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Historia y Sociedad

Print version ISSN 0121-8417On-line version ISSN 2357-4720

Hist. Soc.  no.44 Medellín Jan./June 2023  Epub Feb 22, 2024

https://doi.org/10.15446/hys.n44.101054 

Tema libre

A prosopografia: estado do conhecimento acerca da metodologia no Brasil*

Prosopography: State of Knowledge about the Methodology in Brazil

Prosopografía: estado del conocimiento sobre esta metodología en Brasil

Alexandra-Ferreira Martins-Ribeiro** 
http://orcid.org/0000-0002-3942-8050

Alboni-Marisa Dudeque-Pianovski-Vieira*** 
http://orcid.org/0000-0003-3759-0377

** Mestre em Educação na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (Curitiba, Brasil). Doutoranda em Educação, linha de pesquisa História, Memória e Políticas Educacionais na mesma instituição Concepção, delineamento, análise e interpretação dos dados, redação do manuscrito, revisão crítica do conteúdo e aprovação da versão final a ser publicada https://orcid.org/0000-0002-3942-8050 alexandrafmribeiro@gmail.com

*** Doutora em Educação na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (Curitiba, Brasil). Professora de cursos de graduação e do Programa de Pós-Craduação em Educação (mestrado e doutorado) na mesma instituição conceituação, revisão e aprovação da versão final © https://orcid.org/0000-0003-3759-0377 alboni@alboni.com


Resumen:

Este artículo tuvo como objeto de estudio la prosopografía y, como objetivos específicos, identificar el uso de la prosopografía, sistematizar y examinar los enfoques dominantes en el uso de esta metodología en Brasil. La pregunta propuesta era saber cuál ha sido el uso de la prosopografía en las investigaciones realizadas en el país y cuáles son los enfoques priorizados. Para ello, se utilizó la metodología del "estado del conocimiento", con recolección de datos realizada en el Portal de Periódicos de la CAPES, biblioteca virtual que pone a disposición de los ciudadanos la producción científica en Brasil. El marco temporal comprendió el período entre 1990 y 2019, desde la creación del Portal hasta el momento de la recolección de datos, correspondiente a los últimos treinta años de producción académica en el país. Los apoyos teóricos se obtuvieron de los estudios de Christophe Charle, Lawrence Stone e Charles Tilly. Se seleccionaron 52 artículos que discutían sobre prosopografía y trataban de metodología, grupo de políticos, grupo y élite, grupo militar grupo de mujeres, y varios. Del análisis, fue posible percibir que los artículos publicados en Brasil, que utilizaron la prosopografía como herramienta de análisis, procedían de las áreas de conocimiento de las disciplinas de Historia y Sociología.

Palabras clave: Historia; sociología; publicación científica periódica; movilidad social; método histórico; historiografía; investigación histórica; metodología; prosopografía; estado del conocimiento; grupos sociales; militares; élite; mujeres; Portal de Periódicos da CAPES

Resumo:

Este artigo teve como objeto de estudo a prosopografia e, como objetivos específicos, identificar a utilização da prosopografia, sistematizar e examinar os enfoques dominantes no emprego dessa metodologia no Brasil. A questão proposta foi saber qual tem sido a utilização da prosopografia nas pesquisas realizadas no país e quais os enfoques priorizados. Para tanto, utilizou-se da metodologia "estado do conhecimento", tendo sido a coleta de dados realizada no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), biblioteca virtual que disponibiliza a produção científica no Brasil à comunidade. O recorte temporal compreendeu o período entre 1990 e 2019, desde a criação do Portal até o momento da coleta de dados, correspondendo aos últimos trinta anos de produção acadêmica no país. Subsídios teóricos foram obtidos nos estudos de Christophe Charle, Lawrence Stone e Charles Tilly. Foram selecionados 52 artigos que discorreram acerca da prosopografia e enfocou a metodologia, grupo de políticos, grupo e elites, grupo de militares, grupo de mulheres, e variados. Da análise, foi possível perceber que os artigos publicados no Brasil, que utilizaram a prosopografia como ferramenta de análise, vieram das áreas do conhecimento das disciplinas de História e de Sociologia.

Palavras-chave: História; sociologia; publicação científica periódica; mobilidade social; método histórico; historiografia; pesquisa histórica; metodologia; prosopografia; estado de conhecimento; grupos sociais; militares; elite; mulheres; Portal do Jornal CAPES

Abstract:

This article had prosopography as its object of study and, as its specific objectives, identify the use of prosopography, systematize, and examine the dominant approaches in the use of this methodology in Brazil. The proposed question was to know how prosopography has been used in research conducted in the country and what are the prioritized approaches. To this purpose, the "state of knowledge" methodology was used, with data collection conducted on the Portal of Periodicals of the CAPES, a virtual library that makes scientific production available in Brazil to the community. The time frame comprised the period between 1990 and 2019, from the creation of the Portal to the time of data collection, corresponding to the last thirty years of academic production in the country. Theoretical subsidies were obtained from the studies of Christophe Charle, Lawrence Stone e Charles Tilly. Fifty-two articles were selected that discussed prosopography and focused on methodology, group of politicians, group and elites, military group, women's group, and various. From the analysis, it was possible to perceive that the articles published in Brazil, which used prosopography as an analysis tool, came from the areas of knowledge of the disciplines of History and Sociology.

Keywords: History; Sociology; scientific journals; social promotion; historical method; historiography; historical research; methodology; prosopography; state of knowledge; social groups; military; elite; women; CAPES Newspaper Portal

Introdução

A prosopografia é uma metodologia que se vale de informações individuais de pessoas ou instituições que compõem um grupo arbitrário a ser pesquisado. Com o uso da prosopografia pode-se estudar os percursos individuais e sua relação com os grupos aos quais essas trajetórias se relacionam. Os pesquisadores que utilizam essa metodologia costumam partir de listas simples contendo os nomes de pessoas ou instituições que ocuparam ou ocupam determinadas posições dentro do grupo selecionado para a pesquisa.

Este artigo tem como objeto de estudo, portanto, a prosopografia e, como objetivos específicos, identificar a utilização da prosopografia, sistematizar e examinar os enfoques priori-zados no emprego dessa metodologia no Brasil. A questão proposta é saber qual tem sido a utilização da prosopografia nas pesquisas realizadas no país e quais os enfoques priorizados

No intuito de inventariar o que se tem produzido acerca da metodologia, a presente pesquisa objetivou analisar os artigos publicados que discorrem acerca da prosopografia, os quais estão dispostos no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Para tanto, procurou-se selecionar, dentre os artigos dispostos na plataforma, aqueles publicados entre os anos de 1990 e 2019, desde a criação do Portal até o momento da coleta de dados, correspondendo aos últimos trinta anos de produção acadêmica no país, buscando sistematizar e examinar os enfoques priorizados nos artigos, bem como traçar um panorama da utilização da ferramenta no Brasil.

A escolha pelo local de busca relaciona-se à qualidade e à quantidade de produções disponibilizadas. O Portal de Periódicos da Capes está, em seu site, definido como "[...] uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza a instituições de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica internacional". Financiado inteiramente pelo governo federal, o objetivo da plataforma é "[...] reduzir os desnivelamentos regionais no acesso a essa informação no Brasil"1. O Portal de Periódicos da Capes disponibiliza em seu acervo mais de 45 mil títulos com texto completo, 130 bases referenciais, além de livros, enciclopédias e obras de referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual.

Entretanto, nessa pesquisa, optou-se por analisar os artigos publicados em periódicos e que estão disponíveis na plataforma, uma vez que eles foram avaliados por pares que validaram as publicações. No entendimento de Araujo2, em tempo de crescimento e aceleração da produção científica, em boa medida on-line, os periódicos são espaços importantes na curadoria e difusão de valores para a produção de pesquisas científicas. Entende-se que os dados e caminhos em que são pautadas as conclusões dos artigos publicados em periódicos de credibilidade são plausíveis quanto à localização, à acessibilidade, à interoperacionalidade e à reutilização. Os artigos científicos publicados em periódicos qualificados, após a avaliação feita por pares, objetivam divulgar a produção do conhecimento nas variadas áreas.

Por meio dos estudos do tipo "estado do conhecimento", de acordo com Joana Romanowski e Romilda Ens3, é possível ter uma visão geral do que vem sendo produzido na área ou sobre determinado tema. Além disso, a sistematização e a ordenação desse conhecimento possibilitam aos interessados ter um panorama do incremento das pesquisas desenvolvidas no campo, conhecer suas características, perspectivas e identificar lacunas existentes. Ferreira4 reitera que as pesquisas do tipo "estado da arte" ou "estado do conhecimento" adotam uma metodologia de caráter descritivo e inventariante da produção acadêmica e científica a respeito do tema que se investiga, valendo-se da perspectiva de categorias que emergem dos trabalhos individuais e do aglomerado da produção, sob as quais o fenômeno é analisado.

Assim, para a coleta e a sistematização dos artigos dispostos na plataforma Capes que tratam do tema da prosopografia, optou-se pela metodologia do tipo "estado do conhecimento", visto que por meio de suas técnicas é possível examinar as ênfases das pesquisas, bem como identificar os referenciais teóricos que subsidiaram as investigações, harmonizando-se com os objetivos desse estudo. Dessa forma, justifica-se esse estudo uma vez que é relevante organizar e discutir quanto ao que se tem produzido acerca dessa ferramenta metodológica, assim como subsidiar e direcionar novos estudos.

Partindo dos objetivos propostos o artigo foi estruturado nos tópicos: prosopografia: noções necessárias; caminhos da pesquisa: seleção de artigos publicados que tratam a temática prosopografia, disponíveis no Portal de Periódicos da CAPES; enfoques priorizados em artigos publicados que se valem da prosopografia; e a utilização da prosopografia no Brasil.

Prosopografia: noções necessárias acerca da metodologia

Por meio da prosopografia, é possível analisar trajetórias individuais e como essas singularidades foram se constituindo como um grupo na sociedade. De acordo com Lawrence Stone5, a prosopografia é uma metodologia (de perspectiva histórica) que começa suas buscas em listas simples, que contêm nomes dos ocupantes de certos cargos e suas qualificações profissionais ou educacionais. Acerca do conceito e seus objetivos, Stone6 delineia:

A prosopografia é a investigação das características comuns de um grupo de atores na história por meio de um estudo coletivo de suas vidas. O método empregado constitui-se em estabelecer um universo a ser estudado e então investigar um conjunto de questões uniformes - a respeito de nascimento e morte, casamento e família, origens sociais e posição econômica herdada, lugar de residência, educação, tamanho e origem da riqueza pessoal, ocupação, religião, experiência em cargos e assim por diante.7

Stone8, Christophe Charle9e Flávio Heinz10 reiteram os processos e principais objetivos vislumbrados pela metodologia. Charle explica que após aplicar critérios simples de delimitação da população a ser estudada e elaboração do questionário, a análise dos dados produzidos poderá revelar múltiplas variantes ou diretrizes da dinâmica social, cultural, pública, ideológica ou política. Heinz11 complementa que a prosopografia, como instrumento de desvelamento de grupos sociais, busca revelar características comuns (permanentes ou transitórias), auxilia na elaboração de perfis, categorias profissionais ou coletividades históricas, com ênfase nos mecanismos coletivos - de recrutamento, seleção, de reprodução social e estratégias de carreira -, assim como pode desvendar, nas trajetórias de grupos sociais de um determinado período histórico, certas casualidades e condicionantes sociais, expressas em nexos existentes entre posição social, origem e formação escolar. Stone12 esclarece que o resultado da justaposição, combinação e exame das várias informações recolhidas dos indivíduos do universo estudado revelam variáveis significativas, correlações internas e relações com comportamentos de fora do grupo estudado. A prosopografia pode, por meio de processos de delimitação, seleção da amostra e elaboração de critérios de análise de constituição do grupo eleito, retratar e encontrar regularidades e condicionantes sociais e culturais, bem como desvelar as relações da amostra e outros espaços da sociedade.

O conhecimento prévio das pessoas que compõem um grupo arbitrário permite analisar a constituição e historicidade das transformações sociais. Por meio da análise dos sujeitos que constituem um determinado grupo, é possível analisar "[...] fenômenos como a continuidade e a descontinuidade de sistemas políticos, de instituições eclesiásticas ou seculares, a açção política, a mobilidade social, a transformação social e tantos outros"13. A partir do entendimento de um grupo e dos sujeitos que o compõem, pode-se relacionar diferentes grupos e considerar o posicionamento dos indivíduos em mais de um grupo social. Tal ferramenta propicia a apreensão dos meios pelos quais os sujeitos são moldados pelas instituições e as formas como eles interferem de diversas maneiras na construção dos espaços sociais.

Salienta-se a necessidade de utilizar a prosopografia em pesquisa de grupos bem documentados, o que acarreta uma desafiadora pesquisa de campo. No entendimento de Charle14, a parte mais árdua da pesquisa consiste em reunir os documentos que serão utilizados, já que a coleta poderá ser feita em arquivos ou mesmo na possibilidade de efetivação de questionários, cuja quantidade e qualidade do material reunido possibilitará outras escolhas técnicas do estudo. Somente após explorar os dados e inventariar o que se tem será possível recorrer as outras técnicas, como análise quantitativa ou qualitativa, contagem manual ou eletrônica, tabelas estáticas ou análise fatorial. O resultado da pesquisa de campo e documental se constitui em um ponto fundamental para alcançar os objetivos propostos do estudo.

Contudo, a prosopografia é uma ferramenta que indispensavelmente necessita de apropriação de teorias de análise e de outras técnicas da pesquisa para a resolução de problemáticas. Lorena Monteiro15 enfatiza que a prosopografia pode ser vista como uma abordagem inicial, uma primeira fase da pesquisa, no processo de desvelar variados fenômenos de investigação histórica. Heinz corrobora que a prosopografia, articulada a outros procedimentos, representa apenas um dos momentos da operação historiográfica, pois se trata de um passo "[...] rico, instigante, científico, ousaria dizer - nunca o seu fim"16. A prosopografia, como uma ferramenta da historiografia, necessita de sua relação com teorias de apoio e demais instrumentos técnicos de pesquisa, já que ela pode suscitar questões, mas não consegue por si só solucionar problemas.

Na história, em geral, a prosopografia tem sido utilizada para explorar duas vertentes de problemas: as origens da ação política e a estrutura e mobilidade sociais. Quanto às origens da ação política por meio da metodologia, é possível "o desvelamento dos interesses mais profundos que se considera residirem sob a retórica da política; a análise das afiliações sociais e econômicas dos agrupamentos políticos; a revelação do funcionamento de uma máquina política e a identificação daqueles que manipulam os controles"17. No que se refere às estruturas e à mobilidade sociais, quem se utiliza da ferramenta comumente pesquisa:

[...] Um conjunto de problemas [que] envolve a análise do papel na sociedade, especialmente as mudanças nesse papel ao longo do tempo, de grupos de status específicos (usualmente da elite), possuidores de títulos, membros de associações profissionais, ocupantes de cargos, grupos ocupacionais ou classes econômicas; um outro conjunto de problemas [que se] refere-se à determinação do grau de mobilidade social em determinados níveis por meio de um estudo das origens familiares (sociais e geográficas), dos novatos [recruits] de um certo status político ou posição ocupacional, o significado dessa posição em uma carreira e o efeito de deter essa posição sobre as fortunas da família; um terceiro conjunto de problemas lida com a correlação de movimentos intelectuais ou religiosos com fatores sociais, geográficos, ocupacionais ou outros.18

Os precursores da metodologia da prosopografia acreditavam que o propósito de sua utilização era "[.] dar sentido à ação política, ajudar a explicar a mudança ideológica ou cultural, identificar a realidade social e descrever e analisar com precisão a estrutura da sociedade e o grau e a natureza dos movimentos em seu interior"19. Apesar de ter sido inventada como instrumento da história política, para atender às questões que se preocupam com os regimes políticos, seu uso passou a ser considerado por historiadores sociais e sociólogos, mais voltado para problemas da mobilidade social e mudança de grupos sociais. Mesmo apresentando a perspectiva histórica e sociológica para o uso da prosopografia, Monteiro20 salienta que a análise prosopográfica pode constituir-se em uma abordagem interdisciplinar.

Ao examinar os temas, métodos e tendências analíticas predominantes nas pesquisas elaboradas por historiadores sociais e cientistas sociais, na Inglaterra e nos Estados Unidos a partir da Segunda Guerra Mundial, Charles Tilly21 traz uma possível explicação para o crescente uso da prosopografia nessas áreas de estudo. Tilly delata que historiadores sociais tenderam a desconsiderar paulatinamente teorias reducionistas em detrimento de interpretações "[...] com foco em motivos, crenças e experiências"22, assim como passaram a destituir o estilo "documente e explique" em favor da narrativa na história social.

No entendimento de Tilly, um marco importante nas pesquisas dos historiadores sociais foi a influência do trabalho de Lawrence Stone, em 1979. "A intervenção de Stone teve peso ainda maior porque ele havia sido um dos grandes defensores e praticantes da biografia coletiva (ou, como ele a chamava, prosopografia)"23. Muitos historiadores sociais passaram a adotar o modelo interpretativo. Nas ciências sociais foram os estudos dirigidos por Pierre Bourdieu que impulsionaram o enfoque na prosopografia. Charle24 explica que as obras de Bourdieu e Passeron25 e Bourdieu26 influenciaram numerosas pesquisas prosopográficas intelectuais e universitárias na sociologia francesa. Além da análise das biografias coletivas de grupos políticos e sociais relacionadas ao contexto histórico, a intersecção entre a prosopografia e as teorias de Bourdieu possibilita a reconstrução de trajetórias, revela a persistência das estruturas sociais em dado momento histórico ou consegue dar indícios de transformações sociais. O enfoque em grupos sociais, promovido pelo construto teórico de Bourdieu27, possibilita explicações que mediam o poder das estruturas sociais e a ação dos agentes no campo social.

De acordo com Stone28, o termo prosopografia é entendido dessa forma pelos antigos historiadores, enquanto biografia coletiva é a expressão utilizada pelos historiadores modernos e análise de carreiras é uma das escolhas dos cientistas sociais. A prosopografia difere-se da biografia, no entendimento de Fátima Fernandes29, devido ao enfoque e ao tamanho da proposta de pesquisa. Apesar da multiplicidade de termos, todos eles referem-se à valiosa técnica utilizada pelos pesquisadores históricos ou sociais principalmente nas três décadas finais do século XX. Charle30 completa que a intensificação no uso dessa ferramenta de pesquisa ocorreu principalmente após sua invenção e implementação da prosopografia nas pesquisas de história antiga e medieval. Entretanto, até a primeira década do século XXI no Brasil, Fernandes31 salientou que a metodologia ainda era pouco conhecida na historiografia brasileira.

Seleção de artigos publicados que tratam a temática prosopografia, disponíveis no Portal de Periódicos da Capes

Para coletar e analisar os artigos publicados que tratam a temática prosopografia, disponíveis no Portal de Periódicos da Capes, foi utilizada a metodologia denominada do tipo "estado do conhecimento". Consideraram-se as distinções entre estado da arte e estado do conhecimento oferecidas por Norma Ferreira32 e Joana Romanowski e Romilda Ens33, pois cada modalidade metodológica possui suas especificidades e amplitudes de estudo. As pesquisas do tipo "estado da arte" englobam toda uma área do conhecimento disponibilizada nos diferentes meios difusores de conhecimento científico - bancos de repertórios de pesquisas periódicos, variados congressos -, enquanto as pesquisas do tipo "estado do conhecimento" têm menor amplitude e dedicam-se a apenas um dos disseminadores. Por esse prisma, a pesquisa aqui apresentada trata-se de um "estado do conhecimento" uma vez que investigou os conhecimentos socializados e disponíveis no Portal de Periódico da Capes.

As pesquisas do tipo "estado da arte" ou "estado do conhecimento" procuram: "[...] Mapear e discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares"34. Romanowski e Ens35 complementam que esse tipo de pesquisa contribui para identificar na área de estudo: aportes significativos, lacunas ainda não privilegiadas, experiências inovadoras, contribuições de propostas e limitações. Essas pesquisas trazem ao leitor uma série de informações sobre o tema, o percurso metodológico, os resultados alcançados. Permitem que se tenha uma visão panorâmica do que foi produzido a respeito. Contudo, não possibilitam ao pesquisador um controle sobre seu objeto de investigação, permitindo-lhe apenas a escrita de uma possível história a partir da leitura dos resumos. Em que pese essa limitação, as autoras da pesquisa optaram por essa metodologia para analisar o que se tem disponível no Portal de Periódicos da Capes acerca da prosopografia, considerando o caráter de abordagem preliminar ao tema objeto da tese em que se insere. O interesse ocorreu, especialmente, para identificar a originalidade do tema que está sendo pesquisado, o que a leitura dos resumos possibilita.

Contando com as orientações metodológicas da pesquisa do tipo "estado do conhecimento", realizou-se um levantamento de dados a respeito de artigos que abordassem a prosopografia na plataforma Capes. A coleta de dados foi elaborada no mês de março de 2020. É possível visualizar as primeiras ações da pesquisa por meio da figura 1. Cada um dos seis passos expostos será detalhado na sequência.

Fonte: as autoras, com base nos artigos dispostos no Portal de Periódicos da Capes.

Figura 1  Caminho da pesquisa do "tipo estado da arte" pelo termo prosopografia  

Primeiramente foi necessário fazer uma "busca por assunto", utilizando o termo "prosopografia", optando "pelo tipo de recurso" como "artigo", o que resultou em 251 artigos publicados. Priorizando a qualidade das publicações, refinou-se a busca para mostrar apenas os artigos de "nível superior" em "periódicos revisados por pares", ação que derivou em um total de 175 manuscritos.

Os 175 manuscritos estavam distribuídos em "tópicos" variados. Dentre eles: 42 em History & Archaeology, 22 em Prosopografía, 18 em Political Science, 17 em Languages & Literatures, 12 em Prosopography, 11 em Sociology, 10 em Spanish Literature, 8 em Prosopografia, 8 em Sociology & Social History, 7 em Elites, 6 em Historiography, 6 em Argentina, 5 em Brazil, 4 em Colombia, 3 em Social History, 2 em Genealogy, 2 em Medicine, 2 em France e 1 em Marxism. No intuito de delimitar a análise para artigos ligados à história e à historiografia, bem como à sociologia e às ciências políticas, foi feita a exclusão dos "tópicos": Languages & Literatures, Spanish Literature e Medicine. Quanto aos idiomas de publicação dos artigos, foram encontrados nas línguas espanhol, inglês, português, italiano, alemão, catalão, francês e grego. Após esse refinamento, restaram 153 artigos.

Os artigos analisados estão dispostos em bases de dados nacionais e internacionais. As 20 bases de dados nas quais estão dispostos os artigos são: Directory of Open Access Journals (DOAJ), OneFile (GALE), Sociological Abstracts, Scopus (Elsevier), Dialnet, SciELO, SciELO (CrossRef), SciELO Brazil, Arts & Humanities Citation Index (Web of Science), Taylor & Francis Online - Journals, Project MUSE, Cambridge Journals (Cambridge University Press), SciELO Chile, Social Sciences Citation Index (Web of Science), Materials Science & Engineering Database, JSTOR Archival Journals, SciELO Colombia, Duke University Press Journals Online, Oxford Journals (Oxford University Press) e Sage Journals (Sage Publications). Considera-se que esse breve inventário pode não apresentar outros trabalhos importantes disponíveis apenas em outras plataformas.

Partiu-se para a coleta dos dados de cada artigo e elaboração de um quadro. Para auxílio na coleta dos dados dos artigos, foi elaborado um quadro com as seguintes colunas: nome do periódico, foco do periódico, país de publicação, ano de publicação, autor do artigo, título do artigo, resumo do artigo e uso. Cada artigo foi analisado individualmente e seus dados foram sendo distribuídos no quadro de dados.

No momento da averiguação específica de cada pesquisa, foi possível identificar 39 trabalhos que, apesar de estarem classificados como artigos, tratavam de outros tipos de textos. Dos 39 textos, 23 eram resenhas de livros, 10 eram apresentações e editorais de revistas, 1 falava sobre outros livros recebidos, 1 era sobre uma notícia, 1 era acerca de um livro, 1 explanava acerca de uma conferência, 1 apresentava a biografia de um historiador e 1 tratava-se de ciências sociais aplicadas. Esses textos apesentavam em algum momento o termo "prosopografia", mas fugiam do objetivo dessa pesquisa. Assim, após exclusão desses textos, restaram 115 artigos.

Ao dispor os artigos em ordem alfabética de acordo com o título da revista, foi possível identificar que 14 pesquisas apareciam mais de uma vez. Tal fato ocorre uma vez que a plataforma do Portal de Periódicos da Capes, quando feita a busca, traz o artigo que contém o termo em todos os idiomas publicados. Os artigos repetidos foram excluídos do quadro para que apenas um exemplar pudesse ser analisado, restando, então, após a exclusão dos repetidos, 101 trabalhos.

Após a análise individual de cada artigo, foi possível identificar 49 artigos que não utilizaram a metodologia e não discutiram os delineamentos metodológicos da prosopografia. Nesses trabalhos, o termo "prosopografia" aparecia ou em alguma das referências ou de forma aleatória ao longo do manuscrito. Os artigos em que a prosopografia não se tratava de objetivo ou de metodologia utilizada foram excluídos do quadro principal, restando 52 artigos para aprofundamento.

Enfoques priorizados em artigos publicados, disponíveis no Portal de Periódicos da Capes, que se valem da prosopografia

No entendimento de Stone36, o desenvolvimento da prosopografia deve-se, em geral, a duas escolas razoavelmente distintas: escola elitista e escola voltada para o estudo de massas. Stone37 relata que a prosopografia tem sido usada pela escola elitista, a qual se preocupa: "com a dinâmica de pequenos grupos ou com a interação, em termos de família, casamento e laços econômicos, de um número restrito de indivíduos" comumente ligados às "[...] elites do poder, tais como os senadores da Roma antiga ou dos Estados Unidos ou os membros do parlamento inglês ou os membros dos gabinetes ingleses, mas os mesmos processos e modelos podem ser e são aplicados aos líderes revolucionários". Por outro lado, a escola voltada ao estudo de massas, de acordo com Stone, é normalmente orientada por questões estáticas e inquieta-se, em sua maioria, por "[...] aqueles sobre os quais nada muito detalhado ou íntimo pode ser conhecido, pois estão mortos e, portanto, indisponíveis para entrevistas", a qual ainda busca "[...] investigar um rol mais amplo, ainda que inevitavelmente mais superficial, de questões que aquelas usualmente pesquisadas pelos membros da escola elitista"38. As duas escolas se interessam mais pelo grupo do que pelo indivíduo ou instituição, mas diferem-se quanto ao objeto de estudos e aos pressupostos teóricos. Enquanto uma escola analisa grupos de "grandes homens" e possui um caráter mais individualizante, a outra volta-se para o estudo sociológico, com perspectiva mais coletiva.

Charle39 amplia o quadro de pesquisadores que se valem da prosopografia e ajudaram na propagação da metodologia. Para além dos pesquisadores que estudam os grupos de elites de poder ou de pesquisadores que se debruçam sobre amostra da massa, Charle40 explica que em vários países desenvolvidos, assim como na França, há um biógrafo para praticamente todos os grupos que precisam de biografias coletivas, as quais incluem: figuras públicas, oligarcas, elites administrativas, financeiras, mercantis ou de empregadores, burgueses urbanos, elites intelectuais ou estudantes universitários, profissionais de classe (médicos, juristas, jornalistas, professores), estudantes, funcionários públicos, mulheres militantes ou marginalizadas, minorias etc. Dessa maneira, percebe-se que a metodologia da prosopografia pode incluir o estudo de uma multiplicidade de objetos de pesquisa.

Outra possibilidade para o uso da metodologia é a prosopografia comparada. A prosopografia comparada tem o mesmo objetivo da prosopografia, com a diferença que fará o estudo de um mesmo grupo em dois ou mais países distintos. De acordo com Charle41, uma prosopografia comparada exigirá do pesquisador o dobro de tempo de investigação e de organização dos dados, uma vez que se propõe analisar coletivos em dois países ou mais, por isso é apropriado selecionar um grupo de elite de pesquisa em que um dos dois países já contenha dados em abundância para exploração; determinar o grau de autonomia relativa dos grupos, elites ou campo de comparação; e os recortes cronológicos importantes das unidades pesquisadas. A prosopografia comparada exige pesquisadores experientes devido à atenção metodológica redobrada demandada.

É oportuno mencionar, a respeito da prosopografia, que as autoras não ignoram as ressalvas que lhe são postas, em especial sua aplicação restrita, condicionada às fontes das quais se fez uso. Se, por um lado, ela se mostra adequada para análises de grupos profissionais, políticos e instituições educacionais, por outro, como observa Olegário42, é pouco viável para estudos que visem a abranger representações e imaginários. Acrescenta Charle43 que, ainda que haja uma pulverização de trabalhos que empreguem esse método, a diversidade de fontes e questões de que tratam diiculta a elaboração de uma história comparada e de uma síntese. Assim, o historiador que utiliza a prosopograia deverá, desde o começo, se resignar a "trabalhar com amostras não aleatórias e a expressar mais tendências do que conclusões definitivas"44. Na hipótese de um trabalho com grupos pequenos, com muita densidade de informações, entretanto, o método pode trazer bons resultados.

Considerando esses pressupostos teóricos acerca da prosopograia, partiu-se para uma análise flutuante dos 52 artigos selecionados no intuito de identificar quais enfoques eram possíveis de serem identificados nas pesquisas publicadas. Dentre os artigos publicados, que constam no Portal de Periódicos da Capes, foi possível selecionar sete temáticas priori-zadas pelos pesquisadores. Tais enfoques foram distribuídos nas categorias: "metodologia", "grupo de políticos", "grupo de elites variados", "grupo de militares", "grupo de religiosos", "grupo de mulheres" e "grupos variados". A quantidade de artigos encontrada em cada categoria está disposta na tabela 1.

Tabela 1  Número de artigos conforme categorias encontradas  

Número de artigos Categoria
7 Metodologia
15 Grupo de políticos
15 Grupo de elites variados
2 Grupo de militares
3 Grupo de religiosos
2 Grupo de mulheres
5 Grupos variados
2 Prosopografia comparada
52 N/A

Fonte: as autoras, com base nos artigos dispostos no Portal de Periódicos da Capes.

Os artigos dispostos na categoria "metodologia" discutiam os pressupostos metodológicos ou apresentavam um delineamento sobre o uso da prosopograia em pesquisas. No Portal de Periódicos da Capes foi possível identiicar sete artigos publicados que se encaixavam nessa descrição. Os artigos de Stone e Charle45 apresentam e conceituam a prosopo-graia, o que os torna autores fundamentais para os pesquisadores que pretendem utilizar a metodologia, uma vez que os demais trazem perspectivas de uso em áreas especíicas.

Quanto às fontes utilizadas na prosopografia cabe atentar-se para o que dizem os autores fundantes. Os estudos prosopográicos, para Stone46, são elaborados partindo principalmente de três grandes grupos de fontes: "[...] listas simples de nomes de ocupantes de certos cargos ou títulos ou qualificações profissionais ou educacionais; genealogias de famílias; dicionários biográficos inteiros"47. Para exemplificar as fontes utilizadas, Stone48 expõe as contribuições contemporâneas nos estudos prosopográicos, tomando como referência as pesquisas inglesas e indicando sua situação nos Estados Unidos e na França. Charle49 complementa que devido à abundância de documentação impressa, à utilização de grandes arquivos pessoais e ao apoio da história oral, é possível utilizar a prosopograia na história das mulheres, dos marginalizados, dos extratos médios e populares. Se anteriormente a prosopograia era priorizada para o estudo de elites, na história contemporânea os grupos foram ampliados por meio do acesso a novas fontes e metodologias de pesquisa.

Quanto aos limites da prosopograia, Charle50 e Stone51 esclarecem algumas questões. Stone52 delineia alguns problemas encontrados no uso acrítico da prosopograia: a ausência de dados adequados, erros nas classiicações dos dados, erros nas interpretações dos dados e problemas na interpretação teórica dos dados. Charle53 chama a atenção para o fato de que alguns trabalhos podem apresentar uma visão acrítica e parcial da realidade, porém tais erros só acontecem quando o pesquisador confunde a metodologia com inalidade e desconsidera o fato de se tratar de uma parcela da realidade que dependerá das fontes que escolheu e dos limites do questionário biográico. No entendimento de Charle54, o historiador deixará sua marca na interpretação e nos resultados produzidos uma vez que está presente de forma consistente ou inconsciente nas etapas da pesquisa: delimitação da amostra, coleta dos dados, codificação e tratamento. É preciso conhecer os limites da metodologia e atuar de forma consciente durante o percurso metodológico, a im de distanciar-se de possíveis equívocos.

Os artigos abrigados na categoria metodologia demonstram o uso da prosopograia em distintas áreas temáticas. Stone55 e Charle56, além de apresentarem um panorama geral para o uso da metodologia, oferecem panoramas históricos no uso da prosopograia. Charle57 conceitua o método e exibe os propulsores da prosopograia: sociólogos franceses e historiadores da antiguidade; medievais e contemporâneos. Stone58, para apresentar de modo geral a pesquisa prosopográica, faz uma revisão histórica do uso, distinguindo as escolas elitista e sociológica. Posteriormente, exibe os precursores da metodologia e algumas das pesquisas mais relevantes. Tilly59 faz uma relação da prosopograia de Lawrence Stone e a História Social nas produções inglesas e norte-americanas, depois da Segunda Guerra Mundial, examinando temas, métodos e tendências analíticas dominantes. Micheltorena60 e Brunke61 mostram como a prosopografia tem sido utilizada para a pesquisa de grupos de elites políticas, o primeiro na Restauração Espanhola e o segundo no vice-reinado do Peru. Fernandes62 e Arévalo63 discutem as potencialidades da metodologia prosopográica aplicada às fontes medievais, em sequência um artigo trata das vantagens de se fazer a prosopograia medieval ibérica e o outro aborda a utilização da técnica para estudos do período entre a Idade Média e Moderna no norte da Coroa de Castela. Por meio dos artigos selecionados, percebe-se que a possibilidade de utilização da prosopografia é múltipla em objetos, recortes temporais e espaciais.

Apesar das várias possibilidades para o uso da prosopograia em pesquisa, os artigos dispostos no Portal de Periódicos da Capes concentram sua temática de pesquisa em "grupo de políticos". Com recortes espaciais variados, foi possível identificar 15 artigos que utilizaram a prosopografia para os estudos de grupos de políticos. Nessa categoria, foram identiicados e selecionados os artigos que pesquisaram: trajetórias de políticos, governadores e vice-governadores, parlamentares, ministros, representantes de regimes políticos, políticos locais e signatários de mudanças de regime governamentais. As delimitações espaciais dos estudos em alguns casos dedicam-se a estudar grupos políticos de países inteiros em determinado momento histórico - Espanha, Brasil, Argentina - e em outros delimitaram a pesquisa em regiões menores - Paraná, Pamplona, Salamanca, Manresa. Quanto aos recortes temporais de estudo, os 15 artigos concentram-se seus estudos em políticos dos séculos XIX e XX. Estima-se que a abundância de documentação impressa e disponível a partir do XIX favoreça a escolha de pesquisadores que se valem da prosopograia para estudar esses períodos.

Outros artigos64 são algumas das publicações selecionados na categoria grupos políticos. No artigo de Eliana Fucili, a autora apresenta e analisa 725 atores políticos que dinamizaram e fortaleceram a província, na segunda metade do século XIX, registros oiciais, relatórios departamentais, jornais da época que formaram o corpus documental para a pesquisa proso-pográica65. Urquijo y companhia, selecionaram, em dicionários biográicos, 44 parlamentares representantes de Vasconia para comparar características do grupo por meio da metodologia da prosopograia: idade, origem geográica, peril educacional e proissional, expectativa de vida, nível cultural e de sociabilidade, continuidade da atividade política entre a Monarquia e a República66. O artigo de Casals ocupa-se de base de dados disponível sobre os políticos eleitos municipais entre 1868 e 1923 para retratar o grupo utilizando a prosopografia67. No artigo de Codato y companhia a prosopograia foi utilizada para veriicar as mudanças no perfil coletivo dos senadores brasileiros desde 1945, sendo utilizados para isso os indicadores sociais básicos em estudos de elites: "(i) Ocupação proissional que antecede a carreira propriamente política; (ii) taxas e tipos de formação escolar; (iii) estrutura de distribuição etária dos representantes"68. O artigo de Sérgio Soares-Braga e Maria Alejandra Nicolás faz uma avaliação das informações disponíveis nos portais das assembleias legislativas brasileiras sobre os deputados estaduais e distritais brasileiros da legislatura de 2003-2007, quando traçam uma biograia coletiva e demonstram como o uso exclusivo e predominante dessa fonte não é recomendável para o monitoramento e conhecimento da ação política devido ao insuficiente grau de transparência dos portais eletrônicos de boa parte delas69.

Na categoria denominada "grupo de elites variados", foram dispostos 15 artigos. Dentre eles, 7 discutiram grupo de poder econômicos e políticos locais; 2 discorreram acerca de magistrados e diplomatas; 4 sobre grupos de elites culturais; e 2 sobre grupos da Idade Média. Nessas pesquisas, apresentam-se grupos de elites com poderes locais e como eles valem-se de sua condição econômica, política e cultural para dar os ditames dos espaços sociais que ocupam e manter-se nos posicionamentos.

Na categoria de "grupo de militares", foi possível encontrar 2 artigos que tiveram essa temática e valeram-se da prosopografia. Sabino Yébenes com o auxílio da prosopografia, apresentou o peril dos generais romanos que estiveram à frente das conquistas no noroeste da Espanha entre 36 e 26 a.C70. O artigo de Francisco Andújar mostrou, por meio do estudo histórico e prosopográico, que os militares que comandaram as capitanias gerais de Catalônia e Valência possuíam poderes militares e governamentais71. A prosopograia pode demonstrar que cada agente pode ocupar, em um mesmo cargo e momento histórico, duas espécies de poderes sociais.

A temática religiosa apareceu como tema de pesquisa em 3 artigos disponíveis no Portal de Periódicos da Capes e foram alocados na categoria "grupo de religiosos". Artola Renedo examina a dupla lealdade do alto clero à Corroa e à Santa Fé, elaborando para isso uma prosopograia pautada em relatórios de mérito e memoriais requerendo o cargo e a documentação relativa ao processo de nomeação (procedimentos administrativos, recomendações) que ajudaram a explicar o posicionamento do grupo, identiicar os agentes selecionados e pesar os fatores que influenciaram a escolha ou rejeição de um candidato72. Francesco Camia apresenta um projeto de pesquisa para realizar uma prosopograia dos funcionários religiosos atenienses do período de 27 a.C. a 267 d.C., por meio do catálogo biográico do período73. Francesc Villanueva faz uma prosopograia do grupo de pessoas responsáveis pela organização e prática da música na catedral, o que permitiu constatar evidências para identiicação de composições. Devido às fontes disponíveis pelas instituições religiosas, a prosopograia pode ser utilizada tanto em grupos do alto clero como nos grupos de funcionários necessários para os ritos sacros74.

Quanto aos artigos que utilizaram a prosopograia exclusivamente para "grupo de mulheres", foi possível encontrar 2 artigos disponíveis no Portal de Periódicos da Capes. O perfil de mulheres que ocuparam cargo de destaque foi o objeto de pesquisa para Francieli Lunelli-Santos e José-Augusto Leandro constatou que possivelmente a posição social/profissional dos pais e/ou maridos das pesquisadas, que também desempenharam funções na federação, tenha influenciado para que elas se envolvessem na causa da doença75. Gloria Rubio por meio da prosopograia, procurou conhecer as relações múltiplas que eram estabelecidas entre as 119 educandas e os demais espaços sociais, bem como identiicar os comportamentos que visavam a perpetuação do grupo e os conigurava com características especíicas76. O primeiro trabalho utilizou documentos produzidos pela Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra e o segundo contou com documentos do colégio acerca das 119 alunas entre os anos de 1758 e 1798 e documentos oficiais.

Os dois grupos de mulheres estudados possuíam fontes documentais disponíveis e em abundância, diferentemente de grupos dos extratos populares. As educandas, por comporem um colégio da nobreza e as profissionais da federação por terem ocupado cargos relevantes, dispunham de variados documentos que foram mantidos pelas instituições. Entretanto, grupos populares podem não contar com a mesma disponibilidade de documentos, o que pode tornar-se um desaio no momento da coleta de dados para historiadores, uma vez que seus objetos de estudo deixaram poucas autobiografias, cartas, diários ou declarações públicas, como explica Tilly77. Esses dois grupos de mulheres ligados a instituições tiveram seus documentos preservados e possíveis de serem utilizados na prosopografia.

Na categoria denominada "grupos variados", foram incluídos os artigos que tratam a compreensão e composição de determinadas grupos sociais sem que eles estivessem ligados às esferas de poder. Nessa categoria, foram encontradas 5 pesquisas. Daniela Bessa propõe discutir a função dos personagens cunhados nas moedas gregas e utiliza-se, para tanto, da prosopograia como uma metodologia inicial para a pesquisa78. María-Pilar González-Conde considerou que o hábito epigráico é uma forma de testemunho que permitem traçar evolução prosopográica dos grupos familiares, a composição social, o comportamento dos moradores da região diante do fenômeno de latinização e as diferenças dadas por populações que lá chegaram79. No artigo de José María Sánchez Benito recorreu-se ao método prosopográico e análise de livros iscais do final do século XV e início do século XVI da localidade de Cuenca, província de Fuentes, para estudar a diferenciação social da aldeia80. Os três estudos demonstram que por meio da prosopograia pode-se analisar o peril de um determinado grupo e estudar tanto a mobilidade social quanto as formas de recepção e apropriação cultural de grupos pesquisados.

Outros dois artigos, alocados na categoria "grupos variados", utilizam o instrumental teórico de Pierre Bourdieu para a análise das prosopograias propostas. Juan Manuel Castellanos para explorar a diversidade de formas de ingresso às forças armadas de exércitos legais e ilegais, durante a primeira década dos anos 2000 na Colômbia, faz uso da metodologia da prosopografia à luz dos conceitos de capitais e campo de Pierre Bourdieu81. Ivanilson Bezerra da Silva e Bruno Bontempi Júnior elaboram uma prosopograia de expoentes maçônicos que mostram a natureza e o volume de capitais (sociais, econômicos, políticos) desse grupo, bem como a homologia e reconversões entre os campos82. Nesses dois exemplos, os pesquisadores articularam a metodologia da prosopograia a teorias sociológicas para interpretar o fenômeno, bons exemplos que refletem o quanto a prosopografia não deve findar-se em objetivo único da pesquisa.

E, por último, foram encontrados 2 artigos que izeram uma "prosopograia comparada" e por isso estão alocados na categoria homônima. Além de ser uma importante referência metodológica, pois expõe os pressupostos da prosopograia comparada, o artigo elaborado por Charle mostrou a comparação dos resultados prosopográicos de docentes do Ensino Superior das cidades de Paris e Berlim. Nesse caso, a prosopograia comprada distinguiu o mesmo grupo em cidades importantes de dois países83.

Existe também a possibilidade de fazer uma prosopograia comparada em múltiplos países a partir de um campo a ser prosografado. Pierre Bourdieu elaborou uma prosopograia de 61 editoras que publicaram obras de literatura francesa ou traduzidas entre julho de 1995 e julho de 1996, a qual objetivou mostrar as coerções do campo - determinantes econômicas e sociais das estratégias editoriais - em detrimento da ilusão da autonomia das relações de "decisão" visíveis de editores, precaristas, equipes de avaliação e diretores de coleção do mercado editoria. A pesquisa de Bourdieu permitiu vislumbrar a estrutura do campo editorial, distinguir os diferentes tipos de capitais acumulados (econômico, comercial e simbólico), assim como analisar as editoras conforme sua alienação às coerções do mercado, uma prosopograia feita de trajetórias de entidades jurídicas, por meio da qual procurou desvelar as diversas posições dentro do campo - para além de fronteiras nacionais - em que atuam, da compreensão de seus capitais adquiridos e da apreensão das influências internas e externas sofridas84.

A utilização da prosopografia no Brasil: artigos publicados

Dos 52 artigos encontrados no Portal de Periódicos da Capes, foi possível traçar um panorama das publicações em periódicos brasileiros. A tabela 2 - "Número de artigos conforme país e ano de publicação" - apresenta os resultados da busca e a classiicação das pesquisas publicadas.

Tabela 2  Número de artigos conforme país e ano de publicação 

País de publicação Quantidade de artigos publicados Entre 1991 e 1997 Entre 2000 e 2009 Entre 2010 e 2019
Espanha 23 4 10 9
Brasil 18 - 2 16
Colômbia 4 - - 4
Costa Rica 2 - - 2
México 2 - - 2
Chile 1 - - 1
Estados Unidos da América 1 - 1 -
Itália 1 - - 1
Total 52 4 13 35

Fonte: as autoras, com base nos artigos dispostos no Portal de Periódicos da Capes.

A quantidade de artigos encontrados e publicados em periódicos brasileiros foi de 18, sendo que 2 foram publicados entre 2000 e 2009 e 16 entre 2010 e 2019.

Os 2 primeiros artigos publicados em periódicos brasileiros, que estão dispostos no Portal de Periódicos da Capes, partem de pesquisadores ligados à área das Ciências Sociais. O artigo de Soares-Braga e Nicolás utilizou como fonte as informações disponíveis nos portais das assembleias legislativas brasileiras acerca de políticos estaduais e federais, entre o período de 2003 e 200785. Já o artigo de Amélia Siegel elaborou uma prosopograia de redatores e pensamentos republicanos elaborados pela imprensa no Paraná, no inal do século XIX86. Para a fundamentação da prosopograia, o primeiro utiliza, em suas referências, as pesquisas de Flávio M. Heinz, enquanto o segundo vale-se das obras de Pierre Bourdieu. Ambos os artigos foram elaborados por pesquisadores ligados ao programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Paraná e publicados no periódico Revista de Sociologia e Política da mesma instituição, o que se pode estimar que a metodologia estava sendo promovida em uma das disciplinas do programa como forma de se estudar elites.

Porém, é na segunda década do século XXI que o uso da prosopograia gradativamente aumenta em termos de publicações no Portal de Periódicos da Capes. Por meio da Tabela 2, observa-se que entre os anos de 2010 e 2019 foram publicados 16 artigos no Brasil que se valeram da prosopograia como ferramenta de análise. Alguns fatores precisam ser considerados acerca desse impulso: primeiro é publicado em português, também na Revista de Sociologia e Política, o artigo de Stone, no qual o autor exibe de forma geral a metodologia da pesquisa prosopográica. Um ano depois, é publicado também em português, no periódico Tempo Social, a pesquisa de Tilly87, que, examinando temas, métodos e tendências analíticas dominantes na história social e ciência social, dá enfoque à prosopografia. Ainda em 2012, Fernandes88 publica, na revista História da Historiografia, o texto apresentando as possibilidades do uso da ferramenta aplicada às fontes medievais para a operação historiográica. As publicações do historiador Lawrence Stone e do sociólogo e historiador Charles Tilly funcionam como uma espécie de validação para o uso da metodologia na historiograia, bem como os artigos com traduções para o português ampliam a divulgação dos textos no país. Da mesma forma, a publicação feita pela professora do programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná, Fátima-Regina Fernandes, demonstra, autoriza e divulga o uso da prosopograia como possibilidade para a escrita da história.

Os 3 autores dispõem de capital intelectual, cientíico e simbólico no campo cientíico, subcampo da História. De acordo com o construto teórico proposto por Bourdieu89, tais capitais proporcionam, para aqueles que os detêm e dependendo do posicionamento dentro do campo, ditar vereditos e reconhecer quais técnicas estão passíveis de serem utilizadas. Fernandes passou a divulgar a metodologia na academia brasileira, mais especiicamente na História, defendendo:

[...] Que a prosopografia é uma metodologia de base, de raiz, a partir da qual se deve fazer uso de outros mecanismos de análise complementar dos repertórios recolhidos e trajetórias reconstruídas. A história se beneficia amplamente da utilização inicial dessa metodologia em todos os trabalhos especialmente ligados à história do poder, em suas vertentes política, institucional, social, econômica, cultural e das ideias. Preconiza-se, ainda, a necessária aplicação e o diálogo das trajetórias com o contexto especíico, sujeito a um recorte temático e cronológico justiicável e com uma instituição, seja ela uma monarquia, ordem regular, governo municipal ou qualquer outra que tenha pertinência real na compreensão do funcionamento da realidade estudada.90

Fernandes91 airma quais são os benefícios, as possibilidades e as necessidades do uso da prosopograia na escrita da História. Reairma a prosopograia como ferramenta inicial, enfatiza a necessidade de relação com outros meios de análise, destaca a necessidade de recorte temporal e apreensão do contexto e da instituição em que as trajetórias se desenvolvem. Em suma, valida a prosopograia como ferramenta da escrita da História.

Nos anos posteriores, foram encontrados mais 13 artigos que utilizaram a prosopografia como metodologia em suas pesquisas. Desses, 7 em periódicos com foco nas Ciências Sociais, 5 na História e 1 na Arqueologia. A partir desses dados, pode-se estimar que os artigos publicados no Brasil, dispostos no Portal de Periódicos da Capes, que utilizaram a prosopograia como ferramenta de análise, partiram das áreas do conhecimento das disciplinas de História e de Sociologia. Nos periódicos voltados para as Ciências Sociais, publicados no Brasil, além dos artigos de Braga e Nicolás (2008), que pesquisaram grupo de parlamentares; Corrêa92, que estudou um grupo da imprensa republicana; e o texto discorrendo acerca da metodologia da prosopograia de Stone93 e o enfoque dado à metodologia por Tilly94, os textos izeram uso da prosopograia para o estudo de grupo de: editoras95; professores universitários96; juristas97; executivos98; políticos99. Quanto aos artigos publicados nos periódicos de História, além do texto de Fernandes100, que versou quanto à aplicação da prosopograia em fontes medievais, os demais autores debruçaram-se sobre o estudo de grupos de: mulheres101; nobres da Coroa portuguesa na Península Ibérica102; fundadores da Revista Brasiliense103; intelectuais católicos104; e de maçons105. Percebe-se, por esses artigos, que esses pesquisadores se dedicaram a analisar grupos para além daqueles de grande destaque na esfera estatal. Como observa Charle106, todos os grupos necessitam de sua biograia coletiva, o que demonstra que ainda há muitas possibilidades de pesquisa com a utilização da prosopograia.

Considerações finais

A prosopograia é uma metodologia que possibilita o estudo de grupos variados fazendo uso de uma ferramenta cientíica. Apesar de sua possibilidade de suscitar questões sobre o fenômeno estudado, a ferramenta não é autossuiciente para responder a problemáticas e necessita, indispensavelmente, do uso de outras teorias - históricas, sociológicas ou psica-nalíticas - para analisar as questões levantadas.

No entanto, em relação aos objetivos deste estudo, quais sejam, identificar a utilização da prosopografia, sistematizar e examinar os enfoques priorizados no emprego dessa metodologia no Brasil, é possível perceber que o emprego da pesquisa do tipo "estado do conhecimento" colaborou para que se chegasse a importantes constatações.

Efetuado o levantamento de artigos publicados e dispostos no Portal de Periódicos da Capes acerca do uso da prosopografia, foram encontrados 52 artigos que utilizaram e discutiram a metodologia. Os artigos foram dispostos em categorias que utilizaram os enfoques: metodologia, o estudo de grupos políticos, de elites de poder local, de militares, de religiosos, de mulheres e variados. Os artigos que priorizaram discutir as questões técnicas do uso da prosopografia são de grande relevância para aqueles que pretendem conhecer ou usar essa ferramenta de análise. Apesar de serem encontradas duas publicações que se dedicaram ao estudo de grupo de mulheres, grupo de trabalhadores locais e minorias, considera-se inexpressivos esses enfoques, embora demonstrem a possibilidade de novos estudos com o uso dessa metodologia. Confessa-se que existe a possibilidade de artigos que utilizaram ou versaram sobre a prosopografia não terem sido localizados por meio da busca do termo no Portal de Periódicos da Capes, como o caso do artigo de Bulst107, por exemplo, que aborda o objeto e a metodologia da prosopografia.

Foi possível constatar que a pesquisa do tipo "estado do conhecimento" traz ao leitor uma série de informações sobre o tema, o percurso metodológico, os resultados alcançados. Permite que se tenha uma visão panorâmica do que foi produzido a respeito, mas não possibilita ao pesquisador um controle sobre seu objeto de investigação, permitindo-lhe apenas a escrita de uma possível história a partir da leitura dos resumos. Mesmo assim, abre caminho para que outras investigações, a partir dos dados coletados, sejam realizados, por exemplo, estudos comparativos entre produções de pesquisadores de diferentes países, com apoio em plataformas internacionais.

No Brasil, os dados coletados evidenciaram que se pode considerar o emprego da prosopografia como ainda incipiente. Pouco divulgado, pouco conhecido na esfera educacional, em trinta anos de publicações somou cinquenta e dois artigos que tratam do tema sob diversos enfoques. Dos artigos selecionados, um número signiicativo é de autores de língua espanhola, publicado em periódicos de países hispânicos. É de se considerar que os dados constantes da Tabela 2 retratam apenas os artigos postados no Portal de Periódicos da Capes, o que permite supor que a produção das bases de dados dos demais países não esteja suicientemente esgotada.

No inal do século XX, com o olhar voltado para o norte, ainda em processo de deco-lonialização cultural, os pesquisadores tinham extrema dificuldade de acesso à produção acadêmica europeia e americana, sobretudo em virtude da falta de domínio da língua inglesa. A aquisição de livros e a assinatura de periódicos, mesmo por parte das universidades locais, exigia um aporte inanceiro que não estava disponível aos interessados. Assim, do levantamento realizado, constata-se ter sido necessária a publicação de artigos em português, disponibilizados gratuitamente online, para que, na segunda década do século XXI, se chegasse à publicação de 16 dos 18 artigos identificados no período estudado. A publicação do artigo de Stone, traduzido, em 2011, no qual ele explicita de maneira geral a metodologia de pesquisa denominada prosopografia e, no ano seguinte, a da pesquisa de Tilly, examinando temas, métodos e tendências analíticas dominantes na história social e na ciência social, foram decisivas para impulsionar os estudos prosopográficos. Pode-se afirmar que tais publicações trouxeram uma espécie de validação para o uso dessa metodologia na historiografia. É possível, no entanto, que as limitações da própria metodologia, condicionada às fontes de que faz uso e às questões deinidas pelo pesquisador, tenham colaborado para a lenta apropriação da prosopograia no mundo acadêmico. Trata-se de um método mais adequado para pequenos grupos saturados de informações do que para grupos extensos com poucos registros. Para que possa colaborar na ampliação do entendimento das dinâmicas sociais, infere-se que a prosopograia deva ser aplicada em combinação com outros métodos, buscando-se melhores resultados.

Em que pesem as limitações deste estudo, diferentes temáticas e áreas em que a proso-pograia pode ser utilizada foram apresentadas, instigando pesquisadores a conhecê-la e a empregarem-na em suas investigações.

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* Artigo de investigação produto parcial de pesquisa efetuada para elaborar a tese de doutorado intitulada "Tensões entre o permitido e o conquistado: prosopografia de professoras do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (1950-1973)", com previsão de defesa em fevereiro de 2023. A pesquisa contou com bolsa parcial concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) (Brasília, Brasil).

1Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Portal de Periódicos CAPES/MEC,https://www-periodicos-capes-gov-br.ezl.periodicos.capes.gov.br/index.php

2Valdei Araujo, "O papel dos periódicos na publicação de dados de pesquisa", Revista Brasileira de História 41, no. 86 (2021): 7-9, https://doi.org/10.1590/1806-93472021v41n86-00

3Joana-Paulin Romanowski e Romilda-Teodora Ens, "As pesquisas denominadas do tipo 'Estado da Arte' em Educação", Revista Diálogo Educacional 6, no. 19 (2006): 37-50, https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=189116275004

4Norma-Sandra de Almeida Ferreira, "As pesquisas denominadas 'estado da arte'", Educação & Sociedade 23, no. 79 (2002): 257-272, https://doi.org/10.1590/S0101-73302002000300013

5Lawrence Stone, "Prosopografia", Revista de Sociologia e Política 19, no. 39 (2011): 115-137, https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/31689

6Stone, "Prosopografia".

7Stone, "Prosopografia", 117.

8Stone, "Prosopografia".

9Domingo-Balam Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía colectiva. Balance y perspectivas, de Christopher Charle. Traducción", Clivajes. Revista de Ciencias Sociales 2, no. 2 (2014): 1-12, https://clivajes.uv.mx/index.php/Clivajes/article/view/1088

10Flávio M. Heinz, "O historiador e as elites - à guisa de introdução", em Por outra história das elites, org. Flávio M. Heinz (Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006), 7-15.

11Heinz, "O historiador e as elites", 7-15.

12Stone, "Prosopografia", 115-137.

13Neithard Bulst, "Sobre o Objeto e o Método da Prosopografia", Politeia: História e Sociedade 5, no. 1 (2005): 48-67, https://periodicos2.uesb.br/index.php/politeia/article/view/3902

14Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

15Lorena Madruga-Monteiro, "Prosopografia de grupos socais, políticos situados historicamente: método ou técnica de pesquisa?", Pensamento Plural, no. 4 (2014): 11-21, https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/pensamentoplural/article/view/3798

16Heinz, "O historiador e as elites", 12.

17Stone, "Prosopografia", 115.

18Stone, "Prosopografia", 116.

19Stone, "Prosopografia", 116.

20Monteiro, "Prosopografia de grupos socais", 11-21.

21Charles Tilly, "A história social anglo-americana desde 1945", Tempo Social 24, no. 2 (2012): 13-32, https://doi.org/10.1590/S0103-20702012000200002

22Tilly, "A história social", 20.

23Tilly, "A história social", 20.

24Martínez-Álvarez, "La prosopografía", 1-12.

25Pierre Bourdieu e Jean Claude Passeron, La reproduction (Paris: Minuit, 1970).

26Pierre Bourdieu, La Noblesse d'Etat, grandes écoles et esprit de corps (Paris: Minuit, 1989).

27Pierre Bourdieu, O senso prático (Rio de Janeiro: Vozes, 2013).

28Stone, "Prosopografia", 115-137.

29Fátima-Regina Fernandes, "A metodologia prosopográfica aplicada às fontes medievais: reflexões estruturais", História da Historiografia 5, no. 8 (2012): 11-21, https://doi.org/10.15848/hh.v0i8.297

30Christophe Charle. "La prosopografía o biografía colectiva. Balance y perspectivas, de Christopher Charle". Clivajes: Revista de Ciencias Sociales 2, no. 2 (2014): 1-12.

31Fernandes, "A metodologia", 11-21.

32De Almeida Ferreira, "As pesquisas denominadas 'estado da arte'", 257-272.

33Romanowski e Ens, "As pesquisas denominadas do tipo 'Estado da Arte' em Educação", 37-50.

34De Almeida Ferreira, "As pesquisas denominadas 'estado da arte'", 258.

35Romanowski e Ens, "As pesquisas denominadas do tipo 'Estado da Arte' em Educação", 37-50.

36Stone, "Prosopografia", 115-137.

37Stone, "Prosopografia", 117.

38Stone, "Prosopografia", 116.

39Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

40Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

41Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

42Thaís-Fleck Olegário, "Aportes e limites da prosopografia para o estudo da história", Revista Outras Fronteiras 4, no. 2 (2017): 24-40.

43Christophe Charle, "Como anda a história social das elites e da burguesia? Tentativa de balanço crítico da historiografia contemporânea", en Por outra história das elites. Ensaios de prosopografia e política, org. Flavio M. Heinz (Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 2006), 31.

44Marcela Ferrari, "Prosopografía e historia política: algunas aproximaciones", Antíteses 3, no. 5 (2010): 529550, https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=193314432023

45Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

46Stone,"Prosopograia", 115.

47Stone,"Prosopograia", 117.

48Stone,"Prosopograia", 117.

49Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

50Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

51Stone,"Prosopograia", 115.

52Stone,"Prosopograia", 115.

53Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

54Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

55Stone,"Prosopografia", 115.

56Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

57Martínez-Álvarez, "La prosopografía o biografía", 1-12.

58Stone,"Prosopograia", 115.

59Tilly, "A história social", 13-32.

60María Del Mar Larraza-Micheltorena, "Élites políticas en la Restauración española: una mirada desde la prosopografía", Memoria y civilización: anuario de historia 5 (2002): 275-305, https://dadun.unav.edu/handle/10171/9254

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62Fernandes, "A metodologia", 11-21.

63Raúl González-Arévalo, "Redes, prosopografía e historia social de la economía al norte de la Corona de Castilla en la transición de la Edad Media a la Moderna: novedades historiográicas", Studia Historica. Historia Medieval 34 (2016): 323-339, https://doi.org/10.14201/shhme201634323339

64Maria-Gemma Rubí i Casals, "Les bases de dades al servei de la prosopografia. L'univers polític de Manresa durant el Sexenni Democràtic i la Restauració borbònica a través dels electes municipals", Cercles: revista d'història cultural 10 (2007): 174-200, https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5005862; Sérgio Soares-Braga e Maria Alejandra Nicolás, "Prosopograia a partir da web: avaliando e mensurando as fontes para o estudo das elites parlamentares brasileiras na internet", Revista de Sociologia e Política 16, no. 30 (2008): 107-130, https://doi.org/10.1590/S0104-44782008000100008; Mikel Urquijo et al., "De la biografía a la prosopografía: los parlamentarios de los distritos de Vasconia en la II República española (1931-1939)", Cuadernos de Historia Contemporánea 31 (2009): 193-221, https://revistas.ucm.es/index.php/CHCO/article/view/CHCO0909110193A; Adriano Codato et al., "Regime político e recrutamento parlamentar: um retrato coletivo dos senadores brasileiros antes e depois da ditadura", Revista de Sociologia e Política 24, no. 60 (2016): 47-68, https://doi.org/10.1590/1678-987316246005; Eliana-Valeria Fucili, "Notas para el análisis de los perfiles y trayectorias políticas. El estudio de los elencos dirigentes de una provincia del interior argentino (Mendoza, 1852-1900)", Historia y Sociedad, no. 34 (2018): 147-173, https://doi.org/10.15446/hys.n34.66549

65Fucili, "Notas para", 147-173.

66Urquijo et al, "De la biografía a la prosopografía", 193-221.

67Rubí i Casals, "Les bases de dades", 174-200.

68Codato et al., "Regime político", 51.

69Soares-Braga e Nicolás, "Prosopograia a partir", 107-130.

70Sabino Perea-Yébenes, "Triumphatores ex Hispania (36-26 a. C.) in the Fasti Triumphales", Gerión. Revista de Historia Antigua 35 (2017): 121-149, https://doi.org/10.5209/GERI.56141

71Francisco Andújar-Castillo, "Capitanes generales y capitanías generales en el siglo XVIII", Revista de Historia Moderna, no. 22 (2004): 291-320, https://doi.org/10.14198/RHM2004.22.10

72Andoni Artola-Renedo, "El rey o el papa. La crisis de lealtades del alto clero español a través de la controversia de 1799 en la Rota de la Nunciatura", Anuario de Historia de la Iglesia, no. 27 (2018): 377-403, https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6672230

73Francesco Camia, "Per una prosopograia dei sacerdoti e delle sacerdotesse ateniesi in età imperiale: note preliminari", Axon, no. 2 (2019): 87-102, https://doi.org/10.30687/axon/2532-6848/2019/02/006

74Francesc Villanueva-Serrano, "Una perspectiva prosopogràica dels oicis musicals de la Catedral de València en temps de Guillem de Podio, 1480-1505", Anuario Musical, no. 72 (2017): 9-50, https://doi.org/10.3989/anuariomusical.2017.72.01

75Francieli Lunelli-Santos e José-Augusto Leandro, "Women from the Federation of Societies for the Care of Lepers and Defense Against Leprosy, 1926-1947", História, Ciências, Saúde-Manguinhos 26, no. 1 (2019): 5778, https://doi.org/10.1590/S0104-59702019000500004

76Gloria-Ángeles Franco-Rubio, "Educación femenina y prosopografía: las alumnas del colegio de las Salesas Reales en el siglo XVIII", Cuadernos de Historia Moderna 19 (1997): 171-181, https://revistas.ucm.es/index.php/CHMO/article/view/CHMO9797220171A

77Tilly, "A história social", 13-32.

78Daniela Bessa-Puccini, "Monetary liturgy at Cyrene in the IV BC", Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia no. 25 (2015): 61-82.

79María-Pilar González-Conde Puente, "Inscripciones funerarias colectivas de época romana en el distrito de Castelo Branco (Portugal)", Lucentum, nos. 14/16 (1995/1997): 113-118, http://doi.org/10.14198/LVCENTVM1995-1997.14-16.07

80José-María Sánchez-Benito, "Estructura social de un pueblo de Castilla en época de los Reyes Católicos: Fuentes, aldea de Cuenca", En la España Medieval 31 (2008): 97-122, https://revistas.ucm.es/index.php/ELEM/article/view/ELEM0808110097A

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84Pierre Bourdieu, "Uma revolução conservadora na edição", Política & Sociedade 17, no. 39 (2018): 7-16, https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v17n39p198

85Soares-Braga e Nicolás, "Prosopograia a partir", 107-130.

86Amélia Siegel-Corrêa, "Imprensa política e pensamento republicano no Paraná no inal do XIX", Revista de Sociologia e Política 17, no. 32 (2009): 139-158, https://doi.org/10.1590/S0104-44782009000100009

87Tilly, "A história social", 13-32.

88Fernandes, "A metodologia", 11-21.

89Bourdieu, O senso.

90Fernandes. "A metodologia", 19.

91Fernandes. "A metodologia", 19.

92Siegel-Corrêa, "Imprensa política", 139-158.

93Stone, "Prosopograia", 115.

94Tilly, "A história social", 13-32.

95Bourdieu,"Uma revolução", 7-16.

96Charle, "Paris/Berlim", 21-61.

97Frederico de Almeida, "Os juristas e a política no Brasil: permanências e reposicionamentos", Lua Nova: Revista de Cultura e Política, no. 97 (2016): 213-250, https://doi.org/10.1590/0102-6445213-250/97

98Markus Pohlmann e Elizângela Valarini, "Elite econômica no Brasil: discussões acerca da internacionalização da carreira de executivos brasileiros", Revista de Sociologia e Política 21, no. 47 (2013): 39-53, https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/34471

99Codato et al., "Regime político", 47-68; Mariana Gené, "Sociología política de las elites. Apuntes sobre su abordaje a través de entrevistas", Revista de Sociologia e Política 22, no. 52 (2014): 97-119, https://doi.org/10.1590/1678-987314225207; Renato Perissinotto, "O conceito de estado desenvolvimentista e sua utilidade para os casos brasileiro e argentino", Revista de Sociologia e Política 22, no. 52 (2014): 59-75, https://doi.org/10.1590/1678-987314225205

100Fernandes. "A metodologia", 11-21.

101Lunelli-Santos e Leandro,"Women from the Federation", 57-78.

102Daniel-Augusto Arpelau-Orta, " Novos ramos de velho tronco. Relações de poder na Península Ibérica e nonorte de África a partir da escrita cronística e chancelar (Séc. XV)", Revista Diálogos Mediterrânicos, no. 5 (2013): 177-193, http://www.dialogosmediterranicos.com.br/index.php/RevistaDM/article/view/86

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104Bruna-Rafaela de Lima Lopes, "Academia dos católicos: patronos e primeiros acadêmicos da academia Norte-Rio-Grandense de Letras (1936-1938)", Revista Eletrônica História em Reflexão 10, no. 20 (2016): 58-75, https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao/article/view/6204

105Bezerra da Silva e Bontempi Júnior, "Elite maçônica", 130.

106Martínez-Álvarez, "La prosopografía", 1-12.

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Cómo citar / How to Cite Item: Ribeiro, Alexandra-Ferreira-Martins y Alboni-Marisa Dudeque-Pianovski-Vieira. "A prosopografia: estado do conhecimento acerca da metodologia no Brasil". Historia y Sociedad, no. 44 (2023): 203-230. https://doi.org/10.15446/hys.n44.101054

Recibido: 15 de Febrero de 2022; Aprobado: 07 de Junio de 2022; Revisado: 24 de Noviembre de 2022

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