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Investigación y Educación en Enfermería

Print version ISSN 0120-5307On-line version ISSN 2216-0280

Invest. educ. enferm vol.30 no.1 Medellín Jan./Apr. 2012

 

ENSAYO / ESSAY / ENSAIO

 

As contribuições das representações sociais para a investigação em saúde e enfermagem

Las contribuciones de las representaciones sociales para la investigación en salud y enfermería

Contribution of social representations to health and nursing research

 

 

Elena Araujo Martinez1

Sônia Regina de Souza2

Florence Romijn Tocantins3

 

1 Enfermeira, Mestre em Enfermagem. Enfermeira do Instituto Fernandes Figueira, Departamento de Pediatria - FIOCRUZ, Rio de Janeiro, Brasil. email: elenamartinez@iff.fiocruz.br.

2 Enfermeira, Doutor em Enfermagem. Professora Adjunto II da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, Brasil. email: soniasilvio@uol.com.br.

3 Enfermeira, Doutor em Enfermagem. Professora Titular do Departamento Enfermagem Saúde Pública da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, Brasil. email: florenceromijn@hotmail.com.

 

Subvenciones: ninguna.

Conflicto de intereses: ninguno a declarar.

Cómo citar este artículo: Martinez EA, Souza SR, Tocantins FR. As contribuições das representações sociais para a pesquisa em saúde e na Enfermagem. Invest Educ Enferm. 2012;30(1):101-107.

 


 

RESUMO

Os fenômenos de representação, eleitos como objeto de estudo na enfermagem, dão sentido às práticas de atendimento, o que permite compreender as relações entre o sujeito e o fenômeno, os pacientes e as equipes multidisciplinares, (re)apresentando quem é o profissional, seu conhecimento, o tipo de atendimento e a (re)elaboração do seu significado.

Palavras chaves: cuidados de enfermagem; pesquisa metodológica em enfermagem; prática profissional.

 


 

RESUMEN

Los fenómenos de representación, elegidos como objeto de estudio en la enfermería, dan sentido a las prácticas de atención, lo que permite comprender las relaciones entre el sujeto y el fenómeno, los pacientes y los equipos multidisciplinarios, representando qué es lo profesional, su conocimiento, el tipo de atención y el redesarrollo de su significado.

Palabras clave: atención de enfermería; investigación metodológica en enfermería; práctica profesional.

 


 

ABSTRACT

Representation phenomenon, chosen as object of study in nursing, give sense to the attention practices, which allow understanding the relationships between the subject and the phenomenon, patients and multidisciplinary teams representing what is professional, its knowledge, the kind of attention and its meaning redevelopment.

Key words: nursing care; nursing methodology research; professional practice.

 


 

INTRODUÇÃO

As pesquisas no campo da saúde, mais especificamente na enfermagem, foram influenciadas por aspectos históricos, políticos e sociais e começaram a ser evidenciadas a partir da década de 70, principalmente com o início dos cursos de pós-graduação stricto sensu.1 Até os meados de 1980 a produção científica da enfermagem era direcionada principalmente pelo positivismo, com foco mais objetivo, onde os aspectos metodológicos que predominavam estavam relacionados à mensuração e comparação de fenômenos (quantitativo), sendo as análises subjetivas destes fenômenos, escassas (qualitativo).1 A partir desse período, percebendo a complexidade do processo saúde-doença, e que este envolvia aspectos históricos, sociais e culturais, e não somente relacionados à doença, a enfermagem necessitou experimentar novas abordagens teórico-metodológicas. Isso permitiu o crescimento da produção científica, e aumento das pesquisas que apontasse para elementos do saber e da prática da enfermagem, que não poderiam ser mensurados e sim interpretados.1

As ciências humanas e sociais influenciaram na construção do conhecimento na área de enfermagem, evidenciando-se o uso de diferentes teorias, sendo uma dessas as Representações Sociais, tornando-se muito utilizada para desvendar os aspectos que envolvem e estão implicados com o processo saúde-doença.

Em foco: a teoria das representações sociais

O termo Representação Social teve seu marco inicial com o sociólogo Emile Durkheim, com a expressão “representação coletiva”. Contudo, a partir de 1961, Serge Moscovici traz esta idéia para o campo da psicologia social estruturando a denominada teoria das Representações Sociais.2 Esta teoria foi aprimorada e construída em outra perspectiva, considerando também os aspectos psicológicos através de dimensões afetivas, cognitivas e sociais.

Doise,3 estudioso das condições sociais do desenvolvimento cognitivo, propôs a distinção entre quatro níveis de explicação em psicologia social: (1) o nível intrapessoal, onde são analisados os mecanismos pelos quais o indivíduo organiza a sua experiência; o nível (2) interpessoal tem como objeto de estudo “a dinâmica das relações estabelecidas em determinado momento, por determinados indivíduos em determinada situação”; o nível (3) denominado posicional considera “as diferenças em posição social que existem previamente à interação entre diferentes categorias de sujeitos” e finalmente, o nível (4) denominado nível ideológico, que considera “na pesquisa e na explicação as próprias ideologias, os sistemas de crenças e representações, valores e normas” desenvolvidas por toda a sociedade para manter a ordem social estabelecida.3:17 Neste sentido, a Teoria das Representações Sociais pode ser considerada como uma grande teoria, no sentido de que sua finalidade é propor conceitos de base, como de sistema, ancoragem e objetivação, com intuito de atrair a atenção sobre um conjunto de dinâmicas particulares e seus múltiplos processos específicos.3

As Representações Sociais circulam, se entrecruzam e se cristalizam continuamente, através de palavras ou gestos no nosso mundo cotidiano, impregnando “a maioria de nossas relações estabelecidas, os objetos que nós produzimos ou consumimos e as comunicações que estabelecemos”.2:10 Ao mesmo tempo, as Representações Sociais são caracterizadas através da fala, gesto, ou relação no universo cotidiano, ou mesmo aparecem por meio de observação com sua interpretação e análise. Essa representação é um caminho capaz de direcionar o comportamento e revelar seu sentido, onde os elementos do meio ambiente em que o comportamento é desenvolvido serão reconstruídos e remodelados.4 Com esse entendimento, enfatiza-se tanto a dimensão social quanto a individual, considerando que os comportamentos individuais são fatos sociais e que possuem história própria.2 Com isso, a Representação Social pode ser entendida como respostas da consciência subjetiva aos ambientes sociais e nesse momento os indivíduos poderão ser capazes de construir a sua percepção sobre alguma coisa, ou seja, formar uma imagem mental da realidade social em que está inserido.4

O modo pelo qual se compreende um fenômeno em particular não é o único caminho das Representações Sociais. Este caminho também pode envolver a compreensão da capacidade do sujeito em adquirir definições, dar identidade e um valor simbólico a este mesmo fenômeno. As Representações Sociais ainda permitem a comunicação entre os sujeitos de um ambiente, dando lhes um registro para nomear e classificar, sem incertezas, os vários elementos do seu mundo e de sua história individual e social.2 Nessa perspectiva, “as representações podem ser o produto da comunicação, mas também é verdade que, sem a representação, não haveria comunicação”, ou seja, é a forma de ligação entre o sujeito e o objeto.2:22 Essa ligação entre o sujeito e o objeto permite transformar o que é não familiar em familiar, sendo os elementos compreendidos como fenômenos e descritos por técnicas metodológicas. Nesse sentido, “a familiarização é sempre um processo construtivo de ancoragem e objetivação, através do qual o não familiar passa a ocupar um lugar dentro do nosso mundo familiar”.2:20 Dessa forma, desenvolver uma pesquisa mediante a abordagem das Representações Sociais é ter a possibilidade de obter um referencial interpretativo tornando as representações viáveis, e também inteligíveis como formas de prática social.

As funções das representações sociais

Entendendo que as Representações Sociais influenciam as atividades cognitivas, essas possuem duas funções.2 Uma das funções das representações é a de convencionalizar objetos, pessoas ou acontecimentos. Este processo dá uma forma definida, categoriza, atribuindo ao fenômeno, com o tempo, um modelo de determinado tipo, único, e partilhado por um grupo de pessoas. Perceber o que é convencional a alguém ou a um determinado grupo é conhecer o que representa e como se caracteriza algo.

Outra função é a prescritiva. Ela representa a fusão de uma estrutura existente mesmo antes de começarmos a pensar, com uma tradição que impõe o que deve ser pensado. Essas representações não são pensadas por alguém, pois já estão prontas, e sim “re-pensadas, re-citadas e re-apresentadas”.2:37 Evidencia-se também que as Representações Sociais ainda podem ser vistas como tendo as funções de saber, identitária, de orientação e de justificação.5

Na função de saber, as Representações Sociais possibilitam a compreensão e explicam a realidade; a identitária situa os indivíduos e os grupos no campo social. A função de orientação guia o comportamento das pessoas e suas práticas e isso ocorre por meio de três elementos que são a definição da finalidade da situação, um sistema de antecipação, e de espera e uma prescrição de comportamento. A função de justificação permite justificar as tomadas de posição e os comportamentos.5

Para compreender a construção e as funções das Representações Sociais é necessário analisar os processos de objetivação e ancoragem que influenciam em sua formação. Esses processos indicam a forma como o social transforma um conhecimento em representação e como esta representação transforma o social.5

Os processos geradores das representações sociais: objetivação e ancoragem

A objetivação (fase figurativa) permite um elo entre o não-familiar e o mundo real facilitando a comunicação. Assim, materializar o abstrato é uma das peculiaridades da fala e do pensamento e que permite reproduzir idéias em elementos que podem ser vistos, tocados e controlados.2 Identificando um fenômeno – objeto, pessoa ou acontecimento, torna-se mais fácil falar sobre tudo que se relaciona a ele. Não se fala somente sobre algo e sim este começa a ser utilizado, em várias situações sociais. Ao objetivar estaremos transformando o que é abstrato em algo próximo do concreto, materializando as palavras. Quando algo não conhecido é transformado em familiar, tem-se a capacidade de comparar e interpretar idéias através do processo de ancoragem.2

Ancorar (fase simbólica) é classificar e dar nome a alguma coisa desconhecida, e através de questionamentos as categorias de um determinado fenômeno são identificados. Isso facilita a interpretação de características, a compreensão de intenções e motivos das ações das pessoas, ou comportamentos dos fenômenos. Quando conseguimos falar sobre algo, analisando e comunicando, nesse momento estamos transformando algo estranho em conhecido.2

No momento em que classificamos ou caracterizamos alguém ou algo, representa selecionar um dos paradigmas em nossa memória e possibilitar uma relação com ele, positiva ou negativa.2 Com esse entendimento, fica claro que não podemos afirmar que conhecemos um fenômeno, nem que podemos compreendê-lo, mais que tentamos reconhecê-lo a partir da representação. Assim, “ancorar implica também a prioridade do veredicto sobre o julgamento e do predicado sobre o sujeito”.2:64 Desta forma, a função cognitiva de integração; a função de interpretação da realidade; função de orientação e de relações sociais, funções básicas das Representações Sociais, articulam-se através da ancoragem.6

O caminho da pesquisa desenvolvida a partir das representações sociais

Primeiramente torna-se essencial para o desenvolvimento de uma pesquisa, a partir das Representações Sociais, perceber sua distinção de outros conceitos, que facilitam a compreensão da realidade social. Outro fator de suma importância é entender que no meio que cerca as pessoas existem fenômenos concretos que estimulam, forçam ou guiam a fazerem algo da forma que fazem, ou seja, direcionam sua ação e definem seu comportamento. Esses fenômenos são passíveis de transformação, porém muitas vezes não se dá conta que ele está ali. Outro aspecto de grande relevância é compreender que a “formação de idéias e atitudes ocorre sob influência da interação social, das relações entre as pessoas e do senso comum”.7:9

Os fenômenos do dia-a-dia ganham sentido intenso, através das atividades humanas8 e podem estar inseridos na “cultura, nas instituições, práticas sociais, comunicações interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais”.9:21 Contudo, esses fenômenos por estarem em constante transformação e movimento não podem ser identificados através de uma pesquisa científica. Torna-se necessário extrair desses fenômenos um objeto de pesquisa a ser investigado, para que seu resultado seja criterioso e possibilite uma pesquisa que mereça crédito.

O objeto de pesquisa deve ser avaliado, analisado e entendido a partir de fenômenos concretos, que tenham despertado a atenção do pesquisador e seja possível de ser investigado mediante a abordagem das Representações Sociais, de relevância tanto social, quanto acadêmica.9 Com a identificação de um objeto capaz de ser utilizado por uma pesquisa científica, tem-se a possibilidade da construção de um novo conhecimento sobre um fenômeno específico da prática social. A identificação de um objeto de pesquisa é a forma simplificada que permite que esse “fenômeno se torne relevante e viável”.9:24 Verifica-se, nesse sentido, que os objetos das representações Sociais emergem de um campo de investigação vivo e orientado para os questionamentos acerca dos questionamentos do nosso dia-a-dia.

No entanto, a pesquisa só tem relevância se o grupo social a ser investigado – sujeitos, possuírem a representação (opinião e imagem) do objeto a ser analisado. O sujeito da pesquisa possui o discurso e o comportamento a ser investigado e analisado, o que consequentemente permite ao pesquisador construir a Representação Social interpretando e analisando as realidades sociais a partir da fala dos sujeitos, mediante os processos de objetivação e ancoragem. Durante a realização da pesquisa pode ser de suma importância conviver um tempo com o grupo social a ser estudado, pois permite observar sua prática e como os sujeitos justificam a mesma.10 Desta maneira, a coleta de dados pode ser realizada com várias técnicas desde que permitam a troca de opiniões, idéias e imagens.

As pesquisas a partir das Representações Sociais aparecem e caminham pelos fenômenos da cultura, linguagem e comunicação, e sociedade. Com isso tem-se a possibilidade, de pesquisar fatores que se relacionam com “valores; modelos e invariantes culturais; comunicação interindividual, institucional e de massa; contexto ideológico e histórico; inserção social dos sujeitos (posição e filiação grupal); dinâmica das instituições e dos grupos pertinentes”.9:32 Nesse sentido, permite-se a construção de um novo conhecimento e posteriormente a sua difusão, servindo de alicerce para o enriquecimento do saber científico e técnico.

As contribuições das representações sociais para assistência na saúde e na enfermagem

Vislumbrando identificar o desenvolvimento de estudos nos últimos 10 anos, nos bancos de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),11 a partir de um panorama geral sobre pesquisas realizadas pela enfermagem com a utilização da Teoria das Representações Sociais, identifica-se como foco central de investigação as temáticas prática profissional e prática assistencial, com destaque para diferentes (sub)temas e apresentadas:

Foco de investigação de pesquisas desenvolvidas pela enfermagem com ênfase na prática profissional:

  • Dinâmica e organização da prática profissional
  • Identidade e imagem profissional
  • Desenvolvimento de práticas disciplinares na graduação
  • Conteúdo de pesquisas e características metodológicas
  • Atitude profissional frente a adversidades da prática assistencial
  • Desenvolvimento do trabalho do enfermeiro e seu papel na prática
  • Evolução histórica da profissão
  • Aspectos da autonomia profissional
  • Práticas de educação em saúde
  • Atuação política do enfermeiro
  • Espaços de formação e informação
  • Projetos de treinamento profissional
  • Desenvolvimento de ações de cuidar
  • Ação gerencial do enfermeiro

Foco de investigação de pesquisas desenvolvidas pela enfermagem com ênfase na prática assistencial:

  • Ações de enfermagem ao sujeito de atenção
  • Desenvolvimento de programas de saúde
  • Perspectiva profissional frente ao processo de adoecimento
  • Relações interpessoais
  • Qualidade da assistência de enfermagem hospitalar
  • Processo de adoecimento do sujeito de atenção
  • Enfrentamento do sujeito de atenção ao adoecimento
  • Cuidado domiciliar
  • Comportamento humano
  • Acesso aos serviços e ações de saúde
  • Processo de envelhecimento
  • Avaliação dos espaços de atendimento
  • Adesão e continuidade ao tratamento
  • Dinâmica de formação e vivência social
  • Vítimas de violência
  • Percepção sobre a transformação do corpo
  • Vivência da Hospitalização
  • Identificação de necessidades de saúde
  • Direitos e deveres do usuário de saúde
  • Questões de gênero
  • Distúrbios psíquicos

Vale destacar ainda, que no seu conjunto essas pesquisas englobam áreas de investigação tendo como fenômenos de representação: a saúde de grupos da população, formação e ação profissional, além de situações institucionais, como pode ser visualizado em lãs áreas de investigação de pesquisas na enfermagem, com a utilização da Teoria das Representações Sociais:

  • Sexualidade
  • Saúde do homem
  • Saúde da mulher
  • Saúde do adolescente
  • Saúde da criança
  • Saúde do idoso
  • Saúde mental
  • Gerontologia
  • Portadores de doenças crônicas
  • Políticas públicas
  • Programas de saúde
  • Graduação em enfermagem
  • Ações do enfermeiro
  • Grupos da População

Diante dessa vasta diversidade de estudos e áreas de investigação ficam evidentes as inúmeras possibilidades de pesquisas no campo da saúde e mais especificamente na enfermagem, o que exige cada vez mais dos pesquisadores o aprofundamento do referencial teórico metodológico das Representações Sociais, permitindo desta maneira uma análise criteriosa e ética do fenômeno de representação a ser investigado.

Reconhece-se assim que as múltiplas vertentes do campo de estudo das Representações Sociais necessitam de rigor científico para uma análise adequada da complexidade dos fenômenos de representação. Quando realizadas criteriosamente permitem a resignificação e reapresentação dos fenômenos do cotidiano.12,13 Com essa perspectiva, e considerando que as pesquisas realizadas com as Representações Sociais são capazes de gerar e comunicar um novo saber fica claro que seus resultados possibilitam e guiam a resolução de problemas relacionados aos aspectos do processo saúde-doença, orientando relações e condutas da prática assistencial e profissional.

As pesquisas desenvolvidas com este foco podem apoiar e “auxiliar os profissionais da área da saúde na compreensão dos aspectos que moldam e influenciam o agir dos sujeitos e se expressam em suas vivências subjetivas e de grupo manifestadas cotidianamente”.10:13 Nesse sentido, entender a opinião dos grupos sociais com relação aos fenômenos que vivenciam e como caracterizam os aspectos do processo saúde-doença, no que concernem aos determinantes de saúde e doença, permite aos pesquisadores construírem a Representação Social específica de um objeto de estudo, possibilitando compreender, organizar e adequar sua prática profissional e assistencial.

Considerações finais

Desenvolver uma pesquisa apoiada na teoria das Representações Sociais permite que um conhecimento seja construído, tendo como objetivo dar significado a pessoas, acontecimentos ou fenômenos. Também é uma possibilidade de compreender a ocorrência de um determinado fenômeno a partir de um olhar mais aprofundado, de acordo com a opinião, compreensão, e interpretação dos grupos sociais que vivenciam as atividades do cotidiano. Por constituírem um saber prático, socialmente elaborado e compartilhado pelos sujeitos, as Representações Sociais são capazes de reger as reações entre as pessoas e os fenômenos, o que possibilita a organização de condutas e comunicações com relação às práticas sociais e assistenciais.

Assim, as pesquisas desenvolvidas a partir do referencial teórico metodológico das Representações Sociais nos possibilitam entender o comportamento humano, em suas dimensões cognitivas, afetivas e sociais, contribuindo para a interpretação das práticas que cercam o ser humano, servindo de alicerce e instrumento para direcionar e facilitar as relações com o meio, as pessoas e o mundo social.

Torna-se necessário destacar que as Representações Sociais não estão prontas nas falas dos sujeitos que vivenciam um determinado fenômeno. Estas são objetivadas por meio do estudo minucioso do pesquisador, com sua análise e interpretação, a partir da opinião, imagem e comportamento dos grupos sociais. Enfim, é importante destacar que os estudos realizados especificamente pela enfermagem, dão sentido tanto às práticas assistenciais, aos aspectos da profissão, como também às características do processo saúde-doença. Desta maneira, permitem compreender as relações estabelecidas entre os sujeitos e o fenômeno, os pacientes e equipes multiprofissionais, (re) apresentando quem é o profissional, seus conhecimentos, tipo de cuidado e a (re) elaboração do seu significado.

 

REFERENCIAS

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Fecha de Recibido: 12 de noviembre de 2010. Fecha de Aprobado: 13 de diciembre de 2011.

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