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Palabra Clave

Print version ISSN 0122-8285

Palabra Clave vol.16 no.3 Chia Sept./Dec. 2013

 


As redes sociais e os novos fluxos de agendamento:
uma análise da cobertura da Al Jazeera sobre a Primavera Árabe

Gustavo Chaves Lopes1

1 Universidade de Brasília, Brasil.
jornal.gustavo@gmail.com

Recibido: 2013-06-25 - Envío a pares: 2013-06-26 - Aprobado por pares: 2013-07-10 - Aceptado: 2013-07-24



Resumo

O artigo tem como objetivo investigar o papel das redes sociais na construção da agenda midiática no contexto do movimento que ficou conhecido como Primavera Árabe. Para tanto, propomos a hipótese de que as redes sociais transferem sua saliência para a agenda midiática e criam, assim, novos fluxos de agendamento, bem como tensionam a concepção clássica da Teoria do Agendamento.

Palavras-chave

Redes sociais, notícias, movimento social, movimento de protesto, Primavera árabe. (Fonte: Tesouro da Unesco).



Las redes sociales y los nuevos flujos de programación:
un análisis de la cobertura de Al Jazeera sobre la primavera árabe

Resumen

El artículo tiene como objetivo investigar el papel de las redes sociales en la construcción de la agenda de los medios de comunicación en el contexto del movimiento que se conoce como la Primavera Árabe. Con este fin, proponemos la hipótesis de que las redes sociales transieren su agenda a los medios creando nuevos lujos de agendamiento y concordancia con la concepción clásica de la Teoría de la Agenda.

Palabras clave

Redes sociales, noticias, movimiento social, movimiento de protesta, primavera árabe. (Fuente: Tesauro de la Unesco).



Social Networks and New Scheduling Flows:
An Analysis of Al Jazeera Coverage of the Arab Spring

Abstract

The article examines the role of social networks in building the media's agenda in the context of the movement known as the Arab Spring. With that objective in mind, the authors offer the hypothesis that social networks transfer their agenda to the media by creating new scheduling flows and concurrence with the classical conception of the agenda-setting theory.

Keywords

Social networks, news, social movement, protest movement Arab Spring (Source: UNESCO Thesaurus).



Introdução

A temática das redes sociais como ferramentas de mobilização política da sociedade vem despertando o interesse e o debate na mídia2, na academia e no público de forma geral. Este tipo de manifestação ganha grande repercussão a partir do final do ano de 2010 e início do ano de 2011, em países do norte da África, se multiplicam pela Europa, Estados Unidos da América e em várias partes do mundo. Em 2013 chegaram ao Brasil e é cada vez mais frequente identificar a presença (ou a tentativa) de mobilizações em diversos países, motivadas por diferentes demandas, que utilizam as redes sociais com potencial nível de penetração na sociedade.

Essas mobilizações, que Castells (2011) chama de wikirevoluções, modificaram o luxo de informação tradicional e passaram, elas mesmas a produzir e consumir o conteúdo informativo por elas publicizado. Este artigo trata, portanto, dessas modificações e sua influência na possível alteração no agendamento tradicional da mídia, descrito nos estudos iniciais de McCombs e Shaw (1972, p. 176-187) estabelece, a partir dessas mobilizações, a pauta da imprensa. Neste artigo usaremos como objeto empírico a Primavera Árabe, um movimento iniciado em dezembro de 2010, na Tunísia. O fator desencadeante foi a autoimolação do vendedor ambulante Mohamed Bouazizi, na cidade de Sidi Bouzidi, em protesto contra a corrupção policial. Milhares de manifestantes tunisianos saíram às ruas para protestar contra o governo do presidente Zine el-Abdine Ben Ali, que não resistiu à pressão popular e buscou exílio da Arábia Saudita. O exemplo da Tunísia encorajou outros países da região a seguir o mesmo caminho. Em poucos dias, o Mundo Árabe3 foi sacudido por ondas revolucionárias que repercutiram em todo o planeta. Logo, Egito, Líbia, Iêmen, Jordânia, viram suas populações nas ruas exigindo reformas políticas. Em pouco tempo, os governos foram depostos nestes países. Omã, Jordânia, Marrocos, Argélia, Arábia Saudita, entre outros países da região, sentiram a força das revoltas populares, ainda que com menor intensidade.

Em comum nessas manifestações, resguardadas as demandas características de cada país, o fato de os manifestantes terem se utilizado das redes sociais para se mobilizar e driblar a censura imposta pelos governantes nos meios de comunicação locais e que também dificultou o trabalho da imprensa internacional.

"A habilidade de influenciar a saliência dos tópicos da agenda pública veio a ser chamada de função de agendamento dos veículos noticiosos. [...] A agenda da mídia torna-se, em boa medida, a agenda do público" (McCOMBS, 2009, p. 18). Com essa afirmação o autor explica, resumidamente, o efeito esperado pela Teoria do Agendamento. O que propomos com este trabalho é, justamente, pensar em um novo luxo desse agendamento. Assim, a agenda do público (em nossa hipótese) pode tornar-se a agenda da mídia. Dito de outra forma, as redes sociais teriam conseguido transmitir sua saliência para a agenda midiática. Portanto, a Teoria da Agenda (agenda-seting, que muitos autores ainda entendem como hipótese) permanece como o principal referencial teórico a ser utilizado neste trabalho, ainda que com um enfoque diferente da proposta clássica da teoria.


Metodologia

O foco da análise colocou-se sobre um corpus neutro: o portal em inglês da rede catariana Al Jazeera, também chamado AJE. Essa escolha deu-se não apenas pelo distanciamento político dos eventos, já que o Catar não registrou manifestações significativas da Primavera, mas também (e principalmente) pela forma com que a emissora lidou com o conteúdo produzido pelos manifestantes nas redes sociais. Marc Lynch (2011), especialista em Oriente Médio, afirmou em artigo no site foreignpolicy.com que "a Al Ja-zeera se adaptou ao novo ambiente midiático ao recorrer rápida e criativamente aos conteúdos gerados pelo público". Veremos mais adiante de que forma se deu essa apropriação.

A decisão de nos debruçarmos sobre os eventos da Primavera Árabe -um evento tão distante (cultural e geograficamente) da realidade brasileira e latino-americana- e elegê-los como objeto empírico se deu por vários motivos. Entre eles podemos citar o fato de os países do chamado Mundo Árabe viverem sob regimes ditatoriais e, portanto, sob variados níveis de censura. Nesse caso, a alternativa encontrada pelos manifestantes para expressar suas demandas, ao estabelecerem novas agendas, despertou interesse e propôs diversas indagações. Além disso, o caráter continuado do movimento lhe dá um escopo mais abrangente e sólido, bem como oferece vários ângulos para ser encarado.

Outro motivo é o fato de que as manifestações ocorridas naquela região foram, de alguma maneira, exportadas para diversas partes do mundo: o Ocuppy Wall Street4 (EUA) e o Indignados5 (Espanha) são alguns dos exemplos de movimentos tributários da Primavera Árabe, que se tornou um marco desse modelo de mobilização social. Some-se a isso a importância histórica e a surpresa causada pela intensidade das manifestações:

Tais acontecimentos no Mundo Árabe surpreenderam, chocaram e impressionaram pessoas de todo o mundo. [...] Diplomatas e analistas de política externa ficaram surpresos e estupefatos. Ninguém antecipou a velocidade e a escala da mudança na região. Ninguém intuiu, previu ou imaginou tais acontecimentos (Puddephat, 2011, p. 19).

Dentro deste cenário, para delimitar a área de pesquisa, nos ocuparemos em especial do Egito. A princípio, cabe dizer que esse é um dos principais países árabes; vivia sob o regime ditatorial do presidente Hosni Mubarak há mais de 30 anos; tem forte influência na região e guarda as características que entendemos ideais para a análise que propomos: meios de comunicação sob o controle do estado, mobilização significativa da sociedade através das redes sociais, forte ressonância na mídia internacional, entre outros motivos. Delimitando ainda mais o corpus, analisaremos as notícias sobre esse tema publicadas no AJE entre os dias 25 de janeiro e 11 de fevereiro de 2011, ou seja, desde o início das manifestações até a renúncia de Mubarak.

A hipótese central de nossa pesquisa é, portanto, de que há uma correlação positiva entre os assuntos que tiveram destaque nas redes sociais e as matérias publicadas no portal da rede Al Jazeera. Em outras palavras, as redes sociais transferem sua saliência para a agenda midiática e criam, assim, novos luxos de agendamento, bem como tencionam a concepção clássica da Teoria do Agendamento, de que a mídia determina quais os assuntos merecem a atenção do público.

Assim, em nossa hipótese, foram as redes sociais que estabeleceram a agenda midiática, dentro do contexto da Primavera Árabe, e criaram um novo fluxo de agendamento. Além dessa hipótese central (A), podemos elencar outras, de forma a complementá-la:

B) as informações geradas pelos manifestantes da Primavera Árabe, publicadas nas redes sociais, foram reproduzidas no portal da rede Al Jazeera, que utilizou conteúdos produzidos pelo público e estabeleceu, assim, uma eventual inversão de agendamento;

C) no contexto da Primavera Árabe, os assuntos mais relevantes das redes sociais determinaram as pautas do portal da Al Jazeera.

Essas verificações têm como objetivo principal analisar de que forma (e se) as redes sociais engendraram um novo fluxo de agendamento. Além desse objetivo central, outros serviram como diretrizes na produção deste artigo:

  • entender como se deu o processo desse possível novo fluxo de agendamento;

  • definir características que identifiquem a mobilização social originada a partir das redes sociais durante os protestos da Primavera Árabe e que inspiraram manifestações semelhantes em outras partes do mundo.

Para cumprir estes objetivos, escolhemos a análise de conteúdo como ferramenta metodológica, que se baseia no critério de presença-ausência (Bardin, 1977). Estabelecemos também algumas categorias de análise que buscam, mostrar como as notícias analisadas continham (ou não) elementos que confirmem nossa teoria de que um novo luxo de agendamento se estabeleceu. Assim, verificamos se havia no material analisado:

  1. evidências de que a matéria havia sido pautada pelas redes sociais;

  2. utilização de usuários de redes sociais como fontes;

  3. utilização de material proveniente das redes sociais, tais como: textos, áudios, vídeos, fotos, etc.

As evidências da inluência das redes sociais nas pautas nos permitiu verificar uma eventual transferência da saliência daquelas para a agenda midiática. A confirmação do uso de material produzido nas redes sociais poderia reforçar nossa hipótese. E a utilização, como fontes, dos usuários das redes sociais, notadamente os manifestantes, nos ajuda a compreender de que forma a mídia (no caso, o portal da Al Jazeera) é influenciada por essas novas tecnologias da informação.

Esperamos que esta análise nos permita uma compreensão ampla, ainda que por meio de um recorte limitado, do impacto das redes sociais na construção da agenda midiática. Com isso, queremos verificar nossa hipótese de que as redes sociais transferem sua saliência para a agenda midiática.


Novo cenário

Como dissemos, na maioria dos países do Mundo Árabe, a mídia é (ou era) dominada pelos governos que, por sua vez, estavam muito longe do que conhecemos por democracia. Assim, as redes sociais "semearam a palavra democrática nos ventos da história" (Bénildes, 2011, p. 37) e estabeleceram um canal alternativo de notícias que passaram a pautar a mídia, sobretudo a internacional, que as utilizou como fonte, tanto para realizar a apuração dos fatos em primeira mão quanto na tentativa de furar os bloqueios e a contrainformação da mídia oicial. Ambas as motivações estão fortemente ligadas ao caráter abrangente das redes sociais, mas também guardam certos riscos à produção da notícia.

Ao partir do pressuposto de que o modelo de agendamento delineado pelo uso das redes sociais durante a Primavera Árabe é relexo do novo modelo de mobilização social, pretende-se analisar quais características convergem e, talvez, quais são conlitantes entre o modelo de "auto-organização" da sociedade e a desconstrução do modelo institucionalizado, da sobredeterminação da mídia na agenda da sociedade.

As redes sociais são parte da Web 2.0: uma segunda geração caracterizada por uma nova forma de usar a internet, baseada em ambientes interativos, participativos e de construção coletiva de conteúdo. As redes sociais são um dos elementos que caracterizam essa nova geração de serviços.

Com a incorporação da Web 2.0 às rotinas produtivas do jornalismo, perceberíamos uma inversão da hipótese do agendamento. À primeira vista, a hipótese de agendamento sofreria essa inversão à medida que os jornalistas são influenciados pelos assuntos que estão sendo debatidos pela sociedade, por meio das redes virtuais. A mídia estaria sendo pautada pelo que a sociedade veicula através das ferramentas disponibilizadas pelas redes sociais.

O modo tradicional de considerar a relação entre jornalismo e democracia considerava que os jornalistas deveriam relatar, os cidadãos leriam esses relatos, e alguma forma de opinião pública deveria formar-se, de modo a facilitar a articulação da vontade popular com ação política. (Ferreira, 2012).

Identificam-se, portanto, no evento denominado Primavera Árabe, elementos suficientes à análise crítica sobre o lugar de fala de "quem pauta quem", uma vez que é possível discutir o aspecto híbrido adquirido pela díade emissor-receptor: a interferência da mídia oicial; a informação concorrente de jornalistas blogueiros e ligados a determinados grupos midiáticos; o preconizado anonimato da web ante a personificação dos perfis que compõem as comunidades virtuais; o sincronismo das informações divulgadas nas redes sociais e a questão da verificação da fonte, ao passar pela concepção da web como ferramenta de emancipação democrática; seriam alguns dos pontos que também poderiam compor esta análise.

Dessa forma, percebe-se a determinação da agenda mídia sob a influência das redes sociais, em contraponto com a mídia oficial (tutelada pelo Estado) e a mídia internacional (notadamente o portal em inglês da rede catariana Al Jazeera), tendo como cenário uma wikirevolução, em que a "transformação das tecnologias de comunicação cria novas possibilidades para a auto-organização e a automobilização da sociedade, superando as barreiras da censura e repressão impostas pelo Estado" (Castells, 2011).

A crença de que tudo o que fosse publicado na internet poderia ser visto pelo mundo inteiro sustentou, por muito tempo, a hipótese de que a democratização da comunicação iria se consolidar, que todo indivíduo teria a possibilidade de ser ouvido. Embora essa crença tivesse, na realidade, muitas condicionantes, o surgimento da Web 2.0 contribuiu para a democracia do uso da internet e potencializou essa capacidade.

A criação de blogs, sites de compartilhamento e, sobretudo, das redes sociais criou um novo cenário e ampliou, não apenas o acesso à informação, mas também possibilitou a produção de conteúdo (informativo ou não) pelos usuários, o que multiplicou exponencialmente as opções de fontes. Esta é a mudança fundamental que levaria à revisão das rotinas produtivas no jornalismo.

O caso da Primavera Árabe, ainda que não seja o primeiro (vide Revolução Verde6, no Irã, entre outros casos), é, sem dúvida, o mais emblemático. A partir de um modelo de mobilização que se manifestou na Tunísia e foi replicado em quase todo o Mundo Árabe, a população daqueles países saiu em massa às ruas exigindo mudanças estruturais na política, na sociedade e na economia.

Todos os países árabes envolvidos nestas manifestações vivem (ou viviam) sob variados níveis de censura e totalitarismo. Embora haja um maior ou menor grau de garantias individuais, em nenhum deles se permite a plena liberdade de imprensa ou de expressão. Como lembra Andrew Puddephat, em artigo na revista Política Externa, "há muito tempo os meios de comunicação no Mundo Árabe estão sob controle estatal" (2011, p. 20). Dessa forma, para poder se organizar politicamente e coordenar as manifestações, os jovens lançaram mão das redes sociais como ferramentas de mobilização. Continua Puddephat:

Assim, as mídias digitais ofereciam uma saída para a livre expressão que as mídias tradicionais, monitoradas e controladas pelo governo, não podiam oferecer. O conteúdo compartilhado entre as nações árabes e o resto do mundo incluía vídeos e imagens de pessoas de todas as classes, capturadas por telefones celulares e câmeras digitais (Puddephat, 2011, p. 20).

Enquanto as mídias locais ignoravam os protestos, e os jornalistas estrangeiros eram expulsos, presos ou impossibilitados de realizar seu trabalho, as redes sociais (notadamente Twitter e Facebook) assumiram o papel de fontes de informação e notícia, abastecidas pelos próprios cidadãos, e furaram o bloqueio imposto pelos canais tradicionais de comunicação. Para a jornalista francesa Marie Bénilde (2011) "se hoje a informação pode contornar a censura, escapar de qualquer contingência e ser amplamente divulgada, é graças à internet e aos espaços de compartilhamento constituídos pelas redes sociais".

Embora se refira a outro acontecimento (o 11 de setembro), a descrição de Gillmor (2004) para essa nova lógica de produção de notícias se encaixa com perfeição nesse caso:

[...] desta vez, estava a acontecer mais qualquer coisa, algo de profundo: as notícias estavam a ser produzidas por pessoas comuns, que tinham pormenores a relatar e imagens para mostrar, e não apenas pelas agências de notícias "oficiosas" que, tradicionalmente, costumavam produzir a primeira versão da história. Desta vez, o primeiro esboço estava a ser escrito, em parte, por aqueles a quem as notícias se destinavam. Uma situação tornada possível - era inevitável - pelas novas ferramentas de comunicação disponíveis na Internet (Gillmor, 2004, p. 12).

O uso massivo das redes sociais, notadamente Twiter e Facebook, tornou-se fonte para a mídia do mundo inteiro, que não tinha acesso ao que estava acontecendo no Mundo Árabe. Em tempo real, textos, fotos e vídeos eram postados nos servidores do Twitter, Facebook e Youtube, o que possibilitou ao mundo ter acesso aos acontecimentos e conhecer a real dimensão das manifestações. As redes sociais assumiram assim o papel de garantidores da liberdade de expressão, liberdade de informação e, até mesmo, da liberdade de imprensa.

Salaverría e Negredo (2008) falam de uma nova relação com o público, de um novo peril do jornalista nesse processo de convergência midiática. Segundo os autores, o proissional do jornalismo deveria abandonar a visão unidirecional do processo de comunicação e olhá-lo e praticá-lo de forma multidirecional. Diante dessas mudanças estruturais dos processos de comunicação, observa-se que o uso das redes sociais como fonte noticiosa impacta o fazer jornalístico.


Novos fluxos

No intento de testar nossos procedimentos metodológicos e nossas categorias de análise, investigamos um período específico e delimitado para compor nosso corpus, que abrange do dia 25 de janeiro a 11 de fevereiro de 2011. Nesse escopo, buscamos as notícias que tratassem do tema objeto de nosso estudo, a Primavera Árabe, e que permitissem o nosso recorte mais específico, ou seja, os eventos que aconteceram no Egito. Esse recorte temporal coincide com o início dos protestos até a renúncia do Presidente Hosni Mubarak.

Assim, relacionamos 30 matérias que atendiam as nossas especificidades de pesquisa. Vale ressaltar que, durante alguns dias desse período, o Egito icou sem internet, em uma tentativa do regime Mubarak de evitar a mobilização e a divulgação dos acontecimentos no país. De toda forma, o material coletado nos permite uma investigação abrangente de nosso corpus.

As primeiras matérias falam do início dos enfrentamentos entre a polícia e manifestantes, que escolheram esse dia (25/1) justamente por ser uma data em homenagem às forças policiais, que eram as principais bases de sustentação do regime do então presidente Hosni Mubarak.

Em contato com a repórter Rawya Rageh, correspondente da Al Jazeera no Cairo, ele confirma que muitas das matérias no início dos protestos foram pautadas pelas redes sociais, que permitiam saber quando e onde as manifestações aconteceriam, além de indicar potenciais fontes para entrevistas. Percebe-se, na primeira matéria analisada, por exemplo, a presença de todas as categorias de análise escolhidas para essa investigação: pautada pelas redes sociais, como afirma a própria jornalista; texto (há trechos retirados de redes sociais) e fonte (há relatos de fontes via redes sociais).

Em seguida, porém, temos um caso sui generis. A seguinte manchete apareceu nos mecanismos de busca do portal da Al Jazeera: Egyptian uprising escalates (Revolta egípcia se intensifica). Ao clicarmos na manchete fomos encaminhados para outro site. Trata-se do Storify.com, uma ferramenta que permite a criação de histórias através de material publicado em redes sociais. A Al Jazeera, nesse caso, encaminhou o conteúdo que estava recebendo de seu público para esse site que, automaticamente, montou um mosaico de relatos sobre os eventos que estavam se desenrolando no Egito.

Isso nos levou a uma busca mais aprofundada sobre o uso dessa ferramenta no portal, nos desviando momentaneamente de nosso objeto. Nessa pesquisa sobre o Storify.com, encontramos uma entrevista de Ahmed Shibab Eldin, produtor e apresentador do programa The Stream, da Al Jazeera, concedida ao The New York Times (2011). Eldin diz que o Storify se tornou uma espécie de roteiro do programa (que trata basicamente de redes sociais): "Nós sabíamos que precisávamos nos beneficiar dessa realidade que a indústria (de conteúdo) está enfrentando, de que nós não temos mais exclusividade sobre o compartilhamento e a publicação de informações".

Seja como for, nossa segunda matéria em análise foi completamente construída via redes sociais, com 24 relatos (em texto, vídeo, etc.) que tiveram quase 100 mil visualizações.

A terceira matéria analisada nos levou a uma adequação do filtro que utilizamos na pesquisa, pois novamente o uso massivo de conteúdo originário de redes sociais foi constatado. Nesse caso, com o sugestivo título de Egypt's protests on Twitter (Protestos egípcios no Twitter), o subtítulo diz o seguinte, em tradução livre: a equipe da Al Jazeera segue os desdobramentos dos protestos antigovernamentais no fatídico 25 de janeiro. E abaixo simplesmente retransmite os tweets dos manifestantes. Dentro da lógica do Storify, é mais uma matéria totalmente construída com conteúdo gerado nas redes sociais.

Dessa forma, passamos a descartar as matérias que tivessem essa lógica de produção, pois fugiria da nossa hipótese de que as redes sociais influenciam a agenda da mídia. Nesse caso, era apenas a publicação dos conteúdos das redes sociais na plataforma midiática, e não a construção jornalística baseada nesses conteúdos. Parece-nos que o portal ainda buscava se adequar à nova realidade que o produtor Ahmed referia. Com a intensificação da revolta no Egito, percebe-se a tentativa de produzir um jornalismo mais tradicional, ainda que recorrendo ao material das redes sociais.

Ainda que houvesse esse resgate de um jornalismo mais ortodoxo, a Al Jazeera utilizou-se fartamente do conteúdo gerado pelos manifestantes nas redes sociais para a produção de suas reportagens. Das 30 matérias analisadas, apenas em uma (Spy chief made Mubarak deputy, 31/1) não observamos a presença de nenhuma de nossas categorias de análise.

De resto, em 14 das matérias analisadas verificou-se a influência das redes sociais na construção da pauta. Ou seja, assuntos em destaque nas redes inspiraram a construção das matérias, como atesta a própria equipe da Al Jazeera. Além disso, 27 matérias utilizavam usuários de redes sociais como fontes das reportagens, e 29 se apropriaram, de alguma maneira, de conteúdo gerado nas redes sociais (textos, fotos, vídeos, etc.) na produção da notícia.

Essa amostra nos permite sugerir que há uma tendência de confirmação de nossa hipótese. No entanto, a ideia de que há uma correlação positiva entre a saliência das redes sociais e a pauta midiática, não se observa de maneira decisiva, o que indica a necessidade de uma análise mais aprofundada.

Ainda assim, as categorias de análise "uso de fontes" e "uso de recursos" teve uma correlação bem mais significativa, da ordem de 86% e 93%, respectivamente, o que constata uma verificação no corpus pesquisado. O que permite supor que, ainda que não haja uma determinante transferência da saliência (46%), o fazer jornalístico se modificou no caso concreto, com a utilização de novos elementos na produção da notícia.

Ryad Mint, gerente de redes sociais da Al Jazeera, airma que:

En el inicio de las revueltas no teníamos a nadie en Túnez, porque no estaba permitida nuestra presencia allí. Realmente sólo podíamos contar con los ciudadanos, que estaban subiendo vídeos y fotos en las redes. Nosotros amplificamos su voz. Fue crucial para nuestra cobertura. Y cara al futuro pretendemos reforzarlo. La gente tiene las herramientas para publicar y lo hace (Mint, 2011, El País).

Esse uso que se observa de modernas tecnologias pelos cidadãos comuns (não especialistas) foi possível através do que Walter Benjamin (1985) chamou de "apropriação da técnica". Ou seja, a banalização da técnica permitiu que a massa tivesse acesso aos meios de comunicação e passasse, ela mesma, a comunicar. Uma leitura possível é que ela possibilitaria um empoderamento da sociedade através desses atributos técnicos que estavam então disponibilizados. O que não significa dizer que essa apropriação fosse sempre positiva, mas permitia certa emancipação.

No entanto, essa possibilidade de resistência e participação política através da tecnologia e dos meios de comunicação já havia sido proposta por Brecht, como nos fala Muniz Sodré:

Bem antes de McLuham, já a partir da segunda década deste século, o dramaturgo e poeta alemão Bertold Brecht apresentava, com seu panfleto intitulado "teoria do rádio", a utopia tecnológica de uma sociedade conversacional, dialógica, em que, por meio da radiodifusão, todos poderiam conluir para um consenso, e as massas poderiam exigir diretamente prestações de contas ao Estado (Sodré, 2002, p. 72). Aqui nos parece que há uma aproximação mais precisa do que este artigo propõe: a tecnologia, nomeadamente as relacionadas à comunicação, que potencializa um ideal de emancipação cidadã e participação política que possibilitaria, enim, a democratização da informação, com a sociedade falando por si mesma. Não se pretende supor que as redes sociais sejam o Santo Graal da sociedade contemporânea - longe disso. Parece-nos, porém, que elas tornam mais eficazes uma mobilização que é gerada, essencialmente, no âmbito da realidade social. Não são elas que criam a revolução, mas elas se constituem em mais uma ferramenta (ou arma, se preferirmos) de empodera-mento da sociedade.

Em Comunicação nos movimentos populares, Cicilia Peruzzo dizia, ainda nos primórdios da internet, que, "na prática, os meios de comunicação popular, apesar de sua importância e de seu significado político, não chegam a colocar-se como forças superadoras dos meios massivos" (Peruzzo, 1998, p. 130). Parece -nos que, enim, os meios de comunicação popular (aqui entendidos como as redes sociais, sobretudo) superaram os meios massivos, possivelmente engendrando uma inversão da hipótese do agendamento.

É possível reconhecê-las, portanto, como uma mídia alternativa, proporcionando um espaço de publicização à margem da imprensa alinhada (muitas vezes) ao status quo. Muniz Sodré alerta que "em certos espaços nacionais, a autocensura jornalística, imposta pelos proprietários em função de seus interesses empresariais, pode ser tão ou mais severa que o controle do Estado" (Sodré, 2002, p. 74).


Conclusões

Parece-nos, portanto, que, embora ainda não haja um alinhamento automático entre a saliência das redes sociais e a agenda midiática, aquelas influenciam cada vez mais esta. E isso se mostra como uma tendência irreversível. O caso da Al Jazeera é apenas um exemplo de como as redes sociais têm conseguido pautar a mídia tradicional, o que estabelece uma inversão no luxo das notícias. O público passa, dessa forma, a pautar a mídia invertendo a fórmula clássica da Teoria do Agendamento e criando novos fluxos na construção da pauta midiática.

Essa tendência se configura como uma mudança estrutural na práxis jornalística, ainda que sem contornos definidos. Cria-se, assim, um cenário que traz desafios ao trabalho do jornalista e do jornalismo, que precisará apropriar-se desse novo contexto de produção de informação para manterse relevante como mediador da sociedade. E parece também que torna mais democrático o processo comunicativo, com mais atores interferindo no conteúdo informativo e construindo o produto final do jornalismo, a notícia.

Além disso, a criação de novos fluxos de agendamento representa um avanço social, pois tira da imprensa o monopólio da voz e quebra uma hegemonia que perdurou por décadas (ou séculos), quando ao leitor cabia apenas receber passivamente as notícias produzidas pelo jornalismo. Se ele mesmo se tornará um jornalista, como querem os defensores do jornalismo cidadão, ainda não está claro. Mas é certo que ele já não é mais um simples receptor.


2 Utilizaremos neste trabalho o significado de mídia referenciado na Enciclopédia Básica da Mídia Eletrônica: Mídia 1. Meios de comunicação (rádio, televisão, jornal, etc.). (Pizzotti, 2003, p. 175).

3 O conceito de Mundo Árabe remonta ao início do movimento arabista no final do século XIX e início do XX. Abrange geograficamente a região do Magreb, que indica o "poente" (da Líbia à Mauritânia); do Macherq, o "levante" (que vai do Egito ao Iraque); e o Khalíf (Estados do Golfo e da Península Arábica) (Farah, 2011). A expressão é comumente atribuída a Michel 'Aflaq, fundador do partido Baath (Ferabolli, 2009).

4 O Ocuppy Wall Street foi um movimento que surgiu em setembro de 2011 nos Estados Unidos com o objetivo, basicamente, protestar contra o sistema inanceiro.

5 Manifestações iniciadas na Espanha, em maio de 2011, que protestavam contra o sistema político, o desemprego e a corrupção no governo.

6 Em 2009, manifestantes iranianos se mobilizaram através das redes sociais e de mensagens de SMS para protestar contra o resultado das eleições presidenciais que deram a vitória a Mahmoud Ahmadinejad.



Referências

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Para citar este artículo / To reference this article / Para citar este artigo

Chaves Lopes, G. Diciembre de 2013. As redes sociais e os novos fluxos de agendamento: uma análise da cobertura da Al Jazeera sobre a Primavera Árabe. Palabra Clave 16 (3), 789 - 811.

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