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Revista Latinoamericana de Bioética

Print version ISSN 1657-4702

rev.latinoam.bioet. vol.14 no.1 Bogotá Jan./June 2014

 

EDITORIAL

BIOÉTICA: CONHECIMENTO, CIÊNCIA E PERTINÊNCIA SOCIAL

JUAN MARÍA CUEVAS SILVA


Pesquisar o mundo e suas dinâmicas a partir da bioética exige que neste saber ciência ou conhecimento se se estabeleça a partir das realidades que acompanham todo aquilo que se desenvolve no marco do mistério que chama-se de "vida", que em suas possibilidades de ajudar a compreender o "mundo da vida" (em toda sua expressão fenomenológica) abrangendo territórios que vão além do jurídico e do médico exclusivamente. Pesquisar, perguntar, refletindo no contexto dos processos socioculturais e político-econômicos a partir da bioética precisa que aqueles que estejam cientes deste saber interdisciplinar e transdisciplinar estejam imersos nos contextos e suas realidades, na cartografia da vida que tem marcado rotas de vários entendimentos sobre o que significa viver.

A riqueza da produção bioética não reside no desenvolvimento de linguagens incompreensíveis, mas sim no seu espírito e sentido esta em demarcar rotas e estabelecer alternativas para enfrentar os desafios que, verbi gracia, às diversas complexidades que envolvem o ser humano desde a ciência e que afetam e influenciam qualquer expressão da vida contribuem para a compreensão do sentido da vida em toda a sua plenitude, uma plenitude que não é apenas humana, mas que esse sentido de vida vai além do existencial e passa para o vital, à proteção da vida e ao respeito pelo mais sagrado dos seres. Nesse sentido, a Revista Latino-Americana de Bioética é um espaço em que os autores dos artigos expõem, a partir de suas pesquisas, reflexões e revisões, a construção social de um conhecimento que é contextualizado e visa contribuir BIOÉTICA: CONHECIMENTO, CIÊNCIA E PERTINÊNCIA SOCIAL para a compreensão dos fenômenos que acompanham à vida, dos progressos da ciência médica, do que isso obriga à jurisprudência, da maneira como as sociedades estabelecem sistemas socioeconômicos, socioculturais e político-econômicos, que lhe exigem à bioética desafixar seu discurso e internalizá-lo dentro dos processos de direitos humanos, a violência, a reflexão ambiental e ecológica, a influência da economia e da política dentro das conceições de vida e sua interferência nas formas de viver os seres humanos e de sobreviver outras espécies. Da mesma forma, a bioética tem que ficar atenta para responder às exigências que estão se desenvolvendo no contexto de incerteza mundial de crescimento da população, o processo de escassez de recursos e alimentos, a extinção de espécies animais e comunidades humanas, esses resultados não são dados por um sistema natural da vida, mas sim por sistemas artificiais de sobrevivência, assim como são os sistemas econômicos, sociais e culturais construídos pela famosa racionalidade humana. Estes sistemas não podem ser ignorados na bioética, bem pelo contrario, devem ser a fonte da investigação bioética para conseguir estabelecer os sentidos da vida em toda a sua magnitude e os efeitos que estes sistemas têm sobre a vida.

Nessa ordem de idéias, no presente exemplar publicamse artigos que são o resultado da investigação, da reflexão, da revisão, nos quais se destaca a maneira transversal do problema da vida a partir da dimensão médica, ética, sociopolítica, socioeconômica, ecológica e ambiental. São artigos que se caracterizam por uma abordagem aos problemas sociais que têm na sua essência a natureza bioética, com o sentir do compromisso e a responsabilidade social, que segundo menciona Miguel Kottow no resumo do seu artigo, um dos objetivos da bioética é "reconhecer que a bioética opõe-se para toda biopolítica thanatological e recusa-se a admitir que a cegueira moral não seja desculpa para assumir a responsabilidade de atos maleficentes", atos que são refletem-se nos processos sociais de convivência cidadã, dentro dos quais, nas abordagens do Fabio Garzon, que fez referencia à Pesquisa dobre os cerros Orientais em Bogotá" que seja implementado num modelo de conservação que tenha a integração dos cidadãos na geração de alternativas de vida e desenvolvimento", aspectos que foram afetados e até mesmo alterados para as formas de vida que têm sido implementadas pelos processos de violência. Assim, como são planteados pelos processos de violência. É assim, como planteiam-lho Alexander Cotte e María del Rosário Castro "a bioética e sua relação com a agressão e a violência é clara, mas mesmo quando trata-se de fazer uma análise das responsabilidades morais e legais das formas da violência e da agressão sobre uma população específica"

De acordo com as abordagens que se desenvolvem nesta edição, a bioética abre reflexões investigativas e de reflexão sobre o sentido mesmo da vida, seu cuidado e a proteção, mas enfatiza-se não somente a partir das questões médicas e jurídicas, mas nas relações que se estabelecem no interdisciplinar e transdisciplinar com os fenômenos sócio-culturais, sócio-econômicas e sócio-políticas que não podem ser vistos como agentes funcionais necessárias, mas tem que passar para estudar esses aspectos como eixos estruturais que têm ingerências na vida mesma. Isto último foi dito pelo Edgar Novoa ao argumentar que "Estamos a assistir a uma profunda mudança ontológica na nossa relação com a natureza e entre nós mesmos, mediado pelo desenvolvimento em aumento e acelerado da tecno-ciência no contexto da globalização, que é evidenciado nas mudanças no interior dos laboratórios e na propagação de uma nova forma de produção". Uma nova forma de produção que determina a forma de estar no mundo, de ocupá-lo e de serem através do corpo, dimensões que levam ao campo bioético. A partir das idéias de Anelise Crippa e Anamaria Feijó Gonçalves dos Santos, uma das questões centrais da bioética é considerar que "Saúde, contemporaneamente, entende-se como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença" percepção que é complementada pelo Omar Parra argumentando que "As rápidas mudanças científicas envolvem novos relacionamentos, transformações e mutações. As fronteiras entre a ciência e o humanismo diluem-se e cobram um significado diferente"; mudam os significados, mas há que se perguntar se realmente cambiam ou transformam-se os sentidos de ser, de viver e, de sobreviver. Esta pergunta acha possibilidades de resposta nas propostas de Elena Rey e Enrique Ferrer a partir de uma visão ética e de conflito, bem como as idéias desenvolvidas por Dario Palhares e Antonio Carlos Rodrigues na abordagem do problema da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.

Assim, a Revista Latino-americana de Bioética ratifica através desta edição seu compromisso com a academia, a ciência e a produção intelectual com responsabilidade e pertinência social, assim mesmo como sua visão de ser um espaço para à socialização da construção do conhecimento com rigorosidade pesquisadora.