acima colocada, sendo a maioria de seus alunos protestantes e evangélicos com uma minoria católica. A maioria dos entrevistados dessa Escola Kennedy (60 sujeitos) é de adolescentes (14-17 anos) e cursam o Ensino Fundamental (1a à 9a série) no turno da Manhã, sendo uma clientela mais homogênea.

O colégio Liceu de Artes e Ofícios/Nóbrega está localizado no centro do Recife (bairro Boa Vista) que tem aproximadamente 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes sem contar a sua Região Metropolitana que tem outro tanto de habitantes.

A totalidade dos alunos vem dos subúrbios, em sua maioria jovens (1823 anos) que cursam o Ensino Fundamental e Médio nos turnos da Manhã e Tarde numa parceria dos jesuítas que cedem o Colégio Liceu/Nóbrega ao Governo do Estado de Pernambuco que paga a maioria dos professores, visando a inclusão dos mais necessitados que moram nos subúrbios do Recife, sendo uma clientela mais heterogênea.

Em ambos os Colégios, os alunos são carentes de quase tudo, beneficiandose neste Colégio de um maior enriquecimento graças à presença dos jesuítas (UNICAP: Universidade Católica de Pernambuco) e o movimento Fé e Alegria que têm a direção e coordenação nesse processo educacional e formativo de alunos da periferia recifense.

A maioria dos jovens entrevistados (18-23 anos: 60 sujeitos) pertence a este estabelecimento de Ensino Fundamental e, principalmente, de Ensino Médio.

A Pesquisa de campo realizada nos dois colégios traz os resultados que vêm logo a seguir.

RESULTADOS

Os dados coletados na Pesquisa de campo serão discutidos (análise quantitativa) e interpretados (análise qualitativa) segundo os teóricos que embasam a Pesquisa.

As 25 questões do Questionário Misto serão divididas em: (1) Dados sociodemográficos. (2) Dados da pertença (experiência) religiosa juvenil.20 (3) Dados da crise religiosa juvenil. (4) Considerações teológico-pastorais com sugestões às famílias, às escolas e às Igrejas, fazendo a discussão e a interpretação em cada um dos quatro blocos.

Dados sociodemográficos da amostra (qq= questões: 1-5)

Dos 120 sujeitos da amostra, 81(67,3%) estão na faixa etária de 14-17 anos e 39 (32,7%) na faixa etária de 18-23 anos, cursando uma minoria (35 sujeitos) o Ensino Fundamental e a maioria (85 sujeitos) o Ensino Médio, com 65 do sexo feminino e 55 do sexo masculino, dos quais 114 são solteiros e filhos de 105 pais empregados.

Discussão

Como se pode observar nos dados sociodemográficos acima colocados, dos 120 sujeitos entrevistados, a grande maioria (81: 67,3%) é de adolescentes (14-17 anos) que cursam o Ensino Médio (85 sujeitos).

Em relação ao gênero, há um pouco mais de alunas (65) do que de alunos (55) e no que diz respeito ao estado civil a quase totalidade (114 sujeitos) é de solteiros, cujos pais estão empregados (105: 87,5%).

Interpretação

Os últimos Censos do IBGE21 (2000 e 2010) atestam uma ligeira predominância dos adolescentes sobre os jovens e das mulheres sobre os homens.22 No que diz respeito à fecundidade nas faixas etárias, no Brasil, é crescente o número de adolescentes e jovens que se tornam pais e mães sem as mínimas condições para assumirem a maternidade e a paternidade e sem se casarem. A quase totalidade dos sujeitos da amostra é de solteiros

Em relação à taxa de atividade dos pais, o Brasil, nas últimas décadas (Governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma) tem conhecido uma explosão de ocupação, especialmente na construção civil, tendo a taxa de desemprego caído para 7,0% nos últimos meses, estando empregada a grande maioria dos pais dos sujeitos dessa amostra, confirmando a tendência ocupacional brasileira.23

Dados da pertença (experiência) religiosa juvenil (qq: 6-14)

Existência de Deus e relacionamento com Ele (qq: 6-7)

À pergunta "Se na sociedade liberal e materialista de hoje, você acredita em Deus" (q: 6), 113 sujeitos (94,1%) disseram que acreditam contra 5 que disseram que não acreditam (2 não responderam).

A pergunta a seguir continua a primeira questão (6): "Se você acredita na existência de Deus, como você sabe (conhece, sente) que Ele existe"?

Dos 120 sujeitos, 32 afirmam sentir Deus diariamente, 25 sujeitos O sentematravés da oração, 18 pela razão, 14 porque a Bíblia prova, 8 através da criação da natureza e 6 sujeitos O percebem como uma força maior, entre outras percepções.

Esses dados mostram a maciça crença em Deus (94,1%) por parte dos adolescentes e jovens e o meio para atingir Deus é essencialmente o sentimento (57 sujeitos), apontando somente 18 a razão para chegar a Ele.

Interpretação

De fato, o último Censo do IBGE (2010) bem como teóricos da juventude como Libânio (2004) afirmam que o ateísmo não é típico de nossos jovens. O IBGE (2010) afirma que apenas 7,0% dos brasileiros se dizem ateus.

Essa amostra não foge a essa tendência. No que concerne ao saber (conhecer, sentir) sobre Deus, a grande parte confirma que a religião é, essencialmente, "sentimento", baseando poucos a sua fé na razão como afirmam alguns teóricos da Psicologia da Religião (Allport, Wilber, Walsh, Maslow, Milanesi, Fizzotti).24

Através desses resultados, observa-se um número significativo de adolescentes e jovens que acreditam na existência de Deus e essa crença, como salientou Strang25, o adolescente a tem "como auxílio muito presente", não apenas nos momentos de dificuldades, mas também "como fonte cotidiana de orientação e coragem para seu desenvolvimento".

Sobre a experiência que se faz do "crer" em Deus, Jean-François Catalan assim se expressa: "Dizer com seriedade 'creio em Deus' significa entrar numa aventura que não se sabe aonde ela poderá levá-lo. Mas sabe-se, em todo caso, que ela marcará e transformará a vida toda e todos os comportamentos".26

No que diz respeito às questões: "Se o jovem se relaciona com Deus e como se relaciona com Ele" (q.7), a grande maioria se relaciona com Deus (111 sujeitos), através da oração (79 sujeitos), das práticas religiosas (ritos, frequência, sacramentos: 9 sujeitos), através da fé (5 sujeitos) e amando o próximo (5 sujeitos), entre outras respostas.

Discussão

Como se pode observar, a ligação com Deus está muito eivada de uma visão de um Deus nas alturas com quem eu me relaciono individualmente (79+5: 84 sujeitos). A visão comunitária da fé, nas celebrações, e uma ligação com Deus através do próximo, mormente, os mais necessitados (Mt 25,31-46), é ainda muito incipiente (9+5: 14 sujeitos).

Interpretação

Sem dúvida, o adolescente e jovem que creem têm uma vida de oração ao seu modo (individualismo, crise) talvez quebrando um pouco a rigidez das formas eclesiais, caracterizando bem a cultura da subjetividade.27

Como bem afirma Morano: "A oração pode contribuir para uma experiência autêntica com Deus [...]. A oração é o melhor canal para a expressão do mais profundo e pessoal, único, de cada um".28

Concepções e representações de Deus (qq: 8-9)

No que diz respeito às concepções (representações) de Deus (qq: 8-9), a concepção dos membros da amostra está diluída nas seguintes respostas: Deus é misericordioso, bom e justo (18 sujeitos), Deus é perfeito, sincero e bondoso (17), onipotente (15), Deus é sem forma e inexplicável (11), Ser supremo e luz (11), Deus é como o europeu: de olhos azuis, semelhante ao homem (barbudo), espírito bom moreno e alto (7 sujeitos), entre outras.

Discussão

Há um leque não unívoco das concepções e representações de Deus que ora é concebido como espírito, ora é concebido como homem, ora é visto como uma força e luz, ora percebido antropomorficamente como barbudo, de olhos azuis e moreno alto. À pergunta (q: 9) "Se Deus tinha qualidades do pai e da mãe", as qualidades do pai que mais estão presentes na concepção de Deus são: bondade, misericórdia e solidariedade (46 sujeitos), entre outras qualidades. Deus tem as seguintes qualidades da mãe: amizade, amor, bondade e proteção (69 sujeitos).

Interpretação

Pode-se perceber que algo fica da pregação dos padres e pastores no que concerne aos atributos de Deus, pois, esses são os mais propalados por eles. Vê-se que ainda estão presentes os antropomorfismos na concepção de Deus como afirmava Freud (1913)29 que a mediação do pai30 e da mãe estão presentes na concepção que, principalmente, as crianças e adolescentes têm de Deus como afirmam Silvestri31 e Jung.32

Assim muitos dos atributos dos pais, vivenciados pelas crianças e adolescentes, no dia a dia, são projetados em Deus ainda hoje. A "disponibilidade e a proteção da mãe, em geral, são projetadas em Deus".33 Os alunos da amostra não fogem a essa regra, embora em pequena quantidade.

Fé e prática na vida religiosa juvenil (q: 10)

À pergunta (q; 10) "Se basta ter fé e amor a Deus ou é necessário participar da Igreja", 69 sujeitos (57,5%) afirmam que ambos os modos são necessários e 42 sujeitos (35,0%) acham que basta ter fé e amor a Deus, caracterizando uma tendência marcantemente protestante da sola fides de Lutero.

Discussão

Percebe-se ainda uma forte dicotomia e ambiguidade na fé juvenil, fruto da passagem da heteronomia infantil para a autonomia adolescente, configurandose a tendência à "subjetivização" com certo protagonismo na expressão da própria fé de acordo com os seus esquemas cognitivos.34

Interpretação

Ao chegar à fase formal (Piaget), o adolescente já é capaz de se libertar da he-teronomia em que vivia e passa a criar seus próprios esquemas cognitivos e afetivos (fase formal), diminuindo as velhas convicções, gerando uma inquietude diante do que se esvai do seu ser (visão infantil do mundo), acontecendo em sua religiosidade ambiguidades e muitas dúvidas religiosas.35

Pertença, frequência e conhecimento da doutrina da Igreja (qq: 11-14)

A amostra se caracteriza por uma fidelidade a Deus e às tradições de seus pais na Igreja de pertença, grande parte militando (q: 11) nas Igrejas protestantes (26: 21,7%) e evangélicas pentecostais ou neopentecostais (22: 18,3%)36, perfazendo um total de 48 protestantes e evangélicos, contra 32 católicos (26,7%)37, não tendo respondido 39 (32,5%) dos entrevistados, dos quais 37 (30,8%) se dizem não pertencer a uma Igreja.38

A escolha da Igreja (q: 11) se dá por acolhida da nova Igreja e identificação com ela (33 sujeitos) e por tradição e educação cristã (25 sujeitos), acontecendo a frequência às Igrejas (q: 12) semanalmente (57 sujeitos) e mensalmente (12 sujeitos), sendo os restantes menos frequentadores.

Nas questões 13-14, boa parte (43,4%) se diz conhecedora da doutrina das Igrejas (52 sujeitos): Catecismo da Igreja Católica para crianças (49); Catecismo da Igreja Católica para adultos (13), Bíblia sagrada (76 sujeitos) e não conhecem 40 sujeitos (33,3%).

O ateísmo foi apontado por apenas cinco (4,2%) dos entrevistados39, confirmando o último Censo do IBGE (2010): 7,0% dos brasileiros.

Discussão

Há uma coerência dos dados da Pesquisa de campo, pois, sendo a maioria pertencente às Igrejas protestante e evangélica, a escolha da Igreja em grande parte se dá por se sentir acolhido por essas Igrejas (33 sujeitos) e pela educação cristã recebida da tradição familiar (25 sujeitos), havendo uma razoável frequência às novas Igrejas da pertença e um bom número (52 sujeitos) conhece os principais livros doutrinários das Igrejas: catecismos e Bíblia Sagrada.

Interpretação

O catolicismo brasileiro, nas últimas décadas, caiu de 90,0% (1980), de 73,4% (2000) para 68,3%, no último Censo do IBGE (2010). Há uma grande migração dos fiéis católicos, em sua maioria adolescentes e jovens (12-19 anos), para as Igrejas protestantes e evangélicas neopentecostais que enfatizam muito o sentimento e a ação do Espírito Santo (carismáticos).

A guinada conservadora da Igreja Católica, o medo de inovações, os ritualismos engessados da mesma e a não acolhida de seus fiéis talvez sejam as principais causas dessa migração juvenil, sem falar dos jovens rurais que vêm à cidade, veem-se perdidos e são acolhidos pelas Igrejas evangélicas mais que as católicas.40 O fato de a Bíblia ser o livro mais conhecido atesta o amor que os evangélicos têm pelo livro sagrado. Sobre a importância da Palavra de Deus em nossa vida, assim se expressa o apóstolo São Tiago:

Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla num espelho o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência.41

O sentimento religioso, de fato, se consolida na meditação do texto sagrado, "ele se firma e se desenvolve no constante diálogo entre o homem e a Escritura, diálogo que é o lugar em que se estabelece essa relação com o Divino, centro de toda experiência religiosa".42

Também, no Brasil, crescem o Espiritismo e os orientalismos que talvez mexam mais com o sentimento religioso do coração humano, já que a religião é essencialmente sentimento.43 O fato evidente é que há um grande descontentamento não só com o Catolicismo, mas também com os grupos protestantes históricos que quase não conhecem crescimento.

Crise religiosa juvenil (qq: 15-25)

Abandono da Igreja original e conversão às outras Igrejas

Às questões "O que leva adolescentes e jovens aabandonarem sua Igreja"? (q: 15). "O que os leva a se converterem a outra religião?" (q: 16).

As respostas mais recorrentes foram: influência da família e de amigos (45 sujeitos), divisão nas Igrejas e os prazeres (tentações): 20 sujeitos; falta de liberdade na Igreja (12); insatisfação com a Igreja (9); falta de acolhimento na Igreja (9), falta de fé (8); intervenção divina (7); falta de conhecimento da doutrina (6) e desmotivação (6); satanás (5); drogas (5); discurso ultrapassado dos padres e pastores (5); falta de acolhimento (4); falta de intimidade com Deus (3); dúvidas quanto à existência de Deus (3); incoerência com a doutrina (3) e a sociedade (3). Não responderam 4 sujeitos.

Discussão

São os mais variados tipos de motivação e sentimentos que levam os adolescentes e jovens a deixarem suas Igrejas de pertença e a se converterem a outras Igrejas, sendo bem forte a influência da família e dos amigos nesse tempo do grupo de pares em que a amizade conta muito no processo de autoafirmação de suas personalidades.

Também a insatisfação com a Igreja de origem e o acolhimento personalizado das Igrejas da mudança levam muitos jovens a mudarem de Igreja, entre outros sentimentos e motivações.

Dissertações do Mestrado em Ciências da Religião têm confirmado esses dados acima colocados.44

Interpretações

Entre os sujeitos da amostra, onão desligar-se totalmente da Igreja e, principalmente, dos valores religiosos, garante que a experiência religiosa entre os adolescentes e jovens contribui para uma correta inserção na vida adulta que se aproxima e que tanto vai exigir dos adolescentes e jovens, em nível de conhecimento e sentimentos que os tornem felizes e em paz de consciência.

Os jovens concordam que a religião ajuda a dar sentido à vida material e à vida espiritual.

Há uma crise religiosa entre os jovens da amostra? (q: 17-19)

Dos 120 sujeitos da amostra pesquisada, somente 25 (20,9%) passam por uma crise religiosa enquanto que 91 (75,8%) não se sentem em crise religiosa.

Discussão

Não se notou entre as respostas uma alusão às "experiências de pico" (peak experiences) que os jovens convertidos costumam tersegundo Maslow.45

O fato de a grande maioria não passar por uma crise religiosa, o que não era esperado ante tanta bibliografia a favor dessa crise juvenil46, pode ser explicado pelas motivações na religiosidade juvenil que fazem com que os adolescentes e jovens passem pela adolescência sem o rompimento com suas Igrejas como é o caso da maioria dos sujeitos dessa amostra.

Interpretações

Apesar de a religião ser essencialmente sentimento, há algo de racional nela que faz com que jovens exigentes rompam com ela ou permaneçam nela.

Max Weber reconhecia diferentes tipos de racionalidades no Ocidente cristão capitalista. A religião protestante para Weber é afim ao capitalismo e ela interessa a Weber na medida em que é capaz de formar atitudes e disposições para aceitar ou rejeitar certos estilos de vida ou para criar novos.47

Fizzotti aponta algumas racionalidades juvenis às quais se refere Weber:

— O jovem percebe o valor de seu credo.

— Essa percepção se dá graças ao aspecto evolutivo e dinâmico do desenvolvimento da religiosidade humana.

— Já há uma maturação religiosa no jovem (Piaget, 1976) como resposta às necessidades, às exigências e valores que dão significado à sua vida.

— Ao mesmo tempo emerge no jovem a necessidade de sua autonomia, rompendo, às vezes, com a Instituição eclesial48 (como os 25 sujeitos da amostra).

— Na juventude, a identikit motivacional vai se formando na direção de uma centralidade da "dimensão interior".49

Como se pode observar, são tantas as racionalidades e os sentimentos para se permanecer numa Igreja ou deixá-la, embora o sentimento seja algo que tem um valor muito forte no processo da conversão juvenil.

O afastamento da Igreja traz felicidade? (q: 20)

Perguntados "se o adolescente ou jovem é feliz quando afastado de sua Igreja (q: 20)", a grande maioria (72: 6,0%) diz que não é feliz e somente 35 (29,2%) dizem ser felizes quando afastados de sua Igreja.

Discussão

Como já se viu anteriormente, a pertença adolescente e juvenil é ambígua: uns se sentem felizes quando estão no seio da Igreja e outros se sentem felizes quando rompem com ela.

Quanto à realização pessoal no seu relacionamento com a Igreja, a pesquisa aponta para uma considerada felicidade incompleta por parte dos jovens que se afastam da Igreja (60%).50 Os jovens que pertencem e não se afastam da comunidade de fé (29,2%) atribuem à felicidade completa quando estão envolvidos com Deus, sentindo-se mais seguros, "renovam as forças espirituais", e encontram mais esperança para viver. Não responderam 11%.

Interpretação

Segundo Jung51, o processo de individuação tem dois estágios: primeiro: de 0-35-40 anos e de 40 anos até o fim da vida.

Edinger caracterizou bem as diferenças entre o primeiro e o segundo estágios do processo de individuação, em termos de dialética entre o Ego e o Self:

— Identidade entre Ego e o Self paraísos, jardim do Éden.

— Alienação do Ego em relação ao Self: expulsão do paraíso, Caim.

— Religação do Ego com o Self Jonas, Paulo, Moisés cm Javé.52

O adolescente e o jovem, no processo de maturação religiosa, passam por esse processo de aproximação e de separação das Igrejas.

Religião e vida juvenil: novos conhecimentos, práticas sócio-afetivas-sexuais (q: 21)

Perguntados se "os novos conhecimentos" (teoria do Big Bang, evolucionismo, clonagem, pílula, camisinha) e as "práticas socioafetivas e sexuais" (namoro, "ficar", relações sexuais pré-matrimoniais, danças, festas, bebidas) abalam a fé juvenil construída pela família, catequese e Igreja?

Para 100 sujeitos da amostra, os "novos conhecimentos" não interferem na fé, as "práticas socioafetivas e sexuais" interferem apenas para 31 sujeitos e não interferem para 81 sujeitos.

Discussão

Diante dos dados acima, parece que todas as orientações da família, a catequese da Igreja e a pregação dos padres e pastores tem pouca importância, mostrando esses dados uma grande "subjetividade" dos jovens nessas dimensões, no processo de autonomia e maturação de sua fé (com resquícios ainda infantis) ante as Instituições de fé (Igrejas).

Sobre o jogo entre "subjetividade" e "objetividade", Dürkheim enfatiza a objetividade do mundo institucional enquanto que Max Weber mostra que em toda a objetividade do mundo institucional há a participação da significatividade humana ("subjetividade") que a introduziu.53

Os dados da fé nessa amostra parecem ser guardados na gaveta dos sentimentos quando os dados da ciência (novos conhecimentos) são expostos aos jovens eles os guardam na gaveta do intelecto sem entrar em choque, ao menos para a grande maioria (100 sujeitos), faltando ainda uma visão complementar e integradora da fé.

Interpretação

Será que a aquisição de novos conhecimentos contrastantes com os ensinamentos da Bíblia (evolução x criação, etc.), as práticas socioafetivas e sexuais (beber, fumar, dançar, relações pré-matrimoniais, camisinha, etc.) afetam a fé juvenil de maioria protestante?

O gráfico abaixo mostra a relação entre novos conhecimentos e a fé juvenil.

Quanto às percepções (representações), motivações e atitudes que interferem nas relações entre adolescentes e jovens com suas famílias, com Deus e com sua Religião (q: 22), verifica-se que o jovem vem recebendo influências positivas e negativas por parte da família, dos amigos e da Escola em relação aos novos conhecimentos e às práticas socioafetivas, sexuais e religiosas.

No entanto, como na amostra, a grande maioria (81 sujeitos) não vive a crise religiosa, pode-se afirmar com Dürkheim:

...o fiel que se põe em contato com o seu Deus não é apenas um homem que percebe verdades novas que o descrente ignora, é um homem que pode mais. Ele sente em si a força, seja para suportar as dificuldades da existência, seja para vencê-las.54

Porém se percebe, entre os jovens dessa amostra, "dúvidas quanto às práticas socioafetivas e sexuais" que pouco interferem em sua fé (81 afirmam que não interferem; 31 afirmam que interferem e 8 não responderam).

O percentual dos convictos quanto à fé construída e inabalável diminui para 67,5%, afirmando o restante (32,5%) que há abalos, sendo influenciados pela "família, amigos e pelasociedade"55 bem coerente com a visão de Dürkheim e Max Weber, no jogo entre subjetividade e objetividade do mundo adolescente e juvenil.

Por outro lado, nota-se que os jovens estão deixando de lado alguns "aspectos institucionais sociais considerados ultrapassados", principalmente, quanto às "práticas sexuais" e os "prazeres da vida". Eles sabem associar muito bem essas realidades "sem complexo de culpa".56

Segundo Schleiermacher e Rudolf Otto, a religião não consiste em dissipar um mistério por explicações conceituais e ético-morais. Pois compreender é algo que cabe ao intelecto. Já a intuição do mistério, como mostra Schleiermacher57, é o sentimento humano experimentado diante do mistério. A essa ideia Otto acrescenta que o sentimento é, em si, um modo de conhecimento, um saber diferente.

As "práticas socioafetivas e sexuais" (dançar, beber, namorar, "ficar", ter relações pré-matrimoniais, usar camisinha, etc.) "não interferem" na "fé dos jovens" em Deus e "na pertença" à sua Igreja.58 As pregações moralistas e puritanas de muitos padres e pastores parecem não surtir tanto efeito.

O gráfico abaixo mostra essa situação adolescente e juvenil.

Indagados se "basta só ter fé e amor a Deus" ou é necessário "atuar concretamente na comunidade" (q:22),42 (35,0%) sujeitos responderam que "basta ter fé e amor a Deus", enquanto que 69 (57,5%) afirmaram que são necessárias "ambas as atitudes": ter fé e amor a Deus e atuar concretamente na comunidade de fé.

Discussão

Na amostre de 120 entrevistados, percebe-se que quase % sabem conciliar a dimensão "subjetiva" e "objetiva" de sua fé, solucionando, com o auxilio da religião, os problemas pessoais (subjetividade) e ao mesmo tempo ajudando os mais necessitados (objetividade) como tão bem pediu e fez Jesus (Mt 25,31-46).

Interpretação

Na visão de Peter Berger, a religião tem três funções principais: a legitimação, a integração das experiências e a desalienação.59 Para Berger,

A legitimação religiosa pretende relacionar a realidade humanamente definida com a realidade última, universal e sagrada. As construções da atividade humana, intrinsecamente precárias e contraditórias, recebem, assim, a aparência de definitiva segurança e permanência.60

A segunda função da religião para Berger é: "a integração das experiências marginais (anômicas) ou limites, dando um significado para as crises da existência"61, sendo para Berger a terceira função da religião "a desalienação, relativizando, desmascarando e desencantando o poder humano".62

A maioria dos entrevistados (69 sujeitos) parece ter bem claras essas funções da religião que Berger coloca, enquanto que a outra parte (42 sujeitos) parece não ver isso de modo integrador, vendo só a dimensão de transcendência e esquecendo que a verdadeira religião também se preocupa com a imanência.

Religião sentido da vida eprofissão (q: 23)

Foi perguntado aos entrevistados: "Se a religião ajuda a dar sentido à vida e a exercer eticamente bem uma profissão"?

Os sujeitos da amostra não asseguram plenamente que a "religião possa ajudar a exercer eticamente bem uma profissão (q: 23)", pois, só 71 sujeitos afirmaram positivamente. A religião pode ajudar sim no que diz respeito ao "sentido da vida" já que 101 sujeitos afirmaram positivamente.

A crise religiosa nesta amostra é de uma minoria (25 sujeitos) que se afasta e critica a Igreja por "discordar de algumas doutrinas": ser contra a homossexualidade, multiplicidade de Igrejas, incoerência doutrinária, descontentamento com padres e pastores, aceitando Deus, mas a Igreja Não! (Deus, Sim! Igreja, Não63).

Discussão

Uma das principais funções da religião não é só conservar a vida (primeiro sistema protetor da humanidade), mas também dar sentidos para ela, sentidos esses que estão sob o grande sentido da vida: a Transcendência (Deus).

Os entrevistados percebem muito bem (84,2%) que a religião mostra o sentido da vida, enquanto que a influência da religião na ética profissional, especialmente a nossa ética capitalista, é muito menor, não havendo uma grande integração da fé com o dia a dia das pessoas.

A fé permanece como algo ainda bastante abstrato para muitos dos fiéis de muitas Igrejas que ainda mantém um forte poder alienador sobre seus fiéis, especialmente, as de matiz pentecostal católico ou protestante.

Interpretação

Segundo Berger, a razão dessa dicotomia e incoerência entre fé e vida é que: o pluralismo cria uma condição de incerteza permanente com respeito ao que se deveria crer e ao modo como se deveria viver; mas a mente humana abomina a incerteza, sobretudo no que diz respeito ao que se conta verdadeiramente na vida. Quando o relativismo alcança certa intensidade, o absolutismo volta a exercitar um grande fascínio.64

De fato, os novos movimentos conservadores da Igreja Católica e de outras Igrejas parecem demonstrar essa saturação com o relativismo de nossos tempos, caindo esses movimentos num grande e crasso absolutismo.

Religião, espiritualidade e vida mística (q: 24)

Na penúltima questão, os adolescentes e jovens foram perguntados "se participam de retiros espirituais, acampamentos, grupos de jovens e atividades caritativas (filantrópicas) da Igreja"?

As respostas foram as seguintes: 39 sujeitos participam de retiros, 62 não; 48 participam de acampamentos, 53 não; 68 participam de grupos de jovens, 39 não; 42 participam de atividades filantrópicas da Igreja e 62 sujeitos não.

Discussão

Um bom número de jovens (68 sujeitos) participam de retiros e similares, ficando a grande maioria privada de retiros, acampamentos e atividades filantrópicas, demonstrando essa realidade ainda um grande descaso de padres e pastores por um maior aprofundamento de seus jovens na fé que gera obras65, especialmente na adolescência, período de profundas crises.

Interpretação

A energia biopsíquica da adolescência e juventude poderia muito bem ser canalizada para uma introspecção sadia e interiorização crítica (retiros, acampamentos, experiências de pico) que tirariam os jovens de uma religião eivada de subjetividade e esterilidade social.

Pesquisas mostram que o jovem vê na religião uma ocasião para construir o próprio projeto de vida66, sendo necessário que os líderes religiosos formem uma sólida identificação religiosa no adolescente e jovem67 e os engajem com "os outros-diferentes de si"68, especialmente, os mais necessitados, os "pobres de Javé, em quem Deus se esconde e nos pedem socorro em nossos dias" (Mt 25,31-46).

A última pergunta do Questionário é: "Você se considera uma pessoa espiritual" (q: 25). Dos 120 sujeitos, 74 afirmaram que sim pela crença em Deus, oração a Deus e fazendo o bem e 36 sujeitos acham que não o são. Não responderam 10.

Discussão

Da totalidade da amostra (120 sujeitos), quase % se acham pessoas espirituais talvez não místicas, enquanto que V não se conceba nem como espiritual nem muito menos místico.

Interpretação

Esses dados talvez apontem para uma espiritualidade nascente ou ainda em fase de estruturação. Uma espiritualidade madura e profunda requer tempo e exercícios como os de Santo Inácio de Loyola69 que sugere não uma espiritualidade dicotômica (São Bento: ora et labora: reza e trabalha), mas integradora da vida: contemplativus in actione (contemplativo na ação) que os adolescentes e jovens poderiam muito bem encarnar tanto no processo de estruturação de sua fé quanto na fase de amadurecimento da mesma fé que se espraia e se solidifica no campo comunitário e social.

Considerações teológico-pastorais (sugestões)

Do ponto de vista teológico, a juventude pesquisada, enquanto caminheira para a parusia, está em sua grande maioria marcada pelo infinito amor e pedagogia de Deus pela humanidade que enviou Seu Filho "para que os que n'Ele creem não pereçam nas tenham a vida eterna."70

Essa crença juvenil se caracteriza na amostra por uma frequente relação com Deus e por uma humana fidelidade a Ele, embasadas, mormente no sentimento (pouca razão) e eivadas de ambiguidade e até contradição (idolatrias) como foi sempre a caminhada do homem religioso (de Israel aos nossos dias), especialmente agravada ou não tanto pela crise religiosa da adolescência.

Não é sem razão que o profeta Oseias (2-3) coloca o esposo místico (Javé), levando sua esposa infiel ao deserto para lhe falar ao coração (sentimento). Na pertença religiosa juvenil talvez falte aquilo que o papa Bento XVI coloca em sua encíclica Deus caritas est: "o encontro com um acontecimento, com uma pessoa que dá à vida um novo horizonte e, dessa forma, o rumo decisivo"71, evitando um pouco, em Sua concepção, os antropomorfismos e atenuando ou mesmo anulando a crise religiosa juvenil, especialmente quando a família vive uma espiritualidade autêntica diante de seus filhos crianças e adolescentes como afirma o teólogo brasileiro J. B. Libânio em seu recente livro Juventude e Espiritualidade (2011).72

Ao mesmo tempo em que uma boa estruturação teológico-pastoral da família cristã imanta positivamente os filhos, essa estruturação além de dar rumo aos filhos em todos os horizontes, prepara-os para uma "moral mais realista e engajada" e para uma "estrutura espiritual libertadora" e para uma "atitude ecumênica" que o mundo pluralista e globalizado de hoje exige como bem asseguram Hans Küng (2004) e o I Congresso Intercultural de Teologia Moral realizado, em 2006, em Pádua, Itália no qual R. Zacharias, teólogo brasileiro, fala de uma Teologia Moral para a América Latina.73

Acontecendo isso, a cultura da subjetividade não será tão exacerbada como em nossos dias e a atuação dos jovens cristãos se parecerá mais com o agir de Jesus Cristo que veio não para julgar e discriminar, mas para servir e libertar os oprimidos e necessitados.74

Pastoralmente, diante de tudo que foi exposto neste relatório, chegou-se, sinteticamente, às seguintes constatações abaixo relacionadas com sugestões de ações educativas e pastorais por parte das Instituições sociais (famílias, escolas, Igrejas) em vista de uma formação integral e madura da fé dos adolescentes e jovens recifenses e brasileiros:

    1. As famílias e as Igrejas precisam rever a própria postura diante da adolescência e da juventude para atingirem, com mais eficiência, os adolescentes e jovens, sobretudo nas áreas periféricas da Região Metropolitana do Recife, ofere-cendo-lhes uma evangelização realista, retiros espirituais, acampamentos e obras sociais onde possam gastar suas energias e serem úteis aos mais necessitados, diminuindo o afastamento da Instituição religiosa (Deus, Sim! Igreja, Não!)

    2. Faz-se necessário refletir e possibilitar possíveis estratégias psicossociais e religiosas, espirituais e místicas que ajudem adolescentes e jovens a uma vivência religiosa mais realizadora e estável com extensão no campo pessoal, familiar, social e filantrópico.

    3. A insegurança, o descrédito, a insatisfação e os maus exemplos de líderes religiosos (padres, pastores, etc.) motivam a crise religiosa e uma nova caracterização psicossocial e religiosa da fé e da pertença religiosa dos adolescentes e dos jovens entrevistados e que o último Censo de 2010 constatou que a grande massa de convertidos ao protestantismo e às Igrejas evangélicas se dá na faixa etária de 12 a 19 anos75, período da crise adolescente e juvenil.

    4. As famílias, as escolas e as Igrejas ainda não estão preparadas para lidar com a religiosidade adolescente e juvenil em sua fase de passagem da heteronomia para a autonomia, não adquirindo uma formação adequada em nível psicológico, social e religioso para entender e orientar realisticamente (estágios do desenvolvimento e da fé) seus filhos, alunos e fiéis adolescentes e jovens.

    5. Tanto as Igrejas como as instituições de ensino ainda não contemplam, em seus regimentos, medidas que auxiliam a vivência religiosa adolescente e juvenil de forma mais estável, socializadora, transformadora e libertadora do homem e da sociedade hodiernos.

    6. A transcendência de Deus não é substituída nessa amostra pela transcendência do homem (adolescentes e jovens), mas mister se faz inundar a imanência com a Transcendência de um Deus encarnado (Cristo) para que adolescentes e jovens santifiquem o mundo e façam a criação transcender como um todo para o novo céu e para a nova Terra: a plenitude, a parusia!76

CONCLUSÃO

Quais são as características principais dos jovens pesquisados nessa amostra? Em que pontos eles confirmam ou não a literatura atual sobre a juventude que vive uma crise religiosa de pertença na passagem da heteronomia (infância) para a autonomia (adolescência, juventude)?

A amostra se caracteriza, em nível de pertença, por uma maioria protestante, tendo a nossa pesquisa se antecipado em relação à pertença religiosa ao Censo do IBGE (2010) que confirma a maioria protestante na Região Metropolitana do Recife. De fato os católicos são apenas 45% na grande Recife.

Por que os católicos se tornaram minoria na Região Metropolitana do Recife? E por que o catolicismo perde tantos fiéis no Brasil de Norte a Sul, especialmente, nas Regiões Metropolitanas?

A falta de acolhimento da Igreja Católica, a falta de uma sólida catequese familiar e eclesial, o enfatizar alienante dos sentimentos (carismáticos!), os escândalos dos membros da Igreja, principalmente a pedofilia, a existência de bispos mais algozes que pastores para os fiéis, entre outros fatores, afastaram tantos jovens da Igreja Católica, ingressando esses jovens em Igrejas, muitas vezes, alienantes (Assembleia de Deus, Igreja Universal do Reino de Deus, Renascer em Cristo, Brasil para Cristo, entre outras).

As experiências psicossociaise afetivas (relações pré-matrimoniais, uso da camisinha, dançar, beber, entre outras práticas) não causam problemas de consciência na maioria dos jovens entrevistados, conciliando tudo (pregação dos pastores e vida profana) de modo admirável sem problema de consciência, fenô-meno bem típico de um mundo pluralista e globalizado ao qual os adolescentes e os jovens facilmente se adaptam.

As novas descobertas científicas (evolução, biotecnologia) também não afetam a fé desses jovens, que parecem não ter a sua fé abalada, descortinandose, talvez, uma abertura ao pluralismo também religioso.

A experiência religiosa não deve anular os momentos de prazer e diversão dos jovens. Sente-se, no entanto, que, mesmo entre os jovens mais engajados, há ainda certo conflito de consciência.

Em relação à nova matriz psicossocial e religiosa, não há grandes dicotomias entre a vida psicoafetiva e a religiosa dos 120 sujeitos entrevistados ante o mundo secularizado e a cultura juvenil da subjetividade, parecendo conciliar ambos os campos de modo tranquilo.

Os dados tão propalados na literatura sobre o ateísmo adolescente e juvenil hodierno talvez seja realidade de jovens de outros países (e talvez de outras amostras no Brasil), mas não dos sujeitos desta amostra, que integram mais as Igrejas pentecostais e evangélicas, embora o último Censo do IBGE detectou um crescimento do ateísmo (7,0%), no Brasil, em relação ao outro Censo (2000) que foi de 4,0%.

Em síntese, os jovens entrevistados são religiosos ao seu modo, frequentando mais ou menos as suas Igrejas, havendo pouco desligamento da Instituição religiosa (Deus, Sim! Igreja, Não!) e conciliando os valores mundanos com a fé de suas Igrejas, vivendo uma espiritualidade pessoal e um relacionamento com Deus bem típicos da cultura da subjetividade, confirmando em parte a literatura sobre a crise adolescente e juvenil da fé e da pertença religiosa.

Apesar de a maioria dos jovens ser protestante, a vida deles já não está tão dependente da pregação quase sempre puritana e condenatória, especialmente por parte dos pastores protestantes e padres de uma Igreja com retrocessos tridentinos.

Que o Espírito Santo nos ajude a avançar com a juventude na construção de um futuro melhor para as Igrejas cristãs do Brasil e da América Latina!


Rodapé

1Instituto Antonio Houaiss, Dicionário Houaiss de língua portuguesa, 2531.
2Habermas e Ratzinger, Dialética da secularização, 52.
3Vattimo, Credere di credere, 78.
4A New Age tem exercido uma grande influência nesse estado de coisas, principalmente, criando uma visão cósmica dos deuses (Deus), despersonalizando-os e os tornando-os "mágicos" e "misteriosos" (Fizzotti, Religione o terapia? 24-25).
5Inhelder e Piaget, Da lógica da criança à lógica do adolescente.
6Cfr. Manning (1981); Tamminen (1991); Fizzotti (1995); Novaes e Vanucchi (2003), apud Libório, A existência humana e a dimensãopsicorreligiosa.
7Tamminen (1991) apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 18.
8Piaget, O julgamento moral na criança.
9Fowler (1981) apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 15.
10Makhoul-Mirza (1992) apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 16.
11Francis (1979) apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 17.
12Fizzotti, Verso una psicologia della religione, Vol. 1.
13Tamminen (1991) apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 18.
14Fizzotti (1992) apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 23.
15Mion (1993) apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 58.
16Dahlin (1990) apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 112.
17Hyde, "Adolescents and Religion", 119-161.
18Milanesi (1970) apud Libório A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 23.
19Luckmann apud Martelli, A religião na sociedadepós-moderna: entre a secularização e a desse-cularização, 305.
20Juvenil: incluindo adolescentes e jovens.
21Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE.
22Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, Síntese de Indicadores sociais2000, 253-257.
23Noticiários Nacionais (Jornal Nacional) - 1° semestre de 2011.
24Apud Fizzotti, Verso una Psicologia della religione, Vol. I.
25Strang apud Hurlock. Desenvolvimento do adolescente, 341.
26Catalan, O homem e sua religião: enfoque psicológico, 77.
27Mota, "Experiência religiosa juvenil numa cultura da subjetividade", 95.
28Morano, Orar depois de Freud, 74.
29Freud, Totem e tabu.
30Palmer, Freud e Jung: sobre a religião, 47.
31Silvestri apud Liborio, A existencia humana e a dimensão psicorreligiosa, 21.
32Jung, Psicologia e religione, 1939.
33Vergote (1981) e Beccatini (1987) e Greeley (1981) apud Liborio, A existencia humana e a dimensão psicorreligiosa, 22.
34Milanesi e Aletti, Psicologia della religione, 132-227.
35Hyde, "Adolescents and Religion", 130.
36Nas periferias do Recife, é maciça a presença de várias Igrejas protestantes e evangélicas, especialmente, de matiz pentecostal: Assembleia de Deus (a que mais cresce), Igreja Universal do Reino de Deus (que está em toda parte), Brasil para Cristo e tantas outras.
37No Brasil, nos últimos 20 anos, o Catolicismo vem perdendo fiéis para as Igrejas evangélicas, tendo sido a porcentagem dos católicos, em 2000, 73,3% e, em 2010, 68,3% de católicos, havendo a migração para as Igrejas evangélicas principalmente de adolescentes e jovens entre 12 e 19 anos, sendo os protestantes já maioria na Região Metropolitana do Recife segundo o último Censo do IBGE (2010).
38Provavelmente, por já terem rompido na adolescência com a sua Igreja de pertença ou não terem sido educados na dimensão religiosa.
39Pode-se constatar, conforme os dados acima apresentados, uma coerência com o último Censo de 2000 realizado pelo IBGE, que ouviu 3.501 jovens entre 15 a 24 anos, quando divulgou que apenas 1% (dos entrevistados) declarou ser ateu (Abramo, H. W. e Branco, Retratos da juventude brasileira: Análises de uma pesquisa nacional).
40Libânio, Jovens em tempo depós-modernidade: considerações socioculturais epastorais, 2004.
41Cfr. Tg 1,22-24.
42Meslin, A experiência humana do divino: fundamentos de uma antropologia religiosa, 99.
43Ceris, Desafios do catolicismo na cidade; Abramo e Branco, Retratos da juventude brasileira.
44As Dissertações de Janice Marie Smrekar Albuquerque e Maristela Ferreira Veloso.
45Apud Fizzotti, Verso una Psicologia della religione, I, 186.
46Milanesi, Oggi credono così, 375; Milanesi e Aletti, Psicologia della religione, 211; Fizzotti, Verso una psicologia della religione, I, 121-123.
47Weber, Etica protestante e o espírito do capitalismo, 11.
48Fizzotti apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 97.
49Watson e Morris e Wood apud Libório, A existência humana e a dimensão psicorreligiosa, 98.
50Podendo isso ser tomado como indício da crise religiosa, em nível pessoal e de consciência.
51Jung, L'Io e l'inconscio, 85.
52Edinger, Ego and Archetype apud Palmer, Freud e Jung: sobre a religião, 186.
53Dürkheim e Weber apud Teixeira, Sociologia da religião, 221.
54Dürkheim, Formas elementares da vida religiosa, 459.
55Enderle, Psicologia da adolescência: uma abordagempluridimensional, 28.
56Libânio, Jovens em tempo depós-modernidade, 2004.
57Schleiermacher e Otto apud Meslin, A experiência humana do divino, 1992.
58Martelli, A religião na sociedadepós-moderna: entre a secularização e a dessecularização, 283.
59Teixeira, Sociologia da religião, 230-233.
60Berger, O dossel sagrado. Por uma teoria sociológica da religião, 48-49.
61Ibid.
62Idem, Rumor de anjos, 214.
63Hyde, "Adolescents and Religion", 119-161.
64Berger apud Teixeira, Sociologia da religião, 238.
65Tg 2,20.
66De Carli, L'uomo e i suoi limiti, 185-190; Fizzotti, Verso una psicologia della religione, 121123; Mion, "La religione dei giovani dopo il crollo delle ideologie", 5-26.
67Milanesi, Oggi credono così, 202.
68Fizzotti, Verso una psicologia della religione, 131-138.
69Mota, "Experiência religiosa juvenil numa cultura da subjetividade", 93-116.
70Jo 3,16.
71Bento XVI, Deus caritas est. 1.
72Libânio, Juventude e espiritualidade.
73Zacharias apud Keenan, Etica teologica cattolica nella Chiesa universale, 167-178.
74Lc 4,16-22.
75Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, Síntese dos indicadores sociais de 2010.
76Ap 21,1-2.


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