SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.9 número1Práticas participativas em grupos juvenis na Cidade da HavanaO "amor passional" aos programas sociais dos jovens latinoamericanos em processo de desafiliação índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Em processo de indexaçãoCitado por Google
  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO
  • Em processo de indexaçãoSimilares em Google

Compartilhar


Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud

versão impressa ISSN 1692-715Xversão On-line ISSN 2027-7679

Rev.latinoam.cienc.soc.niñez juv v.9 n.1 Manizales jan./jun. 2011

 

 

Segunda Sección: Estudios e Investigaciones

 

 

Teorias/metodologias: trajetos de investigação com coletivos juvenis em São Paulo/Brasil*

 

Teorías/metodologías: trayectos de investigación con colectivos juveniles en São Paulo/Brasil.

 

Theories/methodologies: research paths with young groups in Sao Paulo/Brazil

 

 

Silvia Helena Simões Borelli1, Ariane Aboboreira2

1 Silvia H. S. Borelli é antropóloga, professora Doutora/Livre Docente (Departamento de Antropologia/Pós-Graduação em Ciências Sociais. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. PUCSP. Brasil). Coordena e integra grupos de investigação, assessora agências de fomento e é responsável por convênios de cooperação internacional; é membro da Coordenação do GT Juventudes e Práticas Políticas (Clacso–2011/2013), do Comitê Acadêmico de Direção do Curso de Pós-Doutorado em Ciências Sociais, Infância e Juventude (Clacso/Cinde/UCSH/Ceju/PUCSP) e representante, da PUCSP, na RedINJU - Red de Posgrados en Infancia y Juventud (Red Clacso de Posgrados en Ciencias Sociales/Organización de Estados Iberoamericanos- OEI). Orienta trabalhos de graduação, mestrado e doutorado e publica livros e artigos no Brasil e no exterior: sborelli@pucsp.br; http://lattes.cnpq.br/3417483792462916; http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0071703WGPZDS2.

2 Mestranda no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUCSP e pesquisadora do Grupo de Pesquisa Imagens, metrópoles e culturas juvenis (Diretório de Pesquisas do CNPq – Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT, Brasil) e do grupo de pesquisa Jovens urbanos: ações estético-culturais e novas práticas políticas, (PUCSP/Clacso): neabo@ hotmail.com; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4250055E4.

 

 

Artículo recibido en febrero 7 de 2011; artículo aceptado en mayo 9 de 2011 (Eds.)

 


Resumo:

Este artigo vincula-se a uma investigação mais ampla, cujo objetivo foi analisar novas práticas políticas juvenis e considerar as ações culturais protagonizadas por jovens, como lócus privilegiado de ações políticas. Destaca-se aqui a reflexão sobre as relações entre matrizes epistemológicas, teórico-conceituais e metodológicas para a construção e aplicação de um protocolo de investigação, centrado na etnografia de campo. Como sujeitos investigados, encontram-se coletivos juvenis que atuam nas periferias da cidade de São Paulo, regiões norte, sul, leste e oeste; são protagonistas de ações mediadas pela cultura, política, cotidianeidade e relações com as políticas públicas. A etnografia privilegiou a coleta de dados, com foco na observação etnográfica, entrevistas em profundidade, produção de acervos imagéticos e retorno de resultados aos jovens investigados.

Palavras chave: Coletivos juvenis; cultura e política; cidade de São Paulo; protocolos metodológicos de investigação.


Resumen:

Este artículo hace parte de una investigación que analiza prácticas políticas juveniles y considera las acciones culturales como locus privilegiado de acciones políticas. Se destaca, aquí, la reflexión sobre las relaciones entre matrices epistemológicas, teóricas/conceptuales y metodológicas en la construcción de protocolos de investigación centrados en la etnografía. Como sujetos investigados, los colectivos juveniles de las periferias de la ciudad de San Pablo, regiones norte, sur, este y oeste, protagonistas de acciones mediadas por la cultura, la política, la cotidianeidad y las relaciones con las políticas públicas. La etnografía privilegia la recolección de datos, centrada en la observación, las encuestas, la producción de imágenes y el regreso de los resultados a los jóvenes investigados.

Palabras clave: Colectivos juveniles; cultura y política; ciudad de San Pablo, Brasil; protocolos metodológicos de investigación.


 

Abstract:

This article intend to do an investigation aimed to examine new practices and policies for collective young people, considering the cultural actions performed by young people as the privileged locus of political action. The highlight is based on the reflection on the relations between epistemological, theoretical, conceptual and methodological conceptions in constructing and implementing a research focus on an ethnographic field. As research subjects, are young groups that act in the suburb of different areas from Sao Paulo - north, south, east and west; these groups are the protagonists of actions mediated by culture, politics, everyday life related with public policy. The ethnography is focused in the data collection based on ethnographic observation, depth interviews, producing imagery collections and a feedback to the young investigated.

Key words: Collective young groups, culture and politics, the city of São Paulo; research methologies

 


 

1. Introdução

 

O projeto de pesquisa Jovens Urbanos: ações estético-culturais e novas práticas políticas vincula-se ao Grupo de Trabalho Juventud y nuevas prácticas políticas en América Latina (Clacso-Consejo Latinoamericano de Ciências Sociales) e objetiva analisar novas práticas políticas juvenis, em especial na cidade de São Paulo, Brasil. Considerase, como pressuposto, que as ações culturais juvenis configuram-se como lócus privilegiado de ações políticas e que as dimensões estéticoculturais tornam-se um indicador fundamental na compreensão de práticas políticas juvenis na contemporaneidade. Toma ainda por base a hipótese de que tais práticas articulam-se tanto aos campos mais institucionalizados – políticas públicas, terceiro setor, iniciativa privada, organismos regionais e internacionais, movimentos sociais – quanto se deslocaram historicamente para a vida cotidiana, visibilizadas por intervenções cujas características respondem por certo grau de independência e autonomia (Borelli, Rocha & Oliveira, 2009 e 2010).

Propõe-se a adoção de um olhar investigativo e multimetodológico, fundamental na compreensão das dimensões políticas incrustadas em processos culturais protagonizados, interpretados e experienciados por coletivos juvenis em grandes centros urbanos.

Para tanto, a pesquisa em sua versão ampliada – e não apenas no trecho constituído por este artigo –, divide-se em três eixos analíticos: a) Coletivos juvenis: formas culturais e novas práticas políticas, base para a reflexão deste artigo1; b) “Convidamos todos e todas interessados e interessadas”: grupos juvenis, redes sociais digitais e ações éticas2; c) Ações comunicacionais de fronteira, políticas de visibilidade e subjetivação juvenil3.

 

2. Sobre teorias e metodologias: construindo “mapas noturnos”

Alguns autores e abordagens constituíram a base teórica e epistemológica e conduziram o trajeto de reflexão do primeiro eixo da investigação – Coletivos juvenis: formas culturais e novas práticas políticas – a que se refere este artigo.

Bakhtin4, Gramsci5, Williams6 e Martín- Barbero7 estiveram presentes desde as formulações iniciais – constituição do problema, objetivos, mapeamento temático e conceitual, planos de trabalho, protocolo metodológico de pesquisa de campo – até a análise dos resultados.

Respeitando suas inserções particulares no campo da produção de conhecimento, assim como suas especificidades teórico-conceituais, busca-se uma base comum de reflexão capaz de identificar e relacionar, nos contextos analíticos dos quatro autores acima citados, algumas concepções que, postas em diálogo, permitem o adensamento sobre as articulações entre cultura e política e a elucidação sobre o sentido das novas práticas políticas permeadas por ações culturais. Entre elas, destacam-se: forma, conteúdo, gêneros; discursos, narrativas; cultura, cultura popular, práticas políticas; ideologia, hegemonia, dialogia, polifonia.

Em um esforço de síntese teórico-conceitual se assume com Bakhtin alguns pressupostos, assim como são explicitados suas formas de apropriação no contexto desta investigação:

. Leitura, escrita, texto (Bakhtin, 1993) – narrativas, manifestações, produções estéticoculturais – compreendidas como formas e conteúdos, dialogicamente inseparáveis e historicamente contextualizados: chave conceitual, nesta investigação, para a análise das narrativas juvenis;

. Cultura como “tecido discursivo” múltiplo e polifônico (Bakhtin, 2008) que responde pelo princípio de “ouvir-se mutuamente”: categoria de acesso à compreensão das relações que os jovens estabelecem entre si e com os “outros”, assim como para a conexão entre sujeitos investigadores e investigados;

. Cultura, ainda, como espaço de intersecção não excludente entre escrita/imagens/oralidades e formas culturais ilustradas/oficiais, populares (Bakhtin, 1987) e midiáticas: princípio para a observação e a análise das diferentes produções, usos e apropriações de coletivos juvenis na cidade de São Paulo;

. Discurso, linguagem, narrativa como instrumentos de poder, mas também como ponto de resistência, burla e transgressão (Bakhtin, 1987); como “campo de forças, no qual diferentes ideologias e estilos se enfrentam” e como embates ideológicos “ao nível do discurso” (Brandist, 1995). Pelo dialógico, a possibilidade de ruptura da unidimensionalidade (Bakhtin, 1999) e de busca pelas brechas, descontinuidades, pelo não dito, pelos rastros reprimidos e enterrados (Zavala, 1996): pressupostos fundamentais para a explicitação, nesta investigação, das mediações possíveis entre cultura e práticas políticas, produção e usos culturais.

De Gramsci (2000 e 2002) e Williams (1992; 1997a) restitui-se uma concepção de cultura como forma particular de vida e de conflito, como práticas simbólicas de resistência e contestação, mas também de consentimento e negociação, presentes em todos os aspectos da vida cotidiana; aí se incluem atividades artísticas e intelectuais, produtos/produção culturais e suas formas e processos de produção e apropriação, de negociação e de luta pela constituição das hegemonias. Cultura não como sinônimo de erudição, nem como campo cindido entre dimensões populares, massivas, cultas/ilustradas, mas como lugar de mesclas conflituosas, que resultam de complexos processos de negociação – materiais e simbólicos – e de interesses diversificados – individuais e coletivos –, entre classes sociais, fragmentos de classes, segmentos populacionais e estilos de vida.

Destaca-se, na reconstrução de um diálogo entre os dois autores, a centralidade da reflexão sobre cultura popular: o popular constituído pelo diálogo crítico com vertentes históricas que ora o relegam à condição de folclore, ora o elegem como base de resistência política da classe dominada, em oposição ao dominante; a cultura popular emerge como espaço privilegiado de reflexão sobre as articulações entre cultura e política, entre o simbólico e o poder; não cultura popular como expressão “em bloco” de uma classe homogeneamente constituída, em relação à outra, mas o popular enredado numa teia de conflitos, interesses e negociações: no foco do debate, a concepção de hegemonia em Gramsci (2000 e 2002) e a forma por meio da qual Williams elege Gramsci como um de seus precursores ao transformar “hegemonia” (Williams, 1997ª, p. 129-136) em uma categoria que pode conter uma “semente de vida” a ser “recebida” e “recriada” (Williams, 1969, p. 346):

Gramsci planteó una distinción entre ‘dominio’ y ‘hegemonía’. El ‘dominio’ se expresa en formas directamente políticas y en tiempos de crisis por medio de una coerción directa o efectiva. Sin embargo, la situación más habitual es un complejo entrelazamiento de fuerzas políticas, sociales y culturales; y la ‘hegemonía’, según las diferentes interpretaciones, es esto o las fuerzas activas sociales y culturales que constituyen sus elementos necesarios. (Williams, 1997ª, p. 129)

Baseado, portanto, na explicitação destes referenciais, foi possível decidir pelos trajetos de buscas e escolhas para o desenho de um protocolo metodológico, assim como para as justificativas de utilização deste ou daquele instrumento de pesquisa de campo como, por exemplo, a seleção de técnicas qualitativas relacionadas à observação etnográfica, às entrevistas em profundidade, a construção de um acervo imagético, entre outras:

A veces, y así debería ser siempre, un método de análisis, sobre el cual uno puede basar un método de enseñanza, es sometido a la prueba más ardua de la práctica, tener que encontrarlo en alguna parte sobre el terreno […] Lo que había sido un análisis muy general, y hasta académico […] estaba allí, sobre el terreno, con una riqueza que apenas cabría haber esperado […] Pero cualquier análisis, aunque sea académico y teórico, tiene que someterse a esa clase de prueba. (Williams, 1997b, p. 217)

Destaca-se, entretanto, o princípio de que uma proposta metodológica não deve ser delimitada a priori, mais construída em concomitância ao processo de definição dos pressupostos epistemológicos, teóricos e conceituais. Disso resulta, portanto, um esforço de reflexão sobre como e quais foram os percursos de descoberta; um exercício de reflexividade, como proposto por Souza-Santos (1989, p. 78), que pressupõe uma tomada de posição em relação ao fazer científico e às relações epistêmicas que se estabelecem entre sujeito e objeto:

[…] a ciência torna-se reflexiva sempre que a relação “normal” sujeito-objeto é suspensa e, em seu lugar, o sujeito epistêmico analisa a relação consigo próprio, enquanto sujeito empírico, com os instrumentos científicos de que se serve, com a comunidade científica em que se integra e, em última instância, com a sociedade nacional de que é membro8.

Nesse sentido, retoma-se como princípio de ordem epistemológica, o diálogo com Williams (1969) que indica, reiteradamente no conjunto de sua reflexão, para a necessidade de uma atualização de concepções tradicionais – articulação entre traços residuais e emergentes – de forma que se possa atribuir a elas, sua particularidade de “forma histórica” (Williams, 1997a):

[…] Não há dúvida de que de todos os períodos se mantêm certas contribuições decisivas. Entretanto, na medida em que as estudamos, compreendemos que o mundo visto através daqueles olhos não é o nosso, embora com ele se pareça. O que recebemos da tradição é um conjunto de significados, mas nem todos conservam o seu sentido quando os aplicamos, como é preciso fazer, à experiência imediata […] Os problemas de nossa época estão muito próximos de nós e são excessivamente graves para que alguém imagine poder resolvê-los com um simples realçar de certas idéias. Cada questão requer difícil e minuciosa análise e laboriosa negociação […] Retirar o significado da experiência e buscar torná-lo atuante é, em verdade, nosso processo de crescimento. Recebemos e recriamos alguns desses significados […] Há idéias e formas de pensar que encerram sementes de vida e há outras, talvez profundamente arraigadas em nossas mentes, que encerram sementes de morte. (Williams, 1969, pp. 306 e 346)

Esta premissa é reiterada décadas depois (1987), por Martín-Barbero, que propõe a retomada deste pressuposto de Williams – redesenho de um mapa de “conceitos básicos” – via construção de um “mapa noturno”:

Perdidas as garantias buscadas pela inércia e deslocadas as balizas que demarcavam as instâncias, o que precisamos desenhar é o mapa dos “conceitos básicos” de que fala Williams. Entretanto, não creio que isto seja possível sem “mudar de lugar”, sem mudar o lugar a partir do qual as perguntas são formuladas. […] aceitar que os tempos não favorecem a síntese, que só podemos pressentir e suspeitar que existam áreas ainda inexploradas mesmo na realidade mais próxima. […] Um mapa que sirva para questionar as mesmas coisas – dominação, produção e trabalho – mas a partir do outro lado: as brechas, o consumo e o lazer. Um mapa que não sirva para a fuga, e sim para o reconhecimento da situação a partir das mediações e dos sujeitos. (Martín-Barbero, 2000, p. 300).

se que o desafio de “mudar o lugar”, “questionar”, olhar de outro ponto de vista, do “outro lado” tenha sido enfrentado nesta investigação e algumas escolhas podem ser relatadas, no sentido de reiterar os seguintes pressupostos:

. Considerar o princípio de que as narrativas juvenis – ou o “tecido discursivo” (Bakhtin, 1999) – sejam incorporadas como lócus metodológico; não apenas “falar” de jovens ou sobre jovens, mas dar espaço para que uma multiplicidade/polifonia (Bakhtin, 1999) de vozes juvenis possa emergir e também orientar os rumos da investigação; e responder, assim, a uma indagação basal, transformada em “problema de investigação”: o que pensam os jovens de si mesmos, do entorno, de seus próprios modos de ser e de viver e dos outros que os cercam? O que dizem os jovens sobre as possíveis articulações entre cultura e política?

. Recolocar a relação entre cultura e política de forma não cindível, como hegemonicamente vem sendo tratada em muitas abordagens epistemológicas. Para tanto, propor: caminhar na contramão de tendências que concebem a cultura e a política como lugares distintos e excludentes, em cenários tanto relacionados à produção de conhecimentos, quanto às práticas cotidianas; questionar que cultura deva se restringir aos campos da antropologia, das artes, da estética, dos estudos de linguagem e que política prescindiria de suas matrizes simbólicas, imaginárias; refutar noções de cultura esvaziadas de relações de poder e do “fazer político”; contestar o político constituído como lugar exclusivo da reflexão sobre poder; contradizer perspectivas que situam política como lócus privilegiado e restrito de ações e práticas “macro” relacionadas, por exemplo, à dominação e à luta de classes.

. Em conseqüência, e na contramão das tendências anteriores, assumir – com base no diálogo estabelecido entre Martín-Barbero (1987, p. 85) e Gramsci – que cultura e política se mesclam, na medida em que cultura passa a ser concebida como “campo estratégico de luta e espaço articulador de conflitos”. Reiterando a concepção já anteriormente anunciada, cultura se explicita como forma particular de vida e de enfrentamento das diferenças e como práticas simbólicas e políticas, que podem se manifestar ora como resistência e contestação, ora como negociação e consentimento. Cultura, portanto, como modo de vida, concepções e visões de mundo em divergência e luta pela constituição de hegemonias e contra-hegemonias (Gramsci, 2002).

 

3. Narrativas como “lugares” metodológicos

O ponto de partida deste protocolo metodológico consistiu em amplo levantamento e sistematização de coletivos juvenis que atuassem na cidade de São Paulo, por meio de diferentes ações e modalidades culturais.

Com base na análise desta cartografia extensiva foram constituídas categorias capazes de diagnosticar recorrências e consolidar critérios constitutivos de eventuais “padrões” e formas por meio das quais jovens constroem referências para “estar juntos”. O objetivo aqui foi promover um diálogo com a investigação de Cubides e Guerrero (2008), realizada com agrupamentos juvenis na cidade de Bogotá, Colômbia:

[…] analizar los particulares modos de relación que despliegan un conjunto de agrupaciones juveniles […] a partir de los cuales generan distintas propuestas parcialmente distantes del control del Estado, de las instituciones y de los partidos políticos. [Examinar] el proceso seguido por estos grupos y el tipo de conexiones que establecen – relacionadas con prácticas específicas –, sus modalidades de estructura y agrupamiento, y las maneras como su acción se despliega hasta constituir redes, todo lo cual les permite crear espacios fluidos para su actuación o encaminarse a prácticas convencionales que forman sedimentaciones. Se parte del supuesto que una agrupación se encuentra en permanente constitución, pues no posee una “identidad” acabada, pero tiende a mantener su propia singularidad y sus características específicas. (Cubides e Guerrero, 2008, p. 178)

Da referida cartografia resultaram quatro “modos de relação” mais evidentes: a) coletivos extra-institucionais que não buscam, ou mesmo recusam, conexões institucionais como justificativa para afirmação de independência e autonomia; b) coletivos que se articulam a diferentes ordens de institucionalidade – governamentais, não governamentais, religiosas, entre outras –, recebem “auxílios” e participam de editais e concorrências para a realização de suas atividades políticoculturais; c) coletivos juvenis que atuam de forma colaborativa, em suas regiões de pertença, usufruindo indiretamente da infraestrutura já conseguida por outros agrupamentos, por meio de projetos e serviços anteriormente aprovados, pelos mecanismos das políticas públicas voltadas à juventude; d) coletivos que já desfrutaram por um ou dois anos da verba pública e permanecem atuando, mesmo quando este vínculo deixou de ocorrer.

Neste exato ponto da reflexão e de avaliação sobre a eficácia do protocolo metodológico proposto, uma decisão foi tomada: priorizar, nesta etapa da análise, os segundo, terceiro e quarto padrões: coletivos juvenis institucionalmente conectados; coletivos com suas “formas colaborativas”; e egressos do programa Vai, que permanecem intervindo no cenário político e cultural da cidade9.

Os coletivos juvenis que recebem apoio financeiro da esfera pública na cidade de São Paulo – ou atuam de forma colaborativa, em decorrência deste auxílio – concentram-se basicamente em dois programas/serviços: ProAC (Programa de Ação Cultural)10 e VAI (Valorização de Iniciativas Culturais)11. O primeiro, constituído pela Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, tem por objetivo preservar, difundir e apoiar a produção artística e cultural no estado de São Paulo, compreendendo um grande leque de modalidades culturais e artísticas. Não se trata, entretanto, de uma política pública voltada especialmente para jovens, pois não delimita faixa etária ou recorte geracional; o público alvo tanto pode ser de jovens, quanto de outros segmentos populacionais. Já o programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais) está alocado na Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP) e tem por objetivo apoiar financeiramente, por meio de subsídios, atividades artístico-culturais propostas e protagonizadas exclusivamente por jovens (verba para a execução de projetos aprovados com duração de um ano, com possibilidade de renovação por mais um); com este perfil e por esta razão, o VAI transformou-se em um dos focos privilegiados desta pesquisa.

Como ponto de partida, realizou-se um denso levantamento de todos os projetos aprovados pelo VAI, entre 2004 e 2009; os resultados preliminares indicaram 507 ações já realizadas e protagonizadas por coletivos juvenis, no município de São Paulo; deste total, 100 deles ainda se encontravam ativos em 2009, período em que foi realizada a pesquisa de campo. Esta informação permitiu que se acrescentasse um novo dado à avaliação sobre a eficácia de algumas políticas públicas que, apesar de estabelecerem contatos temporários, permitem que os coletivos permaneçam envolvidos em suas atividades, com ações de mais ampla duração.

O programa VAI, além de subsidiar os referidos projetos, realiza Mostras12 regionais regulares, com o objetivo de tornar públicos os resultados alcançados por jovens e coletivos juvenis, protagonistas das ações culturais/políticas subsidiadas pelo programa. Nesses espaços “públicos” da cidade de São Paulo – “mostrar o que fizemos” ou “o que fizeram os coletivos juvenis” – é possível captar um conjunto de intercâmbios e ações que reforçam a formação de redes de sociabilidade e os sentidos de localidade e pertença, além de dimensões gregárias que se mesclam conflituosamente aos diversos nomadismos juvenis (Borelli, Rocha, Oliveira, 2009). As trocas são diversificadas: dos coletivos juvenis entre si, com suas polifonias de vozes expressas em diversas modalidades artísticas, culturais, políticas; dos jovens com os múltiplos agentes/sujeitos que compõem este campo de participação – moradores do entorno, famílias, colegas e professores das escolas (em outro ambiente que não o escolar), gestores das políticas públicas. Trocas, enfim, de tod@s entre tod@s, com seus interesses e negociações materiais e simbólicas. É deste cenário que resultam conflituosas ações políticas mediadas por práticas artísticas e culturais.

Resta confirmar que as referidas Mostras13 tornaram-se, para esta investigação, um precioso campo de coleta de dados e de seleção de indicadores para a análise de resultados.

No contexto mais geral de realização do trabalho etnográfico foram observados e analisados nove “espaços e lugares” distintos (Certeau, 1994, pp. 201-214) de atuação de jovens na cidade de São Paulo, em zonas de contraste, norte, sul, leste, oeste14. Deste total, quatro tiveram como foco as Mostras do Programa VAI; os demais foram selecionados nas mesmas zonas da cidade, mas em condições diversas dos anteriores, pois se tratava de coletivos com propostas de “ações colaborativas” ou “remanescentes da própria experiência do VAI”.

Abaixo, na Tabela 1, encontra-se esta distribuição – cartografia de “espaços e lugares” –, assim como a explicitação dos instrumentos de pesquisa privilegiados para cada um deles: observação etnográfica (com roteiro prévio e estrutura flexível), entrevistas em profundidade (questões abertas), coleta de narrativas e de imagens (fotográficas, videográficas, webgráficas). Vale reiterar, como princípio para a construção de cada instrumento de coleta de dados, o pressuposto original de que a narrativa juvenil constitui-se como lugar metodológico privilegiado na investigação15.

 

 

 

É importante ressaltar que a criação do roteiro de observação etnográfica – com tópicos direcionados ao local, aos coletivos, ao “bate-papo” informal com participantes e freqüentadores, aos registros de imagens, e à produção de uma descrição densa do evento – antecedeu a realização do campo; o instrumento passou, entretanto, por revisões e atualizações ao longo do percurso, de acordo com as dinâmicas da investigação e da relação dos investigadores com os bairros e sujeitos investigados16.

Para uma melhor visualização dos coletivos observados e suas regiões de atuação consultar, a seguir, a Tabela 2:

 

 

 

A aproximação gradativa, pela via da observação etnográfica, a diversos coletivos juvenis, assim como a busca por alternativas de imersão em suas narrativas, apontou para caminhos que seriam percorridos na realização das entrevistas em profundidade: quem entrevistar? Com quais critérios? Mesclar, dentro dos coletivos selecionados, jovens protagonistas e formadores de opinião, com outros, que fora do foco central, seriam fundamentais para a consolidação dos projetos? Como descobrir, pelas experiências narradas por estes jovens, pontos de conexão entre cultura e política?

Estas e outras indagações serviram de base para a elaboração de roteiro de entrevista em profundidade, organizado ao redor dos seguintes eixos temáticos: a) trajetória de vida e de vida cultural17; b) caminhos de busca, pelos jovens, de inserção ou formação de um coletivo; c) informações sobre o coletivo do qual participa (histórico, objetivos, ações já realizadas, projetos futuros); d) procura ou vínculos já estabelecidos com projetos e serviços de políticas públicas estatais/governamentais, do terceiro setor, da iniciativa privada; e) concepções sobre cidades, espaços, lugares, bairros; e sobre condição/situação juvenis, consumo, lazer, violência, direitos, cidadania; e) relações cultura/política. Constavam, ainda, deste roteiro dados de identificação pessoal, sobre a família, a escola, os processos de migração, os vínculos religiosos, as condições de moradia, entre outras informações.

Foram realizadas 15 entrevistas em profundidade, com jovens que atuam em diferentes modalidades nas quatro regiões da cidade de São Paulo, conforme demonstra a Tabela 3, a seguir:

 

 

 

O universo empírico e o contato direto com jovens e coletivos juvenis foi denso, não apenas no que concerne à observação etnográfica e as entrevistas em profundidade, mas também na coleta, organização de acervos e posterior análise de imagens fotográficas18, videográficas19 e webgráficas20, assim como de produtos relacionados à identificação e à divulgação das atividades e ações dos coletivos, como folders, flyers, chamadas em sites, blogs e redes sociais.

 

4. Balanços, considerações, continuidades

As técnicas de pesquisa de campo adotadas e seus respectivos instrumentos de coleta de dados – com especial atenção para a articulação entre categorias teórico-metodológicas e pesquisa de campo – tornaram-se “marcos” significativos para a análise e formatação dos resultados. Desta experiência de campo – concebida em consonância com autores e categorias analíticas selecionadas –, das memórias que dela resultam e das informações impressas – nos roteiros de observação, nos relatos das entrevistas em profundidade e nos acervos imagéticos – estão contidos muitos destes momentos privilegiados, por meio dos quais foi possível partilhar informações, constituir uma base analítica sólida e relatar pontos de partida e de chegada, deveras multifacetados.

Deste protocolo metodológico deriva um conjunto prévio, de orientação da análise e da produção de resultados21, organizado ao redor das seguintes ações: conhecer e familiarizar-se com territórios e espaços reconhecidos pelos jovens como “lugares meus”; desvendar marcas e perfis destes bairros e zonas de periferia da cidade de São Paulo; considerar as variadas alternativas encontradas pelos jovens, para “estar juntos”; detectar cruzamentos – por convergências e afastamentos – entre jovens e narrativas juvenis, mesclados pela música, teatro, dança, literatura, poesia, artes visuais, audiovisual, tecnologias digitais; destaque para o hip hop, como modalidade cultural privilegiada na análise das convergências e embates entre hegemonias e contrahegemonias; identificar, os modos de produção e a lógica dos usos juvenis; compreender as estratégias materiais e simbólicas envolvidas nos corpos, gestos, comportamentos, narrativas e vozes; interpretar “personagens”; reconhecer trocas de experiências ao mesmo tempo singulares, mas, muitas vezes, comuns a todos; analisar, nas fronteiras entre cenários urbanos e manifestações culturais/políticas juvenis, a existência de conflitos entre tradições “residuais” e formas “emergentes” (Williams, 1997a); localizar, nas produções culturais e políticas, as matrizes e as relações não excludentes entre cultura popular, massiva e ilustrada, assim como entre escrita/imagens/ oralidades; incorporar ao protocolo metodológico, imprevistos e surpresas.

Pontos de partida e de chegada que permitiram capturar, na polifonia das vozes (Bakhtin, 2008), em visões e concepções de mundo e nas lutas pela constituição de hegemonias (Gramsci, 2000 e 2002), as formas de ser, viver e constituir, pela mediação da cultura, novas práticas políticas.

 


Notas:

* Este artigo de pesquisa cientifica e tecnologica é relacionado ao projeto Jovens urbanos: ações estético-culturais e novas práticas políticas, sediado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP, Brasil) e vinculado ao Grupo de Trabalho Juventud y nuevas prácticas políticas em America Latina (Clacso – Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales). Pesquisa realizada entre out/2007 e dez/2010.

1 Como foco de reflexão para este artigo será priorizado a relação entre a base teórica e conceitual e a metodologia e pesquisa de campo adotadas. Eixo sob a responsabilidade da Profa. Dra. Silvia H. S. Borelli, que contou com a participação de: Ariane Aboboreira (co-autora deste artigo); Bruna Gottardo – pesquisadora graduada em Ciências Sociais e videomaker; Harika Maia – mestranda em Ciências Sociais (PUCSP) e profissional em políticas públicas voltadas à juventude; Beatriz Sequeira de Carvalho e Maria Claudia Sant'Anna de Paiva, graduandas em Ciências Sociais (PUCSP) e bolsistas Pibic/CNPq.

2 Sob a responsabilidade da Profa. Dra. Rita de Cássia Alves Oliveira (PUCSP), com a colaboração da bolsista de Iniciação Científica (Pibic/ CNPq), Ana Carolina Viestel Laguna.

3 Desenvolvido pela Profa. Dra. Rose de Melo Rocha (ESPMSP), com a colaboração da mestranda e bolsista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da ESPMSP, Denise de P. C. Tangerino.

4 Ver Bakhtin: 1987, 1993, 1997, 1999, 2003, 2008.

5 Ver Gramsci: 1978, 1986, 1999, 2000, 2001a, 2001b, 2002.

6 Ver Williams: 1969, 1984, 1992, 1997a, 1997b, 2007.

7 Ver Martín-Barbero: 1987, 2000, 2004.

8 Observa-se que este mesmo pressuposto foi assumido em investigação anterior, cujos resultados se encontram em: Lopes, Borelli e Resende (2002 e 2006).

9 Apenas como esclarecimento adicional: foram localizados, neste levantamento preliminar, 42 agrupamentos juvenis com características extra-institucionais vinculados à produção de diversas formas culturais como, por exemplo, literatura, hip hop, artes visuais, audiovisual e dança e conectados por meio de sites, blogs e presença em redes sociais. A análise deste contexto será realizada em próxima etapa.

10 http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.555627669 a24dd2547378d27ca60c1a0/?vgnextoid=b787a2767b3ab110VgnVC M100000ac061c0aRCRD/.

11 http://www.programavai.blogspot.com/.

12 Mostra: evento, apresentação, exposição, exibição; feria, exposición, presentación, exhibición.

13 O VAI e os coletivos organizaram/protagonizaram, em 2009, sua 6ª Mostra Cultural.

14 Para a busca e escolha de zonas, bairros, espaços e lugares – adequados aos objetivos desta investigação – foram retomadas/atualizadas informações contidas no “mapa da exclusão” (Sposati, 2000. Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/geopro/exclusao/oficinas/metodologia_mapa.pdf ) e já utilizado como base metodológica de busca, em investigação anteriormente realizada por esta mesma equipe de pesquisadores (Borelli, Rocha & Oliveira, 2009).

15 Uma das respostas ao princípio de “mudar de lugar”, para a construção de um “mapa noturno”.

16 As revisões e atualizações de todos os instrumentos de coleta de dados foram constantes e fizeram parte da rotina do trabalho em equipe, incluindo bolsistas de graduação. Esta dinâmica respondeu por um importante objetivo desta pesquisa: formação de jovens investigadores.

17 Técnica de coleta já utilizada em roteiros para entrevistas em profundidade, em investigação anterior (Lopes, Borelli e Resende, 2002 e 2006).

18 Exemplos da produção de imagens fotográficas em zonas de contraste, na cidade de São Paulo: a) zona norte, bairro Peri; atividades do coletivo juvenil Cine Cachoeira que atua de “forma colaborativa”, sem recursos das políticas públicas voltadas para a juventude. Disponível em: https://picasaweb.google.com/jovensurbanospucsp/Oe2CineCachoeiraVilaPeriZn18out09#/; b) zona sul, bairro do Grajau; diversos coletivos juvenis, de variadas modalidades culturais, que atuam na 6ª Mostra VAI, com recursos de políticas públicas municipais para a juventude. Disponível em: https://picasaweb.google.com/jovensurbanospucsp/Oe9Vai6MostraGrajauZs28nov09#/.

19 Produção videográfica, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=vDL3u2ryLRw/.

20 A produção webgráfica resultou em duas frentes de resultados: a) acompanhamento dos produtos webgráficos dos próprios coletivos juvenis; b) criação e manutenção permanente de um sitio (http://www.pucsp.br/projetojovensurbanos/) e de um blog (http://blog.pucsp.br/jovensurbanos/), desta equipe de investigação e ativos até o momento, cujos principais objetivos foram: b.1) institucionalizar esta investigação e seu vinculo com a Clacso, no portal da universidade (PUCSP); criar um canal a mais de acesso com os coletivos juvenis e tornar visível/ retornar os resultados dos quais os jovens foram sujeitos participantes.

21 Os resultados desta investigação, já consolidados, constarão de outra publicação.

 


 

Lista de referencias

 

Bakhtin, M. (1987). A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. São Paulo: Unb/ Hucitec.        [ Links ]

Bakhtin, M. (1993). Questões de literatura e de estética. São Paulo: Unesp/Hucitec.        [ Links ]

Bajtin, M. (1997). Hacia una filosofía Del acto ético. De los borradores y Otros escritos. Barcelona/ San Joan (Puerto Rico): Anthropos/Edupr (Universidad de Puerto Rico).        [ Links ]

Bakhtin, M. (1999). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec.        [ Links ]

Bakhtin, M. (2003). Estética da criação verbal. São Paulo: Martíns Fontes.        [ Links ]

Bakhtin, M. (2008). Problemas da poética de Dostoiévski. Rio de Janeiro: Forense Universitária.        [ Links ]

Borelli, S. H. S., Rocha, R. L. de M. & Oliveira, R. A. (2009). Jovens na cena metropolitana. Percepções, narrativas e modos de comunicação. São Paulo: Paulinas.        [ Links ]

Borelli, S. H. S., Rocha, R. L. de M., Oliveira, R. A., Rangel, L. H. V. & Lara, M. R. (2010). Jovens urbanos, ações estético-culturais e novas práticas políticas: estado da arte (1960-2000). Em: S. V. Alvarado & P. Vommaro (org). Jóvenes, cultura y política en América Latina: algunos trayectos de sus relaciones, experiencias y lecturas (1960- 2000). Buenos Aires: Homo Sapiens/Clacso.        [ Links ]

Brandist, C. (1995). Bakhtin, Gramsci and the semiotics of hegemony. London: Bakhtin Centre/University of Sheffield. Disponível em: http://www.questia.com/googleScholar.qst;jsessionid=LGJX1jcTfdLXzz71hvhThcv8QhpWQfMncZQLDBdyHyXbJN2SRg85!-867442119!2057868694?docId=98492419. Acesso em 10 jan11.        [ Links ]

Certeau, M. de (1994). A invenção do cotidiano. Artes de fazer 1. Petrópolis: Vozes.        [ Links ]

Cubides, H. C. & Guerrero, P. R. (2008). Modos de agrupación y prácticas políticas de jóvenes contemporáneos en la ciudad de Bogotá. En: Ponto-e-Vírgula. São Paulo: PUCSP, 4: http://www.pucsp.br/ponto-e-virgula/n4/indexn4.htm Acesso em 15 jan 11.        [ Links ]

Gramsci, A. (1978). Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.        [ Links ]

Gramsci, A. (1986). Literatura e vida nacional. São Paulo: Civilização Brasileira.        [ Links ]

Gramsci, A. (1999; 2000; 2001a; 2001b; 2002). Cadernos do Cárcere. Introdução ao estudo da Filosofia. A filosofia de Benedetto Croce (Volume 1); Cadernos do Cárcere. Os intelectuais. O princípio educativo. Jornalismo (Volume 2); Cadernos do Cárcere. Temas de cultura. Ação católica. Americanismo e fordismo (Volume 4); Cadernos do Cárcere. O Risorgimento. Notas sobre a história da Itália (Volume 5); Cadernos do Cárcere. Literatura. Folclore. Gramática. Apêndices: variantes e índices (Volume 6). Carlos Nelson Coutinho, Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio Henriques (ed). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.        [ Links ]

Lopes, M. I. V. de, Borelli, S. H. S. & Resende, V. da R. (2002). Vivendo com a telenovela. Mediações, recepção, teleficcionalidade. São Paulo: Summus.        [ Links ]

Lopes, M. I. V. de; Borelli, S. H. S. & Resende, V. da R. (2006). Televisión. Una metodología de las mediaciones. In: El consumo cultural en América Latina. Guillermo Sunkel (org.), (pp. 363-410). Bogotá, D. C.: Andrés Bello.        [ Links ]

Martín-Barbero, J. (1987). Procesos de comunicación y matrices de cultura: itinerario para salir de la razón dualista. Mexico, D. F.: Gili/Felafacs.        [ Links ]

Martín-Barbero, J. (2000). Dos meios às mediações. Comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ.        [ Links ]

Martín-Barbero, J. (2004). Ofício de cartógrafo. Travessias latino-americanas da comunicação na cultura. São Paulo: Loyola.        [ Links ]

Souza-Santos, B. (1989). Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal.        [ Links ]

Sposati, A. (coord.) (2000). Mapa da exclusão/ inclusão social da cidade de São Paulo. São Paulo: Educ.        [ Links ]

Williams, R. (1969). Cultura e sociedade. São Paulo: Companhia Editora Nacional.        [ Links ]

Williams, R. (1984). Hacia el año 2000. Barcelona: Grijalbo.        [ Links ]

Williams, R. (1992). Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra.        [ Links ]

Williams, R. (1997a). Marxismo y literatura. Barcelona: Peninsula.        [ Links ]

Williams, R. (1997b). La política del modernismo: contra los nuevos conformistas. Buenos Aires: Manantial.        [ Links ]

Williams, R. (2007). Palavras-chave. São Paulo: Boitempo.        [ Links ]

Zavala, I. M. (1996). Escuchar Bajtin. Barcelona: Montesinos.        [ Links ]

 

Webgrafia

Gotardo, Bruna e jovens urbanos (Equipe PUCSP, Brasil). Jovens urbanos: diálogos e fluxos. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=vDL3u2ryLRw/. Acesso em 1 mar 11.        [ Links ]

Jovens urbanos (Equipe PUCSP, Brasil). Site. Disponível em: http://www.pucsp.br/projetojovensurbanos/. Acesso em 1 mar 11.        [ Links ]

Jovens urbanos (Equipe PUCSP, Brasil). Blog. Disponível em: http://blog.pucsp.br/jovensurbanos. acesso em 1 mar 11.        [ Links ]

Jovens urbanos (Equipe PUCSP, Brasil). Arquivo fotográfico Zona Norte. Disponível em: https://picasaweb.google.com/jovensurbanospucsp/Oe2CineCachoeiraVilaPeriZn18out09#. Acesso em 1 mar 11.        [ Links ]

Jovens urbanos (Equipe PUCSP, Brasil). Arquivo fotográfico Zona Sul. Disponível em: https://picasaweb.google.com/jovensurbanospucsp/Oe9Vai6MostraGrajauZs28nov09#. Acesso em 1 mar 11.        [ Links ]

Governo do Estado de São Paulo. Secretaria da Cultura. Programa de Ação Cultural (ProAC). Disponível em: http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.555627669a24dd 2547378d27ca60c1a0/?vgnextoid=b787a276 7b3ab110VgnVCM100000ac061c0aRCRD. Acesso em 1 mar 11.        [ Links ]

Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP). Secretaria Municipal de Cultura. Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais. Disponível em: http://www.programavai.blogspot.com. Acesso em 1 mar 11.        [ Links ]

 


Referencia para citar este artículo: Borelli, S. H. S. & Aboboreira, A. (2011). Teorias/metodologias: trajetos de investigação com coletivos juvenis em São Paulo/Brasil. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud, 1 (9), pp. 161 - 172.


 


Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons