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Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud

versão impressa ISSN 1692-715Xversão On-line ISSN 2027-7679

Rev.latinoam.cienc.soc.niñez juv v.7 n.1 Manizales jan./jun. 2009

 

 

Editorial

 

Apresentação do Volume 7, Número 1 da Revista Latino-Americana de Ciências Sociais, Infância e Juventude.

Número monográfico “Panorama da pesquisa em juventude na América Latina, século XXI”

Como anunciámos no número anterior, o Grupo de Trabalho CLACSO “Juventude e novas práticas políticas na América Latina” e o grupo de pesquisa Jovens, Culturas e Poderes do Doutorado em Ciências Sociais, Infância e Juventude, temos o prazer de apresentar, não somente alguns artigos senão um novo número monográfico que completa o “Panorama da pesquisa em juventude na América Latina, século XXI”. É importante também anotar que a revista ganhou o II Concurso Fundo de apoio às revistas em Ciências Sociais da América Latina e o Caribe “Juan Carlos Portantiero” (2008), concedido por Clacso, cujo premio contribui a financiar este número.

Não duvidamos que a Juventude retoma grande relevância como objeto de estudo tanto no cenário nacional como internacional. Prova disso é o Encontro Ibero-Americano de diretores e editores de revistas sobre juventude, realizado em Buenos Aires do 18 ao 20 de novembro do ano 2008. Atendendo à convocatória de Carles Feixa, os assistentes, entre os quais estiveram, José Machado Pais (Portugal), Mariana Chaves (Argentina), José Antonio Pérez Islas (México), Silvia Elizalde (Argentina), Pedro Núñez (Argentina), Óscar Dávila (Chile), Paul Giovanni Rodríguez (OIJ), Ana Isabel Peñate Leiva (Cuba), Alejandro Ramírez (Argentina) e Héctor Fabio Ospina (Colômbia) decidiram a criação da Revista Ibero-Americana de Juventude, com uma periodicidade anual e patrocinada pela OIJ. O primeiro número será coordenado por José Antonio Pérez Islas e alternará anualmente entre os diretores e editores das revistas que pertencem à rede.

No âmbito editorial também é importante a produção de estudos que determinam linhas de pesquisa e olhadas inovadoras neste campo. Ressaltamos, entre muitos, os seguintes:

- Ciberculturas juvenis. (2008) M. Urresti (Ed.), La Crujia, Buenos Aires, Argentina

- Culturas juvenis no século XXI. (2008) Borelli, S., Freire Filho, J., EDUCPUCSP, São Paulo.

- Juventude e novas práticas políticas. (2008) Revista Argentina de Sociologia (RAS), No. 11, Buenos Aires.

- A generação interativa na Ibero-América. Crianças e adolescentes diante as telas. (2008) Fundação Telefónica, Arield Ed., Barcelona, Espanha

- Teorias sobre a juventude. As olhadas dos clássicos. (2008) Pérez Islas J. M., Valdéz, M., Suárez, M. H. (coord.) UNAM, México.

- As maras. Identidades juvenis ao limite. (2007) Valenzuela, J. M., Nateras, A., Reguillo, R., UAM, El Colegio de La Frontera Norte, Casa Juan Pablos, México.

- A modernidade em dúvida. (2006). García Canclini, N., IMJ-SEP México. O futuro não é como antes: Ser jovem na América latina. (2005) Revista Nova Sociedade, No. 200, Buenos Aires.

Aqui é evidente que o conceito de juventude não tem um significado universal. Por conseguinte, a juventude não é tanto uma categoria biológica revestida de conseqüências sócias, mas um conjunto complexo de classificações culturais variáveis permeadas pela diferença e pela diversidade. Como construto natural, o significado de juventude muda através do tempo e do espaço segundo quem ou para quem ela é definida. Como construto discursivo forma-se pela via organizada e estruturada como nós falamos e construímos o jovem como categoria pessoal. Os discursos sobre o estilo, imagem, diferença e identidade têm sido particularmente significativos (para os acadêmicos).

O que importa é a forma como a categoria ambígua de juventude articulase com outros discursos sobre musica, estilo, poder, responsabilidade, esperança, futuro, etc. “O assunto não é se os diferentes discursos sobre juventude são referencialmente precisos, senão como eles mesmos fazem parte do contexto onde se organiza a juventude” (Grossberg, 1992).

A partir das sub-culturas juvenis e das análises acadêmicas das mesmas no século passado, temos chegado, no inicio do XXI século, a novas práticas nos mundos de vida juvenil, coerentes com os trocos da época. Devemos lembrar que a juventude é uma categoria cultural articulada diferencialmente (construída em relação) com classe, gênero e raça. Ademais, a juventude pode ser produzida diferencialmente em espaços e lugares divergentes. A juventude atualiza-se em clubes, bares, escolas e parques, o que produz um rango de significados e comportamentos.

O importante não é simplesmente compreender o conceito de juventude, mas compreender seu lugar na cultura, considerado menos como assunto de lugares com raízes híbridas e crioulizadas no espaço global. As culturas juvenis não são puras, autênticas e limitadas localmente; mas são produtos sincréticos e híbridos resultantes das interações espaciais. Ainda mais importante, elas são ‘constelações de coerência temporal entre as quais podemos identificar as culturas locais) localizadas no interior do espaço social, que é um produto de relações e interconexões) que abrange desde o conceito mais local até o mais intercontinental’ (Massey, 1998).

Neste número encontraremos, na seção dedicada à teoria e à meta-teoria, o artigo de Zuleika Köhler Gonzales e Neuza Maria de Fátima Guareschi sobre a noção de “protagonismo juvenil” no Plano Nacional de Juventude Brasileira, discutido desde a categoria foucaultiana de “governamentalidade” que explora formas contemporâneas e hegemônicas de subjetivação. Outro artigo importante nesta seção é o trabalho de Jairo Hernando Gómez Esteban no qual, assume com audácia o “romanticismo” como mito fundamental do ser jovem, considerado como movimento estético-político que tem acabado por incrustar-se e prevalecer não somente nos imaginários e rituais senão nas práticas políticas e culturais dos e das jovens nos dois últimos séculos. Por último temos um texto que permite a nossa aproximação às teorias sociológicas contemporâneas e às categorias como “tempo panóptico” e “cronótopo”, realizado por Sara Victoria Alvarado, Jorge Eliécer Martínez Posada e Diego Alejandro Muñoz Gaviria, onde podemos analisar as dinâmicas juvenis entre a proscrição social, a antecipação moral e as formas de compreensão do sujeito jovem.

Na segunda seção podemos ler treze artigos, sub-divididos nas cinco grandes temáticas seguintes:

A) Sobre o assunto de Saúde encontramos dois artigos. María Del Carmen Vergara Quintero, baseada na sua dissertação doutoral, reflete sobre as representações de jovens da cidade de Manizales, Colômbia, depois de escutar as vozes dos jovens e das jovens para ter uma visão integral dos seus problemas e das suas exigências de atenção. Os pesquisadores mexicanos Teresa Margarita Torres López, Rosalba Alejandra Iñiguez Huitrado, Manuel Pando Moreno e José Gpe. Salazar Estrada centram sua atenção na descrição do risco de contágio de ITS e VIH/SIDA, desde a perspectiva dos e das adolescentes migrantes de Jalisco, México.

B) Dois artigos fazem referencia a Assuntos Sociais Críticos. Pablo Cristian Aparicio faz uma leitura crítica das reformas educativas na América Latina e na Argentina, propulsadas pela introdução dum novo modelo econômico e social hegemônico ao nível global, de orientação neoliberal, com conseqüências graves no mercado de trabalho,na organização social e na vida política e institucional. Elisa Guaraná de Castro contribui ao debate sobre a juventude rural no Brasil dando ênfase na condição de exclusão social e no seu caráter de ator político.

C) Em relação com o assunto sobre Educação, em primeiro lugar Hilda Mabel Guevara busca recuperar os significados da experiência acadêmica desde uma dimensão pessoal e subjetiva, a identidade encarnada nas vozes e nos relatos autobiográficos de um grupo de universitários. Também busca refletir as percepções mais importantes acerca das relações que estes jovens podem ter com o conhecimento, num contexto cultural caracterizado por múltiplas transformações. Depois, Nalopelón Murcia Peña apresenta a universidade como uma instituição social e desde a sua própria dinâmica, indica como a definição das políticas sobre a educação universitária deve partir do reconhecimento dos imaginários construídos pelas comunidades educativas, toda vez que é a partir deles que vêm definidas as ações e as interações da vida universitária. Finalmente, Patricia Helena Jaramillo Marín examina o fenômeno da integração das Tecnologias de Informação e Comunicações (TIC) na educação superior. Seu estudo corresponde a uma pesquisa realizada com o objetivo de conhecer este fenômeno com maior profundidade e identificar as aprendizagens dos estudantes que participam nela.

D) Agrupados sob o epigrafe Subjetividades e Culturas, temos os três artigos seguintes: Andrés Vélez Quintero apresenta a construção duma subjetividade que gira ao redor da experiência com o rap, um fenômeno complexo no qual é possível distinguir tanto a variedade de experiências acumuladas numa interação social múltipla, como a variedade de cenários onde acontecem estes encontros e trocos. Os mass media constituem um cenário importante e são um agente promotor da avizinhação entre os sujeitos e os objetos culturais. Horacio Espinosa Zepeda, reflete sobre as conexões existentes entre o estilo e as estratégias de identidade que permeam o contexto da cultura indie de Guadalajara, como produto duma serie de imagens virtuais com jovens criadores e criadoras neste contexto. Ele também observa através das imagens produzidas no interior da cultura tapatia, elementos que rompem com o essencialismo das culturas juvenis clássicas. Finalmente, María Cecília Guerra Lage analisa o fenômeno da proliferação de stencils nas ruas em Buenos Aires como uma das vertentes culturais do processo geral de globalização econômica , em tanto o acesso ao internet é determinante no modo de produção e circulação destas imagens. Através da Web, os grupos produtores de stencils formam uma rede horizontal transfronteiriça de comunicação que interconecta cidades diferentes centrais e periféricas sem precisar de passar por um centro comum, através do qual esta rede troca seus moldes, amplamente relacionados com um discurso contra-hegemónico e com as reivindicações locais que rapidamente tornam-se globais.

E) Finalmente, a Política é um assunto importante neste número. Sílvia Helena Simões Borelli, Rose de Melo Rocha, Rita de Cássia Alves Oliveira e Marcos Rodríguez de Lara apresentam os avances de resultados parciais (anos 60 e 70) da pesquisa realizada no Brasil e articulada à pesquisa de Clacso sobre juventude e novas práticas políticas na América Latina. Cristian David Soto Ospina, Johanna Vásquez Jaramillo e Yudi Bibiana Cardona Loaiza mostram como a política transversalisa as práticas diárias do ser humano nos contextos sociais, institucionais, comunitários e familiares; e reconhecem os significados que os jovens e as jovens dão à política, como também mostra a incidência da maneira de relacionar-se e atuar na família e na escola. Melina Vásquez analisa a emergência das organizações autônomas de desempregados na Argentina, as quais têm favorecido a formação de novas experiências militantes, onde a participação juvenil é de importância vital, num contexto de desemprego, dêsinstitucionalização e debate dos canais e das formas tradicionais de participação e representação política. As organizações de desempregados constituem um espaço fértil para o desenvolvimento de carreiras de militância política que estruturam tanto novas formas de vida como também modalidades de socialização política entre os jovens.

A terceira seção apresenta ao inicio o aviso institucional do premio conferido por Clacso à revista no II Concurso Fundo de Apoio às Revistas de Ciências Sociais da América Latina e o Caribe “Juan Carlos Portantiero (2008). Após anuncia-se a Convocação para o Volume 7 Número 2, de julho a dezembro, da Revista Latino- Americana de Ciências Sociais, Infância e Juventude (monográfico especial sobre a infância) que vai circular no mês de setembro do ano 2009. Depois aparecem dois recursos importantes de busca bibliográfica: o Índice Acumulativo por autores e o Índice Temático. Finalmente, anuncia-se o encontro do Grupo do Grupo de Trabalho 23 “Juventude, cultura e poder nas cidades, no marco da VIII Reunião de Antropologia do Mercosur do 26 de setembro ao 2 de outubro na cidade de Buenos Aires.

Na quarta seção temos o Boletim No. 32 da Organização dos Estados Ibero- Americanos com informação sobre a disjuntiva ¿Crise financeira ou crise global? A economia verde como necessidade e como oportunidade.

Sabemos que na América Latina e na Colômbia particularmente, as condições de vida dos jovens têm sido deterioradas grandemente: os fatores que mais as afetam são a pobreza, o desemprego (dobram o total nacional) e a violência (tanto intra-familial como social); as políticas implícitas ofendem seriamente os seus direitos: os “falsos positivos”, o “toque de sino” em cidades diversas, a persecução aos estudantes das universidades públicas, os mandados de busca nos centros culturais. Poucos jovens têm acesso à educação superior e a maioria deles dedicase a “atividades informais”. CEPAL tem advertido que a crise financeira mundial vai piorar os fatores estimulantes da violência juvenil, por quanto moram num estado de grande frustração das expectativas de mobilidade social.

Nós achamos que esta publicação é um esforço que contribui à compreensão de muitos outros fatores, e é também uma forma de ação política que nos avizinha às possibilidades de solução.

Como comentário final, convidamos a participar na Convocação do Cendi de Monterrey, México; o Departamento de Educação e Cultura da OEA e do Centro de Estudos Avançados em Infância e Juventude da Universidade de Manizales e do CINDE para o Volume 7 Número 2 (monográfico de pesquisas sobre a infância) que vai estar em circulação no mês de setembro de 2009, paralelo à Reunião Mundial sobre a Infância que vai acontecer na cidade de Monterrey. Cendi faz o co-financiamento desta publicação e também vai financiar um número anual permanente monotemático sobre a infância. O prazo para esta convocação é o dia 20 de Abril do ano 2009. Toda a informação pertinente fica na seção “Novedades” do endereço seguinte: http://www.umanizales.edu.co/revistacinde/index.html

Para o ano 2009 e dada a grande variedade e fluxo de artigos que têm chegado à nossa revista, vamos publicar um número extraordinário com temática aberta no mês de dezembro.

No campo das indexações, a revista foi incluída em Carhus, o índice catalão o mais importante na Espanha.

Ao final desta edição temos recebido a grande noticia que a revista foi indexada no Scielo, o Índice Bibliográfico generalista regional mais importante o qual faz a seleção de revistas científicas baseado em exigências científicas e editorias muito estritas. Este reconhecimento implica também que poderemos estar na categoria A brevemente; por isso estamos realizando o processo requerido por Publindex de Colciencias na Colômbia na sua convocação para a re-indexação no primeiro semestre do ano 2009.

O editor convidado

 

Germán Muñoz González
Coordenador da Linha Jovens, Culturas e Poderes
Doutorado em Ciências Sociais, Infância e Juventude
Centro de Estudos Avançados em Infância e Juventude
Universidade de Manizales-Cinde
Colômbia

O editor,

 

Héctor Fabio Ospina

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