SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.18 issue35Videoactivism and Construction of Mediatic Identities, YouTube and #YoSoy132 author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

Related links

  • On index processCited by Google
  • Have no similar articlesSimilars in SciELO
  • On index processSimilars in Google

Share


Anagramas -Rumbos y sentidos de la comunicación-

Print version ISSN 1692-2522On-line version ISSN 2248-4086

anagramas rumbos sentidos comun. vol.18 no.35 Medellín July/Dec. 2019

https://doi.org/10.22395/angr.v18n35a1 

EDITORIAL

Os imaginários urbanos como ponto de partida da cidadania

Mauricio Andrés Álvarez Moreno* 

* Editor general


Apresentamos a edição número 35 da revista Anagramas Rumbos y Sentidos de la Comunicación. Nesta edição, consideramos o cidadão e suas perspectivas nas interações, redes e conexões cotidianas. Que seja a oportunidade de colocar sobre a mesa um debate sobre o cidadão, o urbano e os eixos que se entrelaçam por meio de imaginários.

Para avançar no reconhecimento da importância do urbano, mais além das preocupações com os elementos setoriais que o compõem, é importante compreender que a cidade é um fenômeno socio-histórico próprio do domínio do homem, que tem um componente espacial particularmente importante. De fato, o processo de construção, modificação e reestruturação do espaço urbano é a instância que serve de ponte entre o funcionamento global da cidade e a operação particular de cada um de seus elementos. A análise e a definição de propostas de solução para a problemática urbana não são conquistadas satisfatoriamente por meio da somatória de saberes especializados. Para a criação de estratégias e programas é necessário captar a multicausalidade das relações de interdependência entre quatro conjuntos de elementos: 1) o solo, os serviços públicos, a habitação, o equipamento, o transporte e o espaço público; 2) as dimensões política, econômica, social, cultural e ambiental; 3) as instâncias de articulação/regulação entre o Estado, as entidades territoriais e a sociedade civil, e 4) o espaço urbano que pode se expressar em sua manifestação socio-histórica para facilitar sua assimilação pedagógicas em termos físicos e coletivos.

Falar da cidade como instituição imaginária implica concebê-la como uma criação cultural imersa no universo de significações que constituem a sociedade em geral e as sociedades específicas em particular. O verdadeiramente interessante é poder mostrar como esse universo de significações ou imaginários se encaminham lenta, mas segura- mente, em um momento socio-histórico em direção à construção de uma cidade.

Para compreender profundamente o que é e o que não é uma cidade é preciso mostrar em qual sentido se trata de uma expressão do social. A cidade é o que somos todos nós e o que ninguém é, o que jamais está ausente e quase nunca presente como tal, um não-ser mais real do que ser tudo, aquele no qual estamos submersos, mas que jamais podemos apreender diretamente. É uma dimensão indefinida, inclusive se se fecha a cada instan- te; uma estrutura definida e, ao mesmo tempo, mutável; uma articulação objetivável em categorias de indivíduos. É aquilo que articula uma unidade além de todas as diferenças. A cidade não pode se apresentar mais do que na e pela instituição.

A cidade é uma formação muito particular: é uma criação de criações que configura uma forma espacial trabalhada, construída e reconstruída ao longo do tempo. Não é visível como criação acabada e completa, mas sabemos sobre ela de uma forma fragmentada. A cidade nunca é abarcada em sua totalidade como significação imaginária. Pelo contrário, ela emerge, vai surgindo do habitar produzido pelo homem em um momento histórico de seu desenvolvimento, no mais profundo e escondido de seu ser. Manifesta-se sempre de maneira semioculta, submersa. Sai à superfície somente por meio da fragmentação de sua existência: casas, ruas, redes de serviço, infraestruturas, arquiteturas, a construção de espaços materiais e espirituais.

Não é necessário dizer que o principal interesse do mundo atual são as aparências. A moda, o cinema, a publicidade e o próprio corpo estão interessados nas aparências. Embora a filosofia platônica girasse em torno da ideia de não acreditar no aparente por- que é fonte de engano, o mundo atual parece se entregar por inteiro a esse “engano” das aparências. O nosso é um mundo de superfícies e aí estão os meios, de acordo com uma ideia que é aceita, para ratificar que nas aparências está o mais parecido, atualmente, com o renascimento do mundo. Se a modernidade desencantou o mundo ao explicar a partir da racionalidade técnico-científica o que foram os mistérios mais poéticos desde o princípio dos tempos, a pulsão do instante se converteu em uma maneira de viver cada momento como se em cada um deles perdêssemos a vida. O tempo atual se caracteriza por uma pressão constante por viver coisas novas, experimentá-las, dar uma espécie de salto às cegas para extasiar o eu moderno enclausurado rotineiramente no dia a dia laboral.

Assim, cheio de aparências, este mundo não é o mesmo depois da existência de Coco Chanel que pensou a indumentária da mulher moderna, de John Cage que tratou do papel do silêncio na música contemporânea ou de Maurits Cornelis Escher que, ao pintar uma mão desenhando outra mão, recodificou a relação entre o espectador e a obra. Todos eles são criadores da aparência que, a partir das superfícies e dos substratos, ampliou as fronteiras que contêm os limites da experiência humana.

As construções do cidadão servem para explicar as dimensões do humano que a razão não consegue dominar, isto é, os cenários de sua participação na cidade. Nesse sentido, o que vivemos hoje com a explosão de imagens também tem a ver com a explosão do cidadão dentro de uma cidade que reinventa superfícies significantes que levam, por meio das telas e das redes eletrônicas de dados, novos mitos do cinema, do esporte, da moda, do consumo. Essas imagens estão acompanhadas de mitos que têm a aparência de heróis cinematográficos ou marcas. As imagens, então, dão existência a esses novos mitos que são as estrelas ou celebridades. Mas, às vezes, esses mitos são simplesmente midiáticos e não respondem aos assuntos fundamentais da vida humana com a mesma profundidade do que os mitos clássicos.

Creative Commons License Este es un artículo publicado en acceso abierto bajo una licencia Creative Commons