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Theologica Xaveriana

Print version ISSN 0120-3649

Theol. Xave. vol.63 no.175 Bogotá Jan./June 2013

 

Poderes e solidariedade: Foucault no colégio apostólico*

Poderes y solidaridad: Foucault en el colegio apostólico

Power and solidarity: Foucault and the Apostolic College

Luiz Alexandre Solano Ross**

*Este artigo de reflexão é resultado de investigação a partir de uma das linhas de pesquisa que o autor mantém no programa de mestrado em Teologia da Pucpr. Recibo: 23-10-12. Evaluación: 28-11-12. Aprobación: 31-01-13.
**Pósdoutor em Teologia, Fuller Theological Seminary, Califórnia, e em História Antiga, Universidade Estadual de Campinas, Unicamp. Professor-adjunto no programa de pós-graduação do Mestrado em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Pucpr. Correio eletrônico: luizalexandrerossi@yahoo.com.br


Resumen

Objetivo do artigo é abordar Marcos 10,32-45 com as ferramentas teóricas da teologia bíblica e da teoria analítica do poder de Foucault. A metodologia utilizada é de ordem bibliográfica a partir do diálogo das pesquisas sobre Marcos, a sociedade mediterrânea do primeiro século e textos de Foucault sobre o poder. Percebe-se conclusivamente que ao mesmo tempo em que os discípulos de Jesus procuram reproduzir as relações de poder, Jesus propõe um contra-discurso afim de vislumbrar o poder como solidariedade a favor da comunidade. A intervenção de Jesus introduzirá um discurso de renúncia à aspiração ao poder assim como uma opção fundamental pelo serviço e pela solidariedade. Diante de dois modelos de concepção e prática do poder veremos uma proposta de inversão dos valores que vigoravam em uma sociedade marcada visceralmente pelas ambições.

Palavras-chave: Poder; autoridade; cristianismo, sociedade, domínio.


Resumen

El objetivo del artículo es abordar el texto de Mc 10,32-45 con las herramientas teóricas de la teología bíblica y de la teoría analítica del poder de Foucault. La metodología utilizada es de orden bibliográfica a partir del diálogo de las investigaciones sobre Marcos, la sociedad mediterránea del siglo primero y textos de Foucault sobre el poder. Se percibe concluyentemente que al mismo tiempo en que los discípulos de Jesús buscan reproducir las relaciones de poder, Jesús propone un contradiscurso, con el fin de vislumbrar el poder como solidaridad en favor de la comunidad. La intervención de Jesús introducirá un discurso de renuncia a la aspiración al poder así como una opción fundamental por el servicio y por la solidaridad. Ante dos modelos de concepción y práctica del poder veremos una propuesta de inversión de los valores que se fortalecían en una sociedad marcada visceralmente por las ambiciones.

Palabras clave: Poder, autoridad, cristianismo, sociedad, dominio.


Abstract

This paper aims at discussing the text of Mark 10,32-45 under the scope of the Biblical Theology andFoucault's analytical theory of power. The methodology of this study corresponds to a bibliographical order based on contributions from research on Mark, Mediterranean society in the first Century and Foucault's texts on power. Results show that while Jesus' disciples seek for power, Jesus proposes a counterargument in order to turn power into solidarity for the community. Jesus intervention brings a discourse about resignation to power and about service and solidarity. These two approaches towards power demonstrate how values that were quite rooted in an ambitious society could be challenged.

Key words: Power, authority, Christianity, society, domination.


Introdução

A situação descrita no Evangelho de Marcos 10,32-45 remete-nos a uma contradição que não apenas caracteriza as relações interindividuais ligadas ao mediterrâneo, mas, também, permite a reflexão a partir de categorias que são próprias à sociedade contemporânea. A noção de poder continua atualíssima e tema sempre crescente nos debates não apenas do ponto de vista teórico mas, também como algo que faz parte intrínseca de nossas experiências.

O texto em questão retrata um diálogo/discurso acerca do poder e de suas relações que suscita competição e discórdia no corpo apostólico. A intervenção de Jesus introduzirá uma proposta/discurso de renúncia à aspiração ao poder assim como uma opção fundamental pelo serviço e pela solidariedade. Diante de dois modelos de concepção e prática do poder veremos uma proposta de inversão dos valores que vigoravam em uma sociedade marcada visceralmente pelas ambições. O jogo do poder também estava presente na comunidade de Jesus e seus discípulos procuravam reproduzir aquilo que já era comum ao tecido social.

Devo esclarecer que ao falar de discurso estou utilizando a definição de Júlia Miranda que chama de "discurso não qualquer fragmento de linguagem, mas toda combinação de gestos, palavras (escritas ou não) e imagens que implicam uma ação, que diz alguma coisa sobre algo e que é reconhecida como portadora de sentido no interior de uma comunidade de linguagem".1 E Sheridan afirma que "o discurso transmite, produz e reforça o poder; ao mesmo tempo em que o mina, o expõe e pode mesmo bloqueá-lo".2 Nesse sentido, a fim de estudar um texto antigo, como a perícope no Evangelho de Marcos, utilizo o conceito de "arqueologia" de Foucault com o objetivo de descobrir por que e como se estabelecem relações entre os acontecimentos discursivos. Em Foucault, ao olhar o passado busca-se interpretar o presente:

Se faço isso, é com o objetivo de saber o que somos hoje. Quero concentrar meu estudo no que nos acontece hoje, no que somos, no que é nossa sociedade.
Penso que há, em nossa sociedade e naquilo que somos, uma dimensão histórica profunda e, no interior desse espaço histórico, os acontecimentos discursivos que se produziram há séculos ou há anos são muito importantes. Somos inextri-cavelmente ligados aos acontecimentos discursivos. Em um certo sentido, não somos nada além do que aquilo que foi dito, há séculos, meses, semanas.3

No âmbito religioso Orlandi assim representa o poder:

Como a relação com o sagrado revela, entre outros fatores, a relação do homem com o poder, no caso, com o poder absoluto, a ilusão da reversibilidade toma apoio na vontade de poder. Essa vontade aponta para a ultrapassagem das determinações (basicamente de tempo e espaço): ir além do visível, do determinado, daquilo que é aprisionamento, limite. Ter poder é ultrapassar. E ter poder divino é ultrapassar tudo, é não ter limite nenhum, é ser completo.4

Boff complementa dizendo:

...o poder, indiferentemente o signo sob o qual ele vem exercido, seja cristão ou pagão, sagrado ou secular, segue imperturbável a mesma lógica interna de querer mais poder, de ser um dinossauro insaciável e de submeter tudo e todos aos próprios ditames do poder.5

O exercício do poder seria o que mais próximo teríamos de nos transcender e, dessa forma, deixar de ser "humano" e nos projetarmos para além de nós mesmos, a fim de vivermos a ilusão do divino - pelo menos do poder divino. Nesse sentido, o poder exercido sobre os outros e a favor de si mesmo teria a condição de divinizar seu "possuidor" e, simultaneamente, colocar todos os outros em condições de inferioridade e de incapacidade extrema. Com o poder e através do poder o sujeito não apenas seria "sujeito de si mesmo" mas com capacidade de ser "sujeitar todos os outros", isto é, teria a capacidade de determinação do outro.

Seguindo a percepção de Malina, "viver com os outros requer, inevitavelmente, uma percepção de como nossa vida é controlada pelos outros e de como abordar esses outros que controlam nossa vida".6 Não há como negar que somos seres relacionais e, no grande tecido social em que vivemos, é inevitável refletir sobre as múltiplas maneiras pelas quais inserimos nas relações interindividuais dimensões do poder que fragilizam a rede e a levam ao ponto de rompimento. Estaríamos, portanto, condenados à enfermidade do poder?

Vamos ao texto:

Jesus e seus discípulos estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia na frente. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Jesus chamou de novo os Doze à parte e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: "Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão e o entregarão aos pagãos. Vão caçoar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará." Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: "Mestre, queremos que faças por nós o que vamos te pedir." Jesus perguntou: "O que vocês querem que eu lhes conceda?" Eles responderam: "Quando estiveres na glória, deixa-nos sentar um à tua direita e outro á tua esquerda." Jesus então lhes disse: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso vocês podem beber o cálice que eu vou beber? Podem ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?" Eles responderam: "Podemos." Jesus então lhes disse: "Vocês vão beber o cálice que eu vou beber, e vão ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É Deus quem dará esses lugares àqueles, para os quais ele preparou." Quando os outros dez discípulos ouviram isso, começaram a ficar com raiva de Tiago e João. Jesus chamou-os e disse: "Vocês sabem: aqueles que se dizem governadores das nações têm poder sobre elas, e os seus dirigentes têm autoridade sobre elas. Mas, entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos."

Jesus e seus discípulos: poderes no colégio apostólico

Bortolini afirma que essa perícope é o terceiro anúncio da paixão que é acompanhada de uma terceira reação estranha dos discípulos (8,31-38; 9,30-37).7 Parece que nesses relatos encontramos uma espiral de ganância e de ambição. Trata-se de textos que insinuam uma perspectiva crescente, ou seja, em Marcos 8,31-38, Pedro não aceita um Messias despojado de poder; em Marcos 9,30-37, os discípulos discutem para saber quem é o maior; e em Marcos 10,32-45, desencadeia-se verdadeira fúria diante da reivindicação dos postos mais elevados.

A ação de Jesus se desenrola quando estava a caminho de Jerusalém. É importante ressaltar a expressão peculiar utilizada pelo autor do evangelho: "subir para Jerusalém" significa muito mais do que uma simples jornada com o objetivo de chegar a um determinado lugar. Não podemos nos esquecer do que representa simbolicamente a cidade de Jerusalém no imaginário de Jesus e de seus discípulos.

Em Jerusalém se concentra "a expectativa do confronto com as elites religiosas, sacerdotais, farisaicas e latifundiárias sediadas em Jerusalém e vinculadas ao Templo, e o confronto com a morte".8 E Reimer ratifica dizendo que Jesus "a caminho de Jerusalém tirou o véu do sistema de ocupação, mostrando como são suas relações de dominação e violência".9

Resumidamente, é possível dizer que a missão de Jesus aconteceu no Império Romano, mais especificamente no mediterrâneo oriental, onde o poder romano partilhado pelas elites locais fez da crueldade e da extorsão parte da vida diária. Malina chega a afirmar que no

...sistema imperial romano, a aplicação do poder era para beneficiar as elites e seus servos pela aquisição adicional de terra e seus produtos. A principal manifestação desse poder era a extorsão periódica necessária para a proteção romana em um sistema de tributação para o benefício das elites.10

É vital relembrar que o Império Romano era formado de muitas nações pequenas como a Palestina, que fora conquistada em 64 a.C. Para alcançar o domínio sobre tão grande e vasto território, o imperador contava com a aristocracia nativa já estabelecida em cada país para manter o domínio colonial.

E, segundo, Maloney, o governante e seus subordinados aristocratas formavam apenas um ou dois por cento da população. Ele acrescenta:

A classe baixa incluía os camponeses lavradores (oitenta por cento da população) juntamente com outros de três a sete por cento que manufaturavam tudo que era necessário para lavrar a terra (os artesãos) ou que desempenhavam as tarefas servis e perigosas, como mineração ou sepultamentos. Bem na base da pirâmide social havia o que os sociólogos chamam de "classe sacrificável", cerca de cinco a dez por cento da população que não tinha nada. Eram sem teto e itinerantes, tendo sido forçados pela doença ou incapacidade, mas principalmente por dívidas, a sair da terra que lhes pertencia. Muitos se tornavam bandidos e ficavam à espreita em cavernas solitárias para atacar ricas caravanas de mercadorias que se dirigiam para os redutos das cidades dos abastados. Outros simplesmente mendigavam para se sustentarem.11

Certamente que o povo no tempo de Jesus, incluindo é claro seus discípulos mais próximos, reproduzem de alguma maneira as expectativas que eram próprias à época. Poderíamos representá-lo com as seguintes características:

- Do ponto de vista económico reflete a falta de terra, a exploração no trabalho, a convivência com o desemprego e a mendicância, e a cobrança intensa de tributos.
- Do ponto de vista político reflete a condição de um povo dominado, traído por seus líderes, dividido em si mesmo, reprimido pelas forças imperiais, mas, sempre exercendo ações de resistência;
- Do ponto de vista religioso reflete a condição de um povo abandonado por seus líderes religiosos e, conseqüentemente, vivem desorientados e faltando-lhe expectativa quanto ao presente e ao futuro.

O movimento iniciado por Jesus pode ser caracterizado por um movimento de "transformação e resistência", cultivada em contexto "familiar e comunitário".12 Diríamos, até mesmo, uma forma de resistência contra as diferentes formas de poder. Um movimento que emerge a partir da periferia, reúne trabalhadores, pessoas pobres e que leva em consideração a partilha do pouco que se tem à disposição.

Pagola é taxativo ao afirmar: "Quando Jesus fala dos pobres, está se referindo aos que não têm nada pessoas que vivem no limite, os expropriados de tudo, os que estão no outro extremo das elites poderosas. Sem riqueza, sem poder e sem honra".13 Nesse sentido, Jesus é portador de uma "práxis crítico-libertadora"14 relativamente a possíveis personagens centrais tais como o pai na família patriarcal, o governador local em um reino ou o imperador no império. Em todos esses casos, "a estrutura social tinha a ver com o poder, daí estar baseada em dimensões verticais".15

Não podemos nos esquecer que as palavras de Jesus devem ser lidas, compreendidas e interpretadas a partir de seu transfundo social, político, económico e cultural. Nesse sentido, ao se opor de forma consciente a um determinado tipo de comportamento de exercício de poder dos detentores de poder, ele o faz refletindo e repercutindo o poder político de sua época.

A chave de leitura de um texto bíblico deve, necessariamente, dar relevância ao "tempo" e "lugar" das manifestações discursivas. Nesse caso, os discursos e performances de Jesus aconteceram dentro de certas fronteiras bem delimitadas no que se refere à política, religião, sociedade e economia. Reimer, seguindo essa mesma pressuposição, destaca:

Jesus toma os poderes políticos vigentes como referência para a elaboração de sua proposta de inversão de valores, relação de poder e de hierarquias. Aqui, há denúncia política e económica. Os que exercem domínio sobre os povos estabelecem ligações patriarcais, e os grandes tratam o povo com violência.16

A construção dos discursos de Jesus seria, nesse caso, uma reação aos discursos construídos por aqueles que exerciam o poder. Jesus age e reage a partir da estrutura de seu mundo. Ao não se alienar e, de fato, assumir sua condição de pobre entre os pobres, insere na ordem do dia uma possibilidade de comportamento capaz de colocar fim ao espiral de violência.

E mesmo que pensemos a história da recepção das palavras de Jesus nas comunidades primitivas, ou seja, posteriores a Jesus, deveríamos concluir que

...seus transmissores estavam conscientes do potencial de crítica social desta exigência e que também viam a comunidade cristã como o lugar em que estas estruturas de superioridade e inferioridade que determinavam a sociedade estavam fundamentalmente superadas.17

Percebe-se que as comunidades pós-Jesus assumiram a concepção de poder por ele deixada como uma característica identitária de seu movimento.

Existe no relato um jogo de palavras que poderia ser resumido a partir das categorias de "saber" e não saber" implícitas ou não no discurso. Jesus repreende os dois discípulos -Tiago e João- porque eles "não sabem" o que pedem. Mas, provavelmente, "sabem" como agem tanto os poderosos quantos aqueles possuídos pela ideologia dominante, pois, afinal, eles são produtos de sua própria época. Reproduzem a partir de suas próprias vidas uma compreensão acerca do poder que era própria àqueles detentores do poder.

Entre o não saber e o saber, os discípulos se identificam com aqueles sujeitos que são próprios à sociedade e sua respectiva estrutura social na qual vivem. Na resposta de Jesus fica em evidência "o uso do poder como instrumento de dominação e tirania". Nesse sentido, entre o saber e não saber dos discípulos, Jesus se apresenta como aquele que "sabe-sabe" as relações de poder tanto relativamente ao exercício do poder pelos poderosos quanto a partir de sua incipiente proposta comunitária marcada pelo serviço como caminho da libertação.

Exatamente por isso que, de acordo com Bortolini, os discípulos poderiam pedir qualquer coisa com exceção dos postos e poderes privilegiados pois, nesse caso, eles pediriam "o poder, esse poder que pode matar".18 Quem segue a Jesus não pode ter um projeto paralelo ou contrário ao seu!

Todavia, a falta de compreensão não reside apenas nos dois discípulos que ousadamente utilizam da palavra para fazer a reivindicação. A reação dos outros dez parece indicar que o privilégio particular requerido pelos dois encontrava eco também neles. Nesse caso deveríamos entender e perceber o poder através do modelo relacional, isto é, "o poder é uma relação de forças ou antes, toda relação de força é uma relação de poder".19 Na perspectiva foucaultiana poderíamos dizer:

O que caracteriza o poder que estamos analisando é que traz à ação relações entre indivíduos (ou entre grupos). Para não nos deixar enganar; só podemos falar de estruturas ou de mecanismo de poder na medida em que supomos que certas pessoas exercem poder sobre outras. O termo 'poder' designa relacionamentos entre parceiros (e com isto não menciono um jogo de soma zero, mas simplesmente, e por ora me referindo em termos mais gerais, a um conjunto de ações que induzem a outras ações, seguindo-se uma às outras.20

Poderíamos até mesmo estranhar o fato de os discípulos mais próximos de Jesus discutirem a respeito de uma questão "profana". O problema talvez resida em que a maioria das pessoas pense o poder como sendo uma propriedade ou uma possessão. E, na verdade, o poder está em todo lugar. Nas palavras de Sheridan, "o poder é onipresente", mas sua onipresença não se dá porque traga tudo sob sua unidade invencível, mas porque ele é "produzido" a todo o momento.21

Pela virtude de sua universalidade ele é capaz de circular todo o corpo social não importa onde esteja e de quais pessoas se constitui. Ninguém escapa a ele e a ninguém é autorizado a criminalizá-lo. O que caracteriza o poder que estamos analisando é que este coloca em jogo as relações entre os indivíduos. Dele, isto é, do poder, não escapamos. Ainda que muitos tentem fugir das discussões ao redor do poder como se ele não o atingisse, certo é que a oni-presença do poder e suas inevitáveis relações se apresentam diariamente seja a construção de dependência ou a construção de mutualidade.

Em Vigiar e Punir encontramos uma passagem altamente esclarecedora:

Ora, o estudo desta microfísica supõe que o poder nela exercido não seja concebido como uma propriedade, mas como uma estratégia, que seus efeitos de dominação não sejam atribuídos a uma "apropriação", mas a disposições, a manobras, a táticas, a técnicas, a funcionamentos; que se desvende nele antes uma rede de relações sempre tensas, sempre em atividade, que um privilégio que se pudesse deter; que lhe seja dado como modelo antes a batalha perpétua que o contrato que faz uma cessão ou uma conquista que se apodera de um domínio. Temos, em suma, que admitir que esse poder se exerce mais do que se possui, que não é "privilégio" adquirido ou conservado da classe dominante, mas o efeito conjunto de suas posições estratégicas - efeito manifestado e às vezes reconduzido pela posição dos que são dominados.22

Além dessa observação poderíamos ir mais além e afirmar que as relações de poder porque necessariamente acontecem em um campo aberto de possibilidades conduz a espaços de resistência, de alternativas e, também de transformação. Elementos esses que também poderíamos perceber como constitutivos da própria definição de poder e, no texto bíblico em análise, encontramos dois dos discípulos que desejam o poder, um outro grupo que resiste imperativamente ao desejo daqueles dois em possuir o poder (pois o próprio grupo quereria viver a onipotência exclusiva do poder) e, finalmente Jesus, que pensa em transformar a maneira de se pensar e viver o poder a partir das relações interindividuais que conduzem a relações de fraternidade e de bem-estar.

A possibilidade de resistência, portanto, se faz presente na análise de Foucault:

Que lá onde há poder há resistência e, no entanto (ou melhor, por isso mesmo) esta nunca se encontra em posição de exterioridade. Não existe, com respeito ao poder, um lugar de grande recusa - alma da revolta, foco de todas as rebeliões, lei pura do revolucionário. Mas sim, resistências no plural, que são casos únicos: possíveis, necessárias, improváveis, espontâneas, selvagens, solitárias, planejadas, arrastadas, violentas, irreconciliáveis, prontas ao compromisso, interessadas ou fadadas ao sacrifício; por definição não podem existir a não ser no campo estratégico das relações de poder. Elas não são o outro termo nas relações de poder; inscrevem-se nestas relações como interlocutor irredutível.23

O discurso a respeito do poder presente na reivindicação dos dois discípulos evoca, na verdade, a maneira como a totalidade do corpo apostólico compreendia a concepção de poder. Nessa perspectiva, o discurso daqueles dois é representativo de todos os discípulos mesmo que a maioria, num primeiro momento, não tenha se manifestado claramente. Se os dois discípulos externam sua ambição de participar e usufruir do poder de Jesus, os dez discípulos inquie-tam-se porque poderiam perder um espaço de vivência de poder que também era importante aos olhos deles. Não existe diferença aparente entre eles.

É exatamente por isso que Jesus, ao apresentar uma espécie de síntese do que ele entende por poder e como ele se traduz nas relações do cotidiano, chama todos eles! Onde há poder, há resistência, não no sentido de uma força exterior e contrária, mas por causa da própria existência do poder. A totalidade do colégio apostólico sofre de uma crónica incapacidade de compreensão do significado do poder. Todos estão, definitivamente, contaminados pela pelo desejo de poder.

Jesus contrapõe possivelmente dois modelos. O primeiro dos modelos é retirado da sociedade em que viviam, isto é, ele se refere aos chefes das nações e a seus grandes. A esse respeito Soares e Correia afirmam que no discurso de Jesus "transparece que o exercício do poder tem uma força sedutora que induz à prática da opressão e da tirania".24 No Evangelho de Marcos "a própria condição de chefes das nações seria a expressão de um sistema de concentração de poder, dominação e exploração".25

Contudo, deve-se advertir que o modelo de Jesus não trata de mera substituição de senhores poderosos antigos por novos senhores poderosos e, dessa forma, dar continuidade a um modelo sócio-político de criação e de manutenção de novos servos. A proposta de Jesus reproduz a mais bela das teologías bíblicas que nascem a partir da pressuposição de que Deus age desde baixo ou, ainda, desde o reverso da história. Na literatura do Primeiro Testamento encontramos um dos mais radicais textos da Bíblia que trata, justamente, da opção de Iahweh pelos escravos do Egito e não como seria o esperado, uma opção pelo rei do Egito, como era comum nas religiões do antigo Oriente Próximo.

Trata-se, na verdade,

...da mudança de uma mentalidade que sempre dá origem a condições de dominação e de dependência e situações de concorrência. As palavras de Jesus visam uma sociedade em que a dominação de homens sobre homens seja substituída pelo serviço incondicional de cada um ao outro.26

Se, como afirma Balandier "o poder é sacralizado porque toda sociedade afirma sua vontade de eternidade e teme o retorno ao caos como realização da própria morte"27, o discurso de Jesus procura "dessacralizar" uma determinada ordem que ao se pensar absoluta cria relações de hierarquia e de vitimização. Jesus olha para a realidade como se ela fosse "provisória", isto é, aberta a transformações.

Enquanto que os governantes olhavam para a mesma realidade em que exerciam o poder como se fosse "absoluta" e, nesse caso, impossível de qualquer alteração. O poder absoluto exercido pelos reis e governante exige uma ordem imutável pois, nela, não haveria quaisquer possibilidades de questionamentos e/ou possibilidade do caos primigênio novamente emergir.

Jesus, contrariamente ao que se podia perceber nas relações naturalizadas pelo cotidiano, propõe uma radical inversão nas relações de poder. A partir dessa perspectiva, as "lideranças devem servir como diáconos e servos, o que caracteriza a função de escravo dentro das relações económicas"2827, isto é, a diaconia é que ocupa o centro e não a glória pessoal.

A diaconia leva ao encontro da comunidade para construí-la como iguais, ao passo que a glória leva à centralização da comunidade a partir do indivíduo e, conseqüentemente, ao controle da comunidade a partir do absoluto individual. No movimento de Jesus não existe aqueles que estão acima ou abaixo. Necessariamente existem aqueles que estão ao lado uns dos outros. Em nenhum momento é possível dizer que Jesus desejasse aderir, reproduzir e/ou fazer parte desse sistema que desencadeava uma espiral de violência que vulnerabilizava os mais fracos. Ao contrário, seu modelo de pode agia desde a periferia e contra espaços de poder oficial.

A lógica aqui presente é a de que somos definidos pelo grupo a que pertencemos e não por nossa individualidade. Maloney dá uma interessante explicação a respeito da diferença entre o conceito individualista moderno do ser humano como uma pessoa e a noção que as sociedades mediterrâneas antigas tinham do ser humano como membro de um grupo. As palavras dele devem ser consideradas:

Os antigos não consideravam de modo algum os seres humanos indivíduos e que, na verdade, os gregos nem mesmo tinham uma palavra para "pessoa". Todo o modo de pensar voltava-se para as pessoas como membros de um grupo e não para suas características ou limitações específicas. Assim, nunca havia dúvida quanto ao quer era moralmente exigido de um indivíduo. Toda decisão pessoal era imposta pela posição do indivíduo na família, na aldeia ou no grupo maior e nunca acontecia de alguém ficar aflito por não saber que comportamento alternativo escolher. Todo pensamento voltava-se para as pessoas como membros do grupo, onde todas as respostas possíveis a uma situação eram divisíveis em duas: a pessoa ou desempenhava ou não desempenhava seu papel predeterminado na comunidade da qual ela fazia parte.29

Ao nos aproximar do grupo social ao redor de Jesus -grupo de Jesus-podemos perceber claramente que estamos diante de uma noção de poder que ao fugir dos tentáculos tanto do poder político quanto estatal, se encontra ca-pilarizado num conjunto de pequenos poderes em um nível mais baixo. E bem que poderíamos denominar essa multiplicidade de poderes que são exercidos na esfera social como "poder social". É sim nas redes de poder que circulam os indivíduos que estão sempre em situações de sofrer ou exercitar esse poder e, por conta disso, é possível dizer que o poder transita de forma transversal, isto é, ele não se localiza aqui ou ali e, sim, em rede.

Foucault no colégio apostólico

Para os cientistas sociais é preciso trabalhar com a reflexividade das pessoas porque são os atores que constroem a realidade social e o fazem através de práticas da linguagem, pois as práticas sociais, no seu conjunto, já são urdidas por aquelas. E, segunda Júlia Miranda

...embora nem toda a realidade social seja discurso, essa orientação permite chamar a atenção, inclusive, para o discurso cotidiano na análise da construção dos sujeitos coletivos. Nesse nível é possível acompanhar a construção do sentido que as pessoas de um determinado grupo ou classe conferem à realidade, contribuindo para a identificação e objetivação do próprio grupo.30

O relacionamento de poder pode ser o resultado de um consentimento mais importante ou permanente, porém não é por natureza a manifestação de um consenso. Nesse sentido, o que define uma relação de poder é que este é um modo de ação que não opera imediatamente sobre os outros. O poder atua sobre as ações dos outros, isto é, uma ação sobre outra ação. As palavras de Roberto Machado falam por si mesmas:

...o poder produz; ele produz real; produz domínios de objetos e rituais de verdade. O poder possui uma eficácia produtiva, uma positividade. E é justamente esse aspecto que explica o fato de que tem como alvo o corpo humano, não para supliciá-lo, mutilá-lo, mas para aprimorá-lo, adestrá-lo. O que interesse basicamente ao poder não é expulsar os homens da vida social, impedir o exercício de suas atividades, e sim gerir a vida dos homens, controlá-los em suas ações para que seja possível e viável utilizá-los ao máximo, aproveitando suas potencialidades e utilizando um sistema de aperfeiçoamento gradual e contínuo de suas capacidades. Objetivo ao mesmo tempo económico e político: aumento do efeito de seu trabalho, isto é, tornar os homens força de trabalho dando-lhes uma utilidade económica; diminuição de sua capacidade de revolta, de resistência, de luta, de insurreição contra as ordens do poder, isto é, tornar os homens dóceis politicamente. Portanto, aumentar a utilidade económica e diminuir os inconvenientes, os perigos políticos; aumentar a força económica e diminuir a força política.31

Muitas vezes o entendimento que temos acerca do poder nos leva a percebê-lo enquanto coisa. Ora, essa concepção toma o poder como um fetiche e gera uma reificação ou uma fetichização ideológica do poder. Assim se faz necessário perceber o poder a partir do modo como ele nasce. É preciso, pois, examinar o poder como um processo e não como uma substância estática. Em Foucault, o poder não é algo que se detém como uma coisa, como uma propriedade, que se possui ou não. Nesse caso o poder não deveria ser compreendido como algo "monolítico".32 Não existem de um lado os que têm o poder e de outro aqueles que se encontram dele alijados. Rigorosamente falando, o poder não existe; existem sim práticas ou relações de poder. O que significa dizer que o poder é algo que se exerce, que se efetua, que funciona. Não é um objeto, uma coisa, mas uma relação.

E, possivelmente para os discípulos o poder devesse ser compreendido como uma relação supra-espacial e temporal, ou seja, eles procuravam reproduzir na outra vida a mesma estratificação do arranjo social excludente, dividido entre poderosos e fracos, da sociedade mediterrânea.33 Enquanto os discípulos desejavam reproduzir fora da história as mesmas estruturas de dominação que se eternizam dentro da história, Jesus através de seu modelo, desejava transformar a partir de dentro da história as relações de dominação para que elas não mais existissem no futuro, dentro da história.

Se de fato isto é verdade, podemos dizer que o poder não é uma coisa, mas sim uma relação. Uma relação entre pessoas e pessoas que convivem em uma mesma sociedade. É a própria relação social que é uma relação de poder. De fato, toda relação social é uma relação de poder. E o poder aqui toma a forma de uma influência mútua.

Deste modo, o poder está situado originariamente na base da sociedade, ele nasce ao pé de toda relação social e humana em geral. Jesus em suas palavras sobre a renúncia ao poder e ao domínio procura levar seus contemporâneos a superação de "uma concepção de vida em que se pensa somente em impor os próprios interesses de dominação"34, ao caracterizar seu discurso na estrutura lingüística: "entre vós não será assim".

Penso que a pergunta de Foucault se ajusta perfeitamente ao discurso teológico: qual é esse tipo de poder capaz de produzir discursos de verdade que são, numa sociedade como a nossa, dotados de efeitos tão potentes? Para Foucault na sociedade em que vivemos:

...múltiplas relações de poder perpassam, caracterizam, constituem o corpo social; elas não podem dissociar-se, nem estabelecer-se, nem funcionar sem uma produção, uma acumulação, ma circulação, um funcionamento do discurso verdadeiro. Não há exercício do poder sem uma certa economia dos discursos de verdade que funcionam nesse poder, a partir e através dele. Somos submetidos pelo poder à produção da verdade e só podemos exercer o poder mediante a produção da verdade.35

Afinal de contas, somos julgados, condenados, classificados, obrigados a tarefas, destinados a certa maneira de viver ou a certa maneira de morrer, em função de discursos verdadeiros ou pretensamente verdadeiros. Foucault nos adverte a não tomar o poder como se fosse um fenómeno maciço e homogêneo, como se fosse "uma dominação de um indivíduo sobre outros, de um grupo sobre outros, de uma classe sobre as outras" e acrescenta que devemos:

...ter em mente que o poder, exceto ao considerá-lo de muito alto e de muito longe, não é algo que se partilhe entre aqueles que o têm e que o detêm exclusivamente, e aqueles que não o têm e que são submetidos a ele. O poder, acho eu, deve ser analisado como uma coisa que circula, ou melhor, como uma coisa que só funciona em cadeia. Jamais ele está localizado aqui ou ali, jamais está entre as mãos de alguns, jamais é apossado como uma riqueza ou um bem. O poder funciona. O poder se exerce em rede e, nessa rede, não só os indivíduos circulam, mas estão sempre em posição de ser submetidos a esse poder e também de exercê-lo. Jamais eles são o alvo inerte ou consentidor do poder, são sempre seus intermediários. Em outras palavras, o poder transita pelos indivíduos, não se aplica a eles.36

Conclusão

Precisaríamos, necessariamente, entender o poder a partir da comunidade ecle-sial e não ao contrário. A comunidade é o horizonte e o contexto do poder. Não é só e nem antes de tudo o objeto do poder. A comunidade é o sujeito primeiro do poder e fonte originária do mesmo. Em primeiro lugar, em termos de ontologia e de valor, vem a comunidade e depois o poder. A comunidade é a realidade primária e principal. O poder é uma realidade secundária, derivada e relativa. Portanto, não é o poder como tal que parece enlouquecido, mas é o ser humano -o poderoso- que está possuído por uma compulsão, por um desejo imoderado -a libido dominandi- que é a sua agressividade desequilibrada, dividida e machucada, impondo-se pela força e pela ameaça, um poder não só humilhante, mas também prejudicial.

A intenção primeira e básica daqueles que exercem o poder é preservar-se continuamente no poder. Afinal, esse é o único lugar onde se reduz a distância entre o desejável e o possível. A possibilidade da realização dos desejos pessoais e corporativos reflete necessariamente na mecânica do poder. E segundo Roberto Machado

...o poder é essencialmente repressivo. O poder é o que reprime a natureza, os indivíduos, os instintos, uma classe. Ser órgão de repressão no vocabulário atual é o qualificativo quase onírico do poder. Não será, então, que a análise do poder deveria ser essencialmente uma análise dos mecanismos de repressão?37

E, por que não pensar que, nesse caso, o poder se apresentaria como uma violência instituída com o propósito de manter os valores dominantes. A pergunta de fundo poderia ser aquela já apontada por Wenin: "Como viver o poder para que o serviço seja autêntico?"38

Se no conceito de poder reside algum tipo de força, ele poderia ser resumido da seguinte forma: a força do poder é o serviço. E, conseqüentemente, podemos encontrar uma comunidade como fator de estabilidade social. A oposição à aceitação de estruturas de dominação e subordinação para a formação de relações internas de solidariedade e de fraternidade é essencial para a manutenção de uma comunidade.

Pensar em poder a partir da solidariedade exige a superação atual das estruturas sociais hierárquicas que são determinadas por idéias e práticas de superioridade e subordinação, precedência e prestígio. Muito possivelmente a partir da experiência de Jesus e seus discípulos num ponto inicial dos primeiros movimentos cristãos, possamos entrever um meio de colocar um freio nas tendências de hierarquização que costumeiramente se sobrepõem às experiências comunitárias.


Rodapé

1Miranda, Carisma, sociedade epolítica, 37.
2Sheridan, Discours, sexualité et pouvoir, 214.
3Motta, Michel Foucault: estratégia, poder-saber, 258.
4Miranda, Carisma, sociedade e política, 77.
5Boff, Igreja, carisma epoder, 123.
6Malina, O Evangelho social de Jesus: o Reino de Deus em perspectiva mediterrânea, 77.
7Bortolini, O Evangelho de Marcos: para uma catequese com adultos, 23.
8Soares y Correia, Marcos, 373.
9Reimer, Compaixão, cruz e esperança: teologia de Marcos, 167.
10Malina, O Evangelho social de Jesus, 37.
11Maloney, A mensagem urgente de Jesus, 27.
12Reimer, Compaixão, cruz e esperança, 20.
13Pagola, Jesus, 222.
14Reimer, Compaixão, cruz e esperança, 21.
15Malina, O evangelho social de Jesus, 94.
16Reimer, Compaixão, cruz e esperança, 167.
17Hoffmann, A herança de Jesus e o poder na Igreja, 84-85.
18Bortolini, O Evangelho de Marcos, 199.
19Deleuze, Foucault, 77.
20Foucault, Microfísica do poder, 217.
21Sheridan, Discours, sexualité et pouvoir, 211.
22Foucault, Vigiar e punir, 29.
23Idem, A vontade de saber, 91.
24Soares e Correia, Marcos, 382.
25Ibid.
26Hoffmann, A herança de Jesus e o poder na Igreja, 30.
27Balandier, Antropologia política, 95.
28Reimer, Compaixão, cruz e esperança, 167.
29Maloney, Mensagem urgente de Jesus para hoje: o Reino de Deus no Evangelho de Marcos, 114.
30Miranda, carisma, sociedade epolítica, 39.
31Foucault, Microfísica do poder, 15.
32Sheridan, Discours, sexualité et pouvoir, 196.
33Bortolini, O Evangelho de Marcos, 200.
34Hoffmann, A herança de Jesus e o poder na Igreja, 29.
35Foucault, Em defesa da sociedade, 237.
36Ibid., 239.
37Idem, Microfísica do poder, 19.
38Wein, O homem bíblico: leituras do Primeiro Testamento, 147.


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