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Investigación y Educación en Enfermería

versão impressa ISSN 0120-5307

Invest. educ. enferm vol.33 no.2 Medellín maio/ago. 2015

https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n2a05 

ARTÍCULO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE / ARTIGO ORIGINAL

 

DOI: 10.17533/udea.iee.v33n2a05

 

 

Vivência de homens no contexto da Atenção Primária de Saúde

 

Experience of men in the context of Primary Health Care

 

Vivencia de los hombres en el contexto de la Atención Primaria de Salud

 

Patrícia Peres de Oliveira1; Walquíria Jesusmara dos Santos2; Selma Maria da Fonseca Viegas3; Edilene Aparecida Araújo da Silveira4; Andrea Bezerra Rodrigues5

 

1Enfermeira, Doutora. Professora, Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. email: pperesoliveira@gmail.com.

2Enfermeira, Mestre. Professora, UFSJ. Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. email: waljsantos@hotmail.com.

3Enfermeira, Doutora. Professora, UFSJ. Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. email: selmamfv@yahoo.com.br.

4Enfermeira, Doutora. Professora, UFSJ. Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. email: edileneap@yahoo.com.br.

5Enfermeira, Doutora. Professora, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, Ceará, Brasil. email: andreabrodrigues@gmail.com.

 

Fecha de Recibido: Diciembre 14, 2015. Fecha de Aprobado: Abril 30, 2015.

 

Artículo vinculado a investigación: Caracterização do Homens que procuram a Unidade Básica de Saúde.

Subvenciones: Ninguna.

Conflicto de intereses: Ninguno.

Cómo citar este artículo: Oliveira PP, Santos WJ, Viegas SMF, EAA Silveira, Rodrigues AB. Experience of men in the context of Primary Health Care. Invest Educ Enferm. 2015; 33(2): 227-236.

DOI: 10.17533/udea.iee.v33n2a05

 


RESUMO

Objetivo. Conhecer a vivência de homens usuários da atenção primária à saúde e construir uma teoria substantiva representativa desta experiência. Metodologia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, utilizaram-se os referenciais da Grounded Theory e do Interacionismo Simbólico, respectivamente, metodológicos e teóricos. Foram entrevistados 33 homens usuários de três unidades de atenção primária à saúde. Resultados. Após análise comparativa dos dados construiu-se a teoria substantiva: sentindo-se excluído, composta por: convivendo com o preconceito; convivendo com as limitações da infraestrutura dos serviços; e refletindo sobre o ambiente do serviço de saúde. Assinalou-se a necessidade de uma mudança na logística dos serviços e na atitude dos profissionais pautada na comunicação respeitosa e eficaz, na prontidão e resolutividade no atendimento, no enfrentamento das questões de gênero. Conclusão. Para que homens usuários do Sistema Único de Saúde cuidem e/ou preservem sua saúde, é imperativa a construção de outra racionalidade na saúde, baseada na reflexão e no respeito à autonomia e à individualidade do gênero masculino.

Palavras chave: política de saúde; masculinidade; atenção primária à saúde.


ABSTRACT

Objectives. To know the experience of male users' in the primary health care and to build data based theory that represents this experience. Methodology. This is a qualitative study, in which was used the reference of Grounded Theory and Symbolic Interactionism, respectively, methodological and theoretical. We interviewed 33 male users of three units of primary health care. Results: After comparative analysis of data was built the data based theory feeling excluded, which includes: living with prejudice; living with the limitations of infra-structure services; reflecting on the health service environment. The analysis showed the need for a change in logistics services and professionals' attitude guided in respectful and effective communication, the problem solving in readiness in attendance, in addressing gender issues. Conclusion. For to take care of men users of the Unified Health System and/or preserve their health, the construction of another rationality in health is imperative, based on reflection and respect for the autonomy and individuality of the male gender.

Key words: health policy; masculinity; primary health care.


RESUMEN

Objetivo. Conocer la vivencia de los hombres usuarios de la atención primaria en salud y construir una teoría substantiva representativa de esta experiencia. Metodología. Se trata de una investigación cualitativa, en la que se utilizaron los referenciales de la Teoría Fundada y del Interaccionismo Simbólico, respectivamente, metodológicos e teóricos. Fueron entrevistados 33 hombres usuarios de tres unidades de atención primaria en salud. Resultados. Después del análisis comparativo de los datos se construyó una teoría substantiva: sintiéndose excluido, compuesta por: conviviendo con los prejuicios; conviviendo con las limitaciones de la infraestructura de los servicios; y reflexionando sobre el entorno de los servicios de salud. Se señaló la necesidad de un cambio en la logística de los servicios y en la actitud de los profesionales basada en la comunicación respetuosa y eficaz, en la prontitud y resolutividad en la atención, y en el enfrentamiento de las cuestiones de género. Conclusión. Para que los hombres usuarios del Sistema Único de Salud cuiden y preserven su salud, es imperativo la construcción de otra racionalidad en la salud, basada en la reflexión y en el respeto a la autonomía y a la individualidad del género masculino.

Palabras chave: política de salud; masculinidad; atención primaria de salud.


 

 

INTRODUÇÃO

A compreensão das barreiras socioculturais e institucionais se constitui uma medida importante para a proposição de estratégias que venham a promover o acesso dos homens aos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, a fim de assegurar a prevenção de riscos e agravos e a promoção da saúde como eixos necessários e fundamentais de intervenção. A implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, baseada no enfoque de gênero, certamente levará o país a modificar para melhor e de maneira acelerada seus padrões em termos de morbidade, mortalidade e aspectos socioculturais.1 A adequação dos serviços de saúde às demandas dos homens constitui um dos desafios para o sistema público de saúde.2 Um dos percursos para se chegar a essa adequação pode ser a escuta qualificada dos homens que buscam as instituições de saúde. Vários estudos apontam para um perfil diferenciado de morbimortalidade de homens e mulheres.1,3,4 De uma maneira geral, os homens estão expostos a maior risco de lesões e morte por causas externas, principalmente relacionadas à violência e acidentes de trânsito.1,4 O abuso e a dependência de álcool também são maiores em pessoas do sexo masculino do que nas do feminino.1,5,6 Os homens também apresentam maior frequência de tabagismo do que as mulheres, o que acarreta maior risco de doenças cardiovasculares, câncer e doenças pulmonares crônicas.1,5

Dados de 2010 do Vigitel (Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico), mostram que no Brasil, há um aumento do sobrepeso e da obesidade na população adulta, indicando uma prevalência de 48,1% dos adultos das capitais, sendo 52,1% homens.5 Apesar de uma maior vulnerabilidade masculina ao adoecimento e de uma expectativa de vida menor do que a das mulheres, observa-se uma menor presença de homens nos serviços de APS.7 Isso faz com que o acesso dos homens aos serviços de saúde seja por meio de Serviços de Média e Alta Complexidade, levando ao agravamento da morbidade pela detecção ou tratamento tardio.1 Há autores que associam esse fenômeno à própria socialização do homem, em que o cuidado não é visto como uma prática masculina.1,8 Portanto, há uma necessidade de reflexão sobre a masculinidade para uma compreensão dos comprometimentos da saúde associados ao gênero.1,9 Para se avançar nessa reflexão, dentre outros pontos, é primordial dar voz aos próprios homens para melhor compreender a vivência no âmbito da APS.

Tendo em vista a complexidade da temática e a subjetividade que envolve as percepções dos homens, questiona-se: de que maneira os homens vivenciam o cuidado na APS? De que forma os homens atendidos na APS percebem a assistência de saúde prestada? Os objetivos deste estudo foram conhecer a vivência de homens usuários da atenção primária à saúde e, construir uma teoria substantiva representativa desta experiência.

 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa; utilizaram-se os referenciais da Grounded Theory e as premissas do Interacionismo Simbólico, respectivamente, metodológico e teórico. O Interacionismo Simbólico tem como enfoque a natureza da interação e a dinâmica das atividades sociais que ocupam o espaço entre os indivíduos e consistem a causa do comportamento. O indivíduo interage agindo, percebendo, interpretando, agindo novamente, sendo, portanto, ator e reator no processo imprevisível e ativo no mundo.10

No Interacionismo Simbólico, o mundo social é criado e recriado pelas interações que suscitam um ajustamento dos atores sociais uns em relação aos outros. As normas e regras sociais são objeto de uma releitura constante, uma renegociação social. Os participantes são considerados atores interagindo com os elementos sociais e não agentes passivos sofrendo a imposição das estruturas sociais, do sistema ou das culturas a que pertencem.11 A Grounded Theory visa compreender a realidade a partir da percepção ou significado que certo âmbito ou objeto tem para a pessoa, gerando conhecimentos, aumentando a compreensão e proporcionando um guia significativo para a ação.12 O estudo teve como cenário três unidades básicas de saúde (UBS) localizadas na zona sul do município de São Paulo, Brasil. Essas UBS possuem equipes da Estratégia Saúde da Família. A primeira UBS, conta com quatro equipes de saúde para atender a 4.071 famílias cadastradas, sendo 6.926 homens. A segunda UBS conta com cinco equipes para prestar assistência a 5.362 famílias cadastradas, sendo 7.901 homens. A terceira UBS trabalha com cinco equipes de saúde para atender 4.595 famílias cadastradas, sendo 7177 homens. O horário de funcionamento das três UBS é das 7 horas às 17 horas.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, sob o Parecer n0 442/09, CAAE n0 0254.0.162.251-09. Para cada participante, antes da realização da entrevista, foi fornecido um termo de consentimento, conforme preceitua as normatizações das pesquisas que envolvem seres humanos, de modo a resguardar o anonimato dos participantes e a divulgação dos dados coletados pelos pesquisadores. Sua execução foi previamente autorizada pelos gerentes das UBS. Como critério de inclusão, adotou-se: homens com idade acima de 18 anos, cadastrados e usuários de uma das UBS do estudo. Tomando como base os princípios de participantes em pesquisa qualitativa, o foco incidiu em homens usuários, considerados em número suficiente para que fosse possível a saturação de sentidos, isto é, o momento em que se desvelou o fenômeno pesquisado, prevendo a possibilidade de haver inclusões sucessivas de sujeitos até que se conseguisse uma discussão densa das questões da pesquisa.13

Os dados foram coletados no período de setembro de 2010 a janeiro de 2011, por meio de entrevistas compostas por duas partes: a primeira, um roteiro com a finalidade de caracterizar os participantes da pesquisa (idade, cor da pele autorreferida, escolaridade, renda, trabalho atual e motivo da procura por atendimento na UBS); e a segunda, composta por questões abertas relativas à vivência de usuários na atenção à saúde no nível primário. A entrevista foi agendada previamente por telefone, realizada no domicílio e gravada após autorização, com duração média de 40 minutos. Houve a apresentação formal da pesquisa na residência, em respeito aos critérios éticos. No total, a amostra teórica foi composta por 33 entrevistas em profundidade com usuários da APS. Os participantes da pesquisa receberam nomes fictícios, iniciados com as letras C (UBS I), J (UBS II) e A (UBS III) a fim de garantir o anonimato e o sigilo das informações.

As entrevistas foram transcritas e analisadas utilizando-se o método de comparação constante dos dados, no qual são identificadas similaridades e diferenças, fazendo emergir as categorias e se buscando a conceitualização teórica.14 A interpretação dos dados foi atingida com o desenvolvimento indutivo-teórico das categorias. Os passos do método incluíram a codificação, na qual procurou-se os significados para todas as unidades de informações, revisão dos códigos, agregando e agrupando-os em categorias teóricas.

O segundo nível da codificação e análise, a codificação axial, envolveu um sistema de elaboração de categorias, conforme suas propriedades e dimensões, bem como suas relações com outras categorias, até que a saturação teórica fosse atingida. Para a codificação axial, ou seja, a codificação teórica utilizou-se dois tipos: o primeiro denominado de "seis C" (causa, contexto, contingências, consequências, condições e co-variantes), que, deve ser o primeiro modelo de codificação geral que um pesquisador deve ter como foco. Ele ajuda a ampliar a análise, de forma que a apresentação dos dados não fique limitada a uma listagem de códigos ou categorias.14 O segundo tipo utilizado foi o de verificar as estratégias, a qual permite pensar nas várias maneiras de organizar os mecanismos, as estratégias e composições que as pessoas utilizam em suas interações sociais.12 A fase final da análise envolveu a construção de definições conceituais para as categorias. Esta etapa é caracterizada pelo desafio de integrar as categorias, com o intuito de formar uma Grounded Theory.12-14 Na elaboração da teoria substantiva, as categorias devem ser capazes de oferecer um enfoque maior do que o de uma experiência pessoal.

Trata-se de uma teoria substantiva, pois procurou-se refletir a complexidade da vida social, limitada em seu escopo, rica em detalhes e aplicáveis apenas dentro dos limites de um dado contexto social, ou seja, o ambiente da APS, sem preocupação com a generalização estatística para além da sua área substantiva, procurou aprofundar a explicação de um cenário particular, construído a partir das experiências vividas por um determinado grupo social, neste caso homens que vivenciam o atendimento no âmbito da APS e; é uma teoria fundamentada, pois foi construída a partir de dados empíricos, coletados e analisados sistematicamente através do processo de pesquisa. Assim, permitiu a construção de uma teoria substantiva, cujo fenômeno central vivenciado pelos participantes foi: sentindo-se excluído, constituído por três categorias: convivendo com o preconceito; convivendo com as limitações da infraestrutura dos serviços; e refletindo sobre o ambiente do serviço de saúde.

 

RESULTADOS

Os participantes do estudo

Foram entrevistados 33 usuários, sendo 11 participantes do estudo em cada uma das UBS, cenários do estudo. As características desse grupo de homens participantes da pesquisa descrevem uma faixa etária de 30 a 77 anos, sendo a média de idade de 50,2 anos. Quanto ao estado civil, a maioria era casado. Com relação ao grau de escolaridade, 19 homens tinham menos de nove anos de estudo. Sobressaíram os homens mais maduros, casados e com baixa escolaridade. Quanto à renda, oito entrevistados declararam renda mensal superior a seis salários mínimos brasileiros, 13 relataram receber entre três e seis salários mínimos brasileiros e 12 recebiam entre um e dois salários mínimos brasileiros. Em relação ao trabalho, 12 homens referiram estar empregados sob a norma legislativa brasileira referente ao direito do trabalho Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sete com emprego informal, 12 relataram estar aposentados e dois encontravam-se desempregados. Entre as atividades exercidas, destacaram-se as de pedreiro, servente, pintor e armador, além de motorista, mestre de serviços operacionais, mecânico e ascensorista. Com relação à cor da pele, 10 se declararam brancos, 12 pardos e 11 negros.

Em relação aos motivos que levaram os usuários a buscar as UBS, houve um predomínio de consultas médicas relacionados a complicações referentes à hipertensão arterial sistêmica11 e diabetes mellitus9, correspondendo a um total de 21 homens, seguidas de insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar obstrutiva crônica, dislipidemias, trombose venosa profunda, fibrilação atrial crônica.

Observou-se que, em geral, os motivos se referiam a tratamento e controle das doenças, indicando que esses participantes não procuravam o serviço da APS por ações preventivas, ratificando a tendência prevalente da prática tradicional hegemônica curativista que domina e determina o perfil de utilização dos serviços de saúde, em consonância com outros estudos.9

A teoria substantiva

A partir da intensa e constante interação com os dados da presente pesquisa, bem como de reflexões, interpretações e observações realizadas, além do auxílio da análise comparativa conforme prevê a Grounded Theory construiu-se a teoria substantiva: "sentindo-se excluído". As categorias identificadas, bem como as ligações teóricas realizadas, resultaram em um paradigma explicativo da vivência do homem sobre o atendimento recebido na APS, representado pela teoria substantiva "sentindo-se excluído" (Figura 1).

Figura 1. Descrição das condições causais, contexto, condições intervenientes, estratégias de ação/interação, fenômeno central e consequências a partir da vivência de homens sobre o atendimento prestado a eles no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

Figura 1.

A figura, elaborada pelas autoras, é composta por retângulos que representam as fases vivenciadas pelos homens: condições causais; condições intervenientes; contexto; estratégias de ação/interação e consequências. Tais fases representam o significado simbólico da experiência para o homem, como componentes de um processo que ocorre no contexto da APS. A análise das fases, assim como de suas categorias, e da maneira como interagem na experiência do homem permitiu identificar o processo denominado "sentindo-se excluído". Cada uma das fases vividas pelo homem consistiu em desafios para os quais ele precisa empreender ações, a fim de superá-los, em um fluxo contínuo de ação.

Destarte, o Interacionismo Simbólico descreve o ser humano como imprevisível e ativo no mundo.11 A tomada de decisão depende, em parte, das possíveis consequências futuras. Como estratégia de ação/interação esse homem acaba avaliando a necessidade de se cuidar sempre, reconhecendo a necessidade de um atendimento acolhedor, pois vive deparando-se com a demora no atendimento, o horário de funcionamento da UBS. O homem sabe que a decisão, seja ela qual for, tem consequências e, acaba fragilizando-se diante da necessidade de atendimento, deixando de procurar o atendimento na APS, pois não encontra espaço para troca de experiências, como apontado na Figura 1. Assim, "sentindo-se excluído" representa o processo vivido pelos homens diante do atendimento prestado a eles no âmbito da Atenção Primária à Saúde, composta por "convivendo com o preconceito", "convivendo com as limitações da infraestrutura dos serviços" e, "refletindo sobre o ambiente do serviço de saúde".

Convivendo com o preconceito

Os depoimentos dos participantes da pesquisa revelaram que existe, por parte dos profissionais de saúde, um preconceito aparente e representado pelo ideal masculino de virilidade e fortaleza. Esse preconceito tem reflexos negativos na assistência ofertada pelos profissionais de saúde, contribuindo para a carência de acolhimento ao público masculino e a suas demandas: Estava construindo a laje de um colega e acabei escorregando e tive esse corte grande aqui na perna, precisei tomar vacina contra tétano [...] a auxiliar de enfermagem fez piada por eu ter medo de agulha... saiu rindo e fazendo piadinha pelo corredor da unidade, para todo mundo ouvir (C11). Iniciei um novo emprego que exigia que meu cartão de vacinação estivesse em dia, fui na unidade e precisei de tomar duas vacinas, morro de medo de agulha, pavor... todos ficaram rindo de mim lá porque chorei [...] ouvi até que homem não chora, igual meu pai falava, tenho vergonha até hoje, não volto mais lá (A9).

A desconsideração da subjetividade e da experiência de vida do usuário implica em uma série de consequências negativas para a interação entre o profissional e o usuário. Nesse sentido, a assunção de fragilidade e vulnerabilidade não precisa implicar submissão. Afinal, diante de um obstáculo à saúde, é preciso um re-conhecimento de uma fragilidade a ser cuidada, que não tem de ser oposta aos aspectos de assertividade do sujeito. Nessa perspectiva, os depoimentos abaixo mostram que aspectos da comunicação não verbal foram identificados como o olhar e a expressão facial de impaciência dos profissionais de saúde: Na última consulta o médico ficou irritado, sem paciência mesmo [...] eu sou gago [...] ele ficou batendo os dedos na mesa, estava inquieto na cadeira [...] eles atendem mal a gente que tem algum problema (A1). Minha vivência no posto é muito ruim [...] tem gente lá que quando eu chego já faz cara feia [...] não tem paciência com idoso aleijado (C2). A equipe de saúde deve estar atenta ao usar as formas verbais e não verbais de comunicação, para o atendimento às necessidades de saúde da população, visando uma comunicação assertiva, com coerência entre sentimentos, pensamentos e atitudes.

Convivendo com as limitações da infraestrutura dos serviços

Os homens revelaram que o horário de funcionamento dos serviços de APS se apresenta como uma limitação importante do atendimento vivenciada por eles enquanto usuários, por coincidir com seu horário de trabalho. Como, geralmente, o trabalho ocupa lugar primordial no elenco das preocupações masculinas, a busca por serviços de saúde fica em segundo plano, como apontado nas falas: É muito difícil pra gente que trabalha e não tem um tempo suficiente. O funcionamento é no mesmo horário em que trabalho, a saúde pública exclui as pessoas que trabalham em horário comercial [...] também não funciona nos finais de semana [...] sinto-me excluído (A5). Acho que seria preciso criar visita domiciliar à noite para atender a gente que trabalha em média doze horas por dia (A3). O atendimento é demorado, não posso perder um dia de trabalho, fica difícil pra quem tem que trabalhar todo dia, deveria funcionar até mais tarde, pelo menos uns dois dias na semana, pra quem trabalha fora (J7).

Os entrevistados apontaram outras limitações nas organizações dos serviços de APS: A gente fica horas esperando para a consulta com o médico, demora meses e no dia também é demorado, tenho que perder um dia de trabalho, fica difícil pra quem tem que manter a família e saio da última consulta sem resolver a minha dor (C8). Você fica horas e horas pra ser atendido [...] devia funcionar 24 horas (J1). O que vivencio aqui é um atendimento muito deficiente, porque a consulta médica é muito rápida, entra com um problema e sai com dois problemas, porque ainda tem a falta no trabalho [...] e tem também funcionário que atende devagar e com má vontade (A11). A carência do acolhimento e as filas de espera sem a garantia de resolutividade de suas demandas são evidências da necessidade de reorganização dos serviços de APS.

Refletindo sobre o ambiente do serviço de saúde

Os homens usuários das UBS pesquisadas defrontam-se com um ambiente que não reconhece sua singularidade, o que aponta para uma invisibilidade dos homens como público-alvo para intervenções promocionais de saúde e preventivas de riscos nos serviços da APS. Essa invisibilidade se expressa, sobretudo na insuficiência de programas e atendimentos direcionados aos homens: Minha vivência no posto é um atendimento básico, sou hipertenso, venho na consulta, recebo a receita [...] mas só tem grupos e acompanhamento para criança e mulher, as faixas falam de prevenção de câncer de mulher, amamentação, até a parede da sala do acolhimento é rosa (J9). Olha, a saúde pública é voltada para a saúde da criança e da mulher, o homem fica em segundo plano, me sinto um peixe fora d'água, todos os avisos são para as mulheres (A2). A unidade é voltada para as mulheres e as crianças, a parede da sala do acolhimento é rosa, você reparou? [...] Devia ter uma equipe só para atender os homens (J5). Me sinto um estranho na unidade de saúde, poucos homens, só crianças e mulheres, vou só quando realmente preciso, é tudo para elas (C1).

 

DISCUSSÃO

A teoria substantiva apresentada oferece uma visão de como podem funcionar os limites do homem no âmbito da APS e, demonstra a reciprocidade entre estes limites e a tomada de decisão. Dessa forma, emergiram os fenômenos integrantes da categoria central "sentindo-se excluído". Em primeiro lugar, emergiu o processo em que a homem deparou-se convivendo com o preconceito, nos depoimentos, ser homem foi associado, pelos profissionais de saúde, à invulnerabilidade, força e virilidade, características incompatíveis com a demonstração de sinais de fraqueza, medo e insegurança, reforçada pela referência à masculinidade dos usuários, aproximando-os das representações de feminilidade. As falas deixaram transparecer a importância da interação interpessoal, da comunicação efetiva, bem como suas dificuldades, relacionadas ao atendimento pouco assertivo dos profissionais de saúde. Vale ressaltar que, na comunicação não verbal, as expressões faciais podem denotar alegria, tristeza, raiva, indiferença, desprezo, preconceito, interesse, medo e que todas essas expressões podem auxiliar a perceber o processo de interação entre profissional de saúde e usuário da APS.

Visando a humanização das ações em saúde, o respeito à dignidade e à integralidade do cidadão, os profissionais devem assumir uma interação dialógica, respeitando as carências e medos de verbalizar os anseios vividos por cada indivíduo. Contrário a isso, os usuários podem optar por se calar e aceitar passivamente o que lhes é imposto o que, muitas vezes, pode levar a efeitos nocivos para a saúde.9,15 A comunicação tende a ser insatisfatória quando há insuficiente preparação do profissional para escutar e dialogar com o usuário. Nos relatos supracitados percebe-se que ainda é fato a existência de difícil interação entre os profissionais de saúde e os usuários, gerando consequências diretas nos cuidados.

Quando o profissional de saúde compreende que o processo de troca e a empatia são benéficos para a assistência, passa a usar esta interação como um relevante instrumento de trabalho. O diálogo é primordial para estabelecer interações horizontalizadas e simétricas entre os profissionais de saúde e os usuários, alicerçadas no cuidado, na confiança e na liberdade de expressão. O horário de funcionamento dos serviços de APS se apresentou como uma limitação importante ao atendimento vivenciado pelos homens, enquanto usuários do serviço, devido ao funcionamento coincidir com seu horário de trabalho. No âmbito do trabalho, a identidade social do masculino é expressa na figura do provedor, do chefe de família, do que raramente adoece. Por meio do trabalho, os homens podem adotar determinadas condutas e atitudes que os impulsionam para o reconhecimento e a respeitabilidade social, como também para se justificar mediante a dificuldade para cuidar de sua saúde.

Culturalmente existe um desestímulo para que o homem se ausente do trabalho para cuidados de saúde. Já o trabalho remunerado da mulher não é visto como uma forma socialmente justificada para que ela não cuide de sua saúde, parecendo existir uma representação do cuidado como uma característica feminina, sugerindo inclusive uma maior tolerância dos empregadores à liberação das mulheres para buscar cuidados a sua saúde ou a de seus filhos.16 Dificilmente encontram-se UBS ou ambulatórios abertos após as 17 horas, muito menos aos finais de semana, deixando de fora a população economicamente ativa o que, neste estudo, inviabiliza a procura dos homens por assistência em saúde, restando-lhes os serviços de urgência e emergência. Estudos apontam que a adequação dos serviços da APS às demandas do homem constitui-se em um desafio para o sistema público de saúde.9,15 Nesse sentido, acredita-se ser possível uma assistência inclusiva nos serviços de APS se houvesse extensão no horário de funcionamento dos serviços de saúde até pelo menos às 22 horas. O tempo de espera para se conseguir atendimento é outro motivo de insatisfação, apontado pelos participantes deste estudo, e está relacionado à organização das instituições, além de contribuir para a pouca frequência com que o público masculino usufrui de tais serviços.9,16

As informações relatadas pelos participantes da pesquisa remetem à logística dos serviços públicos de saúde no contexto das UBS. A logística implica na gestão eficiente do fluxo de bens e serviços para prover recursos, equipamentos e informações na execução de todas as atividades de uma instituição de saúde ou de outro setor. Resulta, da administração efetiva de bens e serviços ofertados à saúde do usuário - cidadão, a geração das chamadas utilidades de tempo e/ou de lugar que, por sua vez, são fatores fundamentais para as funções logísticas. Para a administração pública, tanto recursos quanto o público-alvo organizacional estão espalhados em áreas de distintos tamanhos, além da diversidade sócio-cultural dos residentes locais.

Ofertar à população serviços de saúde com qualidade, segurança e no tempo certo demandado pelo cidadão é um dos maiores desafios da gestão pública, nas esferas federal, estadual e municipal. Os resultados deste estudo indicam que há de se suprir as unidades de saúde atendendo aos princípios da legalidade, qualidade, economicidade e rapidez, na hora certa e na quantidade certa, para efetivamente ofertar saúde. Trabalhar com um modelo de atenção à saúde centrado no usuário,19 não é uma tarefa fácil, pois exige uma visão voltada para as necessidades individuais, de grupos sociais específicos e da coletividade; supõe uma quebra dos muros dos serviços de saúde, reorganização das UBS e, sobretudo, um alto grau de complexidade de conhecimentos. Além disso, a atenção à saúde se dá com corresponsabilização, com a incorporação ao ato terapêutico da valorização do outro, respeitando sua visão de mundo, seu contexto social e sua dignidade.18 Essa é uma forma assertiva de mudanças para uma atenção à saúde com vistas à qualidade de vida das pessoas em comunidade.

Os ambientes dos serviços pesquisados são apontados pelos homens como locais que não favorecem a presença nem a permanência deles, já que se apresentam como espaços marcadamente femininos. Temas como promoção do aleitamento materno, pré-natal, prevenção de DST e HIV/Aids são comuns no cotidiano dos serviços de saúde e apresentam grande enfoque feminino. A abordagem da relação dos homens com as instituições e profissionais de saúde ainda é recente. A familiaridade da mulher com o cuidado em saúde, levando a associação das instituições de saúde como um espaço feminino foi consequência do processo de apropriação do corpo da mulher, visto como um corpo reprodutivo e, portanto, objeto de controle do saber médico. Ao corpo masculino restou a função de reprodutor, não sendo objeto de práticas de saúde por muitos anos.17

Os depoimentos corroboram com estudos que descrevem que os homens se consideram excluídos do ambiente das UBS, têm a sensação de não pertencimento àquele espaço,9,15,17 chegando ao ponto da indicação de ter uma equipe só para atender os homens, enfatizando o espaço de dominação do gênero. Faz-se primordial o despertar dos trabalhadores do SUS quanto à importância de se criar um ambiente acolhedor e inclusivo para todos, com espaços para troca de experiências entre os usuários. Conclui-se que este estudo retrata o cuidado prestado sob a ótica de homens usuários do SUS no âmbito da APS, apresenta uma teoria substantiva sobre a vivência do homem usuário da APS. A teoria é classificada como substantiva porque é limitada a uma situação e contexto específico. Uma teoria formal poderá ser gerada quando a vivências dos homens for estudado em múltiplos contextos e municípios.

A experiência do homem ocorre num contexto de relacionamentos interpessoais que afetam emoções, crenças, comportamentos e decisões. É necessário compreender a lógica que os homens usuários da APS utilizam para definir o que é um bom atendimento em saúde, perpassada por diferentes barreiras por eles apontadas. É necessário compreender que muitas de suas insatisfações se inserem nos direitos dos cidadãos em geral. Também se observou, neste estudo, uma preponderância de questões acerca das ações ofertadas em saúde e de como se dão, manifestadas por alguns participantes, pela falta de organização do sistema e dos serviços e pela comunicação ineficaz ou desrespeitosa por parte dos profissionais de saúde. Foram reforçadas as diferenças entre o ser usuário homem e o ser usuário mulher na contemplação do ambiente institucional, nas ações ofertadas e nos programas desenvolvidos. Esses resultados apontam aspectos que favorecem a não-adesão do homem ao cuidado à saúde e à frequência com que procuram os serviços da APS, pois o tempo de espera foi um forte motivo para a não procura pelos serviços de saúde nas UBS.

Os resultados demonstram que, para melhorar a adesão do homem aos serviços primários em saúde, uma das intervenções está baseada na reflexão e no respeito à autonomia e à individualidade do gênero masculino. Portanto as políticas implementadas para grupos específicos ou para a coletividade devem incluir a de gestão de pessoas, para imprimir importantes direcionalidades na formação e no desenvolvimento contínuo dos profissionais de saúde para gerir os cuidados e serviços com mais resolutividade e integrados ao SUS. Para que homens usuários do SUS cuidem e/ou preservem sua saúde, é imperativa a construção de outra racionalidade na saúde, a partir da qual o comprometimento com o sofrer do outro seja capaz de desviar o foco da doença para dar evidência à vida que se produz mesmo no adoecimento e à vida que se produz por ações promocionais da saúde para a qualidade de vida das pessoas. É vital reconhecer a importância da dimensão relacional profissional/usuário no cotidiano da saúde e mudar os modos desse saber-fazer, incluindo sujeitos e coletivos de forma harmoniosa, humanizada e ética. Vale salientar as limitações do estudo pois, apesar de abranger as vivências dos homens na APS, essa não é uma realidade absoluta para todos os homens que frequentam a saúde pública no Brasil, a imprevisibilidade do curso da assistência aos homens poderá trazer outras imposições e conflitos que deverão ser considerados e avaliados pelos profissionais de saúde.

 

REFERÊNCIAS

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