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Investigación y Desarrollo

Print version ISSN 0121-3261On-line version ISSN 2011-7574

Investig. desarro. vol.31 no.2 Barranquilla Jul./Dec. 2023  Epub Nov 12, 2023

https://doi.org/10.14482/indes.31.02.201.145 

Artículos de Investigación

TELEJORNALISMO CONTEMPORÂNEO NO BRASIL. UMA ANÁLISE DA COBERTURA DA POSSE DE JAIR BOLSONARO E DO PAPEL DESEMPENHADO PELOS TELEJORNAIS AO INFORMAR

Periodismo televisivo contemporáneo en Brasil. Un análisis de la cobertura de la toma de posesión de Jair Bolsonaro y el papel que jugaron los noticieros televisivos en el reportaje

Luiz Felipe Novais Falcão1 
http://orcid.org/0000-0002-7266-6384

1 Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil. Mestre em Comunicação pelo PPGCOM/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil. Orcid: (https://orcid.org/0000-0002-7266-6384). luizfelipefalcao@gmail.com


RESUMO

O artigo busca verificar, a partir de reportagens de TV sobre a política, como o universo do poder executivo é tratado por três diferentes emissoras brasileiras. Procura identificar a maneira como o telejornalismo brasileiro se comporta nesse tipo de cobertura e que pistas ele deixa emergir sobre sua autopercepção ao informar. A metodologia é Análise da Materialidade Audiovisual, desenvolvida pelo Núcleo de Jornalismo e Audiovisual/UFJF e que compreende o audiovisual sem a fragmentação (áudio + vídeo + edição). Ela entende a produção de sentido e sua relação com os públicos a partir da experimentação do audiovisual integral. Aplicamos a ficha de análise proposta pelo método nas reportagens que criam narrativas sobre a posse de Jair Bolsonaro nos principais telejornais das três emissoras (JN, RB e JR), cruzamos as informações extraídas para perceber, para além das diferentes linhas editoriais, a ontologia profissional comum as emissoras. O resultado aponta para adaptações do "modo de fazer" telejornalístico e ainda para pistas da relação ruidosa entre o governo e os veículos de comunicação no período.

PALAVRAS-CHAVE: Telejornalismo; política; Análise da Materialidade Audiovisual; narrativas telejornalísticas; Jair Bolsonaro

RESUMEN

Este artículo busca verificar, a partir de reportajes televisivos sobre política, cómo el universo del poder ejecutivo es tratado por tres diferentes emisoras brasileñas. Busca identificar cómo se comporta el teleperiodismo brasileño en este tipo de coberturas y qué indicios deja emerger sobre su autopercepción al informar. La metodología es el Análisis de Materialidad Audiovisual, desarrollada por el Núcleo de Periodismo y Audiovisual/UFJF y que comprende audiovisuales sin fragmentación (audio + video + edición). Entiende la producción de sentido y su relación con las audiencias desde la experimentación del audiovisual integral. Aplicamos la ficha de análisis propuesta por el método en los reportajes que elaboran narrativas sobre la asunción de Jair Bolsonaro en los principales programas informativos de las tres emisoras (JN, RB y JR), cruzamos la información extraída para comprender, además de las diferentes líneas editoriales, la ontología profesional de los locutores comunes. El resultado apunta a adaptaciones del "modo de hacer" teleperiodístico y también a indicios de la ruidosa relación entre el gobierno y los medios de comunicación en el período.

PALABRAS CLAVE: Periodismo televisivo; política; Análisis de Materialidad Audiovisual; narrativas teleperiodísticas; Jair Bolsonaro

INTRODUÇÃO

Nos estudos do telejornalismo, assim como na cobertura de outras formas noticiosas e dos meios de comunicação, não é rara a busca por verificar e analisar a linha editorial de veículos quando se trata de política. Os estudos se propõem, geralmente, a observar as inclinações político-partidárias e as interferências que os atores sociais e políticos exercem sobre a produção narrativa. São levantadas ainda perguntas de pesquisa ligadas a forma como os públicos recebem estas informações editorializadas e se mobilizam para alterações no cenário eleitoral.

Embora estes aspectos e perguntas sejam importantíssimos para a compreensão das relações e dinâmica social mediada por narrativas jornalísticas aquilo que nos traz até aqui é questionar o que o telejornalismo contemporâneo, enquanto instituição, entende como sendo o seu papel social ao informar. Para além das linhas editoriais, quais atitudes do fazer jornalístico dos profissionais envolvidos na cobertura da política deixam pistas para entendermos o que elabora como narrativa - ou pelo menos tenta elaborar - o telejornalismo no Brasil.

Neste estudo procuramos analisar o recorte temporal da cobertura da posse de Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019. Entendemos que, diante de uma campanha bastante polarizada como foi a disputa presidencial que levou o então candidato do PSL (Partido Social Liberal)1 ao poder, diante do histórico das relações entre políticos e imprensa no Brasil, diante da participação popular e repercussão nas mídias sociais digitais, diante também do modelos de comunicação existentes no Brasil e da hegemonia dos modelos comerciais, os posicionamentos editoriais e inclinações políticas e ideológicas dos veículos de comunicação estavam bastante pronunciados. A ponto de a própria disputa narrativa entre uma emissora e o já presidente Jair Bolsonaro se tornar, meses à frente, uma notícia em si, um factual, além de elemento de mobilização social das audiências frente aos factuais envolvendo a família do presidente.

É que no dia 18 de junho de 2020, o governo de Bolsonaro, já marcado por muitos escândalos, teve o desfecho de um dos maiores: a prisão de Fabrício Queiroz (acusado de estar envolvido no esquema de corrupção chamado de "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro). Houve ainda a notícia da saída do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, do governo. Diante da estratégia recorrente do presidente e seus apoiadores de deslegitimação da imprensa a temperatura subiu e os públicos interessados na disputa por poder simbólico entre Globo e Jair Bolsonaro transformaram a cobertura em um fato por si só.

Em diversos vídeos compartilhados em suas plataformas e na de apoiadores, Bolsonaro investe agressivamente contra a imprensa e a TV Globo que, do outro lado, busca reafirmar o seu papel de intérprete principal da realidade nacional. A arma mais utilizada pela emissora de TV nessa batalha é o telejornal mais assistido do Brasil, o Jornal Nacional. Conhecedor da trama entre presidente e TV Globo, em um dia de notícias que fragilizam sensivelmente Jair Bolsonaro, o público não poderia deixar de esperar um capítulo marcante dessa disputa: uma "edição de colecionador" do Jornal Nacional. (Coutinho, Falcão e Martins, 2020, p.6)

Eleito com 56,2 milhões de votos2, Jair Bolsonaro venceu Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores)3 com 55,5% dos votos válidos no segundo turno das eleições, em outubro de 2018. Como acontece tradicionalmente no Brasil, a posse dos eleitos, é sempre no dia 01 de janeiro do ano seguinte e, seguindo os critérios de noticiabilidade (Silva, 2005), a cobertura ganha destaque e relevância dados elementos como governo, impacto, tragédia, conflito, polêmica, raridade, proeminência, cultura, justiça, curiosidade e proximidade. Alinhados a partir dos valores e intencionalidades de cada redação o ordenamento desses critérios pode variar e, claro, isso diz muito sobre como cada veículo enxerga o momento histórico de posse do presidente eleito.

É preciso levar em consideração também que estes valores e critérios são acionados o tempo todo na cadeia de produção da notícia. Ao mesmo instante em que o processo se dá ancorado no posicionamento editorial do veículo, ele também é disparado individualmente pelos profissionais envolvidos e sofre interferência da recepção dos públicos, interpretação, repercussão da notícia e da construção social do conhecimento.

Delimitar valores-notícia separadamente do conceito de seleção de notícias, definir valores-notícia como atributos do acontecimento e reconhecê-los ao mesmo tempo como construção social e cultural é apenas um primeiro procedimento para pensar a noticiabilidade, cujo processo exige muitas outras reflexões, passando, como etapas seguintes, pelo tratamento dos fatos noticiosos e pela interpretação que a notícia faz desses acontecimentos. (Silva, 2005, p.106)

Por essa razão, o recorte temporal deste trabalho é tão substancial para analisar a complexidade da produção narrativa noticiosa e encontrar os elementos que determinam a forma de fazer telejorna-lismo, hoje, no Brasil. A cobertura de três grandes telejornais (Jornal Nacional -Rede Globo-, Jornal da Record -Rede Record- e Repórter Brasil -TV Brasil-) configura-se assim como espaço complexo em que se pode verificar aproximações e distanciamentos na cobertura da posse e, a partir delas, entender aquilo que é objetivo deste artigo.

TELEJORNALISMO E POLÍTICA NO BRASIL

A relação entre política e televisão no Brasil é pautada por interesses de poder que se expandem para as relações econômicas e políticas desde o início da imprensa no país. Cibele Buoro (2010) defende que o jornalismo dependia (e ainda depende em grande medida) de anunciantes. Os donos do capital, desde a colonização, estavam ligados à elite latifundiária e que também era a elite política. Logo "o domínio econômico foi o alicerce para institucionalização do poder e o peso do poder econômico interferiu no jornalismo político". (Buoro, 2010, p.7).

O telejornalismo segue esta lógica. Na medida em que a tecnologia trouxe as telas, elas foram inseridas no cotidiano e pautadas pelas relações políticas e econômicas. O telejornalismo enquanto um dos produtos da TV, entra na seara da discussão. Ele contribui para reforçar, criar, disseminar, interpretar e reelaborar sentidos e narrativas dominantes.

Visão também defendida por César Bolaño (1999), que traz para a discussão um nível de detalhamento ainda mais significativo. Ao pensar nas relações de poder que gravitam ao redor da TV ele estabelece algumas determinantes estruturais ligadas às relações entre indústria, telecomunicações e informática. Esferas que, necessariamente, estão vinculadas ao mercado hegemônico e à política.

Luiz Felipe Miguel (2002) explica que a mídia contemporânea, e por consequência o telejornalismo, difunde visões de mundo e projetos políticos. Para ele há um problema ligado à infidelidade dessas representações e ainda na incapacidade de atender todas as esferas sociais comprometendo o debate político. Forças desiguais que perpetuam a hegemonia que opera desde sempre compartilhando uma mesma visão restrita do mundo capitalista. Lógica que é cíclica dado que a tecnologia e a indústria, conforme já sinalizou Bolaño (1999), também seguem estruturando e dando suporte para a comunicação.

Os telejornais cumprem a função de sistematizar, organizar, classificar e hierarquizar a realidade. Dessa forma contribuem para a organização de um mundo circundante. Partindo do entendimento do telejornalismo enquanto uma das engrenagens para sistematizar, organizar, classificar e hierarquizar a organização do pensamento da sociedade e, portanto, coparticipante da construção simbólica, dos diálogos e até mesmo da educação (Vizeu, 2016) ele assume participação ativa na vida pública do Brasil e interfere nos valores, princípios, discursos, cultura.

Assim é forçoso reconhecer que dado o potencial de acesso da televisão em toda a sociedade brasileira, dada a familiaridade das pessoas com as narrativas e a linguagem televisiva a "televisão é atualmente um dos principais laços sociais da sociedade individual de massa. (... ) A televisão é a única atividade compartilhada por todas as classes sociais e por todas as faixas etárias, estabelecendo, assim, um laço entre todos os meios (Wolton, 2004, p.135).

Exatamente por essa capacidade e abrangência é que o tele-jornalismo se configura como importante espaço para a disputa de poder simbólico. Ele exerce a função de mediador de visões e projetos distintos que tentam arrebanhar cidadãos a partir de narrativas que tensionam a sociedade.

Pois é essa mediação é socialmente produtiva, e o que ela produz é densificação das dimensões rituais e teatrais da política. Produção que permanece impensada, e em boa medida impensável, para a concepção instrumental de comunicação que permeia boa parte da crítica. Pois, o meio não se limita a veicular ou a traduzir as representações existentes, nem tampouco pode substituí-las, senão que começou a constituir uma cena fundamental da vida pública. E o faz introduzindo, no âmbito da racionalidade formal, as mediações da sensibilidade que o racionalismo do contrato social acreditou poder (hegelianamente) superar. Se a televisão exige da política negociar as formas de sua mediação, é porque, como nenhum outro, esse meio lhe dá acesso ao eixo do olhar (Veron, 1987), a partir do qual a política pode não só penetrar o espaço doméstico, como também reintroduzir em seu discurso a corporeidade, a gestuali-dade, Isto é, a materialidade significante de que está constituída a interação social cotidiana. (Martín-Barbero, 2018, p.15)

Cabe salientar aqui que o entendimento de poder e, por consequência, a disputa por ele se apoia ainda em Michel Foucault (1979) quando ele estabelece sofremos e manifestamos ação do poder em medidas variáveis e em momentos distintos. Ele é fruto da interação de grupos sociais que exercem seu poder até que a naturalidade da "queda de braço" se instale e promova o discurso dominante. As emissoras de TV, como atores dessa dinâmica estariam disputando narrativamente o discurso e suas visões de política baseadas nos interesses também econômicos e, dessa forma, mobilizando pessoas e ocupando espaços e vendo crescer seu poder de influência. É um ciclo de relações de força que se retroalimentam a partir do audiovisual e contribuem significativamente para a construção cultural do Brasil.

Na perspectiva da cultura visual a interpretação se constitui como prática social que mobiliza a memória do ver, aciona e entrecruza sentidos da memória social construída pelo sujeito. Influenciadas pelo imaginário do lugar social as interpretações configuram processos de construção de sentidos e significados. (Martins, 2006, p.73)

Assim, as reportagens de cunho político, manufaturadas no interior de redações que constroem narrativas fortemente marcadas (orgânica ou intencionalmente) por posicionamentos sociais, econômicos e políticos. Cabe verificarmos, a partir da perspectiva distintas de cada veículo, como essas visões de Brasil e da sua vida pública são elaboradas e entregues aos públicos. É fundamental levar em consideração também a relação dos públicos com os veículos, a sua interpretação, o momento em que a notícia é veiculada e o contexto da experimentação audiovisual para entender um pouco de que modo o telejornalismo contemporâneo se comporta. Nesse sentido, a escolha metodológica extrapola a observação discursiva, extrapola a recepção pura e simples assim como também não é suficiente apenas uma análise crítica da narrativa. É preciso unir elementos das mais diferentes metodologias e mobilizá-los num instrumento capaz de dar respostas à pergunta de pesquisa que investigamos.

A ANÁLISE DA MATERIALIDADE AUDIOVISUAL, UMA METODOLOGIA PARA ENTENDER A EXPERIMENTAÇÃO AUDIOVISUAL E A PRODUÇÃO DE SENTIDO EM TODA SUA COMPLEXIDADE

Já tratamos aqui da complexidade de compreensão da disputa narrativa pelo poder por intermédio do telejornalismo. Para tanto, escolhemos um momento significativo e de tensionamento elevado no posicionamento das emissoras para investigar as diferenças e semelhanças e, a partir daí, formular o entendimento do que elas fizeram sob o rótulo do telejornalismo e, por uma lente crítica observar tudo que está ao redor dos fatos e das narrativas desses fatos.

Sem uma visão crítica e sem um sentido de responsabilidade, as pessoas podem ser manipuladas pela crescente diversidade de imagens -de arte, publicidade, ficção e informação- que, de modo aparentemente inofensivo, invadem e acossam nosso cotidiano. A ideia de que as imagens têm vida cultural e exercem poder psicológico e social sobre os indivíduos é o bordão que ampara a cultura visual. (Martins, 2006, p.73)

Diante do que nos interessa analisar recolhemos, a partir dos repositórios das três emissoras (Rede Globo, Rede Record e TV Brasil), as reportagens aqui analisadas sobre a posse de Jair Bolsonaro, Um total de 27 produtos jornalísticos. Na sequência, desenvolvemos eixos de análise a partir da pergunta de pesquisa. Essa organização do formulário de análise faz parte do processo de metodologia cunhado nas pesquisas do Núcleo de Jornalismo Audiovisual da Universidade Federal de Juiz de Fora sob coordenação da pesquisadora Iluska Coutinho (2018).

Ao optar por observar o telejornalismo considerando sua dimensão audiovisual como unidade, defende-se que as operações de análise em que os procedimentos envolvam a decomposição/transcrição de códigos como forma de descrever reportagens, noticiários ou outros programas televisivos, descaracterizariam sua forma de enunciação/ produção de sentido, distanciando-se da sua experiência de consumo e mesmo de sua verdade intrínseca. (Coutinho, 2018, p.187)

Foram desenvolvidos seis eixos de análise que se complementam. Cada uma das peças audiovisuais levadas ao ar, na edição de cada um dos telejornais, no dia 01 de janeiro de 2019 é submetida ao conjunto de perguntas. Cabe destacar que os eixos são fundamentados nas teorias da comunicação que se relacionam com cada uma das questões que vão observar desde a estrutura até a valência das reportagens.

  1. A ficha técnica de cada um dos vídeos que dá a dimensão estrutural da narrativa. Se é uma reportagem, um ao vivo, se tem repórter ou uma nota, quanto tempo de duração, personagens e fontes envolvidas.

  2. A análise narrativa do que o veículo endente como sendo o seu papel (intérprete da realidade, promotor de identidades, prestador de serviço, fiscal do poder ou articulador da sociedade). Aqui avaliamos em que medida se coloca como controlador do poder, instrumento pedagógico ou ainda entretenimento.

  3. A valência do assunto abordado no audiovisual é o foco neste terceiro eixo. A investigação é se a angulação e a forma dão conta de abordagens positivas, neutras ou negativas da temática.

  4. O quarto eixo se dedica à valência da imagem do presidente Jair Bolsonaro e a construção de seu personagem.

  5. Ainda sobre o presidente, este eixo se presta a tipificar as características atribuídas ao presidente.

  6. Por fim, a análise neste eixo é dedicada aos elementos democráticos, de pluralidade e diversidade do conteúdo analisado.

A seguir, destacamos de maneira descritiva e avaliativa o conteúdo das reportagens exibidas no Jornal Nacional, no Jornal da Record e no Repórter Brasil. A escolha dos telejornais, reforçamos, se deu em função do recorte mais amplo da pesquisa de doutorado que leva em consideração as diferenças editoriais pronunciadas das duas emissoras comerciais e o caráter de uma emissora inicialmente pública, mas que assumiu características institucionais, a partir de 2016, com o impeachment sofrido pela presidente Dilma Rousseff. A amplitude de perspectivas constitui terreno fértil para o entendimento das questões aqui levantadas.

A POSSE DE JAIR BOLSONARO SOB TRÊS PERSPECTIVAS - O QUE PENSAM E COMO OS TELEJORNALISTAS CONSTROEM SUAS NARRATIVAS

Repórter Brasil

A cobertura do Jornal da TV Brasil teve um espaço de pouco mais de 22 minutos com oito materiais audiovisuais sobre a cobertura da posse de Jair Bolsonaro. A maior parte da ancoragem e das cabeças4 foi feita por uma repórter, ao vivo, que chamou cada um dos assuntos. As reportagens tiveram como tema a presença dos eleitores de Jair Bolsonaro, o esquema de segurança reforçado, o destaque do discurso de Bolsonaro pelo fim da corrupção, os detalhes da solenidade do trigésimo oitavo presidente do Brasil, o posicionamento do Papa em relação a momento político do país, a repercussão nos jornais do mundo e a distribuição dos eleitores pela esplanada dos ministérios.

É importante destacar que a cobertura superestimou em cinco mil pessoas a mais o público. Sobre o esquema de segurança cabe destacar a opção por mostrar e falar sobre ele de dentro da central de monitoramento, dando a dimensão do acesso da emissora como espaço privilegiado.

Pode-se dizer de uma cobertura mais enxuta e com menos interpretação. Contudo alguns destaques favoreceram a imagem do presidente como o caso do destaque para a promessa de governar sem conchavos, a receptividade do primeiro ministro de Israel, a nomeação de Sérgio Moro como ministro, a denominação de Bol-sonaro como sendo, a partir da posse o comandante supremo das forças armadas e, por fim, a volta antecipada do presidente peruano em função de escândalos de corrupção envolvendo a Odebrecht5.

Do ponto de vista narrativo, na maior parte da cobertura a emissora conseguiu se estabelecer como interprete da realidade e prestador de serviço. Em alguns aspectos transitou no papel de controlador de poderes e ainda com passagens rápidas pelo entretenimento. A angulação foi em grande parte neutra, mas com inclinação a uma cobertura positiva até mesmo em função do caráter celebrativo da ocasião. A imagem de Bolsonaro não teve muitos exageros ou adjetivações. As reportagens o trataram como presidente exceto quando o elevaram a "comandante supremo" como mencionado anteriormente.

Sobre os elementos de cidadania da cobertura, eles ficaram restritos a sonoras pontuais de eleitores que foram acompanhar a posse, mas sem nenhum grau de profundidade nas declarações. Acreditamos ter sido uma cobertura mais ágil, sem exageros com uma inclinação menos positiva do que se poderia sugerir dado o histórico de emparelhamento e desmonte da comunicação pública no Brasil desde que o presidente anterior à Bolsonaro, Michel Temer, dissolveu o Conselho Curador da EBC retirando o seu caráter de emissora pública.

Jornal Nacional

A cobertura do Jornal Nacional foi a maior das três emissoras: 43 minutos em onze materiais distintos sobre a posse de Jair Bolsonaro. O telejornal alternou a cobertura entre entradas ao vivo do próprio Willian Bonner ancorando o telejornal de Brasília, acionando outros repórteres também ao vivo e chamando as reportagens que traziam como tema a recepção no Palácio do Itamaraty, a promessa do pacto nacional feita pelo presidente, assim como a afirmativa de deixar de lado a divisão ideológica. A Rede Globo também tratou dos chefes de Estado que participaram da solenidade, detalhou o aparato de segurança e descreveu o comportamento dos eleitores do presidente na Praça dos Três Poderes. Além disso o Jornal Nacional falou sobre a equipe de governo e dos 22 ministros, apresentou uma biografia da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, trouxe curiosidades sobre o Palácio da Alvorada onde a família do presidente vai morar assim como a última noite na Granja do Torto. Por fim, a emissora tem uma reportagem especial, com 2 minutos e 42 segundos sobre os bastidores da cobertura que ela mesma montou para a posse.

As imagens da abertura do Jornal dão o tom da relevância da cobertura e vão pontuando as características e o quantitativo do eleitorado que celebrou a posse do presidente. Demonstrando um papel de instrumento de exercício ou de controle do poder diante da relevância do assunto uma vez que Bonner se desloca do estúdio para apresentar o JN de Brasília.

Ao vivo, o repórter Vinícius Leal fala do dia de trabalho bastante cheio no Itamaraty, da conversa com as representações internacionais e o papel da imprensa em noticiar o que é relevante para o dia do Brasil e descreve ambiente, solenidades e ritos acionando um papel pedagógico na cobertura.

É importante registrar que, para além da descrição de toda a cerimônia, ao longo da cobertura o tom da emissora foi a de colocar o presidente em condição de fragilidade política, afirmando que muitas das autoridades serão essenciais nas negociais do novo governo com o congresso.

Ainda sobre as figuras públicas presentes na cerimônia, a Rede Globo destacou que Wilson Vitzel (ex-governador do Rio de Janeiro entre 01/01/2019 e 30/04/21, condenado a deixar o cargo por meio de um impeachment que o julgou por corrupção6) e Marcelo Bretas (Juiz da operação Lava Jato) saíram juntos do plenário. O repórter afirma que a imagem, para muitos, indica que será um governo de combate a corrupção. Entretanto a imagem mostra uma situação um tanto quando diferente: o Juiz Marcelo Bretas um pouco atrás com uma mulher assim como o governador do Rio. Em momento algum da imagem se olham ou conversam. A imagem mostra que eles saíram sequencialmente foi a narração do repórter que atribuiu valor a saída dos dois "juntos". Neste ponto verificamos uma indução a uma narrativa de combate a corrupção associando a imagem do Juiz da coordenação da operação com um dos, na época, aliados políticos de Bolsonaro.

Outro ponto curioso da cobertura foi a reportagem de Delis Ortiz começar com a seguinte frase "O comboio presidencial com o presidente saiu do Congresso pela contramão para a última parada: o palácio do Planalto". E cabe aqui um trecho do pensamento de Raimundo Martins (2006) publicado na revista Visualidades:

Imagem estão vestidas e revestidas por ideias e pontos de vista gerais e individuais, por valorações e sotaques alheios e muitas vezes estrangeiros. Esses elementos se entrelaçam, às vezes se fundem e frequentemente se entrecruzam. Toda obra ou imagem é, de certa forma, uma opinião social e as formas artísticas e imagens estão encharcadas de valorações sociais. A interpretação crítica se fundamenta em teorias contemporâneas que abrem espaço para pensar arte e imagem como parte e práxis de uma comunidade interpretativa, de uma cultura visual. Fundamenta-se também no princípio de que arte e imagens nos interpelam e nos formam, os significados mudam, mas ao mesmo tempo revelam uma dimensão do nosso pensamento coletivo e de nossas projeções, imaginárias ou sociais. Como concepção pedagógica, a interpretação crítica é uma abordagem transdisciplinar ou multidisciplinar que trata arte e imagem como narrativas socioculturais no contexto de diversas práticas sociais. (p.76)

A edição dos trechos do discurso presidencial no Planalto e a edição das imagens merece nossa atenção quanto à produção de sentido. Neles está a fala em que Bolsonaro diz que o povo começa a se libertar do socialismo (com o sobe som da multidão), se libertar da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto.

A repórter destaca a parte em que ele fala do respeito a democracia e respeito a constituição. No discurso Bolsonaro fala ainda em deixar de lado as ideologias e é contundente ao classificá-las como nefastas, que destroem valores e tradições, destroem as famílias e alicerces da sociedade.

O trecho seguinte, escolhido pela edição (corte escondido por uma imagem da multidão), mostra o presidente dizendo que vai implementar as reformas necessárias, ampliar infraestruturas, desburocratizar e simplificar, tirar a desconfiança do governo de quem trabalha e quem produz. Além disso o presidente diz combater a ideologia que defende bandidos e criminaliza policiais (novo sobe som da multidão). Reforma e combate a corrupção são pautas defendidas com recorrência pela emissora que se vale do discurso presidencial para reforçar a narrativa, mesmo estando explicitamente crítica à Bolsonaro.

O Jornal Nacional, das três emissoras, foi o único que trouxe uma fonte especialista em relações internacionais para fazer uma análise de conjuntura e de como os países podem se comportar diante do Brasil a partir das ausências e presenças de representantes de países na posse, recados claros para a política externa. A reportagem destacou ainda o veto aos convites de Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Sobre a primeira-dama, o telejornal dedicou uma reportagem inteira. Para além da participação no evento, desfilaram uma bibliografia que construiu a imagem de uma mulher discreta, de Ceilândia -uma das cidades mais pobres da região, de fibra e pulso.

O Jornal Nacional por ter dado um tempo de cobertura maior, também demonstrou mais inclinações editoriais. Se colocou como intérprete da realidade, como um promotor das identidades de brasileiros que acreditam nas ideias do presidente eleito, fiscal de poder e ainda como tendo um espaço pedagógico na medida em que descreve os ritos, apresenta lugares e traz curiosidades como foi feita na reportagem que contou a história do palácio da Alvorada.

A cobertura foi crítica, demonstrou as fragilidades do presidente, descreveu um pouco da relação de forças que vai precisar equilibrar com os demais poderes. A cobertura só elevou o tom de celebração nos momentos em que a pauta econômica foi trabalhada. A abordagem sobre os aspectos democráticos e cidadãos assim como nas demais coberturas teve um papel secundário.

Cabe chamar atenção mais uma vez para a exaltação que a TV Globo faz de si própria e da logística criada para fazer "a maior cobertura de posse já realizada". Ela segue uma tendência da emissora de mostrar os bastidores como forma de valorizar o trabalho e o esforço feito para levar informação. O que para nosso trabalho é importante de ser observado: é uma imagem sobre o jornalismo que se quer contar e introjetar na narrativa para os públicos.

JORNAL DA RECORD

O Jornal da Record dedicou 27 minutos do seu tempo em oito reportagens. Como os outros três telejornais, descreveu como aconteceu passo a passo o cerimonial do evento. Deus destaque para as autoridades presentes, fez menção a uma participação discreta de Michel Temer, assim como mostrou os líderes mundiais presentes. O telejornal abordou a repercussão internacional, mostrou o juramento de Jair Bolsonaro e falou sobre a participação do público de diversas partes do Brasil presente.

A cobertura Especial feita pela emissora tem um tom festivo. Já no anúncio da primeira reportagem a cabeça da apresentadora fala em surpresas e chama atenção para as 100 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. Trazendo, já de início, uma proporção do evento.

Ao longo das reportagens é interessante apontar a construção interpretativa de alguns dos fatos eleitos para ter destaque na cobertura como, por exemplo, a falta de presença dos partidos de oposição na posse e a crítica dos apoiadores do presidente.

Da mesma maneira, o telejornal tenta reduzir a imagem do antecessor de Jair Bolsonaro afirmando que Michel Temer teve uma participação discreta e que deixou para o novo presidente resolver a reforma da previdência e o novo salário-mínimo. Além disso, a repórter utilizou a passagem, tradicionalmente um ponto de destaque da narrativa telejornalística, para falar da reprovação recorde de Temer (85%) e da perda do foro privilegiado.

O tempo todo as imagens da cobertura do evento dão a dimensão de espaços lotados e pessoas empolgadas. Há na narrativa menção à facada que o presidente levou e ainda destaca as promessas de campanha.

Outra informação que chama atenção foi o fato de o repórter enfatizar que a campanha de Bolsonaro foi a mais barata. Em outro momento, causa estranheza uma expressão que o repórter exagera na entonação da frase: "Comandante, assim como do Brasil e chefe das tropas armadas".

A cobertura se dedica ainda a criar uma aura de cordialidade, proximidade, quebra de protocolo e espaço inédito para a primeira-dama e para a família: filho que pega carona no carro oficial, a mãe que acompanha a posse.

O Jornal da Record mostra as lideranças sul-americanas com um tom de que mantiveram a política de boa vizinhança, deixando na entrelinha as relações conflituosas com os posicionamentos políticos de alguns vizinhos.

O então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu ganham destaque na narrativa. A reportagem dá demonstrações de uma inclinação editorial favorável de Jair Bolsonaro com Israel dadas as questões religiosas envolvidas nesse contexto sócio-político. É importante lembrar que a TV Record é controlada por uma denominação neopentecostal.

Um dos fatos curiosos na cobertura feita pela emissora é uma retomada de todo conteúdo ao fim do jornal. Uma repetição clara daquilo que queriam pontuar positivamente na edição e chancelada pelo público. As apresentadoras em tom mais empolgado, na cabeça da reportagem, convidam para o público assista aos momentos de "descontração e quebra do protocolo" (o presidente comeu cachorro quente, conversou com o povo, "viu e foi visto"). E ainda dão destaque a participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro que "surpreendeu".

A cobertura traz relevo, inclusive, para o sobe som de o "capitão chegou", com os gritos dos apoiadores de Jair Bolsonaro em vários momentos. A busca pela objetividade jornalística é diretamente ameaçada quando o repórter classifica o dia como sendo um dia histórico em que muitos brasileiros estiveram na capital do país para renovar os votos por um Brasil diferente e mais justo.

CONCLUSÃO: O TELEJORNALISMO DIANTE DA COBERTURA NOTICIOSA NO BRASIL

Ao lançar olhar para as aproximações e distanciamentos da cobertura da posse verifica-se que mesmo diante de momentos de entretenimento e de caráter pedagógico assumidos pelas emissoras, os telejornais majoritariamente informaram. É precipitado dizer que, para a pesquisa da tese completa, os resultados serão os mesmos uma vez que este trabalho se propõe a ser uma utilização inicial e restrita da metodologia. Mas claramente já dá indicativos do que podemos encontrar nas análises dos seis meses seguintes.

É indiscutível perceber desde as primeiras reportagens o alinhamento editorial que caminha para demonstrar a simpatia da TV Record, as reservas por parte da Rede Globo e a busca pelo caminho do meio, sem exageros da TV Brasil. Acreditamos que este posicionamento da emissora não comercial se dê muito em função dos próprios jornalistas que são funcionários públicos federais e ao mesmo tempo em que têm estabilidade não sabem exatamente o que esperar do novo governo logo preferiram a cobertura mais próxima do factual no melhor estilo "para não dizer que não falei das flores".

É interessante frisar que mesmo diante de um crescente da participação de telespectadores e vídeos amadores nas grades de programação, em nenhum momento das coberturas observamos o uso de material audiovisual que não fosse feito pelos profissionais das emissoras. Este é um indicativo de que, para coberturas de maior relevância, o amador não tem espaço e reforça a importância dos profissionais da informação. Boa parcela interpretativa do factual esteve concentrado em imagens selecionadas, entrevistas com especialistas e detalhes secundários das informações principais que pontuavam as narrativas. Mais importante que esses elementos serem analisados individualmente e soltos é o exercício de olhar para o conjunto que a edição e as relações no momento do contato com o audiovisual operam. É esta dinâmica de construção e experimentação audiovisual que informa, forma e estabelece os vínculos políticos, culturais e econômicos como já bem observou Martín-Barbero (2018) ao pensar as relações entre mídia, política e cultura.

Mais do que objetos de políticas, a comunicação e a cultura constituem hoje um campo primordial de batalha política. O estratégico cenário que exige que a política recupere sua dimensão simbólica, sua capacidade de representar o vínculo entre o cidadão, o sentimento de pertencimento a uma comunidade para enfrentar a ilusão da ordem coletiva que é o mercado. (Martins-Barbero, 2018, p.15)

Pensar no papel do telejornalismo contemporâneo é procurar pelos pontos em que os gatilhos de mobilização dos públicos se definem, sejam eles pela informação pura, pela interpretação e pela construção pedagógica ou ainda pela busca mais informal do entretenimento. O trabalho dos profissionais de comunicação, muitas vezes, está em entrar na disputa por poder simbólico, criando narrativas de uma cultura que as emissoras se propõem a moldar e perpetuar. É na relação de produção, na experimentação e na interpretação do audiovisual que se estabelece novos espaços para o jornalismo ou o caminho para o reforço de premissas e cristalização de algumas práticas e valores profissionais.

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1 O Partido Social Liberal foi fundado em 30 de outubro de 1994. Em outubro de 2021, o partido se uniu ao Democratas para formar um novo partido, o União Brasil, aprovado pelo TSE em 2022. Disponível em: https://psl.org.br/opsl/; acesso em: 01/03/23.

3O Partido dos Trabalhadores foi fundado em fevereiro de 1980. É um partido político que integra um dos maiores movimentos de esquerda da América Latina. disponível https://pt.org.br/; acesso em: 01/03/23.

4Como definiu Martins (2008), Cabeça de VT é a parte do texto correspondente ao "lide" da reportagem lido durante a apresentação É a parte Introdutória da matéria feita pelo repórter.

5Odebrecht é uma empresa brasileira de engenharia e construção civil que, a partir de 2014, passou a ser investigada pela operação Lava Jato por denúncias de corrupção em contratos milionários com a Petrobrás. Disponível em: https://www.estadao.com.br/ tudo-sobre/odebrecht/; acesso em: 27/02/23.

Recebido: 15 de Dezembro de 2022; Aceito: 17 de Fevereiro de 2023

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