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Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud

versão impressa ISSN 1692-715Xversão On-line ISSN 2027-7679

Rev.latinoam.cienc.soc.niñez juv v.8 n.2 Manizales jul./dez. 2010

 

 

Editorial

Apresentação do Volume 8 Número 2 de Julho-Dezembro de 2010, Número Monográfico em Criação e Desenvolvimento Infantis

A Revista Latino-Americana em Ciências Sociais, Infância e Juventude e a Linha de Pesquisa em Criança e Desenvolvimento Infantis do Programa de Doutorado em Ciências Sociais, Infância e Juventude do CINDE e da Universidade de Manizales tem promovido, de maneira conjunta, este número monográfico sobre o assunto de Criança e Desenvolvimento Infantis. É satisfatório ver a numerosa e valiosa resposta em artigos como conseqüência desta convocatória, o que reflete o interesse por esta problemática importante da parte dos pesquisadores e pensadores em ciências sociais e humanas no presente.

No ano passado, a Revista publicou um número monográfico sobre a Infância: “Panorama da pesquisa em Infância na America Latina no Século XXI”, em coincidência com a celebração dos vinte anos da promulgação da Convenção Internacional dos Direitos das Crianças (CIDN). A partir desta data tem-se renovado o interesse pelos estudos que visam avaliar a aplicação da Convenção com respeito à promulgação de políticas em favor da infância e pela avaliação do impacto dessas políticas na situação da infância.

A convocatória para participar neste número da Revista acontece num momento no qual na Colômbia tem-se gerado avanços importantes no reconhecimento da importância da primeira infância e na necessidade de gerar programas para responder às grandes necessidades de nossas crianças como também para lograr o cumprimento dos seus direitos. Tem-se desenhado e logrado a aprovação da Política para a Primeira Infância1, fruto de um esforço significativo e mancomunado de entidades públicas e privadas e do setor das ONGs, como também de pesquisadores, acadêmicos e participantes no campo da primeira infância pelo reconhecimento de um enfoque integral na atenção à população infantil e à criação das condições mínimas para um desenvolvimento sano dos meninos e das meninas. Neste mesmo esforço, aprovou-se recentemente a Lei 1295 do dia 6 de abril do ano 2009 que rege a atenção integral dos meninos e das meninas da primeira infância dos setores mais pobres da população.

A expectativa desta convocatória visa a explorar o interesse regional dos acadêmicos e dos pesquisadores no estudo da temática de criação e desenvolvimento, crendo firmemente na relação estreita e positiva existente entre a pesquisa e o melhoramento das práticas em favor da infância. Este número busca contribuir à criação de um mundo mais favorável para o desenvolvimento dos nossos meninos e meninas na Região Latino Americana, do Caribe e do mundo; de ambientes mais prósperos para seu desenvolvimento, e à proteção e garantia dos seus direitos, na convicção que somente o esforço coordenado que integre a teoria, a pesquisa e a prática, com a contribuição das diversas esferas da sociedade onde participem os promotores de incidência política, os desenhadores e os executores de programas, pesquisadores, acadêmicos, pensadores e sonhadores, e com a superintendência e participação da sociedade civil, se poderá lograr esta meta.

A reflexão sobre os assuntos da criação e do desenvolvimento infantis faz referência a duas temáticas que afetam os meninos e as meninas, suas famílias e a sociedade em geral, e que esta relacionada com os contextos familiares e sociais onde as crianças se desenvolvem, com o impacto que estes tem sobre seu desenvolvimento, sobre suas capacidades atuais e futuras em todas as dimensões do desenvolvimento humano, sobre suas possibilidades para ser membros ativos, participantes e colaboradores na sociedade, e também para ser seres humanos justos e felizes.

Na Primeira Secção da Revista apresentam-se artigos de reflexão teórica ou ensaios baseados em pesquisas previas que abordam temáticas diferentes com referência à criação e ao desenvolvimento infantis. Em primeiro lugar, temos incluídos três artigos que abordam os temas da socialização dos meninos e das meninas em contextos diferentes e em sua relação com a diversidade cultural característica do mundo atual, onde as migrações e os deslocamentos são temas relevantes: “Infância, desenvolvimento e conhecimento: os meninos, as meninas e sua socialização” de Carolina Duek, como também “Apontamentos sobre a socialização infantil e construção de identidade em ambientes multiculturais” de Maria Dilia Mieles e María Cristina García. Este último artigo esta baseado em discussões da Linha de Pesquisa “Criação e Desenvolvimento Infantis” do programa de Doutorado em Ciências Sociais, Infância e Juventude do Centro de Estudos Avançados em Infância e Juventude da Universidade de Manizales e do CINDE. Aborda-se também nesta seção o tema da socialização com referência à meninos e meninas em situação de risco, numa reflexão interessante e iluminadora de Patricia Murrieta, sobre as relações de poder como determinantes da permanência das crianças na rua, com base em sua experiência com crianças da rua no México.

O segundo tema de reflexão tem relação com o papel dos pais no desenvolvimento dos meninos e das meninas, abordado por Ana María Mesa e Ana Cristina Gómez em seu artigo relativo ao desenvolvimento de bebês prematuros: “A Mentalização como estratégia para promover a Saúde Mental em bebês prematuros”.

Em terceiro lugar aparece como tema de reflexão a educação inicial apresentado em três artigos. Mariela Caputo e Gabriela Gamallo analisam a educação inicial com relação à “Qualidade do Jardim Maternal e sua influência no desenvolvimento cognitivo das crianças”; Rosa Julia Guzmán e Mónica Guevara analisam as concepções que os educadores tem sobre a infância em relação com suas aprendizagens e suas práticas dos processo de alfabetização inicial e aprendizagem dos educadores”. Em relação com o assunto anterior está a reflexão de Diva Nelly Mejía sobre a importância da motivação na leitura desde a primeira infância: “Leitura inicial para chegar à escola”.

Um último tema de reflexão que aparece na primeira seção desta Revista é aquele sobre a proteção social e sua relação comas categorias da infância, analisado no caso da Argentina por Leandro Luciani em seu artigo: “A proteção social da infância: subjetividade e pós-direitos na segunda modernidade”.

Na Segunda Seção da Revista: Estudos e Pesquisas apresentam-se trabalhos que proporcionam uma boa amostra do interesse pesquisador na região sobre a problemática da infância, a criação e o desenvolvimento dos meninos e das meninas. Incluem-se pesquisas realizadas na Argentina, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador e o México, duas das quais são estudos multinacionais. Igualmente, a amostra de artigos tem uma visão de diversidade de enfoques e estratégias de pesquisa com a qual é enfocada a problemática pelos pesquisadores da região, os quais a assumem com diversas estratégias de pesquisa etnográficas, fenomenológicas, com predomínio de aproximações qualitativas sem excluir estudos de tipo empírico analítico.

O tema inicial é a Criação que inaugura o nosso percurso pela pesquisa regional, com seis artigos resultados de pesquisas. O primeiro artigo é de Ianina Tuñón que estuda as características da família e o nível sócio-econômico sobre a socialização em seu artigo “Determinantes das oportunidades de criação e socialização na infância e na adolescência. “Em segundo lugar está o artigo “As configurações sociais da criação em bairros populares do Grande Buenos Aires” de Laura Santillán, quem faz uma exploração antropológica sobre a criação e a educação infantil em contextos urbanos pobres do Grande Buenos Aires. Também apresenta-se um estudo sobre os comportamentos, atitudes e padrões de criação em 78 municipalidades do Departamento de Boyacá, Colômbia, na pesquisa conduzida por Alba Nidia Triana, Liliana Ávila e Alfredo Malagón denominada “Padrões de criação e cuidado de meninos e meninas no Estado de Boyacá”. A pesquisa seguinte neste tema estuda a problemática da violência na família e explora as práticas da violência materna com os meninos e as meninas, como também seu impacto no vínculo materno-filial; esta pesquisa foi realizada por Mauricio Hernando Bedoya e Mary Lucy Giraldo.

Encontramos um subgrupo de pesquisas no tema de criação o qual estuda a criação em relação com grupos étnicos. O primeiro estudo, apresentado por Carolina Remorini, explica a relação entre movimento, saúde e identidade, numa olhada multidisciplinar desde a antropologia, a sociologia e a psicologia; discute os achados da pesquisa etnográfica sobre as representações e práticas relacionadas com a criação e o desenvolvimento infantil realizada em comunidades Mbya Guaranis de Misiones, Argentina. No último estudo deste subgrupo, Ana Carolina Hecht e Mariana García apresentam uma pesquisa realizada num bairro Toba localizado na periferia de Buenos Aires, sobre as categorias étnicas e a adscrição a elas da parte dos meninos e das meninas.

Um segundo grupo de pesquisas é constituído por estudos relativos à construção da identidade de gênero e à percepção sobre a sexualidade nos meninos e nas meninas. A primeira pesquisa é sobre a construção de identidade de gênero em crianças de comunidades camponesas na Costa Rica. O seu autor, Mauricio Menjívar titula sua pesquisa “Crianças que tornam-se homens: Conformação de identidades masculinas de agricultores na Costa Rica”. A segunda pesquisa nesta temática explora, em meninos e meninas da cidade de Neiva, Colômbia, sua percepção e explicação sobre diferentes situações referentes à sexualidade. Carlos Bolívar Bonilla explora o assunto desde a perspectiva das justificações morais, no seu artigo “Justificações morais dos meninos e das meninas sobre a sexualidade”.

Um grupo constituído por três pesquisas sobre a problemática das crianças na rua dá continuidade à nossa relação de conteúdos deste número. O primeiro é um estudo realizado no Chile e no Equador, onde as pesquisadoras Patricia Guerrero e Evelyn Palma analisam as representações sociais sobre a educação dos meninos e das meninas da rua em Santiago e Quito, evidenciando a percepção de expulsão e exclusão da escola pela parte destes meninos e destas meninas. Em outra pesquisa, Ladislao Adrián Reyes e Juan de Dios González exploram o assunto das instituições de atenção às crianças da rua e seus programas educativos desde a adequação e a capacidade de resposta às características dos meninos e das meninas, evidenciando uma educação paliativa e um controle punitivo. Por último, numa olhada estimulante, Sabine Cárdenas analisa o processo de mudança de vida experimentado por três crianças da rua, que tem uma experiência exitosa no seu processo de re-incorporação social e construção de um projeto de vida alternativo.

Dois artigos fazem referencia à temática importante da educação inicial. No primeiro, Beatriz Elena Zapata e Leonardo Ceballos pesquisam sobre a caracterização do papel e do perfil do educador para a primeira infância, explorando a opinião que sobre o papel do profissional da educação para a primeira infância temos no Chile e na Colômbia. Com este fim consultam-se diversos tipos de atores: diretivos docentes, representantes da educação, famílias, estudantes e profissionais em outras áreas.

Em outra pesquisa realizada na Argentina por Nora Scheuer, Monserrat de La Cruz e María Sol Iparraguirre, pesquisam-se as concepções de 120 meninos e meninas de educação pré-escolar e do primeiro grau das escolas públicas da Argentina sobre a aprendizagem em três domínios: desenho, escrita e notação numérica.

Três pesquisas poderiam ser situadas na ampla temática da saúde mental e física dos meninos e das meninas. No primeiro destes trabalhos, Marta Isabel López e Mónica Schnitter estudam a relação entre o contexto relacional primário do menino ou da menina com problemas de aprendizagem e as dificuldades de aprendizagem (DA). Numa temática vizinha, Luisa Matilde Salamanca apresenta a pesquisa que permitiu desenhar, validar e determinar a confiabilidade de um instrumento para avaliar limitações e restrições de meninos e meninas com o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), um assunto de grande relevância para a detecção temporã e tratamento destes transtornos nos meninos e nas meninas. Por último, estuda-se o tema da obesidade infantil na sua relação com os hábitos alimentícios na cidade de Sonora, México. Este tema importante que se torna hoje em dia num problema de saúde internacional é pesquisado por Juana María Meléndez, Gloria María Cañez e Hevilat Frías num grupo de crianças com idades entre 7 e 10 anos.

O tema referente à participação infantil é explorado numa pesquisa realizada por Silvia Paulina Díaz, quem indaga, com meninos e meninas escolarizados da cidade de Medellín, Colômbia, sobre suas representações sociais respeito ao exercício cidadão, encontrando como resultado que os meninos e as meninas apresentam-se preparados para exercer seu direito à participação, mas que também apresentam dificuldades nas práticas sociais que os incluem e que permitem tão participação.

O assunto do castigo como elemento no processo de socialização infantil é explorado num estudo histórico com enfoque arqueológico realizado por Arley Fabio Ossa, quem, numa perspectiva genealógica, “descreve as continuidades e condições de existência e emergência do castigo no campo da instrução pública nos Estados Unidos da Colômbia, no caso de Estado Soberano de Antioquia de 1867-1880”. Constitui um estudo histórico interessante que permite seguir as origens de práticas de socialização ainda em vigor nestes dias.

Para fechar esta seção de pesquisa, apresenta-se um estudo importante sobre a construção de indicadores locais respeito à situação da infância. Ana María Osorio e Luis Fernando Aguado definem um conjunto de indicadores que permitem “analisar o bem-estar e o cumprimento com os direitos dos meninos e das meninas em áreas diferentes: saúde, educação, alimentação, casa digna, e com a exposição aos riscos temporais como o trabalho e a maternidade, no Estado do Valle Del Cauca, Colômbia. Os indicadores adaptados à contextos específicos são uma ferramenta fundamental para avaliar o impacto da aplicação de políticas públicas em favor da infância e dos programas, através dos quais tais políticas se consolidam na prática de seguimento da convenção e das metas do milênio respeito aos direitos dos meninos e das meninas. Com este artigo interessante “Uma olhada à situação da infância no Valle Del Cauca” fechamos esta seção do número monográfico sobre a criação e o desenvolvimento infantil da Revista Latino Americana em Ciências Sociais, Infância e Juventude.

Temos a certeza que o número da Revista que estamos apresentando, através dos contributos dos autores e dos pesquisadores, contribui à construção deste campo do conhecimento e à seu impacto na política e na prática em favor das meninas e dos meninos Latino Americanos e do Caribe.

Os conteúdos da terceira (Relatórios e Análises) e da quarta (Revisões e Recensões) seções desta Revista podem ser consultados de texto completo na versão digital da mesma. Na terceira seção podemse ler duas convocatórias que estão abertas: “Convocatória para o Volume 9 Número 1 (Janeiro-Junho, 2011), número monográfico sobre pesquisas em juventude e práticas políticas na America Latina e o Caribe”, e a “Convocatória para o Volume 9 Número 2 (Julho-Dezembro, 2011), número monográfico: Infância e Adolescência”.

Neste ano, a Revista tem sido acessada à três novos índices bibliográficos internacionais: Ebsco, Prisma e Doac; o que representa um avanço ao nível de visibilização e impacto na comunidade cientifica e acadêmica.

Igualmente apresentamos e damos as nossas boas-vindas aos novos integrantes de nossos comitês Científico e Editorial: Sonia María da Silva Araújo, do Brasil, Doutora em Educação e Professora da Universidade Federal de Pará, na cidade de Belém, Brasil; Janssen Felipe da Silva, também do Brasil, Doutor em Educação e Professor da Universidade Federal de Pernambuco; como também Patricia Granada Echeverri, da Colômbia, Doutora em Ciências Sociais, Infância e Juventude e Professora da Universidade Tecnológica de Pereira, Colômbia. Ao Comitê Científico chega José Luis Grosso, da Argentina, Doutor em Antropologia e Professor da Universidade Nacional de Catamarca. Com a chegada destes novos integrantes, a Revista fortalece os processos acadêmicos, editorias e de pesquisa.

Nesta política de fortalecimento estamos redirecionando os nossos objetivos para chegar à comunidade acadêmica pesquisadora nacional e internacional mediante a implementação de novos sistemas e tecnologias de ponta que vai permitirmos uma interlocução permanente e estar em linha com os usuários. Com este fim estamos instalando o programa “Open Journal System” (OJS) para que a gestão de conteúdos e a editorial da Revista estejam em linha e o acesso aos conteúdos e às informações da Revista esteja aberto de maneira permanente. Estamos também no processo de redesenho da Revista e da construção de uma pagina web interativa e dinâmica. Estes são alguns dos objetivos que temos para o próximo ano.

A editora convidada,

María Cristina García Vesga

O Diretor-Editor

Héctor Fabio Ospina Serna

 


Notas:

1 “Colômbia pela Primeira Infância”, Ministério da Proteção Social, Ministério da Educação Nacional, Instituto Colombiano de Bem-Estar da Família, DNP-DDs_ss Versão aprovada, Bogotá, D.C., 03 de Dezembro de 2007.


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