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Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud

versão impressa ISSN 1692-715Xversão On-line ISSN 2027-7679

Rev.latinoam.cienc.soc.niñez juv v.6 n.2 Manizales jul./dez. 2008

 

Editorial

 

Apresentação do Vol. 6, Número 2. Da Revista Latino-americana de Ciências Sociais, Infância e Juventude

“Panorama da pesquisa na juventude na Ibero-América, século XXI”

A Revista Latino-Americana em Ciências Sociais, Infância e Juventude, o Grupo de Trabalho Clacso “Juventude e novas práticas políticas na América Latina” e o grupo de pesquisa Jovens, Culturas e Poderes, do Programa de Doutorado em Ciências Sociais, Infância e Juventude, dedica este número monográfico ao tema: Tendências investigativas contemporâneas sobre os Jovens na América Latina, que inicialmente se pensou estender na Ibero-América. Paralelamente, na Europa, a revista Young: Nordic Journal of Youth Research, prepara um número dedicado a estruturar um estado da arte na América Latina sobre o seu objeto de interesse central.

A convocatória aos centros de pesquisa e aos diversos espaços acadêmicos de produção de pensamento têm tido um eco e um acolhimento imensos. Nós temos recebido mais de trinta artigos de uma qualidade excelente, dos quais temos escolhido quase a metade para a publicação neste número. Nós achamos que na próxima edição da revista publicaremos artigos que chamam particularmente a atenção e que, no momento, estão no processo de revisão e correção.

Não há dúvida que a juventude considerada como objeto de estudo se tem convertida num tema de importância política e ideológica na América Latina desde o principio do século XX. Ainda assim, não podemos esquecer que os estudos de juventude, como área autônoma do conhecimento, e as políticas sobre juventude, como área especifica de intervenção, foram institucionalizadas apenas em 1985 mediante a celebração do Ano Internacional da Juventude. É também importante ressaltar que na última década a pesquisa sobre este tema tem sido particularmente ativa e inovadora no campo das ciências sociais. Uma amostra desta situação é a criação e permanência de diversas revistas acadêmicas no México, Colômbia, Chile, Argentina, Uruguai e no Brasil, entre outros.

No entanto, mesmo que se tem tratado de recolher e sintetizar os acumulados da pesquisa produzidos, nós precisamos de uma olhada compreensiva no conjunto e uma leitura interpretativa das tendências que têm sido desenhadas recentemente a partir das dinâmicas que se apresentam em alguns cenários significativos.

Podemos contar, sem dúvida, com os informes anuais sobre a Juventude Mundial das Nações Unidas; os estudos feitos nos Centros de Pesquisa contratados pelos governos nacionais ou locais com o objeto de desenhar políticas de juventude; as publicações do Instituto da Juventude da Espanha – Injuve -, os informes “Juventude, população e desenvolvimento na América Latina e o Caribe” (2000) e “Juventude na Ibero-América: tendências e urgências” (2004), publicados por Cepal- Celade; um estado da arte acerca da pesquisa sobre a juventude na América Latina (Pérez Islas, 2006), que ressalta a tradição dos estados da arte no México, Uruguai, Chile e na Colômbia; os esforços em temas setoriais como a educação, o emprego e a saúde (Unesco, Cinterfor, OPS, BID, GTZ); o trabalho integrado no Portal de Juventude para a América latina e o Caribe (www.joveneslac.org) onde têm sido formuladas varias convocatórias para a realização de estados da arte; a pesquisa produzida desde os tempos do movimento estudantil de 1968 pelo Instituto Mexicano da Juventude, recolhida sistematicamente em “Jovens: uma avaliação do conhecimento. A pesquisa sobre a juventude no México 1986-1999” (2000); e, também no México, a Sondagem sobre a Juventude no México 2000, que indaga, entre outros temas, sobre os valores, atitudes, percepções, crenças e práticas; na Colômbia podemos mencionar “... um estado da arte (2003), com cobertura nacional [...]”, para isso se estabeleceram nove grandes temáticas (visões do futuro, família, corpo, educação, inserção sócio-trabalhista, convivência e conflito, culturas juvenis versus produção e consumo cultural, participação social e política e políticas públicas) que orientaram a busca de todas as equipes de pesquisa. Cada temática, por sua vez, contempla tópicos com uma ampla gama de subtemas relacionados.

Adicionalmente, dois eixos analíticos transversais foram desenhados: as noções do sujeito (decomposto em vulnerabilidade e risco, perigo social, busca de identidade, mudança social, culturas juvenis e outros) e da diversidade (que implicava a classe social, urbano-rural, gênero, orientação sexual, étnico-racial e incapacidade), a partir das quais se indagou sobre a construção de juventude desde as pesquisas para compreender que imagens do sujeito jovem estão sendo produzidas” (Pérez Islas, 2006).

No entanto, os vazios continuam sendo imensos: o Brasil é um grande desconhecido, a América Central e o Caribe são marginais, e as temáticas que mais preocupam aos jovens na sua cotidianidade estão freqüentemente assentes: a comunicação e a interação com TICs, as diversas formas de violência, as migrações, a construção de subjetividades, as opções de vida cidadã.

Uma olhada ao conjunto de artigos recebidos, e especificamente, a aqueles selecionados na revista que vai aparecer rapidamente, permite ver algumas tendências interessantes. Temos um leque muito amplo de temáticas e abordagens. É claro, os grandes assuntos setoriais estão presentes: educação, saúde, emprego, políticas públicas. Mas, também aparecem outros assuntos que se poderiam considerar como emergentes no cenário: juventude indígena e rural, vida sexual e homossexualidade, consumo cultural, identidade estudantil, violência (no noivado e na política, nos âmbitos do intimo e do público), a estigmatização da mídia, a incerteza no mercado do trabalho, os modos e os mitos fundamentais dos jovens, a participação cidadã e o governo jovem.

Sem dúvida, novas gerações teóricas estão sendo construídas como o resultado da condição juvenil que emerge no novo século, e da qual devemos dar conta com outras ferramentas conceptuais. Também é importante a riqueza de abordagens produzida pelo trabalho de pesquisa e, em conseqüência, as múltiplas opções para mirar estes fenômenos que se apresentam com uma certa opacidade na vertigem da cotidianidade, apesar de soar conhecidos.

Na primeira seção, dedicada à teoria e à metateoria, o leitor vai encontrar quatro trabalhos. Como introdução, nós encontramos a reflexão das brasileiras Zuleika Köhler Gonzales e Neuza Maria de Fátima Guareschi. Desde as práticas psicológicas elas fazem um balanço da discursividade que tem sido produzida sobre a juventude e sobre as suas conseqüências sociais nos “modos de ser jovem”. Logo a seguir, Pablo Vommaro e Melina Vásquez revisam o protagonismo juvenil nos movimentos sociais dos anos noventa na Argentina, tomando o caso dos Trabalhadores Desempregados, autônomos na sua forma de participar no meio da apatia como conseqüência da política institucional. Eles construem uma olhada lúcida para uma geração que se socializa politicamente no meio do desencanto. Depois, Juan Manuel Castellanos e William Fernando Torres Silva fazem uma ampla revisão bibliográfica visando a propor uma olhada compreensiva do sujeito juvenil armado na Colômbia e das leituras como conseqüência do seu compromisso com a violência e o conflito interno. Finalmente, Patricia Botero Gómez, Juliana Torres Hincapié e Sara Victoria Alvarado propõem um estado da arte das categorias “participação cidadãpolítica juvenil”, apostando pela construção de uma relação dialógica entre os jovens como cidadãos e como atores políticos.

Na segunda seção, nove trabalhos, como produto da pesquisa, têm sido incluídos. Se nós os agrupamos em três grandes objetos de estudo, podemos considerar que o primeiro se refere a artigos com temáticas e abordagens sócio-culturais, como o consumo, a migração, a violência de gênero e as relações afetivas, as concepções culturais sobre o sida. O segundo objeto tem como eixo os jovens estudantes, mesmo se os temas se diferenciam no seu conteúdo e na sua abordagem: as identidades, as relações inter-geracionais, os imaginários sociais acerca dos universitários. O terceiro tem em comum a abordagem de políticas sobre juventude, num caso referidas ao trabalho e em outro à formação cientifica.

No primeiro grupo (com uma abordagem culturologica) encontramos, antes de tudo, um artigo resultado da dissertação doutoral de Emilia Bermudez: ela analisa detalhadamente os consumos culturais de jovens dos “malls” de Maracaibo (Venezuela) e a construção de representações de identidades nesses territórios glocais. Em seguida temos o artigo de Maritza Urteaga Castro Pozo, dedicados aos jovens indígenas mexicanos que migram nas zonas urbanas, padecendo, no deslocamento cultural, de múltiplas formas de exclusão. Ela ressalta, na literatura etnográfica do século passado sobre os indígenas do México, a invisibilidade dos jovens indígenas e o interesse crescente dos pesquisadores pela sua emergência nas cidades. Logo a seguir, o trabalho de Verónica Vásquez García e Roberto Castro se ocupa de analisar diversos tipos de violência no noivado, entre adolescentes da Universidade Autonoma Chapingo (México). Este é um trabalho pioneiro que invita a pensar desde uma abordagem de gênero, baseado num rico acervo testemunhal. Por último, colocamos neste conjunto um estudo transversal exploratório de Aldo Favio Lozano González, Teresa Margarita Torres López e Carolina Aranda Beltrán, que se ocupam do VIH/SIDA em Estudiantes da Universidade de Guadalajara (México) desde uma perspectiva cultural; aparecem elementos como o fatalismo, os estigmas e os assinalamentos morais com relação às práticas sexuais.

No segundo grupo (onde os protagonistas são os jovens-estudantes) encontramos, primeiramente, o artigo baseado na dissertação doutoral de Victoria Eugenia Pinilla e o seu tutor Germán Muñoz González. O estudo, visa a compreender, com uma abordagem hermenêutica, as relações geracionais jovem-adulto entre jovens universitários de Manizales, Colômbia, e, nestas relações, os significados do “público” em diversos âmbitos do privado, na tensão constante dos seus comportamentos, suas normas e valores. Depois temos o estudo de Nicolás Malinowski sobre a identidade dos jovens estudantes neste tempo específico, durante o qual se afiliam à vida universitária e acadêmica no México, construindo ali um projeto de vida centrado no conhecimento, mas conectado a um âmbito mais amplo. Finalmente, Napoleón Murcia Peña indaga entre estudantes e professores da Universidade de Caldas (Colômbia) sobre os imaginários que se constituem na vida universitária acerca dos jovens, deixando a sua marginalização de fundo.

No terceiro grupo, se toma o tema das políticas de juventude, primeiramente, no artigo de Aura Cecilia Pedraza Avella sobre o mercado de trabalho juvenil na Colômbia, que amostra condições de precariedade entre o conjunto da população economicamente ativa e as respostas políticas deficientes. No artigo de Héctor Mauricio Rojas Betancur, que trata sobre as políticas publicas pela formação cientifica de crianças e jovens colombianos, o seu atraso no âmbito de desenvolvimento social e os problemas conectados com um desenho defeituoso de programas nas instituições educativas que promovem esta formação.

Logo a seguir, temos as seções três e quatro, onde podemos ressaltar o XXXIV Simpósio de História e Antropologia, Edição Internacional: “Terra e água: protagonistas da história”, que se realizará os dias 24, 25, 26 e 27 de fevereiro do ano 2009 em Hermosillo, Sonora, convocado pela Universidade de Sonora, México, através do Departamento de História e Antropologia, em colaboração com Eu Colégio de Sonora, o Centro de Pesquisa em Alimentação e Desenvolvimento, o Colégio de Bachilleres do Estado de Sonora, o Instituto Municipal de Cultura e Arte, o Centro Inah Sonora e a Sociedade Sonorense de História. Na terceira seção, publicada eletronicamente na URL da revista, aparecem todos os detalhes pela inscrição e os temas desta importante convocatória.

Na Quarta Seção replica o apelo “¿Como podemos contribuir cada uma de nós à construção de um futuro sustentável” feito por Amparo Vilches e Daniel Gil Pérez desde a Espanha. É uma proposta de agenda coletiva para que todos e todas contribuamos à urgente preservação dos recursos naturais mediante a incorporação à nossa cotidianidade de ações encaminhadas neste sentido. Esperamos, leitores e leitoras, que se acolham a esta guia para a sobrevivência própria e do planeta e que leiam a seção virtual, como também que façam a difusão ampla da mesma segundo as possibilidades.

Espero que este material contribua à visibilidade e ao fortalecimento da pesquisa nos campos tratados, como também à transformação das nossas realidades para o bem-estar da grande comunidade latinoamericana.

    O editor invitado,

    Germán Muñoz González
    Coordenador da Linha Jovens, Culturas e Poderes
    Programa de Doutorado em Ciências Sociais, Infância e Juventude
    Centro de estudos Avançados em Infância e Juventude
    Universidade de Manizales-Cinde
    Colômbia

 

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