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Lingüística y Literatura

versión impresa ISSN 0120-5587versión On-line ISSN 2422-3174

Linguist.lit.  no.79 Medellìn jene./un. 2021  Epub 18-Nov-2022

https://doi.org/10.17533/udea.lyl.n79a15 

Estudios lingüísticos

ALGUMAS METÁFORAS DA PANDEMIA DE COVID-19*

SOME METAPHORS OF COVID-19 PANDEMIC

Dieysa Kanyela Fossile1 

1Universidade Federal do Tocantins (Brasil) dieysafossile@yahoo.com


Resumo:

Neste artigo são analisadas as metáforas nominais que fazem alusão à COVID-19, as quais são denominadas covitáforas-19. Este estudo é de caráter bibliográfico, descritivo, analítico e a abordagem é de caráter qualitativo, promovendo-se um diálogo entre as informações teóricas acerca da teoria interacionista e os exemplos metafóricos sobre a Covid-19. Verificou-se que os ouvintes e os leitores conseguem alcançar interpretações plausíveis às covitáforas-19 através da identificação, da seleção e da interação das propriedades relevantes do tópico e do veículo. As metáforas estudadas transmitem informações coerentes sobre a COVID-19 e são capazes de despertar diversas sensações nos ouvintes e nos leitores.

Palavras-chave: teoria interacionista; metáfora; COVID-19; interpretação; sensação

Abstract:

In this article, nominal metaphors related to COVID-19 are analyzed, referred to as covitáforas-19 (COVID-19 metaphors). This study is bibliographical, descriptive and analytical in nature and its approach is qualitative. The objective is to encourage dialogue between those involved in theoretical information involving interaction theory and the metaphorical descriptions of COVID-19. It was found that interlocutors and readers are able to achieve plausible interpretations of COVID-19 metaphors through the identification, selection, and interaction between the properties relevant to both the topic and the vehicle. The studied metaphors were found to provide coherent information on COVID- 19 and to be able to inspire a variety of sensations in both readers and interlocutors.

Key words: interaction theory; metaphor; COVID-19: interpretation; sensation

1. Introdução

A pandemia de COVID-19 é um momento excepcional na história mundial e despertou o meu interesse em estudar, descrever e analisar as ocorrências metafóricas que são utilizadas para explicar o que é o novo coronavírus. Neste artigo, o alvo de investigação são as metáforas empregadas para divulger informações sobre a doença, as quais são chamadas neste texto de covitáforas-19. Neste estudo é analisado um pequeno corpus de doze metáforas nominais em língua portuguesa do Brasil, que faz alusão ao novo Coronavírus. Essas ocorrências metafóricas são retiradas de diferentes sites da internet1. O propósito é localizar e examinar da- dos confiáveis, originais, reais, atuais e contextualizados. Para a busca dessas ocorrências metafóricas brasileiras foram utilizados buscadores como o Google e o Bing.

A metáfora tem sido um mecanismo linguístico amplamente utilizado para transmitir informações sobre o novo vírus, o qual ainda é desconhecido e preocupa a população global. No Brasil, algumas ocorrências metafóri- cas que retratam que a COVID-19 não existe ou que a doença é uma simples gripezinha são utilizadas por perso- nalidades políticas. Essas ocorrências metafóricas contribuíram, tal como continuam contribuindo para provocar discussões calorosas e diferentes reações entre a população brasileira.

Neste estudo, o processo de descrição e de análise das metáforas segue quatro passos, que são apresentados na seção 3 deste texto. A análise é realizada com base na proposta de Glucksberg (2001) e na perspectiva de Black (1962, 1993). As pesquisas desenvolvidas no Grupo de Estudos Metafóricos (GEM/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq/Universidade Federal do Tocantins-UFT) contribuíram para o desenvolvimento deste estudo.

Inicialmente, aborda-se a questão da metáfora pelo viés teórico. Na sequência, apresenta-se a proposta de estudo. O objetivo central deste trabalho foi descrever e analisar como os ouvintes e os leitores interpretam as metáforas que fazem alusão à pandemia de COVID-19. Além disso, pretende-se responder aos seguintes questio- namentos:

  1. As ocorrências metafóricas que fazem alusão à COVID-19, as quais são utilizadas e inseridas nas notícias, atrapalham ou contribuem para que o assunto em questão seja compreendido?

  2. As metáforas, que são inseridas nas notícias que são divulgadas sobre o novo coronavírus, podem despertar sentimentos nos ouvintes e nos leitores, tais como: temor, preocupação, revolta, etc.?

Por fim, apresentam-se, sob a visão interacionista, a descrição e a análise de doze metáforas nominais que fazem referência à COVID-19.

2. Metáfora: um recurso da linguagem utilizado na pandemia de COVID-19

A metáfora vem sendo largamente utilizada para noticiar informações sobre a pandemia de COVID-19. Tanto em programas televisivos quanto em sites de notícias podem ser observadas metáforas que transmitem infor- mações a respeito do novo coronavírus. Para elucidar o dito, apresentam-se, a seguir, duas metáforas localizadas em sites de notícias da web:

(1) O vírus é um monstro tentando te matar: testemunho de paciente com COVID-19.2

(2) Tem alguns que acham que o coronavírus é brincadeira, e venho tentando mostrar o perigo que estamos enfrentando.3

Além dessas duas metáforas, outras podem ser compreendidas. As pessoas possuem competência metafórica. Sobre isso, Teles-Botter (1998, como se citou em Gardner & Winner, 1978) explicou que a «nossa competência metafórica pode ser verificada através de nossa habilidade em parafrasear linguagem figurada. Isto, é claro, envolve nosso conhecimento prévio sobre a língua bem como nosso conhecimento do conceito de significado literal» (p. 54). Ao interpretar as metáforas 1 e 2, sugere-se uma paráfrase literal a cada sentença metafórica apresentada. As paráfrases literais sugeridas não são idênticas às sentenças metafóricas apresentadas, porque uma metáfora jamais será totalmente parafraseável (Black, 1992, 1993; Kittay, 1987; Fossile, 2011a, 2011b, 2013, 2015). A seguir, apresentam-se as seguintes paráfrases literais às metáforas 1 e 2, respectivamente:

(3) O vírus é extremamente grave e prejudicial à saúde: testemunho de paciente com COVID-19.

(4) Há alguns que acham que o coronavírus não existe ou que não é uma doença grave, e venho tentando mostrar o perigo que estamos enfrentando.

Verifica-se que as metáforas apresentadas, além de transmitirem informações sobre o novo coronavírus, têm o poder de despertar no ouvinte e no leitor uma mistura de sensações, como medo, preocupação, e até mesmo, indignação. Para validar essa hipótese, demais dados metafóricos precisam ser analisados. Especificamente, na seção 4 deste artigo será retomada essa discussão.

A metáfora não está presente apenas na poesia e na literatura, a mesma está no dia a dia. Ainda hoje vem enfrentando um grande desafio, porque é considerada por alguns como uma figura de linguagem, que só está presente e deve estar presente na linguagem poética e na linguagem persuasiva. Ao ser entendida apenas como uma figura de linguagem passa a ser considerada como algo dispensável, que deve ser evitado, principalmente em textos técnicos e informativos. «[...] há muitos autores [...] que não dão grande importância à metáfora. Metáfora é, para eles, uma categoria pertencente à Poética e Estética, mas insignificante e até mesmo desnorteante para a ciência» (Marcuschi, 2000, p. 79). Seria a metáfora realmente um mecanismo linguístico fácil de evitar? De acordo com Richards (1950, como se citou em Marcuschi, 2000, pp. 79-80), «[...] até mesmo na linguagem rigorosa das ciências bem fundamentadas, é difícil eliminar ou evitar as metáforas». Segundo Marcuschi (2000),

a metáfora não é apenas um simples recurso linguístico catalogado entre [...] figuras de linguagem, mas um modo específico de conhecer o mundo, que, ao lado do conhecimento lógico-racional, tem sua razão de ser e instaura uma série de valores de outra maneira [...] a metáfora é essencialmente mais do que uma simples transferência de significado baseada em certos artifícios semanticamente explicáveis, e, muito mais do que uma simples comparação abreviada. Na verdade, ela pode ser tida como ponto de apoio para uma análise de capacidade criativa espontânea do indivíduo, sendo então, apenas do ponto de vista operacional, uma transposição de significado, mas, do ponto de vista genético e psicológico, ela seria a criação de novos universos de conhecimento. Criaria, pois, uma realidade nova (p. 75) (Grifos do autor).

Em uma perspectiva aristotélica, segundo Fossile (2011a, 2011b), conforme Zanotto (1998), e entre tantos outros estudiosos, a metáfora tem sido tratada e considerada como um fenômeno retórico, como uma figura de linguagem, como um ornamento, sem possuir nenhum valor conceitual. Max Black também é um nome importante no que diz respeito aos estudos da metáfora. Ele «[...] desenvolveu três visões teóricas, conhecidas como Teoria da Substituição, Teoria da Comparação e Teoria da Interação» (Sardinha, 2007, p. 28). A Teoria da Interação (TI) é uma proposta bastante interessante para os estudos da metáfora. Nessa perspectiva, a metáfora gera um sentido novo que resulta da interação entre o tópico e o veículo da metáfora. Desse modo, em uma sentença metafórica como, (5) COVID-19 é um destruidor de vidas, tem-se o tópico da metáfora, COVID-19, e o veículo, destruidor de vidas. Com base em Sardinha (2007, p. 30), em um processo de interação, COVID-19 passa a receber propriedades de destruidor de vidas, ao mesmo tempo em que destruidor de vidas passa a adquirir propriedades associadas à COVID-19. «Criamos, então, mentalmente um sistema de relações onde não havia nenhuma, para podermos dar conta da metáfora» (Sardinha, 2007, p. 30). Assim, Black (1962, 1993) propôs que a TI situa a metáfora na linguagem, mas também sustenta que a metáfora é uma proposição que revela ou externa um conteúdo cognitivo. Portanto, «Black designa uma forte função cognitiva às metáforas» (Finger, 1996, p. 50). A Teoria da Referência Dual (TRD) também é uma proposta interessante para entender o processo de interpretação da metáfora. Essa teoria é proposta por Glucksberg (2001), e «[...] se caracteriza pela presença de categorias ad hoc» (Moura, 2005, p. 58). Por exemplo, na TRD, Glucksberg (2001) sustentou

[...] que uma palavra como bomba relógio, ao ser usada metaforicamente, designa duas classes referenciais distintas. No sentido literal, ela designa a classe das bombas com tempo programado para explosão; no sentido metafórico, ela designa a classe das coisas que são potencialmente explosivas e destrutivas ao longo do tempo. [...] Assim, bomba relógio designa simultaneamente, por um lado a categoria de coisas explosivas e perigosas ao longo do tempo, e de outro lado um exemplar prototípico dessa categoria, no caso as bombas relógio literais. Nessa teoria, a metáfora é considerada como uma inclusão de classe (p. 52, como se citou em Moura, 2005, p. 59-60) (Grifos do autor).

Glucksberg (2001, p. 52) defendeu também que «metaphors work via an interaction between the metaphor vehicle and the metaphor topic»4. Ele argumentou que em metáforas nominais, propriedades salientes do veículo são atribuídas ao tópico. Nesse caso, em uma sentença como, (6) sua carta era um punhal em seu coração, propriedades do veículo punhal, como: perfurar, ferir, e até mesmo, matar, são atribuídas ao tópico, sua carta. Já nas metáforas predicativas, características salientes de ações ou outras referências do verbo são atribuídas ao sujeito ou objeto de uma sentença (Glucksberg, 2001, p. 52). Essa abordagem sobre a interação entre o tópico e o veículo da metáfora se aproxima da posição de Black.

Glucksberg (2001, como se citou em Moura, 2005, p. 62) afirmou «que a interação entre tópico e veículo, em cada metáfora, permite especificar que propriedade é predicada do tópico». A partir dos exemplos (7) Meu advogado era uma cobra e (8) A estrada era uma cobra, Glucksberg (2001, como se citou em Moura, 2005, p. 62) explicou que «[...] o tópico funciona como um contexto para a interpretação do veículo [...] da metáfora». Glucksberg (2001, p. 53) esclareceu que «the relevance of a given property to a topic can best be described in terms of dimensions for attribution»5. No caso do exemplo (8),

[...] o tópico é estrada, as dimensões relevantes são forma, superfície e segurança, ao passo que dimensões como custo e cor não são relevantes. Assim, o tópico licencia certas dimensões para a atribuição metafórica. O veículo da metáfora, por sua vez, licencia as propriedades a serem atribuídas ao tópico (Moura, 2005, p. 62).

Já no caso do exemplo (7), tem-se o tópico advogado, desse modo,

[...] temos outras dimensões relevantes. Entre as dimensões relevantes do conceito de advogado, temos habilidade, temperamento, ambição e preço. Ainterpretação nesse caso seria que o advogado em questão tem um comportamento malicioso e malévolo, sendo atribuído a ele uma propriedade que se atribui comumente às cobras (Moura, 2005, p. 62).

Nas metáforas 7 e 8, por causa «[...] das diferenças das dimensões relevantes dos tópicos, diferentes proprieda- des do veículo [...] [cobra] são selecionadas» (Moura, 2005, p. 62). Desse modo, compreende-se que «a metaphor topic provides dimensions for attribution, while a metaphor vehicle provides properties to be attributed to the topic»6 (Glucksberg, 2001, p. 53).

Conforme Sardinha (2007, p. 16) «as metáforas são um recurso natural de qualquer língua» e a metáfora está onipresente na linguagem humana não apenas para encantar, mas acima de tudo também para informar. Por isso, neste estudo, na seção 4, analisam-se e descrevem-se, sob a proposta teórica de Glucksberg (2001) e sob os es- tudos de Black (1962, 1993), as metáforas que são utilizadas, em época de pandemia, para informar a população sobre a COVID-19.

3. Delimitando o estudo: proposta, questionamentos e objetivo

O foco central deste estudo são as metáforas que fazem alusão à pandemia de COVID-19. Por isso, julga-se importante abordar, mesmo de forma breve, este assunto que causa extrema preocupação mundial, a COVID-19. Desse modo, no próximo parágrafo, faz-se uma rápida menção a essa questão.

Neste momento, sabe-se apenas que a COVID-19 é uma doença nova provocada por um vírus da família do coronavírus, o SARS-CoV-27. Esse vírus causa infecções que afetam o sistema respiratório das pessoas. Por isso, essa doença acaba sendo confundida com uma gripe. Mas, estudos apontam que essa doença não é uma gripe comum, não é uma gripezinha. A princípio, noticiários apontam que os primeiros casos dessa doença foram identificados em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, na China. A doença pode desencadear sintomas variados, podendo ser leves, moderados e graves. Se um indivíduo infectado pela COVID-19 apresentar sintomas graves poderá desencadear pneumonia, insuficiência respiratória e inclusive sofrer a morte8. Além desses sintomas, outros estão sendo identificados e avaliados, os quais não serão citados nem discutidos aqui. Ainda não existe a comprovação de remédios eficazes e seguros para tratá-la. Também não existem vacinas contra a COVID-19, o que causa temor é a rapidez com que se propaga entre a população mundial. Até o momento, sabe-se que somente medidas de higiene, como lavar as mãos constantemente, usar a máscara facial e manter o distanciamento social, podem proteger as pessoas. Na verdade, por enquanto, a COVID-19 ainda é uma doença desconhecida, que carece de estudos.

Para obter informações sobre este novo vírus que aflige a população, resta acompanhar os noticiários televisivos e as notícias divulgadas na web. Verifica-se que tanto cientistas/pesquisadores da área da saúde, médicos, enfermeiros, tal como autoridades políticas, apresentam comentários e informações a respeito dessa doença. Ora tentam trazer esclarecimentos sobre a própria doença, ora apresentam um balanço a respeito do número de contaminados pelo novo coronavírus, ora apresentam um balanço a respeito do número de óbitos causados pela COVID-19, ora informam sobre os hospitais lotados, uns criticam o isolamento social, outros avaliam que o distanciamento social é uma das únicas alternativas que pode contribuir para diminuir o número de pessoas contaminadas, entre tantos outros apontamentos. Verifica-se também que a maioria desses comentários relacionados à doença têm caráter metafórico. As pessoas das mais diferentes esferas da sociedade fazem amplo uso de metáforas para falar sobre o novo coronavírus. Não é raro localizar diariamente notícias do tipo:

(9) O aumento rápido e contínuo dos números de casos oficiais confirmados e de mortes - ontem eram, respectivamente, 7.910 e 299 - expõe, além da propagação da COVID-19, como a subnotificação vinha maquiando a real situação da pandemia, algo já assumido publicamente pelo governo federal. Isso tem dificultado, inclusive, os estudos e projeções que avaliam a evolução da COVID-19 no país.9

(10) COVID-19: um inimigo invisível que nos obriga a lutar sem armas.10

Os exemplos (9) e (10) apresentam informações sobre a COVID-19 sob um prisma metafórico. O exemplo (9) é o trecho de uma reportagem publicada no portal Uol, no link de notícias, sobre o novo coronavírus e o governo brasileiro. O exemplo (10) é o título de uma reportagem publicada no portal do governo do estado do Acre (Brasil). Diante dos exemplos citados e de vários outros que serão apresentados e analisados em seção posterior deste artigo, a pergunta que surge é a seguinte: 1. Afinal, as metáforas utilizadas e inseridas nas notícias, que dizem respeito ao novo coronavírus, atrapalham ou contribuem para que o assunto em questão, pandemia de COVID-19, seja compreendido?

Ao analisar o exemplo (9), a subnotificação vinha maquiando a real situação da pandemia, compreende-se que a subnotificação vinha contribuindo para esconder ou omitir a verdadeira situação da pandemia.

Já no exemplo (10), a COVID-19 é entendida como um inimigo invisível. A partir do termo inimigo, infere-se que se trata de uma ameaça, de algo prejudicial e nocivo à saúde. O adjetivo invisível desempenha um papel de destaque, pois atribui uma informação específica e importante ao termo inimigo, que é o novo coronavírus. Desse modo, a partir da expressão, inimigo invisível, deduz-se que a COVID-19 é um vírus perigoso, que não se pode ver a olho nu. Esse sentido é selecionado quando o adjetivo invisível é aplicado ao substantivo inimigo e quando a expressão inimigo invisível interage com o termo COVID-19.

Em relação ao primeiro questionamento, tomando como base apenas os exemplos metafóricos (9) e (10), examina-se que essas metáforas com poucas palavras apresentam informações coerentes e claras acerca da pandemia de COVID-19. Porém, um número maior de dados precisa ser analisado, para tanto, tem-se a seção 4 deste artigo.

A partir desses dois exemplos, surge outra objeção: 2. Essas metáforas, que são inseridas nas notícias que são divulgadas a respeito do novo coronavírus, podem provocar alguma sensação nos ouvintes e nos leitores, tal como: temor, preocupação, revolta, etc.?

Diante da objeção colocada e com base no exemplo (9), analisa-se que essa metáfora pode provocar diferentes sensações nos falantes e nos leitores, tais como medo, preocupação e revolta/indignação. A partir desse exemplo, pode-se deduzir que:

  • se há subnotificação maquiando a real situação da pandemia, então a notificação de casos de óbitos e de vítimas infectadas pela COVID-19 não está sendo formalizada adequadamente. Logo, o número divulgado de vítimas infectadas e de óbitos não é verdadeiro e está abaixo da realidade.

  • se há subnotificação maquiando a real situação da pandemia, então o número de vítimas infectadas pela COVID-19 e de óbitos causados pela doença pode ser maior que o número divulgado. Logo, a situação da pandemia do novo coronavírus é mais grave que o anunciado e os verdadeiros números de vítimas infectadas e de óbitos estão sendo escondidos e omitidos.

A metáfora inserida no exemplo (9), a subnotificação vinha maquiando a real situação da pandemia, supõe que o novo coronavírus está fazendo mais vítimas que os dados divulgados. Dessa forma, com base no exemplo (9), pode-se concluir que o vírus pode ser mais perigoso e letal que o informado, podendo gerar sensações variadas nos ouvintes, nos leitores e na própria população. A interação dos sentidos das expressões ‘subnotificação’ + ‘maquiar’ + ‘real situação da pandemia’ contribui para ativar as sensações abaixo apresentadas. Além disso, essa afirmação metafórica pode provocar as sensações de medo, de preocupação e de revolta/indignação nos ouvintes e nos leitores, principalmente, quando essa metáfora é confrontada com as informações que dizem respeito ao real cenário da pandemia de COVID-19.

Quadro 1 Sensações provocadas pela metáfora localizada no excerto (9) 

Medo O vírus está fazendo um número maior devítimas. A COVID-19 é perigosa e letal.
Preocupação O índice divulgado de casos de vítimas infectadas e de óbitos não é verdadeiro e está abaixo da realidade. A situação é maispreocupante que o divulgado.
Revolta/Indignação Não estamos sendo informados sobre a realsituação da COVID-19.

O exemplo (10) também pode despertar sensações nos ouvintes e nos leitores, como preocupação e temor. A partir dessa metáfora, compreende-se que o novo coronavírus é perigoso, age e ataca de forma que a gente não pode se defender, porque não se pode vê-lo. O trecho, que nos obriga a lutar sem armas, só intensifica a interpretação alcançada e as sensações mencionadas. A partir daí, é possível depreender que se tem que lutar contra um ser altamente nocivo e perigoso, sem poder se proteger, pois não existem armas, como vacinas e remédios eficazes.

Para averiguar se as metáforas que fazem alusão à COVID-19 despertam sensações de medo, de preocupação, de revolta, etc., entre os ouvintes e os leitores, é necessário que um número maior de dados seja analisado. Por isso, essa discussão será retomada na seção 4 deste texto.

O objetivo principal deste estudo é descrever e analisar como os ouvintes e os leitores interpretam as metáforas que fazem alusão à COVID-19. Neste artigo é realizado um estudo de ordem bibliográfica, de caráter descritivo e analítico, sendo a abordagem de cunho qualitativo, pois pretende-se articular um diálogo entre as informações teóricas que fazem referência à TI e os exemplos metafóricos que fazem menção à COVID-19.

Neste estudo, faz-se um levantamento das metáforas que fazem menção à COVID-19 e estão sendo veiculadas na mídia.11 As metáforas são selecionadas e retiradas de diferentes sites12 da internet. São selecionados, cautelosamente, exemplos metafóricos originais, atuais, reais e contextualizados. Optou-se por metáforas da língua portuguesa, provenientes do Brasil. São selecionadas exclusivamente metáforas nominais, somente aquelas que tentam dizer o que é o novo coronavírus. No Brasil, algumas ocorrências metafóricas, que transmitem que o novo coronavírus não existe ou que o novo coronavírus é uma simples gripezinha, têm sido utilizadas por alguns políticos, essas metáforas têm causado discussões e variadas reações na população. Esse fato despertou o meu interesse em analisar principalmente as metáforas que são utilizadas por autoridades políticas, já que é imprescindível que os chefes de estado, os governadores e os prefeitos, neste momento de pandemia de COVID- 19, transmitam à população confiança, segurança, apoio e informações confiáveis e verdadeiras sobre a doença.

Para o levantamento de dados foram utilizados buscadores13 como o Google e o Bing. Fellbaum (2005), Fossile (2011a, 2015) e Moura (2007) já utilizaram este mecanismo de busca de dados em suas pesquisas, portanto o mesmo já foi testado em outros estudos. Por exemplo, para buscar as metáforas no Google e no Bing foram utilizadas palavras-chave como «o novo coronavírus é.» As palavras-chave devem permanecer entre aspas para limitar a busca. Ressalta-se que, na seção 4 deste texto, além das metáforas nominais (1) e (2), pretende-se selecionar, descrever e analisar mais dez metáforas nominais. Antecipa-se que os resultados apresentados neste artigo não são conclusivos.

Pretende-se alcançar o objetivo proposto analisando as metáforas que fazem alusão ao novo coronavírus, a partir da proposta de Glucksberg (2001) e dos estudos de Black (1962, 1993). Sustenta-se que essasperspectivas teóricas são viáveis e podem esclarecer como os ouvintes e os leitores chegam às interpretações mais relevantes das metáforas. Também se sustenta que por meio dessas propostas teóricas seja possível examinar quais sensações (preocupação, pânico, medo, indignação, etc.) podem ser desencadeadas no ouvinte, no leitor e na própria população. Na seção 4 deste texto, viabiliza-se um diálogo entre a teoria de Glucksberg (2001), a proposta de Black (1962, 1993) e os exemplos metafóricos sobre a COVID-19.

De forma sintetizada, apresentam-se, a seguir, os passos da pesquisa, que foram utilizados para a busca, a seleção, a descrição e a análise das ocorrências metafóricas que fazem alusão à COVID-19:

Quadro 2 Passos da pesquisa 

1º Passo Busca em sites variados da web por dez ocorrências metafóricas nominais em língua portuguesa, que façam menção ao novo coronavírus. (*A preferência é por metáforas utilizadas por autoridades políticas).
2º Passo Identificar paráfrases literais aceitáveis.
Descrever e analisar o pequeno corpus de dez metáforas nominais que fazalusão à COVID-19, a partir da perspectiva interacionista de Glucksberg (2001) e da proposta interacionista de Black (1962, 1993).
Analisar o objetivo proposto: descrever e analisar como os ouvintese os leitores interpretam as metáforas que fazem alusão à COVID-19.
3º Passo Apresentar resposta ao primeiro questionamento: afinal, as metáforas utilizadas e inseridas nas notícias, que dizem respeito ao novo coronavírus, atrapalham ou contribuem para que o assunto em questão, pandemia de COVID-19, seja compreendido?
4º Passo Apresentar resposta ao segundo questionamento: essas metáforas, que sãoinseridas nas notícias que são divulgadas a respeito do novo coronavírus, podem provocar alguma sensação nos ouvintes e nos leitores, tal como: temor, preocupação, revolta, etc.? (*Através deste questionamento, pretende-se examinar se a interação dos conceitos que formam uma metáfora, que faz alusão à COVID-19, contribui para gerar algum sentimento (sensação) no ouvinte e no leitor).

Esta seção foi reservada para apresentar a proposta de estudo, por isso realizou-se a análise dos exemplos metafóricos (9) e (10) de forma parcial. Na seção 4, as análises serão realizadas de maneira detalhada. Neste artigo, tem-se interesse somente pelas metáforas que retratam informações sobre a COVID-19, ou melhor, que comunicam o que é o novo coronavírus, as quais serão chamadas, nas próximas seções, de covitáforas-19. Essa denominação deriva da junção aglutinada dos termos, COVID-19 e metáfora. Objetiva-se analisar principalmente as metáforas utilizadas por autoridades políticas. Assim sendo, na próxima seção, além dos exemplos (1) e (2), serão estudadas dez metáforas nominais que fazem menção à COVID-19, isto é, dez covitáforas-19.

4. As covitáforas-19

Nesta seção, além das covitáforas-19 (1) e (2), são analisadas dez covitáforas-19 originais, reais, atuais e contextualizadas, que foram retiradas da web. A análise é desenvolvida, conforme explanação acima, seguindo os quatro passos apresentados. Por meio desta seção, pretende-se alcançar o objetivo proposto e apresentar respostas viáveis aos questionamentos anteriormente expostos.

4.1. As covitáforas-19: busca e seleção de dados

De acordo com o 1º passo da pesquisa, foram retiradas da web dez ocorrências de covitáforas-19. Entre elas:

(11) No que depender do presidente Jair Bolsonaro, o desastre estará sacramentado. Na visão dele, o coronavírus é uma fantasia. Mesmo estando em quarentena, por ter tido contato com pessoas diagnosticadas com a COVID-19, ele

foi às ruas neste domingo (15/03) para insuflar manifestações contra o Congresso e o Judiciário.14

(12) O novo coronavírus é um assassino.15

(13) A dirigente alemã, no entanto, descartou o termo guerra contra o vírus, utilizado esta semana pelo presidente francês Emmanuel Macron. «Pessoalmente, não usaria o termo guerra, mas entendo a motivação do presidente francês porque o coronavírus é um adversário preocupante», destacou.16

(14) Convocado à distância, aparece num telão a cara do ministro extra e ordinário, diretamente da Virgínia. Ele afirma, filosófica e psicologicamente, que o coronavírus é uma ilusão [...].17

(15) Na quarta-feira, após cumprir metade da quarentena, o ministro voltou a despachar no Planalto e divulgou que estava recuperado da doença. Ele esteve reunido com o presidente Jair Bolsonaro, que na noite anterior havia afirmado, durante pronunciamento, que o novo coronavírus é um resfriadinho e gripezinha.18

(16) O ex-deputado Xico Graziano, engenheiro agrônomo que deixou o PSDB para apoiar a candidatura de Jair

Bolsonaro, afirmou nas redes sociais que a epidemia de coronavírus é invenção do jornalismo catastrófico.19

(17) Enquete: Mais de 80% discorda que coronavírus é histeria, conforme aponta Bolsonaro.20

(18) O presidente da China, Xi Jinping, disse ao diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom que o novo coronavírus é um «demônio».21

(19) Acalorado ativista contra as medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de COVID-19, o engenheiro Antônio Carlos Bronzeri, 64 anos, afirma que o novo coronavírus é uma fraude.22

(20) Coronavírus é uma punição de Deus pois a humanidade perdeu o rumo.23

4.2. As covitáforas-19: análise de dados e do objetivo proposto

Ao executar o 2º passo da pesquisa, apresentam-se as seguintes paráfrases literais às ocorrências de covitáforas- 19 de (11) a (20), respectivamente:

(21) No que depender do presidente Jair Bolsonaro, o desastre estará sacramentado. Na visão dele, o coronavírus não existe, é algo criado pela imaginação humana. Mesmo estando em quarentena, por ter tido contato com pessoas diagnosticadas com a COVID-19, ele foi às ruas neste domingo (15/03) para insuflar manifestações contra o Congresso e o Judiciário.

(22) O novo coronavírus causa a morte.

(23) A dirigente alemã, no entanto, descartou o termo guerra contra o vírus, utilizado esta semana pelo presidente francês Emmanuel Macron. «Pessoalmente, não usaria o termo guerra, mas entendo a motivação do presidente francês porque o coronavírus é um vírus que age contra a saúde e causa preocupação», destacou.

(24) Convocado à distância, aparece num telão a cara do ministro extra e ordinário, diretamente da Virgínia. Ele afirma, filosófica e psicologicamente, que o coronavírus não existe, é um ser criado pela imaginação humana.

(25) Na quarta-feira, após cumprir metade da quarentena, o ministro voltou a despachar no Planalto e divulgou que estava recuperado da doença. Ele esteve reunido com o presidente Jair Bolsonaro, que na noite anterior havia afirmado, durante pronunciamento, que o novo coronavírus não causa a morte, não é uma doença grave.

(26) O ex-deputado Xico Graziano, engenheiro agrônomo que deixou o PSDB para apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro, afirmou nas redes sociais que a epidemia de coronavírus não existe e é um vírus criado pelo jornalismo de péssima qualidade.

(27) Enquete: Mais de 80% discorda que coronavírus é um vírus criado por excessiva emotividade ou por medo ou por pânico, conforme aponta Bolsonaro.

(28) O presidente da China, Xi Jinping, disse ao diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom que o novo coronavírus é um vírus gravíssimo à saúde [...].

(29) Acalorado ativista contra as medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de COVID-19, o engenheiro Antônio Carlos Bronzeri, 64 anos, afirma que o novo coronavírus é uma mentira, não existe.

(30) Coronavírus é um vírus enviado por Deus para nos castigar ou dar uma lição, pois a humanidade perdeu o rumo.

As ocorrências de covitáforas-19 de (11) a (20) e as paráfrases literais de (21) a (30) não são totalmente equivalentes e idênticas. Conforme Black (1962, 1993), Davidson (1992), Fossile (2015), entre vários outros estudiosos, uma paráfrase jamais conseguirá fornecer o conteúdo que é outorgado pela metáfora original.

Com base nos estudos de Glucksberg (2001), as covitáforas-19 de (11) a (20) são de caráter exclusivamente nominal. Segundo esse autor, nas metáforas nominais as propriedades mais relevantes do veículo das metáforas são atribuídas ao tópico. Logo, na sentença (11), o coronavírus é uma fantasia, propriedades do veículo (fantasia), como: invenção, criação e mentira, são atribuídas ao tópico (coronavírus). Na ocorrência (12), o novo coronavírus é um assassino, particularidades do veículo (assassino), como: perigoso, mau, matador, são atribuídas ao tópico (novo coronavírus). No exemplo (13), o coronavírus é um adversário preocupante, propriedades do veículo (adversário preocupante), como inimigo que causa preocupação, oponente que causa preocupação, rival que causa preocupação, são atribuídas ao tópico (coronavírus). Na sentença (14), o coronavírus é uma ilusão, propriedades do veículo (ilusão), como delírio, invenção, criação, mentira, são atribuídas ao tópico (coronavírus). Nasentença (15), o novo coronavírus é um resfriadinho e gripezinha, propriedades do veículo (resfriadinho e gripezinha), como coriza, constipação, tosse, catarro, dor de cabeça, são atribuídas ao tópico (novo coronavírus). No exemplo (16), a epidemia de coronavírus é invenção do jornalismo catastrófico, propriedades do veículo (invenção do jornalismo catastrófico), como mentira do jornalismo de péssima qualidade e boato do jornalismo de qualidade ruim, são atribuídas ao tópico (a epidemia de coronavírus). Na sentença (17), coronavírus é histeria, propriedades do veículo (histeria), como excesso de sentimentos emotivos, excesso de fobias, são atribuídas ao tópico (coronavírus). Na ocorrência (18), o novo coronavírus é um demônio, propriedades do veículo (demônio), como maldito, maligno, mau, são lançadas ao tópico (coronavírus). No exemplo (19), o novo coronavírus é uma fraude, propriedades do veículo (fraude), como engano, erro, mentira, farsa, são atribuídas ao tópico (o novo coronavírus). E por fim, na sentença (20), coronavírus é uma punição de Deus, propriedades do veículo (punição de Deus), como castigo de Deus, condenação de Deus, lição de Deus, repreensão de Deus, são lançadas ao tópico (coronavírus).

Nas covitáforas-19 de (11) a (20), as dimensões relevantes do tópico coronavírus24 são doença nova/ desconhecida e vírus altamente contagioso. Esse tópico autoriza determinadas dimensões para a atribuição metafórica, e os veículos das covitáforas-19 analisadas (fantasia, assassino, adversário preocupante, ilusão, resfriadinho e gripezinha, invenção do jornalismo catastrófico, histeria, demônio, fraude e punição de Deus) autorizam as propriedades que podem ser atribuídas ao tópico coronavírus (Glucksberg, 2001, p. 53; Moura, 2005, p. 62).

«Glucksberg [...] sustenta que a interação entre tópico e veículo, em cada metáfora, permite especificar que propriedade é predicada do tópico» (Moura, 2005, p. 62). A perspectiva de Glucksberg vai ao encontro da perspectiva de Black, e vice-versa. Black (1962, 1993) também propôs que na metáfora ocorre a interação entre o tópico e o veículo. Nesse processo de interação de Black, o tópico de cada covitáfora-19 de (11) a (20) adquire propriedades salientes do respectivo veículo com o qual interage; simultaneamente, o veículo de cada covitáfora-19 de (11) a (20) adquire propriedades salientes do respectivo tópico com o qual interage.

As duas covitáforas-19 apresentadas na introdução da segunda seção deste artigo também são ocorrências de caráter nominal. No exemplo (1), o veículo monstro adquire propriedades salientes do tópico vírus. No exemplo (2), o veículo brincadeira adquire propriedades salientes do tópico coronavírus. Simultaneamente, cada um desses tópicos (vírus e coronavírus) adquire propriedades relevantes do seu veículo (monstro e brincadeira, respectivamente). Com base em Sardinha (2007), a interpretação é «resultado da criação de um sentido novo, a partir da interação entre os conceitos» (p. 30).

No dia a dia, são faladas e ouvidas sentenças do tipo (31) x é um monstro, (32) x é uma brincadeira, (33) x é uma fantasia, (34) x é uma ilusão, (35) x é um demônio. A esse tipo de ocorrência se atribui um sentido estável e previsível. «Essas metáforas vão se tornando convencionais, ao ponto de esquecermos que são metáforas» (Moura, 2012, p. 34).

Dizer que João é um monstro, que o professor é um monstro, que o papai é um monstro é dizer que João, professor e papai são pessoas malvadas, ou, que são pessoas desprovidas de beleza física, ou, que são pessoas providas de beleza física e tem um físico robusto, forte e viril. Isso mostra que o termo monstro apresenta sentidos tipicamente ambivalentes. Dizer que o casamento é uma fantasia, que o casamento é uma ilusão é o mesmo que dizer que o casamento é uma invenção, uma mentira. E dizer que João é um demônio, que o professor é um demônio, que o papai é um demônio é dizer que João, professor e papai são pessoas muito cruéis e malvadas. Dizer que montar um motor de carro é uma brincadeira, que escrever um poema é uma brincadeira é dizer que é fácil montar um motor de carro e que é fácil escrever um poema. Possivelmente, por consenso, experiência e prática é atribuído, no dia a dia, um sentido bastante previsível a esse tipo de sentença.

Algumas covitáforas-19 aqui apresentadas, como os exemplos (1), (2), (11), (14), (18) lembram as ocorrências metafóricas de caráter convencional. Mas, é importante ressaltar que nos exemplos (1), (2), (11), (14), (18) é o tópico coronavírus25 que se destaca. Mesmo que essas sentenças metafóricas pareçam convencionais, ao ler esses exemplos, tenta-se descobrir um significado novo, uma informação nova sobre o coronavírus. Essas metáforas despertam no ouvinte e no leitor o desejo de tentar entender o que é o novo coronavírus. Talvez isso esteja ocorrendo por causa da gravidade da doença, que acomete o mundo inteiro.

Através das covitáforas-19 apresentadas neste artigo, verifica-se que o conhecimento dos usos convencionais de uma palavra, que forma uma metáfora, não impede que se busque e que se alcance um novo sentido à metáfora.

Conforme Black (1993), a interação dos temas que formam uma metáfora é o ponto central da questão, pois é ela que contribui para produzir um resultado, uma interpretação na mente do falante, do ouvinte e do leitor. Desse modo, se o coronavírus é um monstro significa que o novo coronavírus é um vírus altamente perigoso, é um vírus tão cruel que chega a ser desumano o sofrimento que ele pode causar nas pessoas. Não se pensa em um vírus desprovido de beleza, nem em um vírus robusto e viril, mas em um vírus descomunal, desconhecido, perigoso e cruel.

Se o coronavírus é uma brincadeira, ou, se o coronavírus é uma fantasia, ou, se o coronavírus é uma ilusão, ou, se o coronavírus é histeria, ou, se o coronavírus é uma fraude, significa que esse vírus não existe, que esse assunto sobre o coronavírus é boato, é algo criado pela própria imaginação humana ou por excesso de fobias. Essas afirmações metafóricas podem causar preocupação e indignação no ouvinte e no leitor, principalmente quando essas metáforas são confrontadas com informações sobre o real cenário da pandemia de COVID-19.

Se o coronavírus é um assassino significa que é um vírus destruidor, mortífero, que tira a vida das pessoas cruelmente. Se o coronavírus é um demônio significa que o vírus é maligno, perigoso e cruel. Se o coronavírus é um adversário preocupante significa que é um vírus que age contra a saúde, é perigoso e causa preocupação. Se o coronavírus é invenção do jornalismo catastrófico significa que o coronavírus é uma mentira inventada pelo jornalismo de péssima qualidade. Se o coronavírus é uma punição de Deus significa que o coronavírus é um castigo, uma lição que Deus enviou à população, que anda desobediente.

Se o novo coronavírus é um resfriadinho e gripezinha significa que é uma doença que não mata, significa que é uma doença leve, que não causa problemas graves à saúde. Essa afirmação metafórica ao ser confrontada com as notícias atuais sobre a verdadeira situação da COVID-19 no mundo pode causar preocupação, revolta e indignação no ouvinte e no leitor; pois, conforme as notícias, o mundo inteiro sofre com altos números de mortes e de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Logo, o vírus não pode ser só uma gripezinha ou um resfriadinho. Embora, o novo coronavírus cause infecções que afetam o sistema respiratório das pessoas não significa que é uma gripezinha ou um resfriadinho. Além disso, há diferenças entre novo coronavírus, gripe e resfriado. Elas são doenças distintas.26

[...] a intrepretação de uma metáfora não é uma questão de convenção, do tipo verde = siga, mas de plausibilidade. Existem as interpretações mais plausíveis de uma metáfora. Cabe ao ouvinte e ao leitor descobrir quais são elas. A metáfora não é uma questão de convenção, mas também não se trata de um jogo absurdo, de um vale-tudo, em que qualquer interpretação é possível (Moura, 2012, p. 35).

É importante ressaltar que a TI de Black (1962, 1993) não despreza nem o nível linguístico nem o nível cognitivo, mas sustenta que ambos estão envolvidos com a metáfora, esse fato contribui para tornar essa proposta teórica viável para o estudo da metáfora. «A metáfora é um dos usos linguísticos mais livres e criativos disponíveis para a mente humana, com enorme valor cognitivo» (Moura, 2007, p. 423).

A partir da análise realizada, verifica-se que o objetivo27 proposto neste estudo foi alcançado. Com base nas visões interacionistas de Glucksberg (2001) e de Black (1962, 1993), sustenta-se que o ouvinte e o leitor conseguem localizar interpretações plausíveis às covitáforas-19, a partir da identificação, seleção e interação das propriedades relevantes do tópico e do veículo.

4.2. As covitáforas-19: execução do 3º passo → resposta ao primeiro questionamento

Nesta seção, responde-se ao primeiro questionamento28 e desse modo realiza-se o 3º passo da pesquisa. A partir da análise realizada, verificou-se que as covitáforas-19 comunicam e transmitem muito mais sobre o novo coronavírus do que uma simples afirmação sobre esse assunto com o seu sentido literal, como é o caso das paráfrases. Ao ler o exemplo (1) deste artigo, examinou-se que o sentido dessa metáfora é muito mais intenso, impactante e informativo que o sentindo da paráfrase correspondente (3). Tal fato foi observado durante a descrição e a análise das covitáforas-19 e das suas respectivas paráfrases literais, descritas e analisadas neste estudo.

«De fato, expressões metafóricas sugerem aspectos que as palavras com seu significado literal não podem apresentar» (Marcuschi, 2000, p. 81, grifo do autor). Metáforas tais como, (12) O novo coronavírus é um assassino, ou, (18) O novo coronavírus é um demônio, «[...] dizem muito mais do que se quiséssemos obter, com o mesmo efeito cognitivo, este conteúdo emotivo ou subjetivo através de descrições (literais)» (Marcuschi, 2000, p. 81). Muitas vezes as sentenças e expressões de âmbito literal não conseguem representar tudo o que se deseja informar; por isso, apela-se para as metáforas.

Como resposta ao primeiro questionamento, com base no estudo realizado, verificou-se que as metáforas não são um óbice para a compreensão do assunto em questão, COVID-19. As metáforas não atrapalham e nem distorcem as informações sobre o novo coronavírus. Avaliou-se que as metáforas são um importante recurso linguístico através do qual podem ser transmitidas informações sobre a COVID-19 aos ouvintes, aos leitores e à própria população.

4.3. As covitáforas-19: execução do 4º passo → resposta ao segundo questionamento

Nesta seção, realiza-se o 4º passo da pesquisa e tenta-se apresentar uma resposta ao segundo questionamento.29 Para tanto, retomam-se as interpretações alcançadas às covitáforas-19 e sustenta-se que a interação dos conteúdos que formam uma metáfora não contribui apenas para produzir uma interpretação na mente do ouvinte e do leitor, mas também contribui para provocar e despertar sentimentos variados (medo, preocupação, indignação, etc.) nos ouvintes e nos leitores.

Conforme análise realizada, há covitáforas-19 que informam que o novo coronavírus não existe e que é um vírus criado pela imaginação humana ou pelo excesso de fobias. Entre essas sentenças estão: (2) O coronavírus é brincadeira; (11) O coronavírus é uma fantasia; (14) O coronavírus é uma ilusão; (16) A epidemia de coronavírus é invenção do jornalismo catastrófico; (17) Coronavírus é histeria; e (19) O novo coronavírus é uma fraude. A interação que ocorre entre o tópico e o veículo das covitáforas-19 citadas contribui para despertar nos ouvintes e nos leitores os sentimentos de revolta, de indignação e de preocupação. Além da interação, o confronto dessas metáforas com as informações que são transmitidas pelos noticiários nacionais e internacionais, que mostram que o número de contaminados pelo novo coronavírus é bastante elevado tal como o número diário de óbitos, contribui para provocar as sensações citadas no ouvinte e no leitor.

Há ocorrências de covitáforas-19 que informam que o novo coronavírus é um vírus gravíssimo à saúde e pode causar a morte. Esse conteúdo está presente nas seguintes sentenças: (1) O vírus é um monstro tentando te matar; (12) O novo coronavírus é um assassino; e (18) O novo coronavírus é um demônio. A interação que ocorre entre o tópico e o veículo de cada covitáfora-19 citada pode contribuir para despertar no ouvinte e no leitor os sentimentos de medo e de preocupação. O exemplo (13), O coronavírus é um adversário preocupante, também informa que o novo coronavírus é prejudicial à saúde e causa preocupação.

A sentença (20), Coronavírus é uma punição de Deus, informa que o novo coronavírus é uma doença enviada por Deus como castigo ou para dar uma lição. Essa interpretação, que pode ser alcançada por meio da interação que ocorre entre o tópico e o veículo da sentença, desperta temor e receio nos ouvintes e nos leitores que têm hábitos religiosos.

A sentença (15), O novo coronavírus é um resfriadinho e gripezinha, foi amplamente divulgada e comentada nos telejornais e noticiários da web, pois esta foi uma metáfora utilizada pelo Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, em um pronunciamento30 em cadeia nacional de rádio e TV. Essa ocorrência informa, a partir da interação entre o tópico e o veículo da sentença, que o novo coronavírus é uma doença que não causa a morte e nem problemas graves à saúde. Verificou-se que os sufixos diminutivos -inho e -zinha respectivamente acrescentados às palavras resfriado e gripe contribuem para minimizar a gravidade da doença causada pela COVID-19. Além disso, examinou-se que esses sufixos também transmitem certo grau de ironia e até mesmo de sarcasmo. Ao confrontar essa covitáfora-19 com os noticiários, pode-se verificar que o novo coronavírus nem sempre causa apenas sintomas leves à saúde dos contaminados. Logo, a interação entre o tópico e o veículo da sentença (15) e o confronto dessa sentença com o real cenário da pandemia de COVID-19 contribuem para despertar nos ouvintes e nos leitores as sensações de revolta, de indignação e de preocupação.

É importante esclarecer que as sentenças (2), (11), (14), (15), (16), (17) e (19) transmitem informações incompatíveis com o atual cenário da pandemia de COVID-19 e ao que diz respeito ao novo coronavírus. Mas essa questão, conforme se pode observar neste texto, não é um entrave para a compreensão dessas covitáforas-19. A partir da análise desenvolvida, conclui-se que as covitáforas-19 podem despertar sensações variadas nos ouvintes e nos leitores. Desse modo, defende-se que a metáfora é capaz de informar e noticiar fatos da vida cotidiana e de despertar as mais diferentes sensações nos ouvintes e nos leitores, simultaneamente.

Neste estudo, tentou-se mostrar que a interpretação das covitáforas-19 é resultado da interação semântica que ocorre entre o tópico e o veículo de cada ocorrência metafórica, e que as sensações de medo, de preocupação, de indignação, etc., também podem derivar dessa interação semântica. Através da ilustração abaixo, representa-se a afirmação precedente:

Gráfico 1 Resultado da interação semântica entre o tópico e o veículo da covitáfora-19 

Portanto, sustenta-se que as versões interacionistas de Glucksberg (2001) e de Black (1962, 1993) são perspectivas viáveis para explicar o processo de interpretação da metáfora que faz alusão à COVID-19. Essas propostas são viáveis para mostrar que a interação de conceitos que formam uma covitáfora-19 pode contribuir para desencadear nos ouvintes e nos leitores sentimentos distintos. As sensações também são desencadeadas nos ouvintes e nos leitores quando eles confrontam essas covitáforas-19 com o real/atual cenário da pandemia de COVID-19.

5. Conclusão

Neste artigo, foram examinadas metáforas nominais em língua portuguesa, veiculadas no Brasil, que fazem alusão à COVID-19, as quais foram, aqui, denominadas covitáforas-19. Optou-se por buscar, descrever e analisar um corpus de doze ocorrências metafóricas, essas ocorrências foram retiradas de diferentes sites da internet. Para isso, foram utilizados buscadores como o Google e o Bing. O interesse em estudar, descrever e analisar essas ocorrências metafóricas se deve a este momento excepcional da história global: a pandemia de COVID-19. Nestes tempos, a metáfora tem sido um recurso da linguagem largamente utilizado para transmitir informações sobre esse novo vírus, o qual ainda é desconhecido e aflige a população mundial. Inclusive, no Brasil, algumas covitáforas-19 utilizadas por personalidades políticas contribuíram para gerar discussões bem polêmicas. Conforme abordado, as metáforas que informam que o novo coronavírus não existe ou que o novo coronavírus é uma simples gripezinha têm gerado amplas reflexões e longas discussões entre a população. Ressalta-se que os resultados apresentados neste artigo não são exaustivos e nem conclusivos.

A princípio, algumas questões precisavam ser esclarecidas, entre elas, uma explicação à metáfora se fez necessária. A metáfora é um artifício da linguagem que despertou e continua despertando o interesse de vários pesquisadores. Conforme abordado na seção 2 deste artigo, a metáfora é um recurso que está disponível na linguagem não apenas para ornamentá-la, mas é também um meio utilizado para informar o ouvinte e o leitor. Nesta mesma seção, também foram abordadas as propostas teóricas de Glucksberg (2001) e de Black (1962, 1993).

Neste estudo, buscaram-se respostas aos questionamentos: 1. As covitáforas-19 quando usadas e inseridas em notícias atrapalham ou contribuem para que o assunto em questão, pandemia de COVID-19, seja compreendido? e 2. As covitáforas-19 podem despertar sentimentos nos ouvintes e nos leitores, tais como: temor, preocupação, revolta, etc.?

Ao primeiro questionamento é possível responder que as metáforas são um importante recurso da linguagem que contribui «[...] para revelar aspectos da realidade, que talvez não percebêssemos tão nitidamente, se recorrêssemos apenas ao significado literal» (Moura, 2012, p. 117). Dessa forma, conclui-se, a partir do estudo realizado, que as covitáforas-19 conseguem transmitir informações coerentes, claras e não são um óbice para a compreensão deste assunto, pandemia de COVID-19. Inclusive, é possível examinar que não há correspondência entre a maioria das covitáforas-19 analisadas, que informam que o novo coronavírus é uma gripezinha/resfriadinho ou que não existe, e o atual cenário da pandemia de COVID-19, e esse fato não gera nenhum desvio ou problema de compreensão. Já ao segundo questionamento, é possível responder que as covitáforas-19 podem aguçar diferentes sensações nos ouvintes, nos leitores e na própria população, já que este assunto, a pandemia da COVID-19, acomete o mundo inteiro. Por meio deste estudo, verificou-se que essas sensações podem derivar da interação semântica entre o tópico e o veículo da metáfora, tal como a interpretação. As covitáforas-19 analisadas neste artigo transmitem informações sobre a COVID-19, e ao mesmo tempo, podem despertar sensações diversas (medo, preocupação, indignação, etc.) no ouvinte e no leitor. Portanto, a interação entre os conceitos que formam as covitáforas-19 e o confronto dessas covitáforas-19 com a atual situação que o mundo vivência podem contribuir para o surgimento de sensações diversas nos ouvintes e nos leitores.

Neste estudo também se tentou mostrar que a perspectiva interacionista é uma maneira consistente para explicar como ouvintes e leitores conseguem alcançar interpretações plausíveis às covitáforas-19. Conforme exposto, o objetivo central deste estudo foi descrever e analisar como os ouvintes e os leitores interpretam as covitáforas-19, e como se pode observar na seção 4 deste artigo, a interpretação da metáfora está vinculada à interação semântica que ocorre entre o tópico e o veículo.

Conforme já abordado, as doze covitáforas-19 que foram estudadas sob as perspectivas interacionistas de Glucksberg (2001) e de Black (1962, 1993) estavam inseridas em noticiários sobre a pandemia de COVID-19.

As doze covitáforas-19 estudadas neste artigo foram selecionadas com rigor, pois o propósito foi descrever e analisar metáforas atuais, reais e originais divulgadas em notícias de sites confiáveis. Neste momento de pandemia de COVID-19, somente um jornalismo sério, responsável e preocupado com a divulgação de notícias verdadeiras pode contribuir no combate à desinformação e à divulgação de notícias falsas sobre o assunto em questão, COVID-19. Somente um jornalismo sério, responsável e preocupado com a divulgação de notícias verdadeiras pode contribuir para manter a população informada sobre o novo coronavírus; sobre as medidas tomadas pelos chefes de estado, governadores e prefeitos para o enfrentamento desta terrível pandemia; e sobre os posicionamentos dos chefes de estado, governadores e prefeitos acerca desse novo vírus.

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1O propósito foi buscar por covitáforas-19 originais, reais, atuais e contextualizadas divulgadas em «sites confiáveis».

4As metáforas ocorrem/funcionam por meio de uma interação entre o veículo da metáfora e o tópico da metáfora (Tradução da autora).

5A relevância de uma determinada propriedade para um tópico pode ser melhor descrita em termos de dimensões para atribuição. (Tradução da autora).

6Um tópico da metáfora fornece dimensões para atribuição, enquanto que um veículo da metáfora fornece propriedades a serem atribuídas ao tópico. (Tradução da autora).

7Coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2.

11Especialmente, em sites da internet. O propósito é optar apenas por sites que divulgam notícias seguras e confiáveis.

12Sites de notícias, blogs, portais.

13Os buscadores possibilitam que as pessoas localizem sites e informações de forma mais rápida. Informações sobre buscadores estão disponíveis em: https://www.criarsites.com/principais-tipos-de-sites-que-podem-ser-encontrados-na-internet/

24Ou «novo coronavírus» (nos exemplos 12, 15, 18 e 19) ou «epidemia de coronavírus» (no exemplo 16).

25Tópico vírus (no exemplo 1) e tópico novo coronavírus (no exemplo 18), porém ambos fazem referência ao novo coronavírus.

26Informações sobre as diferenças existentes entre COVID-19, gripe e resfriado estão disponíveis em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/diferenca-entre-covid-19-gripe-e-resfriado.htm

27Analisar como os ouvintes e os leitores interpretam as metáforas que fazem alusão à pandemia de COVID-19. (Verificar seção 3 deste artigo).

28Afinal, as metáforas utilizadas e inseridas nas notícias, que dizem respeito ao novo coronavírus, atrapalham ou contribuem para que o assunto em questão, pandemia de COVID-19, seja compreendido? (Verificar seção 3 deste artigo).

29Essas metáforas, que são inseridas nas notícias que são divulgadas a respeito do novo coronavírus, podem provocar alguma sensação nos ouvintes e nos leitores, tal como: temor, preocupação, revolta, etc.? (Verificar seção 3 deste artigo).

*Cómo citar: Fossile, D. K. (2021). Algumas metáforas da pandemia de COVID-19. Lingüística Y Literatura, 42(79), 272-294. https://doi.org/10.17533/udea.lyl.n79a15

Recebido: 16 de Junho de 2020; Aceito: 06 de Agosto de 2020

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