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Investigación y Educación en Enfermería

Print version ISSN 0120-5307

Invest. educ. enferm vol.33 no.3 Medellín Sep./Dec. 2015

https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a07 

ARTÍCULO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE / ARTIGO ORIGINAL

 

doi:10.17533/udea.iee.v33n3a07

 

Percepção da maternidade pela gestante que vive com HIV

 

Maternity perception by pregnant women living with HIV

 

Percepción de la maternidad por la gestante que vive con HIV

 

Thelma Spindola1; Karla Temístocles de Brito Dantas2; Natália Fernanda Vitipó Cadavez3; Vinícius Rodrigues Fernandes da Fonte4; Denize Cristina de Oliveira5

 

1Enfermeira, Doutora. Professora Associada, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, Brasil. Email: tspindola.uerj@gmail.com.

2Enfermeira, Especialista em Enfermagem Clínica e Cirúrgica. UERJ, Rio de Janeiro, Brasil. Email: karlatemistocles@bol.com.

3Enfermeira, Especialista em Enfermagem Pediátrica. UERJ, Rio de Janeiro, Brasil. Email: nataliacadavez@hotmail.com.

4Enfermeiro, Especialista em Sexualidade Humana. Mestrando do PPGENF/UERJ, Rio de Janeiro, Brasil. email: vinicius-fonte@hotmail.com.

5Enfermeira, Doutora. Professora Titular, UERJ, Rio de Janeiro, Brasil. Email:dcoliveira@gmail.com.

 

Fecha de Recibido: Octubre 6, 2014. Fecha de Aprobado: Abril 15, 2015.

 

Artículo vinculado a investigación: A gestante portadora do HIV e a percepção da maternidade: uma contribuição para o cuidado de enfermagem.

Subvenciones: Ninguna.

Conflicto de intereses: Ninguno.

Cómo citar este artículo: : Spindola T, Dantas KTB, Cadavez NFV, Fonte VRF, Oliveira DC. Maternity perception by pregnant women living with HIV. Invest Educ Enferm. 2015; 33(3): 440-448

 


RESUMO

Objetivo.Identificar a percepção das gestantes que vivem com o HIV sobre a maternidade e conhecer as expectativas e os sentimentos vivenciados por essas mulheres. Metodologia. Estudo com desenho descritivo e abordagem qualitativa, realizado com 10 gestantes que vivem com o HIV e que são acompanhadas no serviço de pré-natal de um hospital universitário no Rio de Janeiro - Brasil. As participantes responderam a uma entrevista semiestruturada. Os dados foram analisados com a técnica de análise de conteúdo. Resultados. As gestantes revelaram em suas descrições, que a maternidade assume diferentes perspectivas relacionadas ao presente e futuro. Assumem como algo bom, a responsabilidade e cuidado com o filho, sendo uma dádiva gerar uma criança. Conclusão. Para as mulheres grávidas que vivem com HIV a maternidade é uma experiência positiva em suas vidas. Os enfermeiros devem ser sensíveis às demandas de atenção desse grupo, conscientes de seu papel na atenção à saúde e prevenção de possíveis complicações que possam afetar a mãe e o seu bebê.

Palavras chave:HIV; gravidez; enfermagem obstétrica.


ABSTRACT

Objectives. Identify the perceptions of pregnant women living with HIV about motherhood and understand the expectations and feelings experienced by these women. Methodology. Study with descriptive design and qualitative approach, carried out with 10 pregnant women living with HIV who attend the prenatal service of a university hospital in Rio de Janeiro, Brazil. The participants answered a semi-structured interview. Data were analyzed using the content analysis technique. Results. Pregnant women in their descriptions revealed that motherhood gives them different perspectives on the present and future. They see it as a good thing, a responsibility to care for the child, and consider bearing a child to be a gift. Conclusion. For pregnant women living with HIV, motherhood is a positive experience in their lives. Nurses must be sensitive to the needs of this group and aware of their role in health care and preventing any possible complications that may affect the mother and her baby.

Key words: HIV; pregnancy; obstetric nursing.


RESUMEN

Objetivo.Identificar la percepción de las gestantes que viven con el VIH sobre la maternidad y conocer las expectativas y los sentimientos vivenciados por estas mujeres. Metodología. Estudio con diseño descriptivo y abordaje cualitativo, realizado con 10 gestantes que viven con el VIH y que asisten al servicio de prenatal de un hospital universitario en Rio de Janeiro - Brasil. Las participantes respondieron a una entrevista semiestruturada. Los datos fueron analizados con la técnica de análisis de contenido. Resultados. Las gestantes revelaron en sus descripciones, que la maternidad tiene diferentes perspectivas relacionadas con el presente y el futuro. Asumen como algo bueno, la responsabilidad y el cuidado del niño, y el dar a luz a un niño como un regalo. Conclusión. Para las mujeres embarazadas que viven con VIH la maternidad es una experiencia positiva en sus vidas. Los enfermeros deben ser sensibles a las demandas de atención de este grupo, conscientes de su papel en el fomento de la salud y de la prevención de posibles complicaciones que puedan afectar tanto a la madre como al bebé.

Palabras claves: VIH; embarazo; enfermería obstétrica.


 

INTRODUÇÃO

A melhora da expectativa de vida e de sua qualidade entre as pessoas que vivem com HIV demandam cuidados específicos dos profissionais de saúde, incluindo os enfermeiros que desenvolvem atividades assistenciais nos três níveis de atenção à saúde. O desejo por ter filhos de forma segura e sem risco surge das conquistas científicas e sociais, assim, garantindo a essa clientela a realização de um ideal que, nos primórdios da epidemia, era subjugado e condenado pela sociedade por expor a criança a um risco. Com o advento da terapia antirretroviral (TARV), acompanhamento pré-natal e adoção de manejos clínicos, o risco de transmissão vertical é menor que 1%. A adequada orientação e assistência à saúde das portadoras do vírus garantem autonomia quanto à decisão de engravidar, desse modo, desvinculando as sensações de medo e preocupação quanto à gestação de uma criança sadia. A vivência da gravidez e da maternidade ganha vida e sentido nas ambições de mulheres que vivem com o HIV, e os sentimentos culturalmente arraigados nesta prática instintiva surgem no imaginário social como expectativas para saúde, felicidade e continuidade da vida, família e espécie.1

Apesar do desejo de engravidar vivenciado por algumas mulheres que vivem com HIV, outras nem sempre o possuem ou planejam em determinados momentos da vida. A recomendação sobre o uso do preservativo nas relações sexuais, independente do parceiro ser HIV positivo, não necessariamente é uma prática comum na vida dessas mulheres, podendo ser associada a métodos contraceptivos ou não.2 Diante da realidade de ser gestante vivendo com o HIV, da gama e intensidade de sentimentos inerentes a este momento na vida, este estudo delimitou como questões norteadoras: Como a gestante que vive com o HIV percebe a maternidade? Quais as expectativas e os sentimentos vivenciados pela gestante soropositiva? E como objetivos: identificar a percepção de gestantes que vivem com o HIV sobre a maternidade e conhecer as expectativas e os sentimentos vivenciados pelas gestantes soropositivas.

A relevância desta pesquisa está atrelada ao fato de que é expressivo o número de mulheres que vivem com HIV, em especial, as gestantes que podem gerar uma criança portadora do vírus se não forem orientadas e acompanhadas em tempo hábil pelos profissionais de saúde. A enfermagem, integrante da equipe multiprofissional que assiste gestantes que vivem com o HIV, tem papel preponderante na orientação para a saúde das mulheres e aconselhamento para adesão das recomendações quanto à profilaxia da transmissão vertical. A compreensão da maternidade para as gestantes soropositivas pode contribuir para o aprimoramento dos profissionais de enfermagem que cuidam das mulheres em toda a sua complexidade, no período gestacional, parto e pós-parto.

 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo com desenho descritivo e abordagem qualitativa. O cenário foi o serviço de pré-natal de um hospital universitário no Rio de Janeiro, Brasil, especializado no atendimento a pessoas vivendo com HIV e a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Participaram gestantes portadoras do HIV, independente do período gestacional, que conheciam sua sorologia, com idade igual ou superior a 18 anos, em acompanhamento pré-natal na referida instituição. Foram excluídas àquelas que estivessem internadas, com comorbidades psiquiátricas e deficiência sensorial (afonia e surdez).

A coleta dos dados foi realizada de janeiro a abril de 2012, após a realização da consulta de rotina no ambulatório de pré-natal, com aplicação da técnica de entrevista semiestruturada, contendo questões relacionadas à caracterização social e obstétrica e ao objeto de estudo. As entrevistas foram realizadas em consultórios privativos, com auxílio de gravador de áudio. Foram registrados 10 depoimentos de grávidas que vivem com o HIV, e, ao perceber que as informações se tornavam repetitivas, optou-se por encerrar esta etapa. A amostragem por saturação é a suspensão da inclusão de novos participantes quando os dados obtidos começam a apresentar, na avaliação do pesquisador, uma aparente repetição.3 Os dados foram analisados com o emprego da técnica de análise de conteúdo, na modalidade de análise temática.4

O processo de análise consiste na transcrição do áudio gravado e posterior leitura e releitura dos depoimentos, elaboração das hipóteses provisórias sobre o objeto estudado e os conteúdos do texto analisado. Foram estabelecidas as Unidades de Registro (UR) e, posteriormente, agrupadas em Unidades de Significação. Em seguida, as Unidades de Significação foram organizadas segundo os critérios empíricos, resultando nas Categorias que foram nomeadas, quantificadas e apresentadas em descrição cursiva.5 Os depoimentos foram identificados com a letra E, referente à palavra entrevista, seguidos pelo número de participação da entrevistada (E nº). Os aspectos éticos e legais de pesquisa envolvendo seres humanos foram respeitados, seguindo a Resolução em vigor n.196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil, através do parecer favorável do Comitê de ética em Pesquisa do Hospital Universitário Gafrée e Guinle, sob o n.98/2011 e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelas participantes.

 

RESULTADOS

Do processo da análise das entrevistas, emergiram 219 UR e seis categorias, assim divididas: 1) Diferentes perspectivas das gestantes que vivem com o HIV relacionadas ao presente e futuro (82 UR e 37.4%); 2) A maternidade na concepção de gestantes que vivem com o HIV (45UR e 20.5%); 3) Medo versus superação (30 UR e 13,7%); 4) Revelação versus apoio (28 UR e 12.8%); 5) Aceitando a gestação (21 UR e 9.7%); 6) Impossibilidade de amamentar (13 UR e 5.9%).

As gestantes entrevistadas tinham idades entre 21 e 37 anos, com média de 28,2 anos. Quanto à história socioeconômica, seis viviam com companheiro e quatro não; sete tinham menos de 12 anos de estudo; oito gestantes viviam com renda familiar que variava entre um e dois salários mínimos (R$622,00 - R$1.244,00). No tocante à história obstétrica, quatro mulheres eram nulíparas e primigestas; três, primíparas e secundigestas; uma, primípara e tercigesta; uma, multípara e tercigesta; e uma, multípara e quadrigesta. Das que possuíam filhos, todos eram vivos e nenhuma criança era portadora do HIV. Duas entrevistadas (E4 e E7) descobriram ser portadoras do vírus durante o pré-natal da gestação atual.

Diferentes perspectivas das gestantes que vivem com o HIV relacionadas ao presente e futuro

Durante as entrevistas, identificou-se que a gestante que vive com o HIV apresenta diversas perspectivas em relação à maternidade, sendo a esperança do filho ser saudável e de poder cuidá-lo no futuro os temas mais citados pelas entrevistadas. [...] Eu espero que ocorra tudo bem e que dê tudo certo, que seja igual ao da minha primeira filha [...] é isso que eu peço a Deus [...] (E6); [...] Eu espero conseguir me sair bem nessa gestação [...] (E10).Algumas mães consideraram como uma expectativa para o futuro a restituição de sua saúde e a descoberta da cura da aids, conforme os recortes dos depoimentos clarificam: [...] Melhorar, porque tá sendo difícil, não tem nada, só remédio, só remédio, não tem evolução nenhuma, com essa doença então, que melhore no futuro [...] (E8); [...] Que venha melhorar nossa expectativa de vida. [...] Que tenha alguma medicação pra curar [...] (E9).

Algumas mulheres expressaram como expectativa a esperança de se cuidar, primeiramente, para, desse modo, conseguir cuidar dos seus filhos no futuro; outras, a esperança de viver por muito tempo para conseguir cuidar dos filhos. Os relatos que se seguem apontam esses desejos: [...] Eu vou me cuidar, até mesmo pra poder criar meu filho. [...](E4); [...] Que eu continue me tratando e que eu viva mais. Pra criar meus filhos [...] (E6).

Algumas participantes expressaram a esperança de o filho não ser portador do vírus, como os recortes sinalizam: [...] Meu filho não tem nada, se Deus quiser, ele não tem nada [...] (E1); [...] Espero que o meu filho não tenha o vírus [...] (E2). As mães, quando questionadas sobre suas perspectivas futuras, exteriorizaram o anseio de que seus filhos sejam felizes, nasçam com saúde, tenham um desenvolvimento saudável e uma vida normal como qualquer outra criança, conforme as descrições apontam: [...] Que eles [filhos] tenham um desenvolvimento saudável, feliz e que tenham uma infância não igual a minha [...] (E3); [...] Eu espero que meus filhos cresçam, me deem netos, se formem e que eles tenham uma vida saudável [...] (E9). As entrevistadas E2 e E3 foram as únicas que consideraram o fato de que viver com o vírus não interfere nas expectativas futuras, como podemos observar nos recortes que se seguem: [...] Tem que ter os mesmos cuidados tendo ou não o vírus [...] (E2); [...] Normal porque eu já convivo com esse problema [viver com o HIV] há muito tempo [...] A única coisa que eu não vou poder fazer é amamentar o meu filho, o resto eu vou ter que trocar fralda, dar banho, cuidar, levar a escola, fazer tudo que qualquer mãe faz [...] (E3).

A maternidade na concepção de gestantes que vivem com o HIV

As dez gestantes entrevistadas demonstraram em suas falas que, mesmo vivendo com o HIV, consideram a maternidade uma vivência positiva em suas vidas, conforme os relatos clarificam: [...] Ser mãe é uma coisa muito boa, não tem como explicar [...] (E1); [...] Pra mim está sendo a coisa mais importante da minha vida no momento [...] (E10). Algumas gestantes, em seus relatos, atribuíram determinados significados à maternidade, conforme elucida o seguinte recorte: [...] Ser mãe é uma dádiva de Deus, nem todo mundo pode ser mãe, nem toda mulher pode engravidar, então se Deus me deu essa criança é porque ela vai me trazer muita felicidade, alguma coisa ela vai ter de bom na minha vida por mais que eu esteja com essa dificuldade [o vírus][...](E4).

No entender da gestante E6, o significado da maternidade é ter responsabilidade. Para E2 e E3 ser mãe é cuidar dos filhos, como elucidam as descrições a seguir: [...] Pra mim é responsabilidade [...] (E6); [...] é a proteção do bebê seja soropositivo ou não [...] (E2); [...] é criar o meu filho, dar tudo que ele pode ter como uma boa educação, bom desenvolvimento e estrutura não só de renda, mas também psicológica [...] dar atenção e carinho. [...] Além disso, ter tempo para cuidar dos meus filhos, brincar com eles e ver eles se desenvolverem. [...] (E3).  Apenas uma participante (E10), evidenciou, em seu discurso, que a maternidade implicará em maiores cuidados se comparada à de uma mulher não portadora do vírus, como é possível observar em sua fala: [...] vai ser complicado porque acho que o cuidado vai ser maior, o trabalho vai ser maior [...] (E10).

Medo versus superação

O medo mais evidente era em relação à transmissão do HIV para o filho, como o relato a seguir exemplifica: [...] eu tenho um pouco de medo de transmitir a doença [HIV] para meu filho durante a gestação [...](E5).Medidas de enfrentamento e superação frente à transmissão do vírus ao filho encontravam seu alicerce de força e motivação na adoção de medidas de autocuidado durante a gravidez, conforme as falas descrevem: [...] eu tenho todos os cuidados e espero que o meu filho não tenha o vírus [...](E2); [...] eu estou tomando os mesmos cuidados com essa segunda gestação para que a minha filha não tenha o vírus [...](E3). A gestante (E10), que não fazia uso da TARV, deixou transparecer seu medo em relação aos efeitos colaterais da medicação. No entanto, relatou que iria superá-los em virtude da gestação, como elucida o trecho a seguir: [...] Assim que descobri o diagnóstico da gravidez foi horrível, chorei, chorei, chorei, até porque eu só pensava nisso: Meu Deus como que eu vou fazer agora, eu não quero tomar remédio porque não tomava antes, ai eu vou passar muito mal, vou ter as reações, não quero, mas, fazer o que?[...](E10).

Na análise das entrevistas, foi possível identificar que a preocupação em proteger o bebê para que ele nasça sem a doença também se mostrou relacionado ao medo dos filhos sofrerem preconceito e discriminação perante a sociedade, como o relato clarifica: [...] eu quero que meu filho não tenha a doença, porque é muito difícil, muita gente não entende [...] ainda tem muito preconceito [...] é difícil pra gente que é adulto imagina para uma criança [...] (E6).

Revelação versus apoio

Das mulheres entrevistadas, uma grande parte deixou claro em suas falas que somente revelaram o seu diagnóstico positivo para o HIV para pessoas mais próximas.  [...] Minha família não sabe, só minha mãe, meu companheiro e os médicos [...] (E1);[...] Meu companheiro, é a única pessoa que sabe, e eu não pretendo contar para ninguém mais [...] (E7); [...] contei pra minha mãe, meu pai, meu irmão [...] claro que não vou falar pra vizinho, pra amigo, isso ai ninguém precisa saber [...] (E9). Em contrapartida, há gestantes que disseram não esconder de ninguém o fato de serem soropositivas. [...] Eu não escondo de ninguém [...] (E2); [...] Todo mundo sabe [...] (E6). Quanto à questão do apoio, algumas mulheres disseram receber apoio apenas das pessoas mais próximas, uma vez que apenas estas sabem do seu diagnóstico, e há também a questão de que nem todas as pessoas que sabem aceitam. Como podem ser observados nos relatos: [...] Meus pais me apoiam muito [...] Meu ex-marido também [...] (E3];[...] recebi apoio de alguns colegas de trabalho, como minha chefe [...] (E5); [...] Só do meu companheiro, porque é a única pessoa que sabe [...] (E7); [...] Na minha família tem muita gente que não aceita [...] (E2).

Aceitando a gestação

A condição de saber que era soropositiva antes ou após ter engravidado, bem como ter ou não vivenciado a experiência da maternidade, não alterou a motivação de querer gerar uma criança, conforme descrevem os relatos: [...] Eu sempre quis ser mãe [...](E4); [...] toda mulher quer ser mãe, eu penso assim [...] (E9). Contudo, com o transcorrer de algumas entrevistas, foi possível constatar que há também aquelas mulheres que nunca tiveram desejo de ser mãe, ou que perderam o interesse após descobrir que vive com o HIV, conforme seus relatos denotam: [...] Nunca tive aquele desejo de ser mãe [...](E7);[...] Olha na verdade antes de eu descobrir que eu era soropositiva eu queria muito, muito ser mãe. Depois que eu descobri [HIV] a possibilidade foi zero [...] (E10).

Algumas gestantes apontaram em suas falas a questão de não estarem planejando engravidar neste momento. E, por vezes, culpam o descuido ou problemas com o preservativo para tal ocorrido: [...] foi um acidente, acidente não, irresponsabilidade porque eu sabia que poderia ficar grávida e continuava transando sem camisinha [...](E3); [...] eu não estava programando para agora [...] (E4);[...] eu não planejei, eu sempre usei preservativo, o preservativo estourou, ainda tomei a pílula do dia seguinte [...] (E6). Para algumas mulheres, não é fácil se descobrir gestante sendo soropositiva, ainda mais sendo uma gravidez não planejada, porém algumas demonstram em seus relatos a tentativa de superação, de buscar aceitar a gestação, como nos seguintes casos: [...] vai ser bem vindo [...] (E4);[...] Eu estou assim, me aceitando ainda [...] (E6).

Impossibilidade de amamentar

Através da análise das entrevistas algumas participantes se mostraram conscientes, no entanto incomodadas com essa condição. Os recortes de discursos que se seguem expressam este sentimento negativo: [...] Eu já sabia que era soropositiva e já era consciente que não poderia amamentar. No começo eu fiquei até um pouco mexida com isso, mas aí eu pensei que se amamentasse meu filho o mais prejudicado seria ele. Eu ia alimentar um ego meu, mas iria prejudicar a saúde dele [...] (E3).Uma das participantes explicitou em seu discurso que o fato de não amamentar irá requerer um cuidado maior, demonstrando um sentimento de preocupação com sua limitação, como é possível observar: [...] o fato de não poder amamentar vai ser complicado [...] porque acho que o cuidado vai ser maior [...] (E10). Além disso, durante a análise das entrevistas foi possível notar que algumas participantes deixaram transparecer o medo do preconceito relacionado ao fato de não poder amamentar, conforme os relatos: [...] Minha sogra não sabe que eu tenho o vírus e quando ela me perguntava o porquê de não amamentar o meu primeiro filho eu dizia que ele tinha alergia ao leite. Agora ela nem pergunta mais [...] (E3); [...] fico sem jeito de falar, a sociedade não aceita, essa é a única coisa que me incomoda (não poder amamentar) [...] (E9).

 

DISCUSSÃO

Os resultados corroboram os de outras pesquisas ao identificarem que as gestantes que vivem com o HIV possuíam sentimentos de medo e tentativa de superação, e que estes estavam atrelados às perspectivas durante a maternidade. Elas exteriorizaram medo em relação à transmissão vertical durante a gestação, aos efeitos colaterais da medicação, ao preconceito em relação à doença e, ao mesmo tempo, verbalizaram sentimentos de superação através do autocuidado, da confiança na adesão terapêutica, da tentativa de superar o preconceito e o diagnóstico do HIV descoberto recentemente no pré-natal, mesmo que sua assimilação não seja uma tarefa fácil.1,6-10 Estudos8,11 têm demonstrado que, apesar de gestantes que vivem com o HIV relatarem que vivenciam uma gravidez normal, como a de outras mulheres, situações peculiares são evidenciadas no cotidiano das gestantes infectadas pelo vírus. Muitas adotam posturas defensivas, de negação, no intuito de minimizar o sofrimento e medo ocasionados pelo estigma e convívio com uma enfermidade crônica.

Pesquisas vêm constatando que, apesar de muitas mulheres que vivem com HIV desejarem ter filhos, nem sempre realizam de forma planejada, colocando em vulnerabilidade os parceiros sorodiscordantes.1,6-7

é evidente que os apelos social e cultural permeiam a vida de mulheres para que exerçam a vivência da maternidade, o constructo desse papel configura no imaginário social a realização como mulher e a possibilidade da continuidade da sua vida e de sua família. No caso das gestantes que vivem com HIV, a gravidez tem desempenhado um papel motivacional no qual o filho passa a ser uma razão de viver e a superação frente às adversidades de se conviver com uma doença sem cura e estigmatizante.1,6-7 No entanto o desejo da gravidez traz, em contrapartida, o medo da gestação, conforme evidenciado nas entrevistas, pois diversas perspectivas foram retratadas com relação ao futuro incerto e à possibilidade da transmissão vertical. Sentimentos como esperança que a gravidez transcorra bem, conseguir ter o filho, conseguir tomar a medicação, presenciar a cura da aids, viver por muito tempo, ter uma vida "normal" e o filho ser saudável foram, também, comumente encontrados em outras pesquisas.8-9,12

Diante da possibilidade da transmissão vertical, as gestantes que vivem com o HIV, em sua maioria, empenham-se na adesão ao tratamento e no comparecimento às consultas; na apropriação de conhecimento sobre a doença, sua evolução e a manifestação de sinais e sintomas; e na mudança do seu estilo de vida a fim de favorecer a promoção da saúde.1 O "filho" torna-se, portanto, a fortaleza e o estímulo para a superação dos obstáculos de viver com HIV, assim, trazendo benefícios para a saúde física e metal das gestantes.7 é sabido que, apesar de todo o esforço dispensado no acompanhamento e na adesão ao tratamento, isso não elimina o risco de transmissão vertical, mas o reduz consideravelmente, em torno de 0 a 2%, desde que sejam adotadas algumas recomendações terapêuticas, conforme rotina preconizada no Brasil, como a administração de terapia antirretroviral durante a gestação, o trabalho de parto e parto; priorizar a realização do parto cesáreo quando a gestante utilizou apenas a monoterapia com Zidovudina (AZT) ou apresente, no último trimestre de gestação, carga viral desconhecida ou acima de 1 000 cópias/ml; administração de AZT ao recém-nascido durante 42 dias; substituição da amamentação materna por leite artificial.13

Perante a possibilidade de infecção do filho, as gestantes se confrontam com a necessidade de adoção das medidas profiláticas recomendadas, se, por um lado, elas se recusavam ou não aceitavam cumprir o tratamento, por outro, colocam em risco a saúde de seu filho. Através dessa díade é que a grande maioria das gestantes aceita aderir ao tratamento com o intuito de eximir-se da culpabilidade de transmitir o vírus ao filho.8 Estudos indicam que a prevenção da transmissão vertical tem sido o principal fator motivador na adesão à terapia antirretroviral, contudo a negação do diagnóstico, o medo de ser descoberta por terceiros e os efeitos colaterais são fatores limitadores da adesão.14-15 Em alguns casos, há o abandono após o parto, devido à mãe não mais exercer um potencial risco de infecção ao filho.11 A adesão ao tratamento, também, está sustentada pelo medo de morrer e não poder cuidar dos filhos, além de sujeitá-los ao preconceito que poderão sofrer caso sejam infectados pela transmissão vertical. O sentimento de culpa por colocar o filho em "risco" fortalece as práticas de vínculo e apego, levando ao desenvolvimento de atitudes superprotetoras com os filhos.9 No caso de mulheres que já vivenciaram outra gestação como portadora do HIV, estudo evidencia que essas se mostram mais confiantes no cuidado com os filhos e preocupam-se com outras atividades da vida cotidiana, como trabalho e compromissos.12

Apesar de as participantes do estudo considerarem que ser mãe vivendo com o HIV não modifica os cuidados que precisarão ter com seus filhos, houve aquelas que exteriorizaram o fato de não poder amamentar como algo que as diferenciavam das mães soronegativas. Estudos mostram que as gestantes, apesar de conscientes sobre o assunto, revelaram preocupação e medo do preconceito em relação à sua limitação, principalmente pelo fato de algumas pessoas questionarem o porquê de não amamentar.1,8 Foi observado, também, que as mães que vivem com o HIV, ao serem desencorajadas a não exercer a amamentação, vivenciam conflitos diante de um sentimento ambíguo, pois, ao mesmo tempo em que sofrem com o desejo de exercer a amamentação, sentem-se muito bem em preservar a saúde do filho. Assim, como mecanismo de enfrentamento, aceitam a situação. O fato de não poder amamentar configura-se, no imaginário das mães, um fator limitador na formação do apego materno-infantil, no entanto existem outras formas e gestos de carinho que devem ser estimulados, como a fala, o toque, o olhar e o cantar.16 Apesar de ainda não existir uma cura, conforme as perspectivas das gestantes, investigações científicas vêm trazendo importantes contribuições com relação à temática da gestante portadora do HIV. Estudos internacionais têm apontado que a amamentação não está sendo mais contraindicada, desde que a mãe e a criança usem a terapia antirretroviral durante todo o período da lactação. Acredita-se que os benefícios do leite materno para o fortalecimento do sistema imune, além da prevenção da desnutrição e das doenças diarreicas e respiratórias, justifiquem sua utilização até que a criança tenha 12 meses de idade.17-19 Os índices de mortalidade por doenças no primeiro ano de vida e dificuldades para aquisição das fórmulas artificiais e água potável são alguns motivos que favorecem o incentivo e a prática do aleitamento materno. No entanto sua aplicabilidade é controversa, cabendo às autoridades nacionais decidirem sobre o melhor método.20

A equipe multiprofissional tem um papel preponderante no cuidado da gestante que vive com o HIV e vivencia o tratamento da profilaxia da transmissão vertical. A enfermagem contribui na educação para a saúde, fornecendo subsídios para o autocuidado, e no acompanhamento das consultas de pré-natal e puericultura, pois realiza os cuidados de ordem tecnicista e humanista. é oportuno salientar que, para oferecer uma assistência de qualidade e humanizada, é importante escutar a perspectiva das gestantes que vivem com o HIV. A ação de escutar e compreender o abstratismo das percepções, sentimentos e significados que as gestantes trazem dos seus constructos de vida social, cultural e moral são fundamentais para a avaliação das vulnerabilidades e construção de um plano de cuidado. A formação do vínculo, através de uma relação de confiança, favorece a expressão de dúvidas e anseios que permite ao profissional adentrar na vida íntima, tendo como finalidade facilitar a reflexão e superação de dificuldades para a adoção de práticas seguras e promoção da qualidade de vida.21,22

O estudo concluiu que ser mãe e viver com HIV envolve diversos sentimentos, conflitos e dificuldades impostas pela sua condição, na qual as perspectivas positivas em relação ao futuro são bastante almejadas. Conquanto, exista a crença de que a maternidade associada ao HIV é rodeada por incertezas, angústias e medos. As gestantes, nesta investigação, verbalizaram que viver com HIV não modifica o conceito do que é ser mãe, pelo contrário, todas consideraram que a maternidade está sendo uma boa experiência em suas vidas, deixando claro que o processo de tornar-se mãe se assemelha ao de uma mulher soronegativa para o HIV. O estudo acrescentou subsídios para a enfermagem na assistência às gestantes que vivem com HIV ao identificar que essas mulheres vivenciam sentimentos de incertezas, medos e angústias quanto à possibilidade da transmissão vertical. Nesse sentido, esforçam-se na adesão ao tratamento e na adoção de estilos de vida saudáveis a fim de não transmitir o vírus ao filho e manter uma qualidade de vida satisfatória para acompanhar seu desenvolvimento.

é fundamental que a assistência em saúde envolva mulheres em idade reprodutiva e incentive a realização do teste diagnóstico para o HIV. Às mulheres que já convivem com o vírus é oportuno adentrar no campo da saúde reprodutiva para que sejam disponibilizados métodos contraceptivos às que não desejam engravidar, além do uso do preservativo. Àquelas que manifestam o desejo de gestar, que sejam orientadas e aconselhadas por uma equipe multidisciplinar.

 

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