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Signo y Pensamiento

Print version ISSN 0120-4823

Signo pensam. vol.29 no.56 Bogotá Jan./June 2010

 

A imagem do Brasil no discurso do New York Times Aspectos sociais

La imagen de Brasil en el discurso del New York Times

MARIA INEZ MATEUS DOTA*

* Maria Inez Mateus Dota. Brasilera. Doctora en Letras de la Universidade Estadual Paulista (Araquara, SP, Brasil). Actualmente es profesora del programa de Posgrado en Comunicación de la Universidade Estadual Paulista (Bauru, SP, Brasil) y miembro del grupo de investigación "Medios y Sociedad" (Midia e Sociedade), registrado en el Consejo Nacional de Investigación en Brasil (Conselho Nacional de Pesquisa, CNPq). Sus áreas de interés son el lenguaje de los medios y el análisis de discurso. Recientemente ha publicado los artículos "O confronto de Lula e Alckmin nas eleições presidenciais do Brasil em 2006: a visão do New York Times' (Razon y Palabra, julio-agosto-septiembre 2009), y "Rótulos de Lula nas eleições de 2006: a visão do New York Times" (en: redes.com, 2009). Correo electrónico:midota@uol.com.br

Recibido: Septiembre 30 de 2009 Aceptado: Febrero 22 de 2010

Recebido: Setembro 15 de 2009 Aceptado: Fevereiro 22 de 20109


Este texto presenta un análisis de las noticias publicadas en el periódico The New York Times, versión digital, entre los meses de enero y junio de 2004. Al relacionarlas con los aspectos sociales del Brasil se intenta ver cuál es la imagen que ese periódico muestra del Brasil.

El artículo adopta como fundamentos teóricos y metodológicos el análisis del discurso, principalmente las contribuiciones de Bell (1991), Fairclough (1995 y 2001), Fowler (1991) y Sousa (2004), discute las estrategias discursivas usadas para representar al Brasil y examina qué elementos escoge y los recursos de lenguaje que son empleados para la producción de los textos analizados.

Palabras Clave: Periodismo. Lenguaje. Análisis de discurso. Ideología.

Descriptores: Noticias de prensa. New York Times -Análisis del discurso. Brasil — Condiciones sociales.


Este texto apresenta uma análise das notícias publicadas no jornal The New York Times, versão digital, entre os meses de janeiro e junho de 2004. Ao relacioná-las com os aspectos sociais do Brasil, procura-se ver qual é a imagem que esse jornal mostra do Brasil.

O artigo adota como fundamentos teóricos e metodológicos a análise do discurso, principalmente as contribuições de Bell (1991), Fairclough (1995 e 2001), Fowler (1991) e Sousa (2004), discute as estratégias discursivas usadas para representar o Brasil e examina os elementos escolhidos e os recursos de linguagem empregados para a produção dos textos analisados.

Palavras- chave: Jornalismo, linguagem, análise de discurso, ideologia.

Descritores: Press Releases. New York Times - Análise do Discurso. Brasil - Condições sociais..


Origen del artículo

Este artículo es una versión revisada y ampliada del documento presentado en el II Congrès Online L'übesevatori per a la Cibersocietat, celebrado del 2 al 14 de noviembre de 2004. Es parte de un estudio mayor que investiga la vida social, visión política, económica y cultural de Brasil en el New York Times, a partir de materiales publicados en el periodo de enero a junio de 2004.

Introdução

Esta análise parte da hipótese de que o New York Times coloca em destaque problemas do Brasil no campo social, em detrimento de projetos e ações desenvolvidos pelo governo brasileiro ou por organizações não-governamentais nessa área. Insere-se numa pesquisa mais ampla que se propõe a verificar qual é a imagem do Brasil propagada pelo referido periódico, no que diz respeito, além dos aspectos sociais, a aspectos políticos, econômicos e culturais (Dota, 2005, 2006 e 2007). A coleta das notícias objeto desta pesquisa se deu no primeiro semestre de 2004, momento em que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva estava no segundo ano de seu primeiro mandato, tendo, portanto, já implementado suas metas de ação com relação aos aspectos acima citados. O foco nesse período se justifica uma vez que se trata de um momento histórico do percurso político do Brasil, ou seja, o desenrolar da atuação, nos dizeres do próprio New York Times, do primeiro presidente de esquerda e primeiro presidente oriundo das classes trabalhadoras no país.

A presente análise, focada nos aspectos sociais, assenta-se no pressuposto de que as notícias veiculadas pela mídia não espelham a realidade de forma neutra e objetiva, mas constroem versões da realidade, a partir de visões de mundo que se ancoram em crenças, valores e objetivos. Para Bell, "a linguagem dos meios noticiosos é proeminente e incisiva na sociedade, e vale a pena entender como a linguagem funciona, como afeta nossas percepções de outros e de nós mesmos, como é produzida, como é moldada por valores" (Bell, 1991, p. XIII).

Na construção da notícia, muitas opções são feitas e as escolhas são definidas em função do ângulo a partir do qual se visualiza um acontecimento e, consequentemente, em razão dos temas e subtemas que se quer colocar em destaque. Assim, entende-se com Fairclough, que a análise dos processos de representação num texto deve levar em consideração:

que escolhas são feitas — o que está incluído e o que está excluído, o que é tornado explícito ou deixado implícito, o que é colocado em destaque e o que é minimizado, o que é tematizado e o que não é tematizado, que tipos de processos e categorias são empregados para representar os acontecimentos, e assim por diante. Questões sobre as motivações sociais para determinadas escolhas, e sobre ideologias e relações de dominação, é uma preocupação constante na análise de tais escolhas (Fairclough, 1995,p. I04).

Ao interpretar as escolhas feitas na construção da notícia é relevante estar atento ao contexto que envolve o acontecimento em foco, tanto no que diz respeito ao jornal em que a matéria é publicada, quanto em relação ao seu contexto direto, que, na visão de Sousa envolve intervenientes, interessados, espectadores, afetados, forças que moldaram o fenômeno, conse-quências possíveis, etc". Estes dados dão ao analista pistas para, por exemplo, entender o envolvimento discursivo das fontes noticiosas, entender as preocupações jornalísticas pela auscultação de determinadas fontes, entender por que razão o acontecimento adquiriu valor noticioso, etc. (Sousa, 2004, p. 17).

Para dar consecução à análise aqui empreendida, constituiu-se um corpus extraído do jornal The New York Times em sua versão on-line disponibilizada na Internet no endereço www.nytimes. com, compreendendo matérias publicadas de janeiro a junho de 2004, com ou sem a indicação do jornalista que as produziu, bem como aquelas oriundas de agências noticiosas. Essa opção se deu em função da importância e alcance dessa versão on-line do jornal no contexto midiático e também pela facilidade na coleta dos textos em relação à versão impressa. Para obter as notícias que atenderam ao objetivo da análise, utilizou-se o sistema de busca do jornal com base na palavra Brazil. A partir de uma primeira coleta, selecionaram-se as matérias que enfocavam aspectos sociais do país, sabendo, naturalmente, que estes tangenciam aspectos políticos e econômicos dentre outros. Obtiveram-se, dessa forma, vinte e duas notícias e uma reportagem, cobrindo temáticas como conflitos de terra, rebeliões em presídios, favela-mento, etc, veiculadas entre os meses de janeiro e junho de 2004.

Uma vez delimitado o corpus, efetivou-se a análise de discurso das matérias selecionadas, no que diz respeito à linguagem verbal, apontando, na macro-estrutura, que aspectos o jornal selecionou para serem abordados em cada uma das temáticas; e, especificamente, como se construiu a teia discursiva nessas temáticas, levando-se em consideração as escolhas lexicais, o implícito, a argumentação, a minimização ou saliência de determinados aspectos do tema enfocado, a ironia, a intertextualidade — "como um texto incorpora partes de outros textos" e a interdiscursividade — "como o discurso da mídia de jornais é constituído por meio da articulação particular de tipos de discurso e processos particulares de tradução entre eles" (Fairclough, 2001, p. 147).

Entende-se que esta análise se justifica porque o estudo do jornalismo constitui uma ferramenta importante para compreender os sentidos que são veiculados na sociedade do conhecimento, principalmente quando disponíveis on-line. Acredita-se que um grande número de pessoas constrói uma imagem do Brasil (e de outros países naturalmente) a partir da informação publicada em jornais on-line, principalmente num período em que a mídia internacional está voltada para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dado o seu histórico pessoal bem como o peso econômico e territorial do Brasil no continente americano. É, portanto, relevante verificar como se opera essa construção de imagem e que significados projeta, uma vez que "os discursos são conjuntos de afirmações sistematicamente organizadas que dão expressão a significados e valores de uma instituição" (Fowler, 1991, p. 42).

Análise das notícias

Procede-se à análise dividindo os aspectos sociais nas várias temáticas cobertas pelo New York Times, quais sejam, conflitos de terra, rebeliões em prisões, favelamento, questões decorrentes da pobreza ou de dificuldades econômicas do país, desabrigados pela chuva e união entre pessoas do mesmo sexo. Apresenta-se um mapeamento dos subtemas que foram abordados em cada uma das temáticas com as respectivas exemplificações extraídas dos textos, visando a apontar a forma com que cada temática foi construída. Paralelamente, discutem-se as estratégias discursivas empregadas para a construção do sentido nessas temáticas e sua relação com a hipótese de trabalho acima mencionada.

Conflitos de terra

Esse tema foi foco de seis notícias, sendo duas sobre o mst (Movimento dos Trabalhadores sem Terra), duas sobre conflito entre índios e garimpeiros e uma sobre conflito entre fazendeiros e índios. Observe-se, ainda, que a questão da reforma agrária, bandeira do mst, foi mencionada em uma outra notícia analisando a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta temática, a pergunta que norteou o olhar desta análise foi a seguinte: Que aspectos são trazidas à tona pelo New York Times no sentido de o Brasil solucionar ou complexificar os conflitos de terra?

Ocupações/invasões:

a) "Brazilian peasants occupied four more ranches on Thursday in a drive to speed agrarian reforms as the government struggled to control the nation's biggest wave of land occupations in five years". (NYTimes. com, 2004g, p.I. Sublinhado fora do texto original)

b) "In the last month alone, the Landless Rural Workers Movement says it has moved nearly 100,000 people onto rural land it claims is not being used in attempts to gain title to the properties". (NYTimes. com, 2004), p. 2.)

c) "Ranchers blocked a main road Wednesday in Western Brazil to protest what they said were thousands of squatters on their land". (NYTimes.com, 2004a, p.I. Sublinhado fora do texto original)

As escolhas lexicais sublinhadas acima mostram duas visões diferentes oriundas de posições ideológicas opostas que geram formações discursivas diversas, acolhidas pelo jornal: de um lado, os militantes do mst, para quem as terras não-utilizadas devem ser ocupadas e, de outro, os fazendeiros, para quem as propriedades não podem ser "invadidas" ou utilizadas por "posseiros" (squatters). Observa-se que a opção pelo título da notícia em (b), Onda de Invasões de Terra Atinge São Paulo, o discurso dos proprietários (NYTimes. com, 2004J), tem um impacto negativo na imagem que os leitores venham a fazer do Brasil e, em última análise, pode afugentar investidores de um país que precisa de capital externo.

Assassinatos

a) "Police began retrieving the bodies of 26 diamond prospectors killed in a mysterious clash with Indians in the Amazon jungle, and the state's governor said that the death toll could rise". (NYTimes.com, 2004h, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "(...) the toll was expected to rise in one of the worst such massacres in South America's richest diamond region". (NYTimes.com, 2004i p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "«They had no opportunity to defend themselves», said Firmino. «It may that in some places Indians are poor but these are not, they are mercenaries»." (NYTimes.com, 2004i p. I. Sublinhado fora do texto original)

Na hierarquização da informação, o jornal dá ênfase aos "assassinatos" (killings) cometidos na Amazônia contra garimpeiros, em função da exploração de riquezas por parte destes nas terras indígenas. O uso da adjetivação superlativa (grifos em (b)) constitui o recurso a uma "linguagem expressiva" no dizer de Sousa e, como tal, justifica a noticiabilidade do acontecimento, uma vez que se trata "de um dos piores massacres desse tipo na mais rica região de diamantes da América do Sul." (Sousa, 2004, p. 198.)

Os índios são apontados como mercenários na fala de um comandante da polícia, conforme (c) acima; esse recurso à intertextualidade, de certa forma, exime a responsabilidade do jornal, mas não deixa de atribuir aos nativos o papel de vilões. Os aspectos culturais que envolvem as tribos indígenas na defesa de seu território são mencionados, mas pouco espaço é dado a esses aspectos e, também, estes não são aprofundados no decorrer das duas matérias que cobrem o conflito ocorrido na Amazônia. Registre-se essa menção em (d) abaixo:

d) "Mercio Pereira Gomes, head of the government's Funai Indian agency which oversees Indian reserves, said the killings should be seen in the light of the miners invading Indian lands. «They were defending their territory», he said. «We have to understand that Indian territory is not like the private property of any Brazilian, it is an extension of their way of life so it is as if they were defending their very lives»." (NYTimes.com, 2004i p. I. Sublinhado fora do texto original)

Conflitos frequentes

a) "The Sao Paulo sit-in was the first urban protest this year after nearly a month of land seizures in rural areas by landless peasants". (NYTimes.com, 2004j, p. I . Sublinhado fora do texto original)

b) "An official for the miner's union said this was the third such clash in recent years". (NYTimes.com, 2004i, p.I. Sublinhado fora do texto original)

A questão dos conflitos de terra atinge diretamente as elites e o poder estabelecido e, segundo Sousa, "os critérios de noticiabilidade não são 'naturais', mas sim organizacionais, sociais, culturais, ideológicos e mesmo 'mediáticos'" (Sousa, 2004, p. 23). Nessa linha, um acontecimento que vá contra os interesses das elites ou que causa problema para o poder estabelecido merece destaque na mídia e sua ocorrência é aqui apontada como frequente, ou seja, "um mês de apoderação de terras" e "o terceiro conflito dessa ordem nos anos recentes", conforme os grifos respectivos em (a) e (b) acima.

Pressão sobre o governo

a) If they stay in their camps the government will do nothing», said mst organizer Dirce Ostroski, who works withfamilies that staged the new land grabs in the northeastern state of Pernambuco". (NYTimes.com, 2004g, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "«These occupations wouldn't be necessary if the government did more to help us find places to live»," said Roque Cuello (...)". (NYTimes.com, 2004j, p.I. Sublinhado fora do texto original)

c) "About 150 ranchers blocked the road that links Japora, where most of the ranches with squatters are, with the town of Iguatemi to demand police move to evict the squatters". (NYTimes.com, 2004a, p. I. Sublinhado fora do texto original)

Com o subtema apontado em 2.1.4, o New York Times mostra a encruzilhada em que se encontra o governo brasileiro: de um lado, a pressão do mst pela reforma agrária e, de outro, "o poderoso lobby dos fazendeiros que acusam o governo de ser muito brando com o mst" (NYTimes.com, 2004g), conforme 2.1.7 (c) abaixo.

O recurso à intertextualidade e à interdiscursivi-dade em (a) e (b), respectivamente permite ao jornal trazer as vozes de duas diferentes lideranças do mst, para destacar a pressão exercida pelo movimento sobre o governo e, também, introduzir o discurso do mst, no sentido de apontar a inércia do governo com relação à reforma agrária, uma vez que este, implicitamente, só age quando pressionado.

Promessas do governo:

a) "The invasions have caught Brazil's first working-class president between promises to shrink vast wealth inequalities and the property rights of Brazil's farm industry that drives the nation's economy". (NYTimes.com, 2004g, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "Brazil's first elected leftist president, Luiz Inacio Lula da Silva, came to office 15 months ago with promise to redistribute property. But leaders of urban and rural squatter groups say his administration's effort have fallen short". (NYTimes.com, 2004j, p. I . Sublinhado fora do texto original)

c) "The social agenda, supposedly the greatest strength of the Workers' Party, has proved to be its principal weakness. Though sweeping agrarian reform was pledged, only a quarter of the promised number of families were resettled". (Rohter, 2004a, p. I . Sublinhado fora do texto original)

Quando o New York Times faz menção às promessas de governo não cumpridas no campo social, implicitamente mostra a incoerência do governo federal que tem no comando "o primeiro presidente da classe trabalhadora" (2004g) também "o primeiro presidente de esquerda eleito" (2004j) e, ainda, "o Partido dos Trabalhadores, cuja maior força é, supostamente, a agenda social" (Rohter, 2004a). A escolha lexical "supostamente" (supposedly) constrói um efeito irônico, pois leva à leitura de que a agenda social deveria ser a maior força do Partido dos Trabalhadores, mas não o é.

Ações do governo:

a) "In March 2002, authorities forcibly removed some 3,000 prospectors who had invaded the reservation. Two months earlier, police found the remains of seven people suspected to be prospectors and arrows nearby. In January 2003, federal police evicted some 5,000 prospectors". (NYTimes.com, 2004h, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

b) "A 300-strong police force flew into the thick jungle in four helicopters to collect the bodies of miners, who were believed to have been killed on April 7 in confrontation with Cinta Larga Indians on the reserve". (NYTimes.com, 2004i, p. I . Sublinhado fora do texto original)

c) Police say interest by buyers in South Africa and Belgium has spurred the mining. (NYTimes.com, 2004i, p. I. Sublinhado fora do texto original)

As ações do governo apontadas pelo New York Times limitam-se a medidas tomadas após a invasão de terras indígenas por parte dos garimpeiros ou à busca de corpos após choques violentos entre os envolvidos. Não há, por parte do jornal, uma ênfase sobre a legislação que visa a inibir a entrada de garimpeiros nas reservas, principalmente se se levar em consideração o apelo de "compradores de metais preciosos oriundos da África do Sul e da Bélgica", uma inserção do discurso da economia que o jornal utiliza para argumentar sobre a dificuldade de se resolver o conflito, conforme (c).

Falta de habilidade/incoerência/leniência do governo:

a) "Unfortunately many other bodies will be found," said Rondonia state Gov. Ivo Cassol. "This is due to the slowness of the federal agencies." (NYTimes.com, 2004i, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) Brazil's Agrarian Reform Minister, Miguel Rossetto, who backs the right of the 20-year-old MST to invade unused land, condemned such actions as "unacceptable." (NYTimes.com, 2004g, p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "Rossetto and other ministers met on Thursday to discuss a response to invasions after powerful farm lobbies accused the government of being too soft on the mst.Inspired by the Cuban and Mexican revolutions, the radical organization is a long-time political ally of Lula and his ruling Workers' Party". (NYTimes.com, 2004g, p. I. Sublinhado fora do texto original)

Em (a), o New York Times usa a intertextua-lidade, trazendo o depoimento de um político de oposição ao governo federal — o Governador do Estado de Rondônia Ivo Cassol -, para afirmar que as mortes ocorrem porque as agências federais são lentas (slowness of the federal agencies) ao tomar providências. Dessa forma, sem se comprometer, o jornal aponta a leniência do governo federal. Pergunta-se: um político de oposição é a melhor fonte para avaliar uma ação do governo ?

Em (b), o adjetivo "inaceitáveis" (unacceptable) entre aspas dá um tom irônico ao fato de o Ministro da Reforma Agrária achar que tais ações, como a invasão de uma plantação de árvores no Estado da Bahia pelo mst, são inaceitáveis, uma vez que ele apoia o direito de o mst invadir terras não-utilizadas. Nesse caso a ironia não procede, pois o ministro assim se manifestou porque o mst invadiu terras produtivas.

Em (c), também num recurso à intertextuali-dade, ou seja, sem assumir a responsabilidade da fala, o jornal aponta o fato de o governo estar sendo acusado pelo lobby dos fazendeiros de ser muito "brando" (soft) com o mst. Essa posição é ratificada pelo jornal, na sequência, quando informa a seus leitores que o "radical" mst é, de longa data, um aliado do Partido dos Trabalhadores, que está no governo. Assim sendo, fica implícito que o partido do governo não poderia entrar em confronto direto com o mst.

Posição de autoridades:

a) "Silva, the country's first working class president, said Brazil's landless are free to protest, but said the seizures could hurt the reform efforts that have been opposed by business groups, ranchers and centrist politicians". (NYTimes.com, 2004j, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "The judge last week ordered the Indians to leave the ranches or face forcible eviction from the 23,225 acres near the border with Paraguay. But federal police said they needed more time to remove such a large number of Indians". (NYTimes.com, 2004a, p. I . Sublinhado fora do texto original)

Em (b), temos, de um lado, o discurso do judiciário, que aplica a legislação e ordena que índios sejam retirados de terras de propriedade de fazendeiros. De outro, temos o discurso da polícia, que analisando sua logística, diz que precisa de mais tempo para remover os indígenas. Já em (a) temos a inserção do discurso político (do presidente Lula) que quer atender os dois lados envolvidos no caso das "invasões" (seizures) do mst: o direito de protestar dos trabalhadores sem terra e a oposição de empresários, fazendeiros e políticos de centro. O discurso político, nesse caso, visa argumentar em direção ao dilema que o presidente, cujo governo depende do apoio de partidos de diversas facções, tem de enfrentar no tocante à reforma agrária.

Clima de tensão:

a) "Tensions between prospectors and Indians have flared often in recent years, but little was known about the reasons for the latest violence". (NYTimes.com, 200411, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "Until the 1940s, the Kaiowa and Guarani roamed freely over much of the state. Today, 60,000 Indians in the two tribes are confined to small, hard-to-farm lots comprising less than 1 percent of state's area". (NYTimes.com, 2004a, p. I. Sublinhado fora do texto original)

Além da própria escolha lexical "tensões" em (a), o clima preocupante em torno dos conflitos de terra é construído pelo jornal com a apresentação de números, objetivando impressionar e dar um caráter de realidade ao problema, conforme (b): "60000 índios de duas tribos são confinados em pequenos lotes de difícil cultivo compreendendo menos de I % da área do estado." (NYTimes, 2004a)

Rebeliões em prisões

O New York Times dedicou cinco notícias para essa temática no período analisado. A leitura que se fez dessa temática baseou-se na seguinte pergunta: Quais as causas ou consequências enfocadas pelo jornal em relação às rebeliões em prisões brasileiras?

Assassinatos:

a) "During the height of the five-day takeover, rioters carried out revenge killings in which at least one victim was decapitated and another hacked to death, officials said". (NYTimes.com, 2004k, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "Police found five mutilated bodies, some with their heads chopped off when officers entered a Brazilian prison on Friday after inmates ended a bloody uprising". (NYTimes.com, 2004l p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "Rioting inmates in a Rio de Janeiro prison killed a captured guard and police could storm the penitentiary if talks to end the rebellion fail, Brazilian officials said on Monday". (NYTimes.com, 2004n p. I . Sublinhado fora do texto original)

d) "Relatives of inmates camped outside the detention center claimed the guard had been killed by the police, who mistook him for a fleeing prisoner. Rita de Cassia, whose son is an inmate, said she fainted when news emerged of the carnage inside the prison". (NYTimes.com, 2004o, p. I. Sublinhado fora do texto original)

e) "The bloodshed was the worst prison violence in Brazil since 1992, when more than 100 inmates were killed by the police at São Paulo's notorious Carandiru prison". (Benson, 2004, p. I. Sublinhado fora do texto original)

O enfoque dado aos assassinatos está presente em todas as matérias analisadas na temática "rebeliões em prisões". Isso se operacionaliza com a argumentação mostrando vítimas decapitadas (decapitated), espancadas até a morte (hacked to death), em (a), corpos mutilados (mutilated bodies), em (b), e com o uso da adjetivação superlativa em que "a carnificina foi a pior violência em prisão no Brasil desde 1992", de acordo com (e). A essas imagens de violência apresentadas, acrescenta-se a confusão retratada pelo fato de um guarda também ter sido assassinado, ou pelos detentos, no discurso das autoridades (c), ou pela própria polícia, no discurso dos populares (d). Nesse embate de informações, retrata-se o caos da rebelião. Observe-se em (d) que uma das parentas dos detentos é apresentada sem sobrenome - Rita de Cássia -, o que implica "a desvalorização simbólica da entrevistada" (Sousa, 2004 , p. 194).

Falta de segurança nas prisões:

a) "As the fighting mushroomed, about 1,000 inmates quickly assumed control of the prison, which was built to hold 350". (NYTimes.com, 2004k, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "The inmates took control of the prison on Sunday and threw the mutilated corpses of some of their murdered victims from the prison walls early in the uprising, shocking relatives watching from the outside". (NYTimes.com, 2004i p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "The riot began early on Saturday after inmates at Benfica prison exchanged gunfire with police and took more than 20guards and prison workers hostage.Fourteen inmates escaped during the clash. Three were later recaptured, police said". (NYTimes.com, 2004n, p.I. Sublinhado fora do texto original)

d) "In Sao Paulo, 250 miles south of Rio de Janeiro, six heavily armed men marched into a detention center Monday and ordered the five guards to release the center's 188prisoners, police said in a statement". (NYTimes.com, 2004o, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

e) "The police, who were still securing the prison on Tuesday, said that they had found at least 15 bodies that had been beheaded and that they feared the death toll would rise". (Benson, 2004, p. i. Sublinhado fora do texto original)

A falta de segurança nas prisões, uma das prováveis causas das rebeliões, também foi um subtema em todas as matérias. A argumentação é construída da seguinte forma: os detentos são apresentados assumindo o controle da prisão, em (a) e (b), trocando tiros com a polícia e fazendo reféns, em (c); homens armados invadem um presídio e liberam i88 prisioneiros, em (d); e a polícia que fazia a segurança de um dos presídios em foco, ironicamente, encontra i5 corpos decapitados. Esses fatos certamente dão saliência às precárias condições de segurança de presídios brasileiros.

Conflitos entre gangues rivais:

a) "The rebellion was sparked be a clash between rival gangs on Sunday". (NYTimes.com, 2004k, p. I . Sublinhado fora do texto original)

b) "Local media reported that the inmates wanted members of rival drug gangs to be kept separately to avoid conflicts". (NYTimes.com, 2004n, p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "Investigators suspect rival gangs, who routinely run drug trafficking operations from inside Brazil's prisons, used the chaos of the uprising to settle scores". (NYTimes.com, 2004o, p. I. Sublinhado fora do texto original)

d) "It [a revolta] ended Monday night after an evangelical pastor persuaded inmates to release 2ihostages in exchange for a promise from prison authorities to separate detainees belonging to rival gangs, officials said". (Benson, 2004, p. I. Sublinhado fora do texto original)

Os exemplos acima apontam ou o confronto entre gangues rivais ((a) e (c)) ou a exigência da separação de gangues rivais por parte dos detentos ((b) e (d)). Em ambos os casos, esse subtema traz à tona uma situação de desordem reinante em prisões do Brasil e a correlação de forças existente, com prejuízo para as autoridades. Observe-se que em (c) o recurso à intertextualidade na voz de investigadores traz, também, para o texto a interdiscursividade; o discurso da polícia (apontando que, no caos da rebelião, as gangues rivais aproveitaram para acertar as contas, e tentando eximir sua culpa pelas mortes), ao ser incorporado à notícia, desqualifica ainda mais a administração do presídio.

Rebeliões frequentes:

a) "The uprising should serve as «an alert, not only in Rondonia, but in the whole country, that the prison system needs to be reviewed», Moraes said". (NYTimes. com, 2004k, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "It [o presídio Urso Branco ] was the scene of an earlier riot in 2002 when 27 inmates died". (NYTimes.com, 2004lp. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "Jail riots are common in Brazil's prison system, which is notoriously overcrowded and violent". (NYTimes.com, 2004n, p. I . Sublinhado fora do texto original)

d) "Rebellions and jailbreaks are also common in Brazilian prisons, which are often criticized by human rights groups for overcrowding and abuses". (NYTimes.com, 2004o, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

e) "Uprisings and jailbreaks are common in Brazil's prison system' (Benson, 2004, p. I. Sublinhado fora do texto original)

A generalização da ocorrência de rebeliões é uma estratégia discursiva constante nas notícias, principalmente em (c), (d) e (e), embora não se apresente nenhuma estatística quanto a esse problema. Essa indicação é feita de forma mais velada nos outros exemplos, pois "o sistema carcerário precisa ser revisto"porque, entre outros problemas, gera rebeliões (a) e, no caso do presídio Urso Branco (Estado de Rondônia), já foi palco de uma outra rebelião em 2002.

Condições desumanas:

a) "Inmates ended a rebellion that left nine people dead at an overcrowded Brazilian prison on Thursday, after authorities agreed to improve conditions". (NYTimes.com, 2004k, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "The Urso Branco, or "White Bear" prison, was built for 360 inmates but houses more than 1,000 prisoners". (NYTimes.com, 2004i p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "Amnesty International last week issued a report condemning "cruel, inhuman or degrading conditions" in Brazil's prisons and youth detention centers, where 285,000 inmates are held in a system built for 180,000". (NYTimes.com, 2004o, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

Neste quesito, as prisões em foco são representadas como "cruéis, desumanas e em condições degradantes" (conforme (c)); "superlotadas" (em (a) e (b)). Para corroborar sua posição, o jornal afirma que uma das rebeliões terminou "depois que as autoridades concordaram em melhorar as condições" (a), o que deixa implícito que as condições estão mesmo ruins.

Favelamento

Essa temática foi abordada em três matérias. A análise que aqui se faz tentou responder à seguinte questão: Como o New York Times representa o problema em si e como apresenta as atitudes do governo/autoridades e da população em face do problema do favelamento?

Situação de miséria:

a) "Estrutural itself is a half-hour drive from Brasília, the nation's futuristic capital, built in the 1950's in the shape of an airplane, symbolically taking thecountry off into a bright future. But as the carefully planned capital has grown, so has Estrutural, with its haphazard maze of jerry-built shanties. The yawning gap between the prosperous capital city and the impoverished slum mirrors the deeper disparities in Brazil, one of the world's most unequal nations". (Dugger, 2004b, p. I. Sublinhado fora do texto original)

Ao representar a favela Estrutural como um "acidental labirinto de barracos construídos rapidamente" (haphazard maze of jerry-built shanties), o jornal ressalta sua localização, ironicamente ao lado de Brasília, "a futuristica capital da nação, construída na década de 50 na forma de um avião, simbolicamente conduzindo o país para um futuro brilhante", conforme (a). Esse recurso à ironia, visa mostrar disparidades sociais do Brasil de forma bastante contundente. Mais uma vez a adjetivação superlativa coloca o país numa posição de destaque num aspecto negativo — "uma das nações mais desiguais do mundo." Nesse contexto, a imagem de Brasília na forma de um avião tem efeito contrário e aponta para um Brasil que não consegue levantar voo.

Falta de planejamento:

a) "Squatter settlements like Estrutural have filled a crying need, urban planners say. Government and the market economy have failed to create affordable housing for millions of poor Brazilians who have streamed from the countryside to the cities". (Dugger, 2004c. Sublinhado fora do texto original)

b) "But the site chosen as the proposed new home of the former stilt dwellers was not in Brasília Teimosa itself but at an unfinished housing project an hour away by bus-far from the residents' precious jobs as fishermen, domestic servants in rich nearby seafront neighborhoods and weekend vendors of soft drinks and beer on the beach ". (Rohter, 2004b, p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "In Rio de Janeiro, the poor have ended up with the breathtaking vistas of the ocean, having clustered their hovels onto the unstable terrain of the cliffsides. The value of swanky apartments down below often depends on whether a window faces these elevated slums, exposing the occupants to stray gunfire from warring drug gangs". (Bearak, 2004, p. 5. Sublinhado fora do texto original)

Esse subtema é construído quando as matérias mostram a ausência de projetos consistentes do governo no tocante à habitação, em função do êxodo rural (a); a apresentação de um projeto para abrigar favelados bem distante de seus locais de trabalho (b); e a formação, aos olhos do poder público (não-dito, mas sabido), de favelas com casebres pendurados nos morros (their hovels onto the unstable terrain of the cliffsides) (c). Da forma com que o assunto é colocado, essa falta de planejamento nem sequer respeita as classes sociais, pondo em contato direto favelas e apartamentos de luxo (swanky apartments).

Proj etos atrasados/não-executados:

a) "A year later, things have not quite worked out as planned. A showcase project to relocate more than 400 families from squalid seaside shacks mounted on stilts is bogged down in delays and controversy" (Rohter, 2004b, p. 1. Sublinhado fora do texto original)

b) "Not far from the site of the stilt houses, for example, is the shell of a derelict fish processing plant, built in part with money from the World Bank and once visited by Robert S. McNamara, meant to help lift the slum form its chronic poverty". (Rohter, 2004b, p. 1. Sublinhado fora do texto original)

c) "The slum, which hovers over a water basin, has no sewage system. Residents dig holes in their dirt floors and put a toilet on top. The raw waste seeps into the ground, contaminating the water. The cost of installing underground sewer pipes with a city already in place would be high". (Dugger, 2004b, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

Questões envolvendo os favelados são alvo de projeto emperrado (a), projeto abandonado (b) e medida não-tomada em razão da dificuldade para a instalação de rede de esgoto na favela Estrutural, com a cidade já formada. Os argumentos apontados configuram, no texto, o descaso de autoridades com problemas sociais.

Resistência da população:

a) "In i997and 1998, the governor, Cristovam Buar-que, a leader in the Workers' Party, opposed legalizing Estrutural and tried to relocate the residents. The facts are in dispute, but Mr. Buarque said the police went there not to force people out but to lookfor criminals. When they rode in on horseback, however, the residents saw it as an assault on their right to live there. As many as six people were killed". (Dugger, 2004b, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

b) "For Estrutural, named for the highway that runs alongside, the ambiguities in the process of urban growth are embodied in Mr. Edmar, an influential representative in the capital district's legislative assembly. For desperately poor squatters like Ms. Souza, Mr. Edmar is a patron saint who has championed her family's right to stay put. Federal prosecutors say he is a swindler". (Dugger, 2004b, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

As notícias sobre favelamento mostram residentes que entram em confronto com a polícia (a) ou que se protegem sob a força de político vigarista (swindler), para permanecerem em suas moradias, o que delineia a complexidade do problema retratado. O título da notícia nos trechos acima — "Favelas Brasileiras Vistas como Fantoches em Jogos Políticos" — corrobora essa complexidade retratada e ainda põe em relevo a atuação duvidosa de políticos.

Críticas a ações equivocadas ou ilegais:

a) "Instead of working closely with independent community groups, runs the complaint, municipal officials prefer to work with bodies controlled by the party". (Rohter, 2004b, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

b) "The United Nations Human Settlements Program, in a report last year titled "The Challenge of Slums" described the phenomenon in the developing world, where "squatting became a large and profitable business, often carried out with the active, if clandestine, participation of politicians, policemen and privateers of all kinds". (Dugger, 2004b, p. I. Sublinhado fora do texto original)

Críticas a ações do governo federal são trazidas por outras vozes para o texto: líderes comunitários que querem ser ouvidos, ao invés de se trabalhar com grupos controlados pelo Partido dos Trabalhadores (bodies controlled by the party) (a); e um relatório das Nações Unidas que aponta a participação de políticos, policiais e particulares no rentável negócio de apropriação de terras (squatting), em (b).

Outras questões decorrentes da pobreza/difiail-dades econômicas do país Nesse item foram incluídas várias temáticas abordadas pelo jornal que podem ser enquadradas como decorrentes da pobreza em que vive uma parcela significativa da população brasileira e/ ou como consequência de dificuldades econômicas que o país enfrenta. Seis notícias e uma reportagem foram aqui avaliadas e procurou-se responder à seguinte pergunta: Em que nível de pobreza e de dificuldade econômica o New York Times coloca o Brasil?

Desemprego:

a) "The ranks of the unemployed swelled by nearly a million, consumer purchasing power has declined by 20 percent and the economy itself has failed to grow". (Rohter, 2004a, p. I . Sublinhado fora do texto original)

b) "Brazil's recession-battered economy is virtually certain to enjoy a modest expansion this year, but that may not be sufficient to attain the government's dream of sustained growth and full employment, according to business groups and financial analysts". (NYTimes.com, 2004e, p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "Meanwhile, the national Industrial Confederation said manufacturers created some 300,000 new jobs during the first two months of the year, the biggest leap for any two-month period since 1992". (NYTimes.com, 2004e, p. I. Sublinhado fora do texto original)

d) "In its first year in office, however, the new government had to withstand a rising unemployment rate, which still hovers around the 13 percent mark, and a full-blown recession. Brazil's gdp shrank in 2003 by 0.2percent". (NYTimes.com, 2004e, p. I. Sublinhado fora do texto original)

Embora o New York Times aponte, em uma das notícias (exemplo (c) que 300 000 novos empregos foram criados durante os dois primeiros meses de 2004, outros trechos enfatizam que as fileiras de desempregados beiram um milhão (a), que a expansão da economia não é suficiente para atingir o sonho do governo do pleno emprego (b) e que a taxa de desemprego está em ascendência (d). Os números apresentados nos exemplos acima ajudam a criar uma imagem de dificuldade no tocante a esse problema.

Trabalho escravo:

a) "Dozens of workers were found in slavelike conditions on a senator's ranch, the Labor Ministry said, as Congress debated a bill to confiscate the land of such employers". (NYTimes.com, 2004c, p. 1. Sublinhado fora do texto original)

b) "The workers on the senator's ranch, in northern Para, were not allowed to leave, worked seven days a week and received no pay, the ministry said". (NYTimes.com, 2004c, p. 1. Sublinhado fora do texto original)

c) "Remember, Brazil is a country that had slavery until almost the end of the 19th century. Even then, the end of slavery was only a law written on a piece of paper. The mind-set continued for many years." (Da Silva, Lula [Presidente do Brasil]. Entrevistado por: Bearak, 2004, p. 5. Sublinhado fora do texto original)

O alto nível de pobreza do país é aqui salientado pela existência do trabalho escravo — em condições precárias e, ironicamente, na fazenda de um senador brasileiro ((a) e (b)). A fala do Presidente do Brasil é inserida no texto pelo recurso à intertextualidade,para garantir a revelação do jornal. É como se afirmasse: sem sombra de dúvida, trata-se de um fato verídico, pois o próprio presidente diz que "o fim da escravatura é apenas uma lei escrita num pedaço de papel", conforme o trecho (c).

Imigrantes ilegais nos Estados Unidos:

a) A group of 277deportees —about a quarter of the illegal Brazilian immigrants held in detention in the United States— arrived home Wednesday on a plane charted by the United States government". (Smith, 2004, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "More than 5,200 Brazilians were detained in the United States for illegal entry between October 2002 and September 2003". (Smith, 2004, p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "Brazilians currently rank fifth among illegal immigrants detained as they try to enter the United States, trailing Mexico and three Central American nations". (Smith, 2004, p. I. Sublinhado fora do texto original)

O fato de o New York Times mostrar grande número de imigrantes brasileiros ilegais nos Estados Unidos ((b) e (c)) e um grupo de deportados (a), reforça a imagem de que o Brasil vive uma grave crise de desemprego.

Venda de órgãos:

a) "When Alberty José da Silva heard he could make money, lots of money, by selling his kidney, it seemed to him the opportunity of a lifetime". (Rohter, 2004c, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "Amongpoor men like Mr. da Silva and others who have migrated to slums herefrom Brazil's parched northeastern backlands, word of the market to sell their organs spread quickly". (Rohter, 2004c, p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "The sums being offered seemed a fortune. The minimum wage here is barely $80 a month, and work is hard to find. Many men struggle to exist on odd jobs that pay barely a dollar a day. Initially, the organ brokers paid as much as $10,000for a kidney - more than a decade's wages". (Rohter, 2004c, p. I. Sublinhado fora do texto original)

Um caso específico de venda de órgão por um cidadão brasileiro abre espaço, mais uma vez, para a introdução de dados sobre a situação de pobreza no Brasil. O valor pago por um órgão humano (comparado ao valor dos salários no país) é mostrado como um grande atrativo para a realização da venda.

Programa Fome Zero:

a) "Spending on social programs is down 8 percent from the level in the last year of the previous government, according to a recent opposition study, but even at that, Mr. da Silva' Zero Hunger program was able to spend only a third of its allotment in 20033". (Rohter, 2004a, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "Critics of Lula's flagship program say it has been wrapped up in red tape and is showing zero progress. But adviser Frei Betto told Reuters it was already helping 15 million people, although he conceded it would take longer than Lula promised to reach its goal of guaranteeing three meals a day for all". (NYTimes.com, 2004f p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "I don't consider it a flop. On the contrary, I think its a huge success considering the economic difficulties with which we came to power," Betto said". (NYTimes.com, 2004f p. I. Sublinhado fora do texto original)

d) "Zero Hunger has been touched by scandal the over siphoning off of funds, but Betto - a priest and longtime friend of Lula - said it was a very small problem". (NYTimes.com, 2004f p. 2. Sublinhado fora do texto original)

Os textos das notícias que se referem ao Programa Fome Zero não o qualificam como bem sucedido dentro das necessidades decorrentes de pobreza e de dificuldades econômicas do Brasil. Recorrendo à intertextualidade, de forma não especificada, na voz dos "críticos", afirma-se que o programa está "envolvido na burocracia" (wrapped up in red tape); faz-se, também, um trocadilho como o nome do programa —Fome Zero— e aponta-se a sua evolução como "progresso zero" (b). Ao lado disso, utilizam-se números sobre a pequena destinação de verba para o programa (a), meta não-atingida (b) e desvio de fundos (siphoning off of funds) envolvendo essa iniciativa (d). As avaliações positivas apresentadas sobre o Fome Zero são feitas por um então membro do governo federal — Frei Betto, "há muito tempo amigo do presidente Lula" (longtime friend of Lula). Implicitamente, sugere-se que sua avaliação é suspeita.

Programas Bolsa-Escola e Bolsa-Família:

a) "(...) break the cycle of poverty, the government gives the poor small cash payments in exchange for keeping their children in school and taking them for regular medical checkups". (Dugger, 2004a, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "By 2006, Family Grant will reach 11.4 million families - more than 45 million people, about a quarter of Brazil's population. That would be by far the world's largest such program". (Dugger, 2004a, p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "But the program has also won wide public acceptance here, surviving from government to government in large part because it is not simply a handout". (Dugger, 2004a, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

d) "Poor Brazilians, in recent interviews, made clear that the bits of money that seem trivial by rich-country standards loom large for families living, as millions here do, on less than a dollar per person a day". (Dugger, 2004a, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

Em função do nível de pobreza apontado— "milhões vivem aqui com menos de um dólar por pessoa por dia" (d) -, o governo mantém programas sociais como o Bolsa-Escola e o Bolsa-Família que passou a incorporar quatro programas sociais anteriores (Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Vale Gás e Cartão-Alimen-tação). Essas iniciativas, em si, são apresentadas de forma positiva pelo jornal, pois "quebram o ciclo da pobreza, mantém as crianças na escola e oferecem-lhes cuidados médicos" (a). Entretanto, ao apontar o grande número de famílias atendidas — 11,4 milhões — o New York Times ressalta o alto nível de pobreza do país.

Desabrigados pela chuva

Temática pouco explorada pelo jornal sendo alvo apenas de uma pequena notícia de cunho factual. Mostra, de um lado, a tragédia ocasionada pelas chuvas de verão e, de outro, a rápida ação do governo para resolver o problema dos desabrigados:

a) "Mudslides and floods have forced more than 40.000 Brazilians to leave their homes and killed 84 since heavy rains began in late December, civil defense authorities said on Tuesday". (NYTimes.com, 2004b, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "President Luiz Inacio Lula da Silva is to visit area of Brazil's usually parched northeast on Wednesday where entire communities have been submerged by rains which have caused 18 deaths nationwide since Friday". (NYTimes.com, 2004b, p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "The government is scrambling to rescue people trapped in towns that have become islands, house people in schools and shelters and tend to dozens of injured". (NYTimes.com, 2004b, p. I. Sublinhado fora do texto original)

O fato de o New York Times destacar a presença do presidente Lula no local atingido pelas chuvas e o atendimento do governo aos desabrigados dá uma conotação positiva à forma como essa tragédia foi tratada.

União entre pessoas do mesmo sexo

Abordada em duas notícias, essa temática é apresentada de forma bastante positiva para o Brasil, uma vez que o New York Times mostra a tranqüilidade com que foi aceita a decisão do Estado do Rio Grande do Sul sobre união entre pessoas do mesmo sexo, exceção feita, obviamente a um membro da Igreja Católica, conforme (d) abaixo:

a) "A judge in the southernmost state in Brazil, the world's largest Roman Catholic country, has authorized same-sex couples to register civil unions at any public office". (NYTimes.com, 2004d, p. I. Sublinhado fora do texto original)

b) "Unlike the controversy raging in the United States over gay marriages, a landmark judicial decision two months ago allowing civil unions in Brazil's southernmost state has generated little tension in Porto Alegre. It's such a non-issue in South America's largest country that many people don't even know about it". (NYTimes.com, 2004m, p. I. Sublinhado fora do texto original)

c) "Although Brazilians often deride homosexuals in crude jokes, gays are generally tolerated. Their flamboyant drag parades have long been major draws during carnival celebrations in Rio de Janeiro and in the northeastern city of Salvador". (NYTimes.com, 2004m, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

d) "«It's a pragmatic attitude which says, 'As long as I don't suffer the consequences, fine' without realizing that this could destroy the concept of family, and confuse our children, especially teens, who will see this as an option», he [Padre Ricardo Paz, também juiz eclesiástico da cidade de Porto Alegre]said". (NYTimes.com, 2004m, p. 2. Sublinhado fora do texto original)

A avaliação positiva com referência a esse subtema se ancora nos seguintes argumentos: a marcante decisão da justiça (b), o baixo impacto que a decisão gerou dentre a população (b) e a tolerância dos brasileiros com relação a homossexuais (c). Obviamente, a avaliação negativa é trazida intertextualmente (pelo discurso direto, na voz de um padre) e, ao mesmo tempo, pela inserção do discurso da Igreja Católica que, institucional-mente, condena a união entre pessoas do mesmo sexo, considerando-a destruidora do conceito de família e deseducativa para crianças e jovens (d).

Considerações finais

Retomando as perguntas de pesquisa formuladas em cada uma das temáticas abordadas pelo jornal, verifica-se que a teia de significações construída conduz a uma visão negativa do Brasil, no momento específico retratado pela pesquisa, isto é, primeiro semestre de 2004, que está contido no início da atuação política de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil. No tocante a conflitos de terra, os subtemas abordados não contemplam, por exemplo, as desapropriações de áreas e os assentamentos de trabalhadores sem terra efetivados pelo governo brasileiro. Enfatiza a frequência dos conflitos, o descaso do governo brasileiro, a desordem e a violência.

Com referência às rebeliões em prisão, as causas e consequências ressaltadas projetam uma imagem de miséria humana, e também de descaso do poder público, desordem e violência. No período analisado, o New York Times não dedica matéria, por exemplo, aos inúmeros presídios construídos nos estados de São Paulo e Paraná.

O favelamento é representado como uma situação de miséria, sendo a ausência de planejamento a atitude do governo enfatizada nas notícias. O jornal ainda destaca a insistência da população em permanecer em locais de favela e a ação de oportunistas, que se aproveitam da situação dessas populações carentes para facilitar-lhes a fixação nessas áreas. Em nenhum momento são trazidos à tona os inúmeros programas da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (cdhu), o Programa Favela-Bairro do Rio de Janeiro ou as ações de organizações não-governamentais em favelas do Brasil.

Com relação a outras questões decorrentes da pobreza/dificuldades econômicas do país, o New York Times apresenta um quadro bastante problemático para o Brasil: o alto grau de carência de uma grande parcela da população é ressaltado, caminhando lado a lado de grave crise de desemprego, com nuances para o trabalho escravo, de um lado, e para a imigração ilegal na busca por trabalho no exterior, de outro. Ações sociais do Estado, concernentes ao Brasil no mesmo período, tais como o Programa Alfabetização Solidária, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), os Centros Educacionais Unificados ( CEUs) da cidade de São Paulo, e a insistência do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na discussão da pobreza em fóruns internacionais não foram tematizadas.

As temáticas dos desabrigados pela chuva e da união entre pessoas do mesmo sexo no Brasil têm tratamento positivo por parte do jornal. No primeiro caso, a ação do governo para solucionar o problema é destacada; no segundo, a aceitação da união tanto pela justiça quanto pela população envolvida é ressaltada. Todavia, tais temáticas foram objeto de um número bem reduzido de matérias (3) com relação às demais abordadas (20).

Revendo as matérias analisadas e as estratégias discursivas empregadas, pode-se afirmar que o New York Times ressalta temas e subtemas negativos no tocante a aspectos sociais do Brasil, no período analisado. Questões como conflitos de terra, rebeliões em prisões, favelamento e pobreza dão o tom à maior parte dos textos estudados. A maneira como tais assuntos são engendrados enfatiza, principalmente pelas escolhas lexicais e pela argumentação, um clima de violência, miséria e desorganização do poder público. A imagem que se projeta é, sem sombra de dúvida, desfavorável ao país.

A seleção de temas enfocados pelo New York Times remete a uma visão de mundo que não lhe permite enfatizar, ao lado de problemas, as iniciativas tomadas por autoridades e pela população brasileiras, no momento enfocado, no sentido de minimizar as dificuldades no campo social, muitas delas decorrentes de problemas econômicos fora do âmbito de decisão do país.

Nos dias atuais, a realidade social do Brasil aponta uma situação bem mais favorável do que essa delineada pelo New York Times, em paralelo ao impacto relativamente pequeno, neste país, da crise econômica mundial deflagrada em 2008 nos Estados Unidos: as diferenças entre classes sociais diminuíram, a classe média cresceu e o nível de emprego melhorou. Assim, outros quadros podem ser retratados se forem analisadas notícias do referido periódico a respeito dos aspectos sociais do Brasil em outros períodos desde junho de 2004, porém tal discussão fica em aberto para futuras pesquisas e eventuais comparações.

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