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Cuadernos de Contabilidad

versión impresa ISSN 0123-1472

Cuad. Contab. v.10 n.27 Bogotá jul./dic. 2009

 

Editorial

Produção intelectual e interdisciplinaridade

A Conferência Mundial sobre Educação Superior Novas dinâmicas da educação superior e da investigação para a mudança social e o desenvolvimento, celebrada em Paris, França, entre os dias 5 e 8 de julho de 2009, na qual se deram cita docentes, estudantes, reitores, ministros e demais atores para a discussão de temas que se referem à educação superior, propôsaos Estados que fizeram parte do encontro, entre outros desafios, desenvolver sistemas de investigação que promoveram a interdisciplinaridade com intenção de alcançar o desenvolvimento de uma sociedade do conhecimento integradora.1

A interdisciplinaridade tem convertido em um desafio ao que a educação deve dar resposta para contribuir ao desenvolvimento social. É então um novo desafio para instituições, educadores e estudantes, que não foi apresentado faz 10 anos, quando se levou a cabo a versão anterior da conferência em menção e que definiu os desafios em matêria de educação superior para os anos prévios a 2009.

Como novo desafio para a educação superior, a interdisciplinaridade procura que todos os agentes que intervêm no processo de formação, incluindo aos mesmos estudantes, podam optar por novas formas de conhecer a realidade por meio da interação entre as diferentes disciplinas, de tal forma que obtenham uma visão global dos acontecimentos e não uma posição dogmática baseada em uma sõ arista do desenvolvimento social.

Para o caso da educação superior, um processo de ensino-aprendizagem interdisciplinar faz possível vislumbrar novas possibilidades da formação profissional, se o tem em conta que precisamente esta nova forma de conceber e abordar a realidade permite –na medida em que docentes, estudantes e instituições se o propunham– eliminar as barreiras e unificar os blocos rígidos construídos pelas diferentes disciplinas, de tal sorte que a compreensão dos fenômenos sociais se deu desde perspectivos muito mais flexíveis e áreas de conhecimento diversas.

Este processo de mudança requer universidades que se transformem em espaços propiciadores de relações interdisciplinares, educadores facilitadores e co-autores de seu desenvolvimento, e estudantes que estejam conscientes de que este tipo de formação lhes permite evidenciar a necessidade de desenvolver habilidades para compreender e enfrentar a realidade de forma interdisciplinar. Assim, os estudantes se convertem em um mecanismo de controle coincidente dentro de seu processo formativo na medida em que exijam instituições e docentes com as características de um modelo interdisciplinar.

Não obstante, isto implicaria ademais um processo prévio no que os estudantes houvessem podido ser partícipes de atividades ou experiências que traçaram a rota para modificar a forma como assume seu processo de aprendizagem e no que os docentes assumiram seu rol de maneira diferente, de maneira que já não sõ sua disciplina vértice marque os lineamentos para compreender a realidade senão que, a partir das inter-relações com os demais saberes, estudantes e docentes logrem uma aproximação com o ambiente social de maneira holística.

O anterior forma um ciclo no qual as características de um dependem do outro. O estudante, como controle, exigirá em seu processo de formação e a seus docentes uma educação de caráter interdisciplinar na que primem o saber, o pensar, o reflexionar, o compreender e o propor por cima do fazer e do obrigar. Contudo, ao mesmo tempo ou, no melhor dos casos, prévio a isto, o docente deve ter propiciado espaços e ferramentas de aprendizagem que conscientizem aos estudantes da importância deste tipo de ensino para o exercício da Contadoria Pública como profissão com alto impacto social.

Não obstante, esta inter-relação não pode ser concebida sem uma mudança de visão, de estilo e de forma de conceber a disciplina contábil, o profissional e a profissão. A mudança de paradigma é o ponto de partida para que a comunidade contábil –da que estudantes e docentes fazem parte– e a sociedade em feral concebam a contabilidade, ao contador público e a Contadoria como profissão, já não sõ desde uma perspectiva técnica e funcionalista com características netamente positivistas, senão como agentes propiciadores do desenvolvimento social.

Além das condições físicas ou da estrutura curricular que possa oferecer a Universidade para a formação dos profissionais em Contadoria Pública, a troca de enfoque unicamente pode ser uma realidade na medida em que os agentes formadores e em formação o decidam deste modo. Ao oferecer um programa multidisciplinar, as universidades permitem que as ferramentas –pelo menos em quanto ao currículo– sejam dadas para conseguir que a formação do profissional seja interdisciplinar. A diferença de estar em um enfoque multidisciplinar ou interdisciplinar fica na forma como os diferentes agentes que intervêm neste processo assumem a formação profissional, que não é mais que o resultado da concepção que cada um tenha sobre a disciplina e a profissão em cada caso particular.

O problema não é então, a busca de pontos específicos nos quais as disciplinas possam convergir para dar uma compreensão global da realidade, porque –de fato– a natureza complexa desta em si já supõe muitos campos e visões desde os quais se podem abordar e necessariamente implica a compreensão de mais de um para alcançar isto. O problema é o fato de encontrar docentes e estudantes que ainda vejam a contabilidade sõ como uma ferramenta para medir e dar conta de benefícios econômicos sem importar as repercussões sociais ou ambientais que isso tenha, por mencionar algum dos campos, e na profissão uma possibilidade de desenvolver habilidades netamente técnicas para obter o dinheiro suficiente que justifique o esforço, o tempo e os recursos econômicos invertidos em sua formação ou para cumprir exigências legais.

Tal como o assegura Adela Cortina em seu artigo O futuro das humanidades, os problemas sociais ultrapassam tudo o que uma única disciplina possa solucionar e nessa medida, cada vez mais projetos, investigações e pesquisas requerem o acompanhamento de outras disciplinas complementarias.

Para esta mesma autora é fundamental contar com "autênticos profissionais" que não sõ sejam grandes conhecedores da técnica, senão que de maneira intrínseca sejam indivíduos preocupados pela sociedade em geral, pelos objetivos e não sõ pelos meios.2

Alcançar a interdisciplinaridade implicaria então um exercício de reflexão no qual tanto docentes quanto estudantes re-apresentem os paradigmas e imaginários adotados como certos ao longo de sue processo de formação e durante o exercício de sua profissão, no caso dos primeiros. Uma ruptura epistemolõgica que propicie o ambiente necessário para o desenvolvimento do pensamento.3

De não ser assim, o pensamento tradicional e o entendimento da contabilidade como sinônimo da técnica, unido à crescente automatização dos processos, sendo entendida como o processo que permite o desenvolvimento de um maior número de atividades instrumentais com um menor uso do recurso humano, abriria um caminho cujo fim último seria o estancamento de nossa profissão.

As revistas, propiciadoras de enfoques interdisciplinares.

Parte fundamental ara o desenvolvimento de um enfoque interdisciplinar dentro da comunidade contábil é o fato de gerar espaços que o propiciem. Nossa revista e muitas outras existentes em matéria contábil e em outros campos do saber têm permitido, mediante o desenvolvimento de seus objetivos, a conjugação de diferentes perspectivas e visões desde as quais se abordam os diferentes fenômenos sociais contábeis.

Se dão encontro profissionais com formações diferentes, desenvolvidas em contextos sociais diversos, com estudos complementários em diferentes áreas do conhecimento e não unicamente naquelas que geralmente oferece o área contábil e com idéias e propõsitos que, ainda que não assumam a realidade desde uma mesma perspectiva, logram ser complementários em si.

As revistas como Cuadernos de Contabilidad permitem à comunidade contábil construir sua profissão. Processo que em nenhum caso pode ser excludente; pelo contrario, deve ser receptivo às novas ou diferentes formas de pensamento em favor de enriquecer e alimentar constantemente a profissão, a disciplina e os profissionais contábeis e conseguir assim sua evolução dando resposta a cada vez mais necessidades dentro de novos e cada vez mais complexos contextos.


Paula Andrea Grajales-Sánchez
Assistente editorial


Pie de página

1 Organizaciõn de las Naciones Unidas para la Educaciõn, la Ciencia y la Cultura UNESCO. Documento de la Conferencia Mundial de Educaciõn Superior 2009. Las nuevas dinámicas de la educaciõn superior y de la investigaciõn para el cambio social y el desarrollo. Paris, 5-8 de julho de 2009. Disponível na Universidade Nacional de Cõrdoba, Argentina: http://www.unc.edu.ar/institucional/noticias/2009/julio/documento-de-la-conferencia-mundial-de-educacion.
2 Adela Cortina (2010). El futuro de las humanidades. Madrid: Ediciones El País S.L. Disponível em El País: http://www.elpais.com/articulo/opinion/futuro/Humanidades/elpepuopi/20100404elpepiopi_5/Tes.
3 Sergio Luis Ordõñez-Noreña (maio de 2008). Contra el adiestramiento contable. Invitaciõn a la ruptura epistemolõgica en la formaciõn del Contador Público. Proposta apresentada no seminário internacional Perspectivas críticas de la contabilidad. Reflexiones y críticas contables alternas al pensamiento único. Comisiõn 2, Educaciõn Contable. p. 118.

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