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Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud

versão impressa ISSN 1692-715X

Rev.latinoam.cienc.soc.niñez juv vol.11 no.1 Manizales jan./jun. 2013

 

EDITORIAL

 

Apresentação do volume 11 No 1 de janeiro-junho de 2013.

Este número da Revista Latino-americana de Ciências Sociais, Infância e Juventude apresenta pesquisas empírico-qualitativas e metateóricas que, enfocadas a partir de diversas áreas, oferecem aportes ao desenvolvimento do conhecimento sobre as problemáticas latino-americanas contemporâneas a respeito dos grupos etários de crianças e jovens.

Três trabalhos de recorte metateórico permitem abordar marcos de pensamento relacionados a elementos sociais e psicológicos. Um deles, centrado na revisão de fontes documentais acerca da perspectiva epigenética em relação à representação mental da lei por crianças e adolescentes, alerta sobre a relação de dependência entre estas representações e aquelas relativas à comunidade, ao Estado e à nação, por exemplo; e de como as representações mudam com a idade dos indivíduos.

Em relação à noção de idade, um trabalho com enfoque a partir da perspectiva nominalista, questiona os fundamentos de aproximações funcionalistas, que de acordo com os autores, subestimam varáveis como a estrutura social e os elementos particulares do entorno que rodeia os sujeitos, estabelecendo uma preponderância da idade como fator delimitador na definição de juventude. Um terceiro trabalho, guarda afinidades com a busca pelo desenvolvimento do conceito de resiliência e os elementos ambientais que confluem para a definição do mesmo. A partir do estudo de programas desenvolvidos em países sul-americanos, o trabalho em questão busca caracterizar os elementos comuns em programas orientados a fomentar o desenvolvimento em crianças de capacidades para se depararem com situações adversas.

Um fenômeno interessante volta-se para a capacidade de jovens para dotarem-se de ferramentas que lhes permitam lidar com os desafios que se lhes impõem. Neste sentido um dos trabalhos que se inclui neste volume, trata do nível de bem-estar subjetivo e dos estilos de enfrentamento ao estresse em adolescentes e jovens, revelando que os adolescentes de Colima, México, parecem enfrentar suas condições sociais a partir da aceitação da responsabilidade, além de manterem uma média elevada de bem-estar subjetivo em comparação ao segmento jovem. Outro estudo apresentado nesta edição busca descrever o uso do tempo realizado por estudantes universitários, a partir da aplicação de questionários a estudantes dos primeiros anos da Universidade Simon Bolívar na Venezuela. Assim, as autoras revelam altos índices de variáveis que permitem obervar condutas coerentes com o grau de maturidade e desenvolvimento necessários para o enfrentamento das demandas acadêmicas do ingresso na universidade.

As relações entre jovens e tecnologias também são abordadas nesta edição. Assim, um dos trabalhos estuda os fatores socioculturais relacionados com a aquisição e o uso de aparelhos de telefonia móvel por parte de jovens de estratos socioeconômicos baixos. Outro trabalho analisa a adoção e o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação como parte do processo de protestos de adolescentes chilenos durante as mobilizações educacionais do ano de 2006. Finalmente um terceiro trabalho estuda e analisa a brecha digital entre adolescentes e estudantes de escolas públicas colombianas e como esta se reproduz na escola com expressões de desigualdade e exclusão social.

A desigualdade também é analisada em outro trabalho a partir da ótica do sistema educativo como reflexo de uma sociedade altamente segregada e de como a referida segregação é um obstáculo ao exercício de direito à Educação de jovens dominicanos e da sociedade em seu conjunto. Este também é o caso do trabalho que explora os serviços sociais de saúde especializados em saúde mental disponíveis para crianças e jovens no México e as dificuldades existentes para o acesso a estes tratamentos.

Outro aspecto destacado no presente número diz respeito às investigações que se referem aos vários aspectos em torno das questões de juventude e adolescência. Alguns destes artigos se referem às estratégias identitárias que os jovens latino-americanos, sobretudo aqueles que enfrentam às problemáticas ligadas à pobreza ou à vulnerabilidade social, adotam para enfrentar as circunstancias sociais e econômicas que os atingem. Neste marco, é importante destacar os trabalhos, dentre os quais, um que se refere às estratégias na objetivação das identidades de jovens procedentes de famílias coletoras de erva mate, submetidos a um contexto econômico e social complexo. Algo semelhante nos é oferecido por um estudo da relação entre jovens mexicanos seguidores do Punk, estilo que a partir da música, das letras e da estética, contribui para a construção de uma identidade que muito embora não seja totalmente fixa, oferece aos jovens um posicionamento frente ao mundo que os rodeia. Outro olhar, no entanto, mostra a identidade a partir da perspectiva da Educação. Um dos trabalhos desta edição analisa o caso da Educação patrimonial em comunidades brasileiras de crianças e adolescentes, com o objetivo de estimular o sentimento de pertença, a partir do qual é possível construir uma identidade, trazendo juízos críticos com base na construção de um “nós” coletivo com sentido diacrônico.

Na linha dos entornos educativos em relação à infância, é interessante também a temática das aprendizagens relevantes que as crianças devem construir com o contexto socioeconômico e de vulnerabilidade que rodeia grupos sociais específicos e como estes elementos influem nas possibilidades educativas dos mesmos. Por exemplo, um artigo apresenta uma reflexão sobre as aprendizagens que devem ser construídas por crianças em seus primeiros anos de vida, tomando como base de análise, as opiniões dadas pelos educadores, educadoras, famílias, professores em formação e crianças. Outro trabalho explora as condições de vida de crianças de famílias monoparentais imigradas. Por meio de uma pesquisa qualitativa realizada com famílias latino-americanas migrantes em Barcelona, percebe-se o elevado risco de pobreza e de exclusão social que sofrem os menores e os efeitos educativos e sociais que se derivam de suas condições de vida no exterior. Também podemos encontrar nesta edição trabalhos relativos às percepções relacionadas ao castigo como parte dos elementos a serem considerados e analisados dentro dos processos de regras de criação, que sem dúvidas é um tópico a incluir nas abordagens sobre os contextos de educação exteriores aos centros educativos. Um trabalho, por exemplo, analisa esta temática a partir de um estudo de caso de quatro famílias de nível socioeconômico baixo na cidade de Bogotá.

Assim, a partir da pesquisa-ação participativa, se enfoca um fenômeno complexo como é a violência contra a infância. Neste sentido, são levados em consideração os diferentes aspectos socioeconômicos, culturais e legais que participam do fenômeno. Sem sombra de dúvidas, a violência contra a infância é um dos pontos críticos a serem tratados no momento de avançarmos em uma compreensão dos ambientes nos quais crianças e jovens se desenvolvem; em especial quando se destinam recursos públicos concretos para erradicar tais situações de violência.

Um tema que tem sido recorrente nas agendas latino-americanas, e especialmente forte durante a última década tem a ver com a desigualdade social e seu reflexo tanto nos contextos educativos como nas posições assumidas por parte de segmentos da juventude. Movimentos com os estudantes chilenos, brasileiros, porto-riquenhos, colombianos e dominicanos durante 2011 e 2012 refletem não apenas um descontentamento dos estudantes em relação às políticas educativas, mas também um questionamento profundo das condições em que se desenvolvem os processos educativos.

Quer dizer, o problema não parece se reduzir às políticas educativas ou ao financiamento da Educação, mas que a Educação latino-americana é um reflexo de um sistema que parece não estar dando as respostas necessárias para uma juventude que despertou para as enormes brechas de desigualdade que existem em nossos países. Não é um descontentamento somente em relação à escola, é um mal-estar generalizado no qual os entornos educativos são um aspecto a mais no qual se repetem os problemas de marginalização, falta de oportunidades e desigualdade social.

Assim, a grande maioria dos trabalhos apresentados nesta edição é um indicador, a partir da visão acadêmica e científica, que os problemas sociais e econômicos não estão sendo corretamente atendidos pelas políticas públicas, em que uma perspectiva integral, que assuma as dimensões econômicas, sociais, psicológicas e ideológicas que envolvem o desenvolvimento das crianças e jovens, torna-se cada vez mais urgente.

Interessante neste sentido, é a análise que se faz em um dos artigos sobre a relação dos jovens chilenos, estudantes de ensino médio com as instituições diferentes da família revelando uma enorme desconfiança com relação às instituições e onde a desconfiança aparece como um sistema de inclusão/ exclusão que determina a atitude com a qual se enfrenta o mundo exterior, sendo que a família é o único espaço em que os jovens confiam. Ou o caso que estuda outro trabalho sobre jovens mexiquenses de 14 e 29 anos que respondem ao conceito de Ni-Ni (Nem-Nem), aqueles jovens que nem estudam e nem trabalham e cujo volume populacional aumenta na medida em que diminuem as oportunidades para os jovens de Ibero-America e do Caribe.

Quais são as soluções e o que as sociedades latino-americanas e caribenhas estão falando aos jovens? É quem sabe, neste aspecto que a Revista Latino-americana de Ciências Sociais, Infância e Juventude aparece como um espaço relevante para a reflexão acadêmica. Como buscamos destacar nos parágrafos anteriores, a revista se dedica a uma diversidade de disciplinas, metodologias, marcos de pensamento e estratégias de aproximação a uma problemática que, com efeito, exige a participação de múltiplas vozes que abordem as temáticas da infância e da juventude.

Os tempos que correm exigem uma participação ativa dos investigadores na formulação de respostas que permitam desatar a imbricada rede de fenômenos que afetam as sociedades latinoamericanas e caribenhas, o que coloca em destaque a capacidade das ciências sociais para incidir em processos e desafios sociais que caracterizam e caracterizarão a América Latina e o Caribe do século XXI.

A terceira seção da revista apresenta seu tradicional Índice por autores e por temas de forma atualizada, o mesmo que o último boletim da “Década por uma Educação para a Sustentabilidade” que publica a Organização dos Estados Ibero-americanos, com temas sobre o meio ambiente e sobre a importância que a Educação tem em estudos e propostas para solucionar os problemas desencadeados pela crise climática planetária.

Inicia a quarta seção da revista, com a resenha de Fanny T. Añaños-Bedriñana, professora da Universidad de Granada, Espanha, sobre o livro “Coeducación: propuestas para alcanzar la igualdad de género desde las aulas” de Estrella Ryan y Soledad de Lemus Martín (coordenadoras).Esta obra coletiva apresenta diferentes perspectivas sobre o estado da questão e orientações pedagógicas e práticas em torno da co-educação. Participam reconhecidas autoras e autores bem como profissionais que atuam junto ao tema tratado.

Outra publicação que foi resenhada é “Las escuelas como territorios de paz. Construcción social del niño y la niña como sujetos políticos en contextos de conflicto armado” de Sara Victoria Alvarado, Héctor Fabio Ospina, Marieta Quintero, María Teresa Luna, María Camila Ospina-Alvarado e Jhoana Patiño, editado em Buenos Aires pelo Clacso, Universidad de Manizales e Cinde no ano de 2012, em que se problematiza que o conhecer ou produzir conhecimento implica colocar as coisas em um horizonte mais amplo e multidimensional, porque o que estamos pensando, mostrando e analisando aparece nas diferentes dimensões da vida, dos sujeitos que estão imersos nesses processos; e também na história do país e no estado da investigação sobre o tema. Esta tarefa de colocar as coisas em um contexto multidimensional e o que produz claridade, isto é, uma articulação de saber, de um conhecimento amplo e profundo sobre algo que permite compreender o que está acontecendo e porquê.

Os editores do livro “Jóvenes, políticas y culturas: experiencias, acercamientos y diversidades”, Sara Victoria Alvarado, Silvia Borelli e Pablo Vommaro, publicado em Buenos Aires pelo Clacso e Homo Sapiens no ano de 2012, propõem a partir do Grupo de Trabalho Clacso “Juventud y nuevas prácticas políticas en América Latina” uma pesquisa a partir de uma perspectiva plural no campo da Juventude como uma opção política cujo horizonte de sentido é o reconhecimento. Compreensão, legitimação e potencialização destas outras formas de ser, estar, fazer, sentir, corporalizar e nomear que vão se construindo de maneira intersubjetiva, conflitiva entre as tramas complexas que formam o “entre nós”.

A Revista Latino-americana de Ciências Sociais, Infância e Juventude se apresentou à convocatória feita pelo Publidex de Colciencias, Colômbia, buscando permanecer na categoria A2 ou subir à categoria A1. As ações previstas para o ano de 2013 se destinam a obter as indexações em Scopus e ISI, para o qual temos implementado o cumprimento das normas necessárias para tal fim. É o caso de inserir o DOI, Identificador de Objeto Digital, as artigos, além da qualificação da página web da revista para obter sua máxima visibilidade de uma maneira ágil e eficiente. Também solicitamos à Capes, Brasil, com a finalidade de obter a indexação na categoria A pois cumprimos com os requisitos exigidos; lembramos aos leitores que neste momento estamos na categoria B1 da Capes.

Ao término desta edição nos foi informado por parte do SciELO que a revista foi incluída no SciELO Citation Index da Web of Knowledge, e que as revistas selecionadas neste índice estão em processo de geração de indicadores cienciométricos no ISI. Esta noticia é de importância para as pessoas que fazem parte de nossa comunidade acadêmica e investigativa, pois nos insere no processo global de medição de quem publica artigos na revista e seu impacto no meio bibliográfico e investigativo de alto nível no mundo.

No ano de 2012 a revista foi aceita nas seguintes bases de dados: Actualidad Iberoamericana, E-Revistas, Hapi, Social Service Abstract, Sociological Abstract y Academic Journal Database. É importante mencionar que o Centro de Estudios Avanzados en Niñez y Juventud da Universidad de Manizales e o Cinde, instituição editora da Revista de Ciencias Socias, Infancia e Juventude foi certificado como Centro Editorial por Colciencias, Colômbia, o que permite que as produções de livros e capítulos de livros sejam reconhecidas como publicações acadêmicas.

Este ano adiantamos o nosso cronograma editorial de publicação dos números da revista com a meta de difundir o conhecimento produzido da maneira mais imediata possível, tanto na página da web da revista como em seu formato físico. Portanto, este Volume 11, No. 1 de janeiro-julho, sai à luz pública no mês de fevereiro, e o Volume 11 No. 2 será publicado no mês de julho. Isto nos permite agilizar os processos editoriais e dar fluidez a informação que circula nos canais propostos a autores, editores e avaliadores e leitores.

Este é o panorama que propomos no primeiro número do ano de 2013 convencidos que de vocês desfrutarão de um valioso e bem construído compêndio de estudos e pesquisas de valia e inovação para a infância e a juventude na América Latina, o Caribe e o mundo.

Por último, damos as boas-vindas a Fernanda Saforcada, Coordenadora da Rede Clacso de Pós- Graduação em Ciencias Sociais do Conselho Latino-americano de Ciencias Sociais, como integrante do Comitê Científico, para a revista é uma honra que uma pessoa das qualidades científicas, acadêmicas e humanas de Fernanda façam parte de nossos Comitês Editorial e Científico.

A editora convidada,

Lorena Valderrama
Investigadora Centro de Información Tecnológica, Chile.

O diretor-editor,

Héctor Fabio Ospina

 

Editoras Associadas,

Sônia Maria da Silva Araújo
Universidade Federal do Pará, Brasil

Liliana del Valle
Institución Educativa Villa Flora, Medellín, Colombia

Marta Cardona
Integrante do Coletivo Coordenadora do Programa de Mestrado em Educação e Direitos Humanos da Universidad Autónoma Latinoamericana, Medelin, Colômbia.