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Revista de Salud Pública

versión impresa ISSN 0124-0064

Rev. salud pública vol.24 no.3 Bogotá mayo/jun. 2022  Epub 20-Jun-2023

https://doi.org/10.15446/rsap.v24n3.100142 

Artigos/investigação

Ocorrência simultânea de uso abusivo de álcool e alimentação não saudável em adultos

Simultaneous occurrence of heavy alcohol use and unhealthy eating habits in adults

Simultaneidad de abuso de alcohol y alimentación no saludable en adultos

Ana Maria Pita-Ruiz1 

Daniela de Assumpção2 

Jaqueline Contrera-Avila3 

Deborah Carvalho Malta4 

Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco5 

1 Nutr. M. Sc. Saúde Coletiva, Epidemiología. Ph. D. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, Brasil. ampitar13@gmail.com

2 Nutr. Ph. D. Saúde Coletiva, Epidemiologia. Professora, programa de Pós-Graduação em Gerontologia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, Brasil. danideassumpcao@gmail.com

3 Nutr. Ph. D. Population Health Sciences. Pós-doutoranda, Brown University School of Public Health. Providence, United States of America. jaqueline_avila@brown.edu

4 MD. Ph. D. Saúde Coletiva. Professora Associada e Pesquisadora, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, Brasil. dcmalta@uol.com.br

5 Estatística. Ph. D. Saúde Coletiva, Epidemiologia. Professora, programa de Pós-Graduação em Gerontologia, Faculdade Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, Brasil. primaria@unicamp.br


RESUMO

Objetivo

Estimar a prevalência da coocorrência do uso abusivo de álcool e alimentação não saudável em adultos brasileiros e verificar sua relação com o consumo alimentar, segundo o sexo.

Métodos

Estudo com dados do inquérito telefônico Vigitel, 2016. Considerou-se uso abusivo de álcool: ingestão ≥5 doses/homens e ≥4/mulheres em uma única ocasião, pelo menos uma vez no último mês. Alimentação não saudável foi caracterizada a partir de um indicador composto por oito alimentos. Foram usados os testes Qui-quadrado de Pearson e Wald, com nível de significância de 5%, e razões de chances ajustadas com regressão logística.

Resultados

A coocorrência dos fatores de risco (24,7% vs. 10,0%) foi superior nos homens, nos indivíduos com melhor escolaridade, sem cônjuge, com plano de saúde, nas mulheres que se declararam pretas, e foi menor nos adultos (40-59 anos) e idosos. A coocorrência associou-se com menores chances de consumo de hortaliças cruas e cozidas, frutas, suco, leite e frango (≥5 dias/semana), e com maiores chances de consumo de carne vermelha, refrigerante (≥3 dias/semana) e carnes com excesso de gordura.

Conclusão

Os resultados mostram os prejuízos da coocorrência do uso excessivo de álcool e alimentação inadequada sobre os padrões alimentares da população adulta.

Palavras-Chave: Consumo excessivo de bebidas alcoólicas; fatores de risco; consumo alimentar; inquéritos epidemiológicos (fonte: DeCS, BIREME)

ABSTRACT

Objective

To estimate the prevalence of co-occurrence of alcohol abuse and unhealthy eating in Brazilian adults and to verify its relationship with food intake, according to sex.

Methods

Study with data from Vigitel telephone survey, 2016. Alcohol abuse was considered as: ingestion ≥5 doses/men and ≥4 doses/women on a single occasion, at least once in the last month. Unhealthy eating was characterized from an indicator consisting of eight foods. Pearson's chi-square and Wald tests were used, with a 5% significance level, and adjusted odds ratios with logistic regression.

Results

The co-occurrence of risk factors (24.7% vs. 10.0%) was higher in men, in individuals with better education, without a spouse, with health insurance, in women who declared themselves black, and was lower in adults (40-59 years) and the elderly. The co-occurrence was associated with lower odds of consumption of raw and cooked vegetables, fruits, juice, milk, and chicken (≥5 days/week) and with higher odds of consumption of red meat, soda (≥3 days/week), and meats with excess fat.

Conclusion

The results show the harms of the co-occurrence of excessive alcohol use and inadequate diet on the dietary patterns of the adult population.

Key Words: Binge drinking; risk factors; food consumption; health surveys (source: MeSH, NLM)

RESUMEN

Objetivo

Estimar la prevalencia de la coocurrencia de abuso de alcohol y alimentación no saludable en adultos brasileños y verificar su relación con el consumo de alimentos según el sexo.

Métodos

Estudio con datos de la encuesta telefónica Vigitel, 2016. Se consideró abuso de alcohol: ingestión ≥5 dosis para hombres y ≥4 para mujeres en una única ocasión, al menos una vez en el último mes. La alimentación poco saludable se caracterizó a partir de un indicador compuesto por ocho alimentos. Se utilizaron las pruebas de chi-cuadrado de Pearson y de Wfeld, con un nivel de significación del 5% y las odds ratio (OR) ajustadas con regresión logística.

Resultados

La coocurrencia de factores de riesgo (24,7% vs. 10,0%) fue mayor en los hombres, en los individuos con mayor educación, sin cónyuge, con seguro médico y en las mujeres que se declararon negras, y fue menor en los adultos (40-59 años) y los ancianos. La coocurrencia se asoció con menores probabilidades de consumo de verduras crudas y cocidas, frutas, zumos, leche y pollo (≥5 días/semana) y con mayores probabilidades de consumo de carne roja, refrescos (≥3 días/semana) y carnes con exceso de grasa.

Conclusión

Los resultados muestran el daño de la coexistencia del consumo excesivo de alcohol y la dieta inadecuada en los patrones dietéticos de la población adulta.

Palabras Clave: Consumo excesivo de bebidas alcohólicas; factores de riesgo; consumo alimentar; encuestas epidemiológicas (fuente: DeCS, BIREME)

O uso abusivo de bebidas alcoólicas é considerado um grave problema de Saúde Pública que, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), provocou a morte de aproximadamente três milhões de pessoas no mundo em 2016, dentre as quais 2,3 milhões eram homens 1. Entre as mortes atribuídas ao consumo abusivo de álcool, as principais causas foram as doenças do aparelho digestivo (21,3%), lesões não intencionais como acidentes de trânsito (20,9%), e as doenças cardiovasculares (19,8%) que acometem mais as mulheres (41,6% vs. 13,4%) 1.

Os prejuízos causados pelo abuso de bebidas alcoólicas se manifestam, também, nos padrões alimentares e no estado nutricional. Um estudo de revisão mostra que o uso excessivo de álcool se associa com deficiências nutricionais ou inadequação no consumo de vários nutrientes, tais como vitaminas A, C, D, E, magnésio, selênio e zinco 2. O álcool estimula a preferência por alimentos ricos em açúcar e gordura 2,3. Na Holanda, um ensaio clínico randomizado evidenciou que o consumo moderado de álcool aumenta a ingestão ad libitum de alimentos, principalmente de produtos com alto teor de gordura, como patê e salame 3.

Em pesquisa que investigou os padrões de consumo de álcool de mulheres da Nova Zelândia, Parackal et al.4 identificaram maior ingestão de carboidrato e gordura nas que bebiam mais do que 4 doses em um dia típico ao menos 1 vez por semana, e observaram menor nível sérico de folato entre todas que bebiam. Na Espanha, Escrivá Martínez et al.5 averiguaram uma relação direta entre compulsão alimentar, ingestão de gordura e uso abusivo de álcool.

No Brasil, estudos revelam maiores prevalências de consumo abusivo de bebidas alcoólicas entre os homens 6,7, alcançando 21,6% no sexo masculino e 6,6% no feminino, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNs/2013). Ademais, os homens apresentam com maior frequência outros comportamentos prejudiciais à saúde, como a alimentação não saudável e tabagismo 8. Azevedo e Silva et al.9 estimaram as frações de câncer atribuídas à fatores de risco modificáveis na população adulta e verificaram, nos homens, maiores proporções de casos devido ao tabagismo, inatividade física, consumo insuficiente de hortaliças e frutas, elevado consumo de sal e uso de álcool.

Considerando que o consumo abusivo de álcool e a alimentação não saudável integram o conjunto dos principais fatores de risco para o desenvolvimento e agravamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que poucos estudos exploraram os hábitos alimentares frente ao consumo de álcool, o objetivo deste artigo foi estimar a prevalência da coocorrência do uso abusivo de álcool e alimentação não saudável em adultos brasileiros e verificar sua relação com o consumo alimentar, segundo o sexo.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal de base populacional realizado nas capitais dos estados brasileiros e no Distrito Federal (DF), com adultos de 20 anos ou mais residentes em domicílios que possuem telefone fixo. Os dados utilizados derivam da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel/2016). O Vigitel foi implantado pelo Ministério da Saúde do Brasil (MS), em 2006, de acordo com o modelo do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais (Behavioral Risk Factors Surveillance System - BRFSS), criado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (Centers for Disease Control and Prevention - CDC).

Para compor a amostra, o Vigitel realiza um sorteio sistemático e estratificado por código de endereça-mento postal de 5 000 linhas telefônicas em cada uma das 27 cidades, a partir do cadastro eletrônico de linhas de telefone fixo. As linhas sorteadas são divididas em réplicas de 200 linhas para identificar as linhas residenciais ativas e, posteriormente, efetuar o sorteio de um morador adulto (>18 anos). Em 2016, o Vigitel fez 127 200 ligações telefônicas distribuídas em 636 réplicas, encontrando 77 671 linhas ativas. Foram realizadas 53 210 entrevistas, amostra que permite estimar com coeficiente de confiança de 95% e erro máximo de 2% a frequência dos principais fatores de risco para DCNT 10.

Variáveis do estudo

A variável dependente compreende a coocorrência de dois fatores de risco: consumo abusivo de álcool e alimentação não saudável. O uso abusivo de álcool (>5 doses para homens, >4 doses para mulheres em uma única ocasião), pelo menos uma vez nos últimos 30 dias, foi obtido em resposta à pergunta: "Nos últimos 30 dias, o sr. chegou a consumir cinco ou mais doses de bebida alcoólica em uma única ocasião?" ou "Nos últimos 30 dias, a sra. chegou a consumir quatro ou mais doses de bebida alcoólica em uma única ocasião?". Uma dose de bebida alcoólica corresponde a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça, whisky ou qualquer outra bebida alcoólica destilada 10.

O indicador de alimentação não saudável foi derivado do instrumento proposto por Francisco et al.8, composto por oito alimentos, entre os quais cinco são reconhecidos como marcadores de alimentação saudável (feijão, frutas, leite e hortaliças cruas e cozidas) e três como marcadores de alimentação não saudável (carne vermelha, doces, refrigerante/suco artificial). Dependendo do alimento e da frequência semanal de consumo, foram conferidas pontuações variando de zero a quatro. Nenhum ponto (zero) foi atribuído para os alimentos saudáveis consumidos todos os dias e para os não saudáveis cuja frequência era nunca/quase nunca. A pontuação máxima foi aplicada para os alimentos saudáveis que nunca/quase nunca eram consumidos e para os não saudáveis consumidos diariamente (Quadro 1) 8. O escore total variou de 0-32 pontos (escores mais altos indicam pior padrão alimentar). A pontuação total foi classificada em quartis e posteriormente, os quartis 2, 3 e 4 foram agrupados (≥10 pontos) para compor a variável alimentação não saudável (sim, não).

Quadro 1 Alimentos e critérios de pontuação definidos para o indicador de práticas alimentares não saudáveis. Vigitel, Brasil, 2016 

Alimentos Critérios de pontuação
0 1 2 3 4
Feijão Todos os dias 5 a 6 dias/semana 3 a 4 dias/semana 1 a 2 dias/semana Nunca ou quase nunca
Frutas Todos os dias 5 a 6 dias/semana 3 a 4 dias/semana 1 a 2 dias/semana Nunca ou quase nunca
Hortaliças cruas1 Todos os dias 5 a 6 dias/semana 3 a 4 dias/semana 1 a 2 dias/semana Nunca ou quase nunca
Hortaliças cozidas2 Todos os dias 5 a 6 dias/semana 3 a 4 dias/semana 1 a 2 dias/semana Nunca ou quase nunca
Leite Todos os dias 5 a 6 dias/semana 3 a 4 dias/semana 1 a 2 dias/semana Nunca ou quase nunca
Carne vermelha3 Nunca ou Quase nunca 1 a 2 dias/semana 3 a 4 dias/semana 5 a 6 dias/semana Todos os dias
Refrigerante ou suco artificial Nunca ou Quase nunca 1 a 2 dias/semana 3 a 4 dias/semana 5 a 6 dias/semana Todos os dias
Doces4 Nunca ou Quase nunca 1 a 2 dias/semana 3 a 4 dias/semana 5 a 6 dias/semana Todos os dias

1Salada de alface e tomate ou salada de qualquer outra hortaliça crua. 2Consumo de hortaliças cozidas com a comida ou na sopa, como por exemplo, couve, cenoura, chuchu, berinjela, abobrinha, exceto batata, mandioca ou inhame. 3Carne vermelha: boi, porco, cabrito.4Consumo de doces como: sorvetes, chocolates, bolos, biscoitos e outros doces. Fonte: Francisco et al.8.

Independentes

  • Sociodemográficas. Faixa etária (20-29, 30-39, 40-59, ≥60 anos), cor da pele/raça (branca, preta, parda, amarela/indígena), situação conjugal (com cônjuge, sem cônjuge), escolaridade (0-8, 9-11, ≥12 anos de estudo) e posse de plano de saúde (sim, não).

  • Hábito alimentar. Avaliado pela frequência semanal de consumo de hortaliças cruas e cozidas, frutas, suco natural, leite, feijão e frango (≥5 dias/semana), carne vermelha, refrigerante ou suco artificial e doces (≥3 dias/semana). Entre os que consomem esses alimentos, investigou-se a frequência diária de consumo de hortaliças cruas e cozidas (1 vez ou 2 vezes/dia), frutas, suco (1 vez ou ≥2 vezes/dia), refrigerante (1 ou ≥2 copos/latinhas/dia), tipo de refrigerante (normal/ dietético ou somente diet/light/zero), leite (quanto ao teor de gordura, se integral/com redução de gordura ou desnatado/semidesnatado), carne de frango (come com pele ou sem pele), carne vermelha (com gordura ou sem gordura) e doces (1 ou ≥2 vezes/dia). Também foi verificado o número de dias na semana que a refeição do almoço e do jantar foi substituída por lanches (1-2 ou ≥3 dias/semana).

Análise dos dados

Foram estimados os percentuais do consumo abusivo de bebidas alcoólicas e do consumo alimentar não saudável (sim, não), segundo características sociodemográficas. Em seguida, foram calculadas as prevalências da coocorrência de uso abusivo de álcool e alimentação não saudável (>io pontos), de acordo com variáveis socio-demográficas. Todas as análises foram estratificadas por sexo e as associações verificadas pelo teste Qui-quadrado de Pearson, com nível de significancia de 5%.

Também foram estimadas as prevalências da ocorrência simultânea de uso abusivo de álcool e alimentação não saudável, segundo o consumo semanal de alimentos saudáveis e não saudáveis, por sexo. Utilizou-se regressão logística ajustada por idade e escolaridade para se obter as razões de chances (odds ratio-OR). Para verificar as diferenças entre homens e mulheres, foi avaliada a interação entre sexo e consumo semanal de cada alimento. Utilizou-se, após a análise de regressão logística, o comando contrast para modelos não lineares que possibilita testar a interação de variáveis categóricas. Estimaram-se ainda, as prevalências da coocorrência dos fatores de risco segundo o consumo diário de alimentos e modos de consumo. As associações foram determinadas pelo teste de Wald com valor de p<o,05. O peso de pós-estratificação foi utilizado em todas as análises estatísticas, e os dados foram analisados no módulo survey do programa Stata 15.1.

Os objetivos da pesquisa foram informados aos participantes no momento do contato telefônico e o consentimento livre e esclarecido foi substituído pelo verbal. O projeto Vigitel foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, do MS, sob Parecer N° 355 590 de 26/06/2013.

RESULTADOS

Foram analisadas informações de 32 195 mulheres e 19 490 homens. O consumo abusivo de bebidas alcoólicas referido por 19,18% (IC95%:18,44-19,95) dos adultos, por 27,85% dos homens (IC95%:26,54-29,20) e 11,95% das mulheres (IC95%:11,17-12,78). Entre os homens, revelou-se maior nos indivíduos de 40-59 anos vs. 30-39 anos, nos mais escolarizados e nos sem cônjuge. Entre as mulheres, maiores percentuais foram observados nas mais escolarizadas e sem cônjuge, e menor nas idosas. Em ambos os sexos, observou-se menor proporção de uso abusivo de álcool entre os que se declararam pretos e amarelos/indígenas (Tabela 1).

Tabela 1 Distribuição percentual do consumo abusivo de bebidas alcoólicas em homens e mulheres adultos (>20 anos), segundo variáveis sociodemográficas. Vigitel, Brasil, 2016 

Variáveis Uso abusivo de álcool
Não Sim p* Não Sim p*
Homens Mulheres
n % n % n % n %
Faixa etária (em anos)
20-29 2215 24,6a 1049 30,7ab <0,0001 2981 18,7a 630 31,9a <0,0001
30-39 1959 22,6a 1056 27,1a 3819 22,3bd 634 30,6a
40-59 4972 34,1b 2041 34,7b 10260 36,9c 1215 32,9a
60 ou mais 5366 18,7c 832 7,5c 12233 22,0d 423 4,7b
Total 14512 72,1 4978 27,8 29293 88,1 2902 12,0
Escolaridade (em anos)
0-8 3999 36,8a 820 26,9a <0,0001 8807 35,0 398 20,3a <0,0001
9-11 4926 34,5a 1815 35,4bc 9591 33,5ab 958 33,5b
12 ou mais 5587 28,7b 2343 37,8c 10895 31,5b 1546 46,2c
Raça/cor da pele
Branca 6222 45,9a 2043 43,3ac 0,2227 14511 49,3a 1198 42,7ac <0,0001
Preta 1163 10,7b 456 12,5b 1996 8,5b 299 14,9b
Parda 5457 39,4c 2053 40,7c 11810 38,9c 1203 40,2c
Amarela/indígena 486 4,0d 148 3,5d 798 3,4d 62 2,2d
Estado conjugal
Sem cônjuge 5138 42,7a 2159 53,5a <0,0001 15871 51,0a 1726 65,8a <0,0001
Com conjugue 9256 57,3b 2789 46,5b 13113 49,0 1152 34,2b
Posse de plano de saúde
Não 6716 54,7a 2129 49,2a 0,0010 12501 51,6a 1105 46,5a 0,0094
Sim 7763 45,4b 2845 50,9a 16677 48,4b 1794 53,5a

Valor de p do teste Qui-quadrado de Pearson (Rao-Scott). abcd: letras diferentes indicam valores diferentes.

A alimentação não saudável atingiu uma proporção de 76,48% (IC95%:75,71-77,23) para o conjunto dos adultos, de 82,94% (IC95%:81,84-83,99) para o sexo masculino e 71,09% (IC95%:70,04-72,12) para o feminino. Para ambos os sexos, os indivíduos de 40-59 anos vs. <40 anos apresentaram maior percentual de alimentação não saudável, enquanto que nos idosos e nos pretos e amarelos/ indígenas foi menor. Os homens com menos que 12 anos de estudo, com cônjuge e os que não possuíam plano de saúde exibiram maiores percentuais de alimentação não saudável. Nas mulheres foram averiguadas proporções superiores entre as mais escolarizadas, com cônjuge e nas que não possuíam plano de saúde (Tabela 2).

Tabela 2 Distribuição percentual da alimentação não saudável (≥10 pontos) em homens e mulheres adultos (≥20 anos), segundo variáveis sociodemográficas. Vigitel, Brasil, 2016 

Variáveis Alimentação não saudável
Não Sim p* Não Sim p*
Homens Mulheres
n % n % n % n %
Faixa etária (em anos)
20-29 347 16,9a 2917 28,3a <0,0001 586 11,5a 3025 23,9a <0,0001
30-39 401 18,2a 2614 25,0b 1072 18,1b 3381 25,4b
40-59 1430 38,6b 5583 33,4c 3941 40,5c 7534 34,8c
60 ou mais 1877 26,4c 4321 13,3d 5436 29,9d 7220 15,9d
Total 4055 17,1 15435 82,9 11035 28,9 21160 71,1
Escolaridade (em anos)
0-8 963 35,2a 3856 33,8a 0,0421 3464 40,3a 5741 30,3a <0,0001
9-11 1285 31,0a 5456 35,5a 3497 30,7bc 7052 34,7bc
12 ou mais 1807 33,8a 6123 30,7b 4074 29,0c 8367 35,0c
Raça/cor da pele
Branca 1818 46,2ac 6447 44,9a 0,5030 5184 51,3a 9327 47,4a 0,0148
Preta 301 9,6b 1318 11,6b 720 9,3b 1575 9,2b
Parda 1486 40,3c 6024 39,7c 3763 36,1c 8038 40,2c
Amarela/indígena 136 3,8d 498 3,9d 311 3,4d 549 3,2d
Estado conjugal
Sem cônjuge 1222 37,8a 6075 47,4a <0,0001 5830 48,3a 11767 54,6a <0,0001
Com conjugue 2797 62,2b 9248 52,6b 5065 51,7a 9200 45,4b
Posse de plano de saúde
Não 1524 47,7a 7321 54,3a 0,0007 4217 48,4a 9389 52,1a 0,0052
Sim 2522 52,3a 8086 45,7b 6777 51,6a 11694 47,9b

Valor de p do teste Qui-quadrado de Pearson (Rao-Scott). a,b,c,d: letras diferentes indicam valores diferentes.

A prevalência da ocorrência simultânea de uso abusivo de álcool e alimentação não saudável foi de 16,71% (IC95%:16,00-17,45) para o total dos adultos avaliados, de 24,73% (IC9590:23,47-26,04) e 10,03% (IC95%:9,29-10,82) para o sexo masculino e feminino, respectivamente. Entre homens e mulheres, a simultaneidade dos fatores de risco foi menos prevalente nos grupos de 40-59 anos e ≥60 anos, e foi mais prevalente nos grupos com melhor escolaridade, sem cônjuge e nos cobertos por plano de saúde. As mulheres pretas apresentaram maior coocorrência dos fatores estudados, comparadas as brancas (Tabela 3).

Tabela 3 Prevalência da coocorrência de consumo abusivo de bebidas alcoólicas e alimentação não saudável (≥10 pontos) em homens e mulheres adultos (≥20 anos), segundo variáveis sociodemográficas. Vigitel, Brasil, 2016 

Variáveis Coocorrência do uso abusivo de álcool e alimentação não saudável
Homens (%) Valor de p* Mulheres (%) Valor de p*
Faixa etária (em anos)
20-29 30,2 <0,0001 17,0 <0,0001
30-39 28,5 13,8
40-59 24,4 8,2
60 ou mais 10,7 2,0
Total 24,7 10,0
Escolaridade (em anos)
0-8 20,1 <0,0001 6,1 <0,0001
9-11 25,3 10,0
12 ou mais 29,2 13,9
Raça/cor da pele
Branca 24,2 0,3356 9,3 <0,0001
Preta 28,0 15,9
Parda 26,0 10,7
Amarela/indígena 23,6 6,7
Estado conjugal
Sem cônjuge 29,7 <0,0001 13,0 <0,0001
Com cônjuge 20,7 6,8
Posse de plano de saúde
Não 23,5 <0,0400 9,2 0,0356
Sim 26,2 10,9

* Valor de p do teste Qui-quadrado de Pearson (Rao-Scott).

Entre os homens, a coocorrência do uso abusivo de álcool e alimentação não saudável associou-se a menores chances de consumir hortaliças cruas e cozidas, frutas, suco natural, leite e frango (≥5 dias/semana), e maiores chances de consumir carne vermelha e refrigerante/ suco artificial (≥3 dias/semana). Achados semelhantes foram verificados para o sexo feminino, acrescentando a menor chance de consumir feijão regularmente. Quanto as diferenças entre os sexos, nas mulheres, a maior frequência de consumo de frutas e feijão reduziu as chances da coocorrência dos fatores avaliados, enquanto a de refrigerante/suco artificial, aumentou (Tabela 4).

Tabela 4 Prevalência e razão de chances da coocorrência do uso abusivo de bebidas alcoólicas e alimentação não saudável (>10 pontos), segundo a frequência de consumo semanal de alimentos, em homens e mulheres adultos (>20 anos). Vigitel, Brasil, 2016 

Alimentos Homens Mulheres Diferenças por sexo
% OR a p b % OR a p b p b
Hortaliças cruas 21,7 0,71 <0,0001 9,3 0,81 0,0250 0,2195
Hortaliças cozidas 18,5 0,62 <0,0001 8,2 0,77 0,0150 0,1455
Frutas 19,0 0,62 <0,0001 6,2 0,45 <0,0001 0,0020
Suco natural 22,4 0,79 0,0030 7,9 0,68 <0,0001 0,2952
Feijão 24,2 0,94 0,4110 8,2 0,66 <0,0001 0,0021
Leite 20,5 0,65 <0,0001 7,2 0,55 <0,0001 0,0716
Frango 20,6 0,68 <0,0001 8,0 0,69 0,0030 0,6568
Carne vermelha 28,1 1,80 <0,0001 12,4 1,65 <0,0001 0,8257
Refrigerante ou suco artificial 30,5 1,46 <0,0001 16,3 1,84 <0,0001 0,0109
Doces e sobremesas 26,3 1,01 0,8940 11,7 1,00 0,9960 0,5085

aOdds ratio (OR) ajustado por idade e escolaridade. b Valor de p do teste de Wald.

A Tabela 5 mostra que os indivíduos do sexo masculino com coocorrência dos fatores de risco tiveram menores chances de consumir frutas ≥3 vezes/dia e refrigerante dietético, e maiores chances de consumir suco natural ≥3 vezes/dia, frango com pele e carne com excesso de gordura. Entre as mulheres, a chance de consumir ao menos 3 frutas/dia foi menor, por outro lado, foram maiores as chances de consumir frango com pele, carne com excesso de gordura, e de substituir a refeição do almoço e do jantar por lanches (≥3 vezes/semana).

Tabela 5 Prevalência e razão de chances da coocorrência do uso abusivo de bebidas alcoólicas e alimentação não saudável (>10 pontos) em homens e mulheres adultos (>20 anos), segundo a frequência diária e características dos alimentos. Vigitel, Brasil, 2016 

Variáveis Homens OR a p b Mulheres OR a p b
Hortaliças cruas
1 vez 25,6 0,87 0,1350 9,9 0,95 0,6420
2 vezes 23,5 10,0
Hortaliças cozidas
1 vez 24,6 1,01 0,9170 9,6 1,03 0,7920
2 vezes 25,4 10,4
Frutas
1-2 vezes 26,3 0,77 0,0010 12,4 0,53 <0,0001
> 3 vezes 21,6 6,7
Suco natural
1-2 vezes 20,3 1,29 0,0030 9,8 0,88 0,1940
> 3 vezes 26,8 9,8
Tipo de leite
Integral ou desnatado/semidesnatado 23,3 0,92 0,3660 9,5 0,82 0,0810
Desnatado ou semidesnatado 21,3 7,2
Costuma comer frango com pele
Não 23,3 1,36 <0,0001 9,4 1,55 <0,0001
Sim 30,4 15,5
Costuma comer carne vermelha com gordura
Não 21,0 1,90 <0,0001 8,8 2,18 <0,0001
Sim 34,1 18,8
Tipo de refrigerante
Normal ou dietético 29,4 0,63 0,0020 13.0 1,06 0,7100
Diet/light/zero 18,5 11,1
Quantidade de refrigerante
1 copo/latas 25,6 1,16 0,1070 11.1 1,23 0,0530
> 2 copos/latas 29,8 14,5
Substituição do almoço por lanches
0-2 vezes 24,5 1,25 0,2130 9,7 1,71 0,0060
> 3 vezes 30,5 18,3
Substituição do jantar por lanches
1-2 vezes 23,9 1,11 0,1560 9,4 1,27 0,0100
> 3 vezes 27,2 11,5
Doces
1 vez/dia 25,4 1,07 0,4560 10,8 0,90 0,3430
> 2 vezes 27,5 10,5

a OR ajustado por idade e escolaridade. b Valor de p do teste de Wald.

DISCUSSÃO

Este estudo investigou a simultaneidade do uso abusivo de álcool e adoção de práticas alimentares não saudáveis na população adulta (≥20 anos) residente nas capitais brasileiras e no DF. Os resultados evidenciam os segmentos sociodemográficos mais afetados, e os prejuízos da combinação dos fatores de risco estudados, em ambos os sexos. De modo geral, a coocorrência dos fatores de risco foi superior nos adultos mais jovens, nos homens, nos mais instruídos, com plano de saúde e sem companheiro. Quanto aos hábitos alimentares, associou-se com menores chances de consumo de alimentos saudáveis e com maiores chances de consumo de carne vermelha, bebidas açucaradas e carnes com excesso de gordura. Nas mulheres, o consumo regular de frutas e feijão reduziu as chances da coocorrência do uso abusivo de álcool e alimentação inadequada, por outro lado, o de refrigerantes, aumentou.

De acordo com o Vigitel/2019, as prevalências de consumo abusivo de álcool foram de 25,3% e 13,3% entre homens e mulheres respectivamente, atingindo maiores patamares nos segmentos mais jovens e mais escolarizados 11. Uma pesquisa com adultos norte-americanos identificou que o uso excessivo de álcool foi maior nos homens, nos mais jovens, sem cônjuge, com níveis inferiores de renda, escolaridade e em situação de insegurança alimentar 12. Na Espanha, um estudo de coorte com idosos observou mudanças nos padrões de consumo de álcool entre homens que viviam sós e mulheres que faziam as refeições sem companhia, resultando em maior risco de beber abusivamente 13. Entretanto, nos últimos anos no Brasil 14 e em outros países, como os Estados Unidos 15, vem ocorrendo um aumento progressivo do consumo de álcool entre mulheres, tendendo a convergência das prevalências. O que prevê piora dos dados aqui analisados entre as mulheres nos próximos anos.

A alimentação não saudável é um fator de risco para o surgimento e agravamento de DCNT 16 e um problema em constante crescimento no Brasil devido à maior participação de alimentos ultraprocessados na dieta 17. Com base nos marcadores de qualidade alimentar da PNs/2013, pesquisadores identificaram pior padrão de consumo alimentar na população adulta do sexo masculino, de cor da pele preta e parda, com menor renda, escolaridade e sem plano de saúde 18.

Em Florianópolis/SC, um estudo transversal realizado com adultos (20-59 anos) encontrou prevalência de 24,0% para consumo abusivo de álcool, de 1,2% para hábito alimentar inadequado, definido pelo baixo consumo de frutas e hortaliças (<5 dias/semana) e 1,3% para os dois fatores de risco. Observaram, ainda, maiores prevalências de uso abusivo de álcool (29,6% vs. 9,6%) e alimentação inadequada (86,5% vs. 76,9%) no sexo masculino, uma queda nas prevalências de cada fator com o aumento da idade, a partir dos 30 anos para uso de álcool e 40 anos para dieta inadequada, e prevalências inferiores de dieta inadequada naqueles com maior escolaridade e renda 19. Pesquisa que avaliou a combinação de dieta inadequada e uso abusivo de álcool, identificou prevalências de 21,2% nos adultos e 7,7% nos idosos e que o uso de álcool aumentava em 1,45 e 1,96 a chance de apresentar uma alimentação não saudável 20.

Diversos estudos evidenciaram os prejuízos do uso excessivo de álcool sobre as práticas alimentares. Na Nova Zelândia foi observado que mulheres (18-45 anos) tendem a substituir a energia oriunda de alimentos pela energia do álcool, e que ingestões mais elevadas de bebidas alcoólicas se associaram ao maior consumo de gorduras 4. Uma pesquisa realizada no município de São Paulo encontrou uma associação negativa entre os escores do Índice de Qualidade da Dieta Revisado e a ingestão de álcool 21. Nos Estados Unidos, foi averiguado que dietas com desequilíbrio no consumo de macro e micronutrientes elevavam as chances de ingestão excessiva de álcool 12.

Na Holanda, um estudo de intervenção demonstrou que a ingestão moderada de álcool provocava maior desejo por alimentos salgados com alto teor de gordura, como amendoim, batata frita de pacote, queijo e linguiça 3. Estudo que analisou dados da linha de base da Coorte de Universidades Mineiras verificou que os participantes mais expostos ao binge drinking apresentaram menor média de consumo de alimentos in natura/minimamente processados e maior razão de prevalência de excesso de peso (RP=1,31; IC95%:1,14-1,51) 22.

Por meio da aplicação de um questionário de frequência alimentar em adultos atendidos em um centro de recuperação de alcoólatras de Caruaru/PE, Lima et al.23 detectaram percentuais muito baixos de consumo de leite, arroz, feijão, frango, pães, frutas, hortaliças folhosas e tubérculos. O consumo de carne bovina foi referido por 53%, enquanto que o consumo diário de frutas e hortaliças folhosas foi mencionado por apenas 6,9% e 13,9%, respectivamente. Quanto aos alimentos ultraprocessados, os percentuais de consumo foram de 37% para refrigerantes, 28% para doces/balas e em torno de 20% para chocolates e sorvetes 23.

São poucos os estudos que se propuseram a analisar o hábito alimentar de pessoas com consumo abusivo de bebidas alcoólicas, o que denota a relevância de investigações dessa natureza. Entre as vantagens metodológicas do presente estudo ressalta-se a utilização de dados do Vigitel, um inquérito que contempla uma variedade de temas e questões sobre a frequência de consumo de alimentos considerados marcadores de qualidade da alimentação. Quanto às limitações, a pergunta que avalia o consumo abusivo de álcool em uma mesma ocasião, binge drink, mais frequente entre jovens, de elevada escolaridade e não compreende a quantidade e a frequência de uso de bebidas alcoólicas. As informações referidas pelos participantes quanto ao de consumo dos alimentos podem estar sujeitas a viés de memória. Em relação ao viés de seleção da amostra, composta por indivíduos que possuíam linha telefônica residencial fixa, o uso de fatores de ponderação minimiza as diferenças observadas nas populações com e sem telefone e o peso de pós-estratificação permite que as estimativas sejam extrapoladas para a totalidade dos indivíduos (com e sem telefone) 10.

O estudo mostrou as diferenças por sexo no consumo abusivo de bebidas alcoólicas, alimentação não saudável e na coocorrência destes comportamentos de risco. Os grupos sociais mais acometidos pela combinação dos fatores de risco foram os adultos mais jovens, homens, com maior escolaridade, com plano de saúde e sem cônjuge. Quanto aos hábitos alimentares, a coocorrência destes fatores revelou-se associada com menores chances de consumo de hortaliças, frutas, suco, leite, frango, feijão, e com maiores chances de consumo de carne vermelha, refrigerantes e de carnes com excesso de gordura. Os resultados atestam os prejuízos da ocorrência simultânea dos fatores de risco estudados sobre os padrões alimentares da população adulta, evidenciando a necessidade de subsidiar ações de prevenção de danos à saúde ♠

Agradecimentos:

As autoras do artigo agradecem às equipes técnicas da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério de Saúde, envolvidas na implantação e operacionalização do sistema VIGITEL e a Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES) por financiar a bolsa de doutorado da Ana Maria Pita Ruiz.

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Financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de doutorado de Ana Maria Pita Ruiz.

Conflito de interesse: Nenhum.

Recebido: 15 de Dezembro de 2021; Revisado: 26 de Maio de 2022; Aceito: 27 de Maio de 2022

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