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Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud

versão impressa ISSN 1692-715X

Rev.latinoam.cienc.soc.niñez juv vol.10 no.2 Manizales jul./dez. 2012

 

EDITORIAL


Antes da redação deste editorial, líamos textos semelhantes em outras revistas científicas e que em sua grande maioria serviam para justificar e valorizar os discursos expostos nesta publicação científica; em outras encontramos que os textos tinham o objetivo de motivar e orientar o leitor. Este editorial é um "pre-texto", uma desculpa para iniciar um debate com os autores de artigos e os leitores sobre alguns assuntos emergentes e essenciais, que se revelam explicita ou implícitamente nos escritos apresentados neste número da Revista Latino-Americana de Ciências Sociais, Infância e Juventude.

Uma primeira aproximação aos artigos nos permite evidenciar que nos discursos sobre as práticas investigativas em Ciências Sociais na existe univocidade; o que temos são enunciados plurais que colocam em evidência os paradigmas, os enfoques, as estratégias e as técnicas que são utilizados atendendo a diversos interesses, inquietações, emoções e motivações que configuram e fundamentam as múltiplas maneiras de pensar e expressar as descrições, explicações, compreensões que se tem sobre a realidade estudada. É claro que não há caminhos únicos mas sim diversos e que se revelam na construção do conhecimento, o que permite o debate em torno da pertinência das opções que se tecem nas tramas de sentido entre os diferentes processos de investigação e os textos que dele derivam, levando a conhecer não apenas os resultados, mas também como estes se posicionam frente à realidade social que exige a cada dia conhecimentos mais humanizados, planetarizados e dignificantes

A revista, ao apresentar esta multiplicidade de caminhos, enfoques e propostas sócio/investigativas convida à realização de um reconhecimento crítico, dialógico e recursivo de três campos fundamentais: o epistêmico, o teórico e o metodológico, entendidos enquanto espaços a partir dos quais se disputam as opções, critérios e ações investigativas; estabelecendo a partir de suas conjunções e tensões modelos de apropriação compostos, entre outras coisas, por estruturas conceituais e condições sociopolíticas a partir das quais se apreendem e socializam os conhecimentos gerados.

As opções que as investigações assumem nos campos epistêmico, teórico e metodológico movem o conhecer e levam a dialogar e debater os discursos que se recriam ou criam em relação à diferentes formas de colocar objetos de estudo em ciências sociais. Estes debates colocados nos artigos são necessários por muitas razões, duas das quais saltam à vista: uma tem relação com o aparecimento ou emergência de discursos que, com densidades diferenciadas - opções, interesses, apostas -, se instalam nas ciências sociais; e a outra porque não podemos reduzir os processos investigativos e a geração de conhecimento sobre a sociedade a simples instrumentos que pode-se ou não se utilizar e que carecem de história dentro de alguma disciplina e que só dão conta de maneira superficial e contingente de problemas que nos afetam como sujeitos e sociedades.

Os conteúdos dos artigos apresentados pela Revista Latino-Americana de Ciências, Sociais, Infância e Juventude surgem de inquietações que movem o conhecer, a partir de uma "curiosidade epistemológica" não ingênua; por isso é que as investigações aqui expostas abordam o tema do sujeito, da subjetividade política, configurada em tramas marcadas por experiências, ações, eleições, sentidos, significações e representações geradas e condicionadas por contextos objetivos marcados por dinâmicas institucionais, relacionais intergeracionais, exclusões, violências que podem gerar vulnerabilidade, anomia psicológica e social.

Como sinalizamos, um tema-chave de estudo nos textos contidos neste número da revista é o do sujeito e da subjetividade política, reconhecendo no mesmo as distinções e as diversidades nos processos e nos sentidos de socialização e práticas de formação política; tudo isso em relação direta com os contextos culturais que habita, as influencias socioculturais geradas nas interações e nas instituições pelas quais o sujeito transita.

Alguns dos estudos apresentados neste número tomam como ponto de partida as narrativas biográficas e coletivas de onde os "sujeitos jovens" dão conta de suas experiências, algumas destas narrativas que configuram e dão sentido à reflexão, deliberação, decisões, compreensões e ação - participação - política, de maneira que se revelam e descrevem algumas tendências frente aos processos de socialização e formação política dos jovens na Colômbia. Nesta mesma direção os estudos alertam para o papel e a responsabilidade da escola que requer, com alguma urgência, modificar os meios que utiliza na construção identitária para formar cidadãos com sentido de pertença e compromisso nacional no mundo globalizado. Isto porque se percebe que logo que os adolescentes e jovens adquirem um sentido de pertença a nação, estes, nas instituições educativas, não tomam consciência suficiente sobre aspectos econômicos, políticos e sociais do país, nem descobrem o sentido de participação nas instituições do Estado e quando isto acontece os sujeitos jovens e adolescentes rompem com os frágeis laços com as instituições - de socialização - estes se convertem em seres ocultos, visíveis apenas em cenas de violências, infrações à lei, condutas antissociais; etiquetadas pelos meios massivos de comunicação, de tal maneira que impedem uma leitura crítica de diferentes situações de vulnerabilidade, modos de percepção, atuação e participação dos jovens frente às sistemáticas práticas de exclusão que operam e se naturalizam em suas cotidianidades.

Isto nos permite destacar outra chave de leitura e debate presente nos artigos, aquela que apresenta resultados e reflexões, produto das pesquisas realizadas; os assuntos em estudo revelam a íntima relação entre configuração de subjetividades políticas e vulnerabilidade social, desamparo, perda da confiança nas instituições - em especial as educativas - e a família que têm deixado de ser instancias referências, simbólicas, de identificação e de busca de alternativas. A realidade social se torna mais complexa e relevante diante dos múltiplos riscos que podem advir da geração de desapego, desfiliação social de setores cada vez mais amplos da infância e da juventude.

Daí a importância de que os estudos, a reflexão e os debates que se desenrolem a partir da leitura destes artigos assumam os acontecimentos socio-históricos e políticos diante dos quais se tem e vivem mobilizando os sujeitos e as subjetividades políticas, os motivos que movem a se vincularem em movimentos socioculturais capazes de reconhecer suas experiências e histórias como condição de visibilização e presença sociopolítica.

Necessitamos então de pesquisas e propostas sérias e críticas que aportem em refundamentação e reconceitualização das tramas em que se reconhecem e vinculam o educador, a família, as instituições educativas e o Estado, para tanto é necessário explorar como " a cultura se encontra em torno de relações sociais e redes comunicativas. Supõe a conjunção de distintos elementos que conformam uma visão de mundo, do entorno e dos demais. Resulta inseparável do reconhecimento ou da negação das próprias potencialidade. É uma matriz geradora de comportamentos, atitudes, valores, códigos de linguagem, hábitos"(Núñez-Hurtado, 1999). Recriar os vínculos potencializadores de subjetividades participativas requer o desenvolvimento de novas capacidades como: "sentir, intuir, vibrar emocionalmente, imaginar, inventar, criar e recriar, relacionar e interconectar-se, auto-organizar, informar-se, comunicar, expressar, localizar, processar e utilizar a imensa informação da aldeia global, buscar causas e prever consequências, criticar, avaliar, sistematizar, tomar decisões ..." (Gadotti, 2003).

A pesquisa social é, em essência, uma prática política/relacional que leva ao conhecimento sobre o interatuar dos sujeitos e por meio do reconhecimento de suas expressões que pertencem a culturas e aquelas que as vezes não temos os referentes para compreendê-las, o que implica situarmos-nos como pesquisadores e pesquisadoras a partir da humildade, criando ambientes de confiança e colocando-nos em projetos orientados por perguntas problematizadoras que orientem as buscas por novos caminhos os quais não temos certezas. Para tanto é necessário que estejamos permanentemente em formação dado que temos que atuar em uma realidade que não é neutra e que se apresenta a cada dia como mais complexa. O debate permanece aberto.

Neste número da revista, a terceira seção traz informações sobre temas ambientais a partir das notas que aparecem no documento "The Climate Change and Yor Heath Inniciative". Também há o convite para participar da Convocatória a III Conferencia Internacional "Por el equilibrio del mundo" que se realizará em Havana, de 28 a 30 de janeiro do ano de 2013 por ocasião do 160° aniversario de José Martí.

Em Santiago do Chile os días 5, 6 e 7 de novembro se realizará o 9° Congresso Latino-Americano e do Caribe de Antropologia "Antropologias em Movimento" e que neste Simpósio de número 38 chama para o debate o tema "Infâncias e adolescências: Perspectivas antropológicas sobre direitos humanos, dinâmicas de intervenção social e práticas cotidianas.

Em Washington D. C., Estados Unidos, se realizará o 9° Congresso Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde e a 6ª Reunião da Coordenação Regional da BVS (CRICS9/ BVS6), de 20 a 24 de outubro de 2012.

Por último, nesta terceira seção apresentamos os índices temáticos e por autores atualizados até o Volume 10 nó 1 de janeiro-junho de 2012.

A Quarta Seção apresenta a segunda parte da entrevista realizada por Isabel Orofino ao professor Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo Freire em São Paulo, Brasil.

Além disso publicamos o documento "Posición asumida por el estado hacia los problemas de la niñez en la Cuba neocolonial (1902-1958)" escrito pela pesquisadora cubana Aurea Verónica Rodríguez Rodríguez no qual faz um esboço histórico sobre a infância em Cuba durante o período neocolonial.

Como havíamos anunciado no número anterior da revista a respeito das negociações que estavam se realizando para ascender a categoria A2 de Publimex de Colciências na Colômbia, informamos com satisfação o cumprimento desta meta, que agora foca-se em alcançar nossa publicação à categoria A1, para o qual vamos nos apresentar na convocatória de Colciências fará até o final deste ano e que nos obriga a redobrar esforços para a qualificação da revista para tal fim com o cumprimento dos parâmetros mais exigentes a nível internacional, o que nos permitirá o ingresso aos índices bibliográficos mais importantes para maior visibilidade aos conhecimentos da revista como ISI e Scorpus. Para lograr este objetivo estamos aplicando todas as ferramentas necessárias desde um sistema de gestão editorial on-line (Open Journal System) até a implementação da página web da revista (http://revistaumanizales.cinde.org.co) que está em prova para a qual solicitamos que acessem a mesma e nos façam recomendações com respeito a sua operatividade.

Estas ações permitirão uma ótima visibilização e impacto mundial da revista em áreas em que o diálogo de saberes produzidos na América Latina e no Caribe com os centros tradicionais de produção de conhecimento se deem de maneira horizontal e sem exclusões.

No mês de maio deste ano a revista foi indexada junto à Capes, Brasil, que é o indexador bibliográfico mais importante deste país, além do que a categoria em que fomos posicionados é a B1, que só é conferida às publicações de alto nível acadêmico e editorial.

Vemos como as boas noticias seguem nos acompanhando neste ano do aniversario da revista pois são dez anos que nos motivam para estimular cada vez mais aos nossos usuários (pesquisadores, acadêmicos, autores, editores, leitores, avaliadores) em um processo de interação permanente e enriquecedor. Por este motivo esperamos seus importantes comentários para que o processo seja participativo e permita melhorar a cada dia a nossa Comunicação, acentuar as discussões e os aportes ao conhecimento sobre a infância e a juventude de nossos países e assim melhorar suas condições econômicas, sociais, culturais e políticas.


Referências cibergráficas

Gadotti, M. & Gomez, M. (2003). Lecciones de Paulo Freire, cruzando fronteras: experiencias que se completan. Recuperado el 10 de agosto de 2009, de: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/freire/abril.pdf

Núñez-Hurtado, C. (1999). "Ética, cultura, identidad y desarrollo". Semanario Peripecias N° 92 del 16 de abril de 2008. Recuperado el 15 de Octubre de 2009, de: http://www.peripecias.com/mundo/502NunezPonenciaEtica.html

O editor convidado,

Alfredo Ghiso
Docente pesquisador
Coordenador do Laboratório Universitario de Estudos Sociais, Grupo de pesquisa da Facultad de Derecho y Ciencias Políticas, Fundación Universitaria Luis Amigó. Docente dos cursos de Investigación social, Sistematización de prácticas sociales y Pedagogía social, nas faculdades de Ciencias Sociales e Humanas, Universidad de Antioquia, Medellín, Colombia.

O diretor-editor,

Héctor Fabio Ospina

Editoras Associadas

Sônia Maria da Silva Araújo
Universidade Federal do Pará, Brasil

Liliana del Valle
Institución Educativa Villa Flora, Medellín, Colombia

Marta Cardona
Integrante do Coletivo Coordinador de la Maestría en Educación y Derechos Humanos de la Universidad Autónoma Latinoamericana, Medellín, Colombia.

Gadotti, M. & Gomez, M. (2003). Lecciones de Paulo Freire, cruzando fronteras: experiencias que se completan. Recuperado el 10 de agosto de 2009, de: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/freire/abril.pdf        [ Links ]

Núñez-Hurtado, C. (1999). "Ética, cultura, identidad y desarrollo". Semanario Peripecias N° 92 del 16 de abril de 2008. Recuperado el 15 de Octubre de 2009, de: http://www.peripecias.com/mundo/502NunezPonenciaEtica.html        [ Links ]