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Theologica Xaveriana

Print version ISSN 0120-3649

Theol. Xave. vol.66 no.182 Bogotá Dec. 2016

https://doi.org/10.11144/javeriana.tx66-182.dme 

A dimensão missionária da eucaristia*

The Missionary Dimension of the Eucharist

La dimensión misionera de la eucaristía

Boris Agustín Nef Ulloa**
Ma. Regina Ribeiro Graciani***

*Artigo fruto de projeto de pesquisa: "Exigência missionaria da vida cristã, a partir do contexto pastoral proposto pela V Assembleia Geral do Celam (Aparecida, 2007).
**Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Docente na Graduação em Teologia e membro do Programa de Estudos Pós-Graduados em Teologia da PUC-SP. orcid.org/0000-0001-8011-6916. Correio eletrónico: banefulloa@gmail.com
***Mestra em Teologia pela PUC-SP. Graduada em Teologia pela PUC-SP e em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública, USP. orcid.org/0000-0003-2571-4926. Correio eletrônico: reginagraciani@uol.com.br

RECIBIDO: 20-11-15. APROBADO: 19-08-16


Para citar este artículo

Nef Ulloa, Boris Agustín y Graciani, María Regina Ribeiro. "A dimensão missionária da eucaristía". Theologica Xaveriana 182 (2016): 449-470. http://dx.doi.org/10.11144/javeriana.tx66-182.dme


Resumo

O mistério da eucaristia constitui a raiz e a fonte da vida cristã e, portanto, da Igreja. E o meio encontrado por Cristo para cumprir sua promessa de "estar conosco todos os dias até o fim dos tempos" (Mt 28,20). Por meio da ceia eucarística entra-se em comunhão com Cristo e participa-se do divino projeto salvífico universal. A proposta deste artigo é sublinhar o quanto a dimensão missionária da eucaristia é ontológica e determinante para a vida cristã (AG 2). E como afirma Francisco: "A ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja" (EG 15).

Palavras-chave: Eucaristia, Igreja, mistério, missão.


Abstract

The mystery of the Eucharist is the root and source of Christian life, and therefore of the Church. It is the way found by Christ to fulfill his promise to be with us "always to the end of time" (Mt 28:20). By the Eucharistic Supper one enters into communion with Christ and also participates in the divine plan of universal salvation. The purpose of this article is to highlight how the missionary dimension of the Eucharist is ontological and crucial to the Christian life (AG 2). And as it is stated by Francis: "Missionary outreach is paradigmatic for all the Church's activity" (EG 15).

Key words: Eucharist, Church, Mystery, Mission.


Resumen

El misterio de la eucaristía constituye la raíz y fuente de la vida cristiana y, por tanto, de la Iglesia. Es el medio encontrado por Cristo para cumplir su promesa de "estar con nosotros todos los días hasta el fin de los tiempos" (Mt 28,20). Por medio de la cena eucarística se entra en comunión con Cristo y se participa del proyecto divino salvífico universal. El propósito de este articulo es poner de relieve cómo la dimensión misionera de la eucaristía es ontológica y determinante para la vida cristiana (AG 2). Y, como afirma Francisco: "la acción misionera es el paradigma de toda la obra de la Iglesia" (EG 15).

Palabras clave: Eucaristía, Iglesia, misterio, misión.


Eucaristia, a fé da Igreja

O termo eukharistia significa ação de graças. Desde muito cedo, usado para designar a oração que acompanhava a ceia comemorativa do mistério da morte e ressurreição de Jesus passou a designar toda a celebração. Na Igreja atual, eucaristia é a forma mais comum de referir-se à celebração deste mistério, que tanto no Oriente como no Ocidente tem muitos outros nomes. É chamada comumente por missa1, nome técnico da bênção final, equivalendo a bênção.

No norte da África, nos tempos de Agostinho se impôs o nome de sacrificium. A designação da eucaristia como oferenda ou sacrifício (oblatio, sacrificium) prevaleceu na Igreja latina nos começos da Idade Média. Entre os sírios, kurbono, "oferenda", é o nome mais comum para designá-la. No Oriente grego, prosforá, oferenda, designou a eucaristia, chamada também de "divina liturgia". O termo anáfora, aparentado com oferenda, designa a grande oração de ação de graças que na Igreja latina se chama oração eucarística2.

A eucaristia faz a Igreja, a Igreja faz a eucaristia, conforme aforismo criado por De Lubac3, inspirado na teologia dos padres da Igreja. A forma como uma comunidade dá graças e a forma como celebra a eucaristia revelam suas atitudes fundamentais diante de Deus. Revelam ao mesmo tempo quanto a Igreja santificada por Cristo é também pecadora.

Sendo a eucaristia ação de graças pelo dom total de Deus em Jesus Cristo e memória do sangue derramado "para o perdão dos pecados", aprendendo a dar graças, aprendendo a celebrar a memória do Senhor, a Igreja reunida em torno à mesa do Senhor vai fazendo o caminho para a verdade que celebra.

A Igreja faz a eucaristia por mandato do Senhor. Não a inventa. Celebra a eucaristia por fidelidade ao testamento de Jesus na "última ceia". Isso exige reencontrar em cada celebração o significado que Jesus deu ao gesto do pão e do vinho: a entrega de seu corpo crucificado e de seu sangue derramado.

A trajetória histórica da celebração da eucaristia desde a ceia do Senhor até os dias atuais aponta diversas configurações. O ato de celebrar, a maneira como a Igreja significa ou simboliza aquilo que realiza, isto é, a prática litúrgica, sofreu transformações ao longo do tempo.

Nos primórdios da iniciação cristã, as catequeses mistagógicas foram a metodologia empregada pelos padres da Igreja.

Após os neófitos terem recebido os sacramentos pascais, durante a semana da Páscoa, o bispo lhes explicava o sentido dos sacramentos a partir dos ritos que tinham vivido. A finalidade era conduzir à crescente compreensão dos "mistérios", nome com que eram designados os sacramentos, porque todos eles, de diversas formas, põem o cristão em contato "real" com o mistério de Cristo.4

A intenção é ensinar a ver no simbolismo dos gestos ou ritos realizados na liturgia o Cristo que, de maneira real, "toca" a vida do cristão, pondo-o em contato com os gestos que de uma vez por todas realizou em sua vida terrena e que permanecem eternizados em sua condição gloriosa. Tais gestos se tornam presentes nos sacramentos, de maneira simbólica, mas real.

Na segunda metade do século XX, o Concílio Vaticano II, na constituição Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada liturgia, ofereceu à Igreja as bases sólidas para a reforma e incremento da liturgia. E por meio dela afirma que "pela Liturgia, principalmente no divino sacrifício da eucaristia, se exerce a obra de nossa redenção" (SC 2). Como a água, que não corre se não há uma fonte de onde mane, a vida cristã só pode existir nascendo de sua fonte que é a liturgia. A afirmação do Concílio não pode ser mais forte: "A liturgia é o cume para o qual tende toda a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força" (SC 10).

O memorial do mistério pascal de Cristo, que se faz na eucaristia, inclui todos os mistérios de sua vida: infância, vida oculta, batismo, ministério público, pregação, milagres, sua paixão, morte e ressurreição. Comporta também a Ascensão e Pentecostes. Na ressurreição, Jesus passa da morte à vida. Na Ascensão, ao sentar-se à direita do Pai, é entronizado como Senhor. Pentecostes torna público o mistério pascal do Cristo pela manifestação do Espírito Santo. Nenhum desses momentos pode ser compreendido sem o outro, e por sua vez, sem relação à vida e à morte de Jesus5.

A história e presença de Cristo continuam em seu corpo, que é a Igreja, até que Deus seja tudo em todos (1Co 15,28). Assim, a sua segunda vinda ou parusia é também objeto do memorial. Ela é a participação do cosmos no mistério pascal, que se transfigurará no novo céu e na nova terra, "nos quais habitará a justiça" (2Pd 3,13). O mistério da fé é exatamente o mistério pascal de Cristo e a participação ele da humanidade e do Cosmos6.

Pelo memorial, no momento da celebração eucarística se está presente, se é contemporâneo e inserido no evento que tem início com a encarnação e só se concluirá na parusia do Senhor. Tal compreensão, só é captada na perspectiva mistérico-sacra-mental herdada do judaísmo. Esta perspectiva é reafirmada por Giraudo:

...de geração em geração, cada um de nós é obrigado a ver-se a si próprio — com os olhos penetrantes da fé — como tendo estado lá no Calvário, na primeira Sexta-feira santa e diante da tumba vazia, na manhã da ressurreição. Pois não só nossos pais estavam lá, mas também nós todos, reunidos hoje aqui para celebrar a eucaristia, estávamos lá com eles, prestes a morrer na morte de Cristo e a ressurgir em sua ressurreição.7

Em mistério ou sacramento, torna-se contemporâneo do acontecimento histórico único e irrepetível, que trouxe a redenção para a humanidade. Por este pão e este vinho, sobre os quais se pronunciou a ação de graças do memorial e para os quais se suplicou a vinda do Espírito Santo, estabelece-se uma inserção participativa — na fé — nos eventos fundadores.

Ao transpor para a eucaristia a mistagogia judaica, pode-se dizer que tal participação se dá por causa do anúncio do mistério pascal: é realizando o memorial com os sinais do pão e do vinho que se apropria da redenção em Cristo. Assim como Jesus, ao ser glorificado, levou o tempo para a eternidade, assim também a presença do Ressuscitado, suscitada pelo memorial, traz para o tempo a eternidade.

Dessa forma, "na celebração eucarística, se realiza o encontro entre o tempo e a eternidade; ela é o ponto de encontro entre os dois"8. No mistério pascal de Cristo o tempo se eternizou. Por sua vez, pela ação do Espírito Santo, a eternidade entra no tempo e Cristo se torna presente a todos. Não meramente presente diante de todos para ser adorado, mas presente em cada pessoa, transformando-a pela comunhão, em seu corpo eclesial. Na celebração eucarística, portanto, se adentra a eternidade, embora sob as condições do tempo. Em outras palavras, a celebração é a temporalização da eternidade e, consequentemente, a eternalização do tempo9.

Eucaristia e o corpo místico de Cristo

Desde suas origens, nas comunidades primitivas, a eucaristia foi interpretada e, mesmo, celebrada, de diversas maneiras. Próximo no tempo, já no século XX,

...a confluência das renovações bíblica, patrística e litúrgica, e as pesquisas suscitadas pelo movimento ecuménico impeliram a reatar com a visão que dominava até o século V e com a qual Tomás de Aquino se recusava a romper: a eucaristia forma um todo que põe em comunhão com o ato central da salvação e atualiza o seu efeito.10

O Sacramentário leonino11 (c. 560) o diz em uma oração pascal conservada pelo Missal de Paulo VI (2° domingo do tempo comum): "...todas as vezes que celebramos este sacrifício, torna-se presente a obra de nossa redenção". "O acento posto em um ou outro aspecto da eucaristia — louvor, adoração, sacrifício, presença, recepção, consagração, assembleia — tem sentido só neste todo"12.

O próprio Senhor, que se entregou na cruz, se oferece à sua comunidade, a partir de sua vida gloriosa, por meio da eucaristia. Sua presença dinâmica se dá como comunhão e para comunhão; sua presença não termina no pão e no vinho, mas na comunidade que come e bebe.

Comendo esse único pão, corpo do Senhor, a comunidade se torna o seu corpo eclesial: esta é a ideia central expressa em 1Co 10,17 e em todo o contexto de 1Co 11 que se estende com as suas consequências em 1Co 12. Paulo vê a íntima relação entre o corpo eucarístico de Cristo e seu corpo eclesial, selado e conduzido pelo único Espírito. Ao comer o corpo de Cristo, a comunidade se converte em corpo de Cristo13. É o mistério da Igreja como corpo de Cristo unido, na oração, à cabeça. Note-se que há um pleno e explícito contraste com toda e qualquer piedade individualista, in-timista ou egoísta.

A Sacrosanctum Concilium vai afirmar: "Cristo está sempre presente em sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas" (SC 7), e explicita algumas das formas de sua presença: além da presença sob as espécies eucarísticas, afirmam-se a presença na pessoa do ministro que preside a celebração da eucaristia e dos outros sacramentos14, a presença através das ações sacramentais, a presença na Palavra proclamada, a presença no canto e na oração da assembleia reunida em nome de Cristo.

Paulo VI fala de forma mais explícita das diversas formas de presença na encíclica Mysterium fidei:

Cristo prometeu: "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles". Ele está presente à sua Igreja enquanto ela pratica as obras de misericórdia; isto não só porque, quando nós fazemos algum bem a um dos seus irmãos mais humildes, o fazemos ao mesmo Cristo, mas também porque Cristo é quem faz estas obras por meio da sua Igreja [...]. De outro modo, também verdadeiríssimo, Cristo está presente à sua Igreja enquanto ela prega, sendo o Evangelho, assim anunciado, Palavra de Deus [...]. Está presente à sua Igreja, enquanto esta dirige e governa o povo de Deus [...]. Além disso, de modo ainda mais sublime, está Cristo presente à sua igreja enquanto esta, em seu nome, celebra o sacrifício da missa [...] é, contudo, e verdadeiramente sublime, a presença de Cristo na sua Igreja pelo sacramento da eucaristia. Por causa dela, é este sacramento, comparado com os outros, "mais suave para a devoção, mais belo para a inteligência, mais santo pelo que encerra"; contém, de fato, o próprio Cristo e é "como a perfeição da vida espiritual e o fim de todos os sacramentos".15

Em todas as situações, trata-se sempre de presença real, tão real quanto a presença sob as espécies eucarísticas. Na eucaristia, contudo, se diz presença real por antonomásia, não como se as outras presenças não fossem reais, mas para destacar o modo de presença e a centralidade do mistério eucarístico na vida da Igreja: o mistério da entrega de Cristo por amor, na ceia e na cruz, é fonte de toda presença. Sem esse grande mistério, através do qual o próprio Cristo constitui a Igreja como seu corpo, não seria possível qualquer presença de Cristo à Igreja16.

Quem celebra a ceia do Senhor é a Igreja, o Cristo total, cabeça e corpo. Mais precisamente, a assembleia litúrgica que torna presente a Igreja, una e indivisa. Porque a Igreja, corpo de Cristo, nunca está separada da cabeça. E isto ocorre pelo sacerdócio comum dos fiéis, sacerdócio existencial, que faz da existencia cristã uma "oferenda viva, santa, agradável a Deus, um culto espiritual" (Rm 12,1), nascendo na oferenda do Cristo celebrada na liturgia. Enfim, "o sujeito da liturgia é a Igreja"17.

O eixo da liturgia são os sacramentos, sendo a eucaristia a fonte e o termo de toda a liturgia e de toda a vida cristã, como é definido pelo documento conciliar: ela é ação litúrgica que torna presente e atuante o sacramento ou mistério por excelência, que é o próprio Cristo, ao fazer a memória da vida, morte e ressurreição do Senhor. Dessa forma, é possível dizer que a eucaristia é o sacramentumprinceps, ou seja, fonte e cume dos outros sacramentos. Nela está contida "a totalidade do mistério da salvação"18.

Na exortação apostólica pós-sinodal sobre a eucaristia, Bento XVI afirma que a Igreja vive da eucaristia uma vez que nela se torna presente o sacrifício redentor de Cristo, e, que há um princípio causal da eucaristia nas próprias origens da Igreja. A eucaristia é Cristo que se dá a nós, edificando-nos continuamente como seu corpo. Portanto, na relação entre a eucaristia que edifica a Igreja e a própria Igreja que faz a eucaristia pode-se afirmar: a Igreja pode celebrar e adorar o mistério de Cristo presente na eucaristia, precisamente porque o próprio Cristo Se deu primeiro a ela no sacrifício da cruz. A possibilidade que a Igreja tem de "fazer" a eucaristia está radicada totalmente na doação que Jesus lhe fez de Si mesmo: "Ele amou-nos primeiro" (1Jo 4, 19) (SCa 14).

A eucaristia é, pois, constitutiva do ser e do agir da Igreja. Por isso, a antiguidade cristã designava com as mesmas palavras — Corpus Christi — o corpo nascido da Virgem Maria, o corpo eucarístico e o corpo eclesial de Cristo (SCa 15). Este dado atesta a consciência da indissolubilidade entre Cristo e a Igreja: oferecendo-se a si mesmo em sacrifício pela humanidade, o Senhor Jesus preanunciou de modo eficaz no seu dom o mistério da Igreja.

A Oração Eucarística II, ao invocar o Paráclito, formula a prece pela unidade da Igreja: "[...] participando no corpo e sangue de Cristo, sejamos reunidos, pelo Espírito Santo, num só corpo". Esta passagem ajuda a compreender como a eficácia do sacramento eucarístico enseja a unidade dos fiéis na comunhão eclesial. Assim, a eucaristia aparece na raiz da Igreja como mistério de comunhão (SCa 35).

João Paulo II, na encíclica Ecclesia de eucharistia, chama a atenção para a eucaristia como sendo a suprema manifestação sacramental da comunhão na Igreja: "...a eucaristia, construindo a Igreja, cria por isso mesmo comunidade entre os homens" (EE 38). De fato,

...a unicidade e indivisibilidade do corpo eucarístico do Senhor implicam a unicidade do seu corpo místico, que é a Igreja una e indivisível. Do centro eucarístico surge a necessária abertura de cada comunidade celebrante, de cada Igreja particular: ao deixar-se atrair pelos braços abertos do Senhor, consegue-se a inserção no seu corpo, único e indiviso Por este motivo, na celebração da eucaristia, cada fiel encontra-se na sua Igreja, isto é, na Igreja de Cristo. Nesta perspectiva eucarística, adequadamente entendida, a comunhão eclesial revela-se realidade católica por sua natureza.19

É o que vai sintetizar o Instrumentum laboris da XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia: fonte e ápice da vida e da missão da Igreja:

A Igreja vive da eucaristia desde as suas origens. Nela, encontra a razão da sua existência, a fonte inesgotável da sua santidade, a força da unidade e o vínculo da comunhão, o vigor da sua vitalidade evangélica, o princípio de sua ação de evangelização, a fonte da caridade e o impulso da promoção humana, a antecipação da sua glória no banquete eterno das núpcias do Cordeiro (cfr. Ap 19,7-9).20

A eucaristia na missão da Igreja

A presença de Cristo junto aos seus discípulos não terminou com sua morte e ascensão: esta continua viva e operante. É a eucaristia o modo privilegiado de sua comunicação21.

Comendo esse único pão, que é o corpo do Senhor, torna-se um dos muitos em seu corpo eclesial. Este é o pensamento paulino expresso em 1Co 10,17 e em todo o contexto de 1Co 11: há íntima relação entre o corpo eucarístico de Cristo e seu corpo eclesial. Não apenas se come o corpo de Cristo, mas converte-se cada um em corpo de Cristo.

Paulo recorda ainda que, se por um lado, a comunidade fraterna aparece como efeito da celebração (1Co 10,17), por outro, é condição indispensável para a própria celebração (1Co 11). O próprio Senhor que se entregou na cruz e se dá agora à sua comunidade, a partir de sua vida gloriosa, por meio da eucaristia, é uma presença que é e se dá como comunhão para a comunhão. Sua presença não termina no pão e no vinho, mas na comunidade que o recebe.

A ceia do Senhor é incompatível com a ceia dos que se fecham em seus próprios interesses e não permitem aos outros dela participar: isso não se adequa à intenção de Cristo sobre a eucaristia. É o que sublinha a doutrina de Paulo sobre as consequências que a eucaristia deve produzir na vida fraterna dos crentes: o pão, fruto do trabalho humano, deve ser compartilhado para que se possa celebrar a fração do pão eucarístico. Passakos, citado por Aldazábal, sublinha que, para o Apóstolo dos gentios

...não se trata simplesmente de admitir as diferenças sociais entre os cristãos [...] a eucaristia é mais exigente e revolucionária: ela deve corrigir essas diferenças, deve ir diretamente a uma justiça mais comunitária e não conformar-se com um paternalismo que coexiste com as divisões.22

Pode-se afirmar, portanto, que Paulo dá especial importância à fraternidade no contexto da eucaristia. Esta afirmação concorda com o espírito presente em Mt 5,23 (reconciliar-se com o irmão antes de fazer a oferenda no altar) e com o do lava-pés em Jo 13.

Ao se alimentar de Cristo "entregue por", a comunidade recebe o impulso para viver ela mesma "por Cristo" e também "pelos outros" assimilando o modo de viver do Senhor. Num diálogo salvador que é, sobretudo, dom de Deus, seu filho Jesus, e depois nós, respondemos à iniciativa do Pai com a doação de nossa vida, com a nossa entrega por amor.

O sacrifício de Cristo leva à plenitude os sacrifícios antigos (do Antigo Testamento) e nos convida a dele participar. É o que pode ser denominado sacrifício cristão: dom de nós mesmos a Deus e aos outros, como Cristo fez e viveu. É a postura sacrifical de toda a vida de Jesus, desde a encarnação até a morte, sobretudo em sua atitude de serviço. Toda a vida de Cristo foi sacrifício oferecido ao Pai pela humanidade. A cruz foi seu momento mais intenso e expressivo, a culminação de um sacrifício vital, existencial, que já se fazia presente antes, fecundando toda a vida constituída serviço em favor dos irmãos.

Assim, seguindo Cristo, vivemos nossa oferta, nosso sacrifício, dando continuidade à sua prática oblativa, O apresentamos diante do Pai, participando de sua própria atitude de sacrifício pascal e de auto-oferenda.

A Igreja é o desdobramento histórico do mistério de Cristo, o desenvolvimento e a atualização permanente na humanidade da ação salvífica divina realizada em Cristo. O sacrifício pascal não terminou no Gólgota, mas se prolonga no Cristo eclesial, no corpo de Cristo que é o "Christus totus"23. Agora é também o sacrifício da comunidade constituída em Cristo pelo Espírito. Por isso, pode-se afirmar que o sacrifício de Cristo se atualiza de forma contínua na medida em que toda a Igreja, em sua história e em seu caminho, está inserida nele24.

Ao acolher na fé o sacrifício único de Cristo e ao associar-se a ele, a Igreja sabe que só pode fazê-lo "em memória dele" e que só pode vivê-lo "por ele, com ele e nele". Isto só é possível dentro de uma profunda identificação com ele, sua cabeça e esposo. É somente na fé que a Igreja aceita e adere à totalidade do mistério pascal de Cristo, deixando-se envolver por sua força salvadora: única fonte de salvação.

Esta é uma das dimensões recuperadas pelo Concílio Vaticano II: a concepção da eucaristia como fonte e cume, não só da vida do cristão, mas de toda a Igreja25. Igreja e eucaristia são dois aspectos da mesma realidade: a presença salvífica de Cristo no meio da humanidade.

Dessa forma, a eucaristia é ao mesmo tempo sacrifício de Cristo e sacrifício da Igreja. A Igreja "concelebra" o sacrifício pascal com seu senhor e esposo. Sendo "filhos no Filho" e recebendo o "corpo entregue" do Senhor, nós mesmos, a comunidade eclesial, vamos nos convertendo em "corpo entregue" para a salvação do mundo.

Vale ressaltar que a este sacrifício ritual celebrado em comunidade corresponde o sacrifício vivencial, espiritual, existencial de oferenda de toda a vida. Ao comer Cristo "entregue por", a comunidade recebe o impulso para viver ela mesma "por Cristo" e também "pelos outros", imitando seu Senhor. Concelebramos a páscoa com o Senhor: comungamos com seu sacrifício, com sua ressurreição e sua parusia.

A eucaristia é, pois, sacramento, tanto do sacrifício de Cristo (do histórico, há mais de dois mil anos), e do "celeste" (perpetuamente presente nele) como do sacrifício cotidiano de sua comunidade.

O Catecismo da Igreja Católica apresenta esta inserção da comunidade no sacrifício eterno celeste de Cristo: "o sacrifício que Cristo ofereceu uma vez por todas na cruz torna-se sempre atual" (CIC 1364). E acrescenta:

A eucaristia é também o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de Cristo, participa da oferta da sua cabeça. Com Cristo, ela mesma é oferecida inteira. Ela se une à sua intercessão junto ao Pai por todo o gênero humano. Na eucaristia, o sacrifício de Cristo se torna também o sacrifício dos membros do seu corpo. A vida dos fiéis, seu louvor, seu sofrimento, sua oração, seu trabalho, são unidos aos de Cristo e à sua oferenda total, e adquirem assim um valor novo. O sacrifício de Cristo presente no altar dá a todas as gerações de cristãos a possibilidade de estarem unidos à sua oferta.26

A liturgia cristã não somente recorda os acontecimentos que nos salvaram, como também os atualiza, torna-os presentes. O mistério pascal de Cristo é celebrado, não é repetido; o que se repete são as celebrações; em cada uma delas sobrevém a efusão do Espírito Santo que atualiza o único mistério.27

Assim, a eucaristia para que seja realmente eucaristia não pode jamais separar-se da vida concreta. De fato, toda a história, a vida e a realidade humana estão incorporadas ao sacrifício pascal de Cristo.

No centro da vida cristã se encontra não tanto a liberdade, nunca definitivamente adquirida, mas a libertação: "Foi para a liberdade que Cristo nos libertou" (Gl 5,1). A libertação, portanto, vem de Cristo. Ela faz o ser humano atravessar os limites do individualismo próprio, e cria um encontro, um caminhar com o outro. O retraimento em si mesmo seria escravidão (Gl 5,16); a libertação é serviço (1Pd 2,16).

"É a liturgia que efetua essa caminhada de libertação"28: trata-se de um trabalho de parto, da saída de si mesmo para nascer cada vez mais para a vida cristã, e do trabalho de um povo, de comunhão com os irmãos na fé. Obra comum, a liturgia obriga cada um a deixar seu espaço para se constituir em corpo de Cristo. De fiéis esparsos, de uma massa convocada, ela faz um povo, o povo de Deus, no qual o fiel oferece sua vida como "oferenda agradável a Deus" (Rm 12,1) em Cristo e por ele.

Tal caminhada crucifica os gostos, as opções, os prazeres individuais, porque se trata de concordar com o outro como irmão, de se reconhecer como dado aos outros, como irmão. É uma árdua transformação, mas, não obstante, a libertação começa sempre por sair de si, a fim de construir o corpo de Cristo, esse templo habitado pelo Espírito.

A eucaristia ultrapassa até mesmo a Igreja que a celebra, já que ela "faz a Igreja". A eucaristia torna presente o mundo da ressurreição e da vida em plenitude, que constitui o projeto do Pai: mundo fraterno, de partilha, diálogo e comunhão, mundo filial no Filho. A eucaristia "faz sair" rumo à encarnação, à vida real e concreta, rumo à vida humana, para que a Igreja possa trabalhar e se constituir uma perita em humanidade, servidora e samaritana: sair com Cristo e, pela oferenda de si unida à sua única oblação, viver uma realidade pascal. "A missa celebra essa esperança: criado em Cristo, o mundo avança com ele para o Pai" (1Co 15,28)29.

Mais do que ato da assembleia celebrante, a eucaristia é, antes de tudo, ato do Filho para o louvor do Pai, no Espírito. É Cristo quem precede a Igreja e a atrai como ápice. Ele é a fonte que anima e impele a sua Igreja. Esta é a verdade expressa no 14° Congresso Eucarístico Nacional, realizado em 2001, com o tema: "Eucaristia: fonte da missão e da vida solidária" e com o lema: "Venham para a ceia do Senhor", onde se afirma a missão dos discípulos do Senhor vista a partir de seu mandato: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19; 1Co 11,25)30.

Jesus de Nazaré se preocupou de forma contínua com a vida de seu povo como sua práxis demonstrou. Sua vida foi uma permanente doação por amor. Ele dá sua vida pelos seus, para ensiná-los a viver de forma semelhante. Sua palavra confirma sua prática: "ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo 15,13). E ainda, adverte, o critério pelo qual seus discípulos serão reconhecidos é exatamente este: "nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos se tiverdes amor uns pelos outros" (Jo 13,35). O pão repartido na última ceia era o pão da vida. Comer desse pão partido é assumir o ideal do Mestre: amar e partilhar, numa perspectiva de doação suprema da vida!

Pode-se afirmar que a vida toda de Jesus foi eucarística: ele viveu a compaixão frente à multidão e repartiu o pão (Mc 8,1-10), optou pelos pobres e excluídos (DAp 391-393). Para realizar a vontade do Pai buscou, com sua palavra e práxis, incluir a todos num caminho de vida, de vida em abundância (Jo 13,10). Cada gesto do Senhor é eucarístico: todo seu projeto idealizado e realizado em relação à justiça é prática eucarística. Jesus é todo eucarístico!31 Nesse sentido, a Igreja, nascida do coração de Cristo, é uma Igreja também toda eucarística. É este o projeto de Jesus. É esta a missão da Igreja.

Pela graça de Deus, a eucaristia torna os seres humanos irmãos de Cristo, irmãos entre si, participantes do banquete da vida, comum a todos, e comprometidos a fazer da vida um grande banquete. É por isso que se pode afirmar que a Igreja faz a eucaristia, de modo especial, na missão32. A dimensão da celebração da ceia deve ser essencialmente conectada à prática cristã no mundosup>33.

O seguimento de Jesus é testemunhado na comunhão a partir de sua memória, que significa gerar comunhão. Como afirmam nossos pastores: Jesus criou comunhão e fraternidade a partir do pobre, do menos favorecido, do mais necessitado (DAp 26). Nas palavras de Taborda:

...cria-se comunhão na solidariedade com o pobre. Toda comunhão que não se baseie nessa solidariedade é falsa, pseudocomunhão, porque é abstrata, não terá base concreta (cfr. Tg 2,14-17). A solidariedade com os pobres é polo de comunhão da comunidade. Onde isso não acontece a comunhão é mentirosa (cfr. 1Co 11,17-34): "não é a ceia do Senhor".34

A característica essencial do seguimento de Jesus é, portanto, o amor solidário aos pobres (Lc 14,13), a resposta à vontade primária de Deus sobre a vida e a morte (DAp 397). Como afirma Francisco: uma Igreja que não tem medo e nem vergonha de estar nas periferias geográficas e existenciais. Uma "Igreja em saída" (EG 24), "uma Igreja pobre para os pobres" (EG 198).

A vida de Jesus foi uma existência pascal: contínua passagem para o Pai. Ela se resume em viver o Reino de Deus, tornando-o presente por sua ação em um mundo dividido. O Reino de Deus — fraternidade, justiça, comunhão e santidade — se constrói em um mundo dividido a partir dos que estão por baixo, postos à margem, dos injustiçados. A vida do Senhor foi solidariedade com os pobres até a morte: ele morreu pobre, vítima da injustiça.

A Igreja é "o povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo"35. Esta comunhão é fruto da unidade da Trindade, modelo de diversidade na unidade. Desta forma, a comunhão é solidariedade, é levar-se mutuamente no amor, dar o que se tem e receber do que o outro tem. É nessa complementação mútua que se chega à plenitude da catolicidade36.

Os frutos da eucaristia não têm limites: são para todos. Aqueles que participam dela são convidados e exortados a partilhar com os irmãos a força e a luz que dela recebem; tornando-se eles, pão partido, isto é, eucaristia. É condenada aquela forma de desperdício espiritual que é o egoísmo e o individualismo, causas principais da ineficácia de tantas eucaristias. A eucaristia tem a mesma lei da "ágape": sua fonte e meta é o amor partilhado, tendo em vista o socorro do outro. Quem a recebe e dela participa é chamado a conformar-se a Cristo, tornando-se como ele, um dom para os outros.

Depois de seguir, escutar e aprender com o Mestre, os discípulos do Senhor são enviados, isto é, ao pé da letra, se tornam "apóstolos": de ouvintes e assistentes passam a ser anunciadores, servidores, trabalhadores. Tornaram-se obedientes ao mandato missionário do Senhor: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15); "Ide e fazei discípulos entre todas as nações" (Mt 28,19a).

A missão de Cristo é confiada à sua Igreja por meio do Espírito que a impele a anunciar as grandes obras de Deus (DAp 31). O impulso missionário pertence, pois, à natureza íntima da vida cristã, que nos leva a afirmar com o apóstolo Paulo: "Porque, se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois que me foi imposta esta obrigação: ai de mim se eu não evangelizar!" (1Co 9,16). Ou, no dizer de João Paulo II, "a missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece" (RM 2).

A evangelização missionária é o primeiro serviço que a Igreja pode prestar à humanidade, pois é

Cristo redentor quem revela plenamente o homem a si próprio. O homem que quiser compreender-se plenamente deve aproximar-se de Cristo [...]. A redenção, operada na cruz, restituiu, definitivamente, ao homem a dignidade e o sentido de sua existência no mundo.37

A Igreja, portanto, existe para evangelizar, para testemunhar e anunciar a Boa Nova a todos os povos e nações. A evangelização é a razão de ser da Igreja. Por isso, a missão é ontológica, expressão de sua identidade, sem a qual não se reconhece diante de seu fundador nem diante de si mesma. Portanto, qualquer fechamento sobre si mesma, seria para a Igreja o mesmo que negar a Cristo, o ungido pelo Espírito, o missionário do Pai, e rejeitar o seu mandato universal (Mt 28,20).

O grande desafio vocacional para toda a Igreja, povo de Deus, consiste em apresentar a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo, com todas as consequências existenciais que isto significa. Para isto, é preciso vencer todo tipo de resistência humana, oferecendo a cada membro do corpo uma renovada consciência missionária. Dentro desta perspectiva, a Igreja, enquanto assembleia convocada e reunida, que celebra a eucaristia e nela encontra sua fonte e vida, poderá crescer num qualificado testemunho do amor misericordioso de Deus. Tornando-se, assim, uma Igreja em saída, em estado permanente de missão, em servidora do ser humano, em samaritana no coração da sociedade.

A afirmação central que deve caracterizar a Igreja, a partir do memorial eucarístico, compreende-se como uma missão que lhe é própria: eucaristizar o mundo, isto é, tornar realidade na sociedade [...], o projeto de comunhão da Trindade..."38

Eucaristizar a Igreja e o mundo é o movimento de unir o mundo a Cristo, a caminho da plenificação trinitária39.

Assim, a eucaristia não se fecha em uma celebração sacramental. Por seu próprio dinamismo de comunhão, ela tenderá a influir na conversão e transformação da vida dos participantes e da Igreja, pois "comungar e adorar o corpo do Senhor, que está sobre o altar, é também saber discernir o corpo do Senhor, que é a humanidade"40. Em um mundo sofrido e oprimido, os cristãos são chamados a tomar consciência de que a "celebração do memorial do Senhor é um projeto eucarístico para o mundo"41.

Na medida em que a celebração da eucaristia se torna o motor efetivo de uma Igreja nascida e formada na graça da oferta livre e amorosa de Jesus Cristo, esta viverá, pela força do Espírito, a alegria da conversão e testemunhará sua participação no Reino de Deus. Pois, na medida em que a Igreja se torna a autêntica profecia de um mundo novo, e celebra a memória do Cordeiro, na liturgia e na práxis, "é mais perfeitamente ela mesma" (Medellín 9,3). Portanto, renunciar à sua missão, corresponderia a abandonar a causa de Jesus Cristo em favor da humanidade42.

De fato, "um efeito essencial da comunhão eucarística é a caridade que deve penetrar na vida social"43. É reconhecer o Cristo da eucaristia no Cristo presente nos irmãos e irmãs, sobretudo nos menos favorecidos, pobres e marginalizados da sociedade, objeto da pregação de Jesus e do sentido de toda a sua vida.

É assim que "a eucaristia mantém a sua mensagem atual, necessária para construir uma sociedade onde prevaleçam a comunhão, a solidariedade, a liberdade, o respeito pelas pessoas, a esperança e a confiança em Deus"44.

Nessa convicção, a eucaristia, na sua dimensão missionária, gera no tempo presente e projeta para o futuro uma Igreja servidora da mensagem evangélica, que da eucaristia busca sempre novas forças para a missão no mundo, isto é, uma "Igreja sacramento de comunhão que, numa história marcada por conflitos, oferece energias incomparáveis para promover a reconciliação e a unidade solidária dos nossos povos" (Puebla, 1302).

A eucaristia é uma força de vida que deve contagiar toda a terra, e a Igreja eucarística deve ser uma Igreja pascal que irradia vida (Jo 6,51).

A Igreja entendida como mistério de comunhão e missão tem no memorial eucarístico a revelação do seu próprio ser: reconhecer o seu Senhor na fração do pão e levantar-se e voltar para anunciá-lo (cfr. Lc 24,13-35) [...]; na encarnação do mundo consiste a missão (cfr. At 1,8).45

Dessa forma, a Igreja possui no mundo a missão de continuar o projeto eucarístico de Jesus e terminará sua missão quando o mundo todo estiver eucaristizado. Há uma tensão escatológica presente na eucaristia: o pão escatológico torna os fiéis participantes da redenção de Cristo no hoje, como também já os faz degustar as alegrias da eucaristia plena. É uma experiência antecipada das alegrias escatológicas, quando

...uma humanidade completamente libertada, constituída em fraternidade universal na qual "Deus será tudo em todos" (1Co 15,28) será a plenificação do projeto eucarístico. Por isso, o banquete final será uma festa de bodas (cfr. Mt 22,1-14) em que os homens todos, celebrando sua solidariedade e fraternidade, celebram sua comunhão com Deus. 46

"A Igreja vive da eucaristia desde as suas origens"47. No propósito de fidelidade à sua missão, ela reflete de maneira sistemática a respeito desta mesma missão. No decorrer dos tempos, concílios, congressos, comissões, documentos apresentam tal reflexão e apontam aspectos teológicos (cristológicos, pneumatológicos, eclesiológicos, litúrgicos, missiológicos e pastorais) na direção de bem celebrar, viver e testemunhar o mistério que recebeu do Senhor.

Mais próximo no tempo, pode-se afirmar que "a inter-relação entre Igreja e eucaristía é um leitmotiv nos decretos do Vaticano II"48. Depois dele e, a partir de uma releitura latino-americana por ocasião das conferências episcopais, "se percebe a preocupação inerente da Igreja na obra da evangelização de todos os povos [...]. [...] a Igreja convoca-se a si própria para avaliar e discutir a razão fundamental do estar no mundo: a evangelização"49.

A partir de Aparecida,

...todos são convocados como batizados, a assumirem com seriedade a sua vocação batismal, numa Igreja toda ela ministerial, primeiramente a serviço dos que mais sofrem, ao mesmo tempo profética: anunciando a boa nova e denunciando as injustiças. Portanto, ser discípulo [...] é estar perto do Senhor, conhecer Jesus Cristo, o ressuscitado, fazer com ele uma experiência de vida, [...] como lembra o papa João Paulo II, em sua encíclica Ecclesia de eucharistia, um encontro a partir da palavra anunciada e vivida, valorizando a eucaristia como o momento supremo do encontro com o Senhor e com os irmãos para formar comunidade que, alimentada deste mesmo pão, reconhece o seu Senhor nos que mais sofrem: isto é ser missionário.50

As palavras proferidas ao final da celebração eucarística, ite missa est, apontam que "a conclusão de toda a santa missa tem uma referencia imediata ao envio à missão"51. O testemunho, primeira responsabilidade de cada cristão na sociedade, é essencial no cumprimento dessa missão, tarefa exigente e desafiante para as capacidades humanas. "Por isso, onde buscar força senão na eucaristia, nascente inesgotável da missão, verdadeira fonte de comunhão e de solidariedade, de reconciliação e de paz?"52.

Considerações finais

"A eucaristia é o mistério central da fé cristã". Com estas palavras, o papa Francisco se dirigiu aos fiéis que o acompanhavam na celebração da missa no Santuário Nacional de Aparecida - SP, por ocasião de sua presença na Jornada Mundial da Juventude, ocorrida em 2013, no Brasil.

Mistério fundamental do encontro entre Deus e o ser humano, a eucaristia é profundamente rica de significação. É por isso, que as diversas épocas históricas foram sublinhando os variados aspectos que fazem parte da "realidade" da eucaristia. Fazem parte, mas não a esgotam. No mistério eucarístico acontece algo mais profundo e insondável que somente a fé pode perceber.

Nele, pelas palavras da instituição, e pelo poder do Espírito Santo, é o mesmo evento originário da morte e ressurreição de Cristo que se torna presente "pessoalmente", isto é, na pessoa que realizou tal evento: Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem. Todo o significado da eucaristia se fundamenta nesta base e se irradia por meio dela como de seu foco.

A memória de Jesus é dinâmica: ela projeta a Igreja para frente. A partir do encontro com seu Senhor, ela deve expressar na existência ordinária o que o próprio Cristo viveu sobre a terra, isto é, o amor de Deus que fundamenta o amor entre todos os seres humanos53.

Nos primórdios da Igreja, a eucaristia estava tão próxima da vida que o rito sagrado e o banquete fraterno eram celebrados juntos e designados com o mesmo nome (ágape) (1Co 11,17ss.) e, por vezes, é até difícil decidir de quais das duas partes se fala em um certo contexto. Por exemplo: no episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35).

Tal encontro entre eucaristia e vida deve ser procurado em ambas as direções. Se de um lado a eucaristia deve aproximar-se da vida, por outro a vida deve tender à eucaristia: o alimento cotidiano que se come junto, em família, ou na comunidade, deve ser de certo modo um gesto religioso que prepara a eucaristia.

Para Perrot54, João é o evangelista que mais fala da eucaristia: em seus longos capítulos sobre a última refeição (Jo 13-17), apresenta a narração do lava-pés (Jo 13,1-30), que, de certa forma, substitui a narração da ceia. A atitude interior é que é realçada: é necessário "amar até o fim" (v.1), tomar o avental de servidor (Lc 22,27) e repetir o gesto do Senhor (v.15: "Fazei-o também vós").

Há vários elementos análogos a esta narração em Jo 6,51-58: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu"; "o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo". Há um conjunto neste discurso de Jesus, que dá continuidade à multiplicação dos pães (Jo 6,1-15). Marcos anexa a mesma situação — multiplicação dos pães (Mc 6, 30-37; 8,1-10) — como um anúncio da ceia. Dessa forma, a narração da multiplicação se torna então eminentemente eucarística55.

Dessa forma, percebe-se que a participação à mesa é uma característica do ministério de Jesus, que oferece alimento abundante às multidões (Mc 6,30-46; 8,1-10) e na última ceia reparte pão e vinho (Mc 14,22-24). Se comer e beber é uma questão de vida ou morte, partilhar a mesma mesa é sinónimo de humanidade em um nível bem profundo56.

Nestas cenas de comida e bebida, em especial da última ceia, têm-se narrativas que são paradigma de comportamento, modelo de vida. Em comunidade, come-se, bebe-se e se dá a integração entre os membros — criam-se vínculos fraternos. Isto faz da prática de Jesus uma proposta renovadora, que anuncia o Reino de Deus "no jeito de ser da mesa"57. Essa é a promessa do Reino: a participação no banquete em que toda fome e sede serão saciadas definitivamente (Mc 14,25).

É significativo, também, o acúmulo de verbos — tomar, partir, dar/ distribuir— que enfatizam o chamado à partilha na multiplicação dos pães. É o mesmo vocabulário da última ceia de Jesus com os doze apóstolos58. Assim, o pão partido e repartido nas multiplicações, por um lado, é o alimento que nutre a multidão faminta, terminando com a fome; por outro, é Jesus feito pão, doando-se àquele grupo criado por ele para possibilitar esse imperativo da partilha. Ecoa-se assim, a palavra do Senhor: "Dai-lhes vós mesmos de comer" (Mc 6,37, 2Rs 4,38.42-44).

Alimentando-se da eucaristia, os cristãos nutrem-se e tornam-se alimento que sustém o mundo, dando assim sentido cristão à vida. É deste sacramento que provém o dom da caridade e da solidariedade, pois o sacramento do altar não pode separar-se do mandamento novo do amor recíproco.

Partir o pão torna-se, portanto, uma expressão privilegiada de lembrar os gestos de Jesus. "Partir e repartir o pão" é o caminho para superar a falta do mesmo. Tratase de um pão que, através da bênção recebida, é reconhecido como dom de Deus a que todos têm direito. Assim, é reconhecido, nesse pão, o fruto do esforço do trabalho cotidiano.

Pelo mandamento de fazer memória de Jesus Cristo, a Igreja é solicitada a chegar a seu ponto de origem - em Jesus, está o sentido de sua própria existência — e a se dispor que Ele aja através dela.

A eucaristia não é um ato privado59. Ela é o sacramento do Reino já presente, este mundo que constitui o projeto do Pai, mundo fraterno, de partilha, diálogo e comunhão. Depois de Cristo, a eucaristia "faz sair" rumo a este mundo a receber, para nele trabalhar como servidor. É viver fora da Igreja os compromissos assumidos na Igreja.

Que deixemo-nos tocar por Cristo a fim de tornarmo-nos membros uns dos outros (Rm 12,5), lembrando que "não somos os donos da eucaristia, nem os primeiros a celebrá-la, nem os únicos, nem os últimos: temos a tarefa de transmiti-la às gerações seguintes"60.

Há vinte séculos, a comunidade cristã celebra a eucaristia, seguindo o mandato do Senhor: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19), e continuará a fazê-lo "até que ele venha" (1Co 11,26).


Rodapé

1Derivado da fórmula latina de despedida Ite missa est, que concluía o rito da bênção final. A expressão era usada para informar que a assembleia chegara ao fim. Seu significado literal é "Vão, (esta) é (a) dispensa", ou seja, "Vão, estáo dispensados". Na Idade Média, por incompreensão do significado original da expressão, passou-se a entender a frase como sendo Ite, missa est (finita), ou seja, "Vão, (a) missa é (finda)", de modo que a palavra para "dispensa" (missa) acabou se transformando no nome da celebração como um todo.
2Gopegui, Eukharistia. Verdade e caminho da Igreja, 9.
3Ibid., 10.
4Ibid., 13.
5Taborda, '"Esperando a sua vinda gloriosa...' Eucaristia, tempo e eternidade", 5-18.
6Ibid., 5-18.
7Giraudo, Num só corpo. Tratado mistagógico sobre a eucaristia, 90.
8Taborda, '"Esperando a sua vinda gloriosa...' Eucaristia, tempo e eternidade", 5-18.
9Ibid., 5-18.
10Tillard, "Teologia. Voz católica. A comunhão na Páscoa do Senhor", 521-575.
11O Sacramentarlo é um livro litúrgico próprio dos ritos ocidentais, que contém as orações que o presidente da eucaristia dirige a Deus em nome da comunidade. Nas liturgias orientais chama-se "eucológio". Os sacramentarlos romanos mais famosos, dos séculos VI-IX, sáo: o Leonino (também chamado Veronense, devido ao lugar onde se conserva o manuscrito principal), o Gelasiano antigo, os Gregorianos (Adriano, século VIII, e Paduano, século IX), e os Gelasianos do século VIII. Há, além disso, o rito Ambrosiano de Milão, o Sacramentarlo Bergomense, o hispânico, o "Liber mozarabicus sacramentorum", o céltico, o Missal Stowe, e o galicano, o Missal galicano antigo. Mais tarde, este livro de altar, com as orações presidenciais, passou a chamar-se Missal. Nele se editaram, pouco a pouco, também as leituras bíblicas. Agora, distingue-se o Lecionário para estas leituras, e o Missal para as orações.
12Bugnini, La riforma litúrgica, citado por Brouard, Eucharistia. Enciclopédia da eucaristia, 521.
13Aldazábal, A eucaristia, 100.
14Note-se que o Concílio de Lyon, em 1274, define os sete sacramentos. Hugo de Sáo Vitor (1096-1141) escreveu o primeiro tratado formal sobre os sacramentos. Atribui-se a Pedro Lombardo (1095-1160) ter apresentado pela primeira vez um catálogo definitivo dos sete sacramentos cristãos (Gopegui, Eukharistia, 40).
15Paulo VI. "Carta encíclica Mysteriumfidei sobre o culto da sagrada eucaristia" 35-41.
16Gopegui, Eukharistia, 33.
17É levar em conta o "sacerdócio comum dos fiéis", anterior ao sacerdócio ministerial, que está a serviço do primeiro (ibid., 35).
18Santo Tomás, Suma teológica III, 83,4, citado por Gopegui, Eukharistia, 41.
19Concílio Vaticano II. "Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada liturgia" 15. O termo "católico" exprime a universalidade resultante da unidade que a eucaristia, celebrada em cada igreja, fomenta e constrói. Assim, as igrejas particulares na Igreja universal têm, na eucaristia, a missão de tornar visível a sua própria unidade e a sua diversidade. Este laço de amor fraterno deixa transparecer a comunhão trinitária. Os concílios e os sínodos exprimem na história este aspecto fraterno da Igreja.
20Sínodo dos Bispos. XI Assembleia Geral Ordinária, A eucaristia: fonte e ápice da vida e da missão da Igreja. Instrumentum laboris, Prefácio.
21Aldazábal, A eucaristia, 99.
22Passakos, Eucharist in the Pauline Mission. A Sociological Approach, citado por Aldazábal, A eucaristia, 100.
23Sáo Leáo Magno: "a paixão de Cristo se prolonga até o fim do mundo" (PL 54, 383 A), citado por Aldazábal, A eucaristia, 358.
24Ibid., 358.
25Hortal, Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral, 106.
26Igreja Católica, Catecismo da Igreja Católica 1368.
27Ibid. 1104.
28Rouet, "Por uma pastoral eucarística" 647-654.
29Ibid., 647-654.
30Congresso Eucarístico Nacional, Eucaristia: Fonte da missão e da vida solidária 5.
31Ibid., 33-34.
32Ibid., 36.
33Taborda, Q memorial da Páscoa do Senhor. Ensaios litúrgico-teológicos sobre a eucaristia, 252.
34Idem, Cristianismo e ideologia. Ensaios teológicos, citado por Taborda, O memorial da Páscoa do Senhor, 253.
35Cipriano de Cartago. De oratione Dominica 23 (PL 4, 553), citado em LG4; AG 2.
36Universalidade, caráter da Igreja Católica. Sobrino, ECA, citado por Taborda, O memo-rial da Páscoa do Senhor, 255.
37Joáo Paulo II, Carta encíclica Redemptor hominis 10.
38Kunrath, "A Igreja e a eucaristia como missão", 203-240.
39O Concílio Vaticano II ensina que a eucaristia náo é apenas o "cume e a fonte da vida cristá" (SC 10), mas também "cume e fonte de toda evangelização" (PO 5). O mundo do qual se fala é o "mundo dos homens e de toda a família humana com a totalidade das coisas entre as quais vive; este mundo teatro da história do gênero humano e marcado por sua atividade: derrotas e vitórias; esse mundo criado e conservado pelo amor do Criador, segundo a fé dos cristáos; esse mundo na verdade foi servidáo do pecado, mas o Cristo crucificado e ressuscitado quebrou o poder do Maligno e o libertou, para se transformar de acordo com o plano de Deus e chegar à consumação" (GS 2).
40Os padres da Igreja, já nos primeiros séculos, enxergaram o profundo sentido da eucaristia e suas implicações sociais e eclesiais. "A pessoa humana, principalmente o nu, o prisioneiro (Mt 35,31ss.) é como "nossa segunda eucaristia" (Rosso, Luomo nostra seconda eucaristia, citado por Kunrath, "A Igreja e a eucaristia como missão", 203-240).
41Ibid., 203-240.
42Alguns congressos eucarísticos internacionais expressam o vínculo existente entre o mistério eucarístico e os grandes problemas humanos: Bombaim (1964): A eucaristia e o serviço aos indigentes; Bogotá (1968): A eucaristia e as implicações sociais da caridade; Melbourne (1973): A eucaristia e a necessária promoção da paz e da justiça no mundo; Filadélfia (1976): A eucaristia e as fomes da família humana; Lourdes (1981): A eucaristia, pão partido para um mundo novo; Nairobi (1984): A eucaristia e a família cristã; Seul (1989): A eucaristia e a paz (Besson, Congresos eucarísticos y dimensión social, citado por Kunrath, "A Igreja e a eucaristia como missão", 203-240).
43Sínodo dos Bispos, XI Assembleia Geral Ordinária, A eucaristia, 131.
44Ibid., 132.
45Kunrath, "A Igreja e a eucaristia como missão", 203-240.
46Ibid., 203-240.
47Sínodo dos Bispos. XI Assembleia Geral Ordinária, A eucaristia, Prefácio.
48Ware, "Como a Igreja é eucarística? Eclesiologia eucarística. (Igreja Ortodoxa)", 851-858.
49De Souza, "Do Rio de Janeiro (1955) à Aparecida (2007)." Revista de Cultura Teológica 64 (2008) : 127-146. O autor analisa e pontua os contextos em que se inseriram as cinco conferências do episcopado latino-americano e caribenho: Rio de Janeiro (1955): escassez do clero; Medellín (1968): a opçáo preferencial pelos pobres; Puebla (1979): promoção humana, da família e juventude; Santo Domingo (1992): nova evangelização; Aparecida (2007): discípulos e missionários de Jesus Cristo.
50De Souza, "Do Rio de Janeiro (1955) à Aparecida (2007)", 127-146.
51Sínodo dos Bispos. XI Assembleia Geral Ordinária, A eucaristia, 147.
52Ibid., 147.
53Léon-Dufour, o Pão da vida. Um estudo teológico sobre a eucaristia, 125.
54Perrot, "A eucaristia no Novo Testamento", 79-118.
55Ibid., 79-118.
56Bustamante, "Dimensões sociais da ceia pascal celebrada por Jesus. Um estudo literário e histórico-teológico de Mc 14, 22-25", 105.
57Schwantes, "No banquete das origens: comida e bebida em narrações bíblicas", 29-45.
58Bustamante, "Dimensões sociais da ceia pascal celebrada por Jesus", 108.
59Rouet, "Por uma pastoral eucarística", 647-654.
60Aldazábal, A eucaristia, 129.


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