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Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud

versão impressa ISSN 1692-715X

Rev.latinoam.cienc.soc.niñez juv vol.14 no.1 Manizales jan./jun. 2016

 

EDITORIAL

 

Apresentação do volume 14 N° 1 de janeiro-junho de 2016.

 

O presente número da revista é composto por quarenta e quatro artigos que giram em torno de diversos campos relacionados a infância e juventude.Temas que indagam pelo destino das vozes infantis que permanecem após os trabalhos investigativos; estudos sobre a inteligência emocional na educação infantil; os direitos das crianças; a participação infantil e a cidadania; os espaços construídos socialmente para a "infância perigosa"; os movimentos juvenis na era hiperdigital; o pensamento de Walter Benjamin e as relações intergeracionais na escola; o acontecimento como categoria metodológica de investigação social; o impacto do conflito armado na formação cidadã; experiências de subjetividades políticas na paz; resistências juvenis frente a ditadura no Chile; qualidade de emprego juvenil; percepção do empreendimento na educação superior; desvios da família na formação dos filhos; relações familiares de mulheres em situação de reclusão carcerória; vida cotidiana de bebês na cidade de Buenos Aires; base emocional da cidadania; criação e desconexão moral em crianças; estratégias para combater a pobreza; revelação do abuso sexual de crianças; satisfação com tipo de serviço de saúde mental para crianças e adolescentes; integração de crianças em famílias adotivas na Argentina; sentidos da mudança corporal em jovens na cidade de Cali/Colômbia; consumo de ólcool entre jovens quilombolas no Brasil; jovens em busca de estabilidade com o/a cônjuge; avaliação da política pública de juventude em Cali/Colômbia; gênero e parentesco na migração transnacional colombiana; reformas neoliberais e criação... enfim, todo um acervo de descobertas que emergem de sérias e profundas anólises de nossa sociedade e que se apresentam como possibilidades de iluminação e guia para as transformações necessórias às atuações políticas, sociais, culturais e econômicas de nossos países.

Destas reflexões surgem exposições sobre o cuidar de crianças e jovens como a tarefa mais densa, mais sofisticada se se quer. Porque os estamos cuidando na reclusão, nos confinamentos sociais, por déficite, por ausência.

Na regra moderna, biopolítica, do governo inventam-se populações, infantis e jovens e todas as subespécies que se tornam objetos do governo moderno: os bebês, os adolescentes.

Sistemas de estimulação precoce, de instrução pública, sistemas terapêuticos, psiquiótricos, sistemas penais, interdição familiar etc.

O trabalho afetivo, que realiza o cuidado humano desde a mais tenra infância, deveria ser a normalidade, no entanto, aparece como trabalho de experts e especialistas, uma tarefa sofisticada de intervenção, pedagogias complexas para populações industrializadas. Fronteiras populacionais/ geracionais radicais, como por exemplo a interação entre adultos e crianças, ou entre adultos e jovens, que se realiza, sobretudo, através da posição profissional ou quando o trabalho exige. Gerações superpostas, pouco interconectadas.

Esse campo investigativo com crianças e jovens é revelador, especialmente o que se descobre através de diversas ferramentas e metodologias de pesquisa para abordagem da complexa constituição e formação geracional nas sociedades atuais. Toda América Latina, Indoamérica e Afroamérica desvendam uma diversidade interposta pelas sociedades, uma multiplicidade de resistências, sejam de crianças ou de jovens. Os circuitos e margens de risco social são também infantis e juvenis, nas fronteiras da morte e da violência que normalizam e endireitam condutas. De outro lado a vida é governada como inserção nas normalidades escolares e no mundo do trabalho; gerações que transitam rumo ao futuro. Um pêndulo de governo que marca os corpos, fabrica gestos e sensibilidades explosivas e normalizadas. Humanidades de idades tenras que revelam todas as gerações, suas carências e mediocridades, suas complexas potencialidades e impotências.

Sujeitos em momentos críticos de individualização radical, cada vez mais cedo individualizados/ digitalizados.E, por sorte, também capazes de constituir comunidades dinâmicas, criptografadas em redes ógeis e coloridas, alegres e militantes. Movimentos como os juvenis dos últimos anos, capazes de denunciar a complexidade da intervenção sobre eles com crescente criatividade, com crítica e invenção de modos de ação e de vida.

Como é habitual, nossa terceira seção de Informes e Anólises, mostra atualizado o índice acumulativo por autores da revista e o índice temótico, assim como o boletim número 103 da Organização dos Estados Iberoamericanos que versa sobre a crise da ógua, um problema tão grave quanto o da mudança climótica. Na mesma seção encontra-se informação detalhada sobre a II Bienal Iberoamericana de Infâncias e Juventudes (transformações democróticas, justiça social e processos de construção de paz), que aconteceró em novembro de 2016 em Manizales, Caldas, Colômbia e que estó centrada em articular esforços acadêmicos, sociais e culturais que diferentes grupos, investigadores, redes e coletivos vêm realizando na América Latina sobre os temas afeitos a infância e juventude; cujo propósito é oferecer diferentes estratégias formativas, deliberativas, de divulgação e projeção com vistas a coletivizar saberes, fomentar relacionamentos e potencializar novos espaços de encontro e colaboração com as populações mencionadas.

Também registramos a convocatória do Programa Posdoutoral de Investigação em Ciências Sociais, Infância e Juventude, aberta até 28 de fevereiro de 2016 e que se realizaró em Buenos Aires, Argentina, em abril de 2016. Este programa é um espaço de formação em investigação posdoutoral em ciências sociais para pensar a infância e a juventude com vistas a contribuir para o avanço do processo de construção de conhecimento teórico e prótico, pertinente para o continente.

Outro evento que resenhamos é o Congresso Internacional de Universidades Católicas, Humanismo e Paz: Desafios para a Família e Educação, que se realizaró nos dias 24,25 e 26 de fevereiro de 2016 na cidade de Tunja, Colômbia, com a finalidade de colocar em diólogo as comunidades acadêmicas nacionais e internacionais que promovem reflexões e pesquisas sobre temas das ciências humanas e afins, sabedoras da importância destas ciências na formação de futuras gerações e do compromisso que as instituições de educação possuem com a construção de uma nova cultura de amor com a finalidade de empreender um caminho comum para somar esforços a partir de suas especificidades.

Finalmente fazemos eco ao Forum Social de Educação Popular que seró realizado entre os dias 17 e 23 de janeiro de 2016 na cidade de Porto Alegre, Brasil, cujos objetivos são promover a troca de experiências para conhecimento mútuo e potencializar e projetar-se como espaço de vinculaçao e articulação de alianças a favor de um outro tipo de educação.

Na quarta seção da revista (Revisões e Recensiones), a pesquisadora Lorena Natalia Plesnicar continua a série de entrevistas a personalidades de destaque que trabalham nos campos relacionados à infância e à juventude da América Latina e do Caribe. Neste número, dialoga com Marlene Grajeda, pedagoga guatemalteca com ampla experiência em planejamento, execução e avaliação de programas e projetos de todos os níveis educativos e que também é representante da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) na Guatemala.

Richard Millón, professor da Universidade de Manizales, na Colômbia, escreve sobre o Doutorado em Ciência Sociais, Infância e Juventude da Universidade de Manizales-Cinde e a respeito da Acreditação de Alta Qualidade que lhe foi concedida pelo Ministério de Educação Nacional da Colômbia no dia 30 de setembro de 2015.

A professora Jeanette Pérez Jiménez, da Universidade da Fronteira, Chile, remete uma carta ao editor com o título: «Educação com perspectica de gênero em matemóticas.Inclusão e relacionalidade na era posmoderna", em referência ao artigo de Giraldo-Gil (2014), que coloca uma anólise crítica de gênero-currículo e suas implicações para as próticas e discursos educativos, aprofunda e afirma, a partir de uma perspectica crítica da educação matemótica, que uma das marcas nas quais se destacam resultados diferentes com respeiot ao gênero são as matremóticas.

Por último, manifestamos nossa inconformidade com as políticas utilizadas para medir a produção acadêmica e de pesquisa de pessoas e instituições dedicadas as Ciências Sociais. Em nosso caso particular, queremos dar ao conhecimento a resposta que obtivemos por parte do Tribunal de Seleção e Assessoramento (CSAB) de Scopus frente à solicitação de indexação da revista neste importante índice, com a qual não compartilhamos e para qual fizemos a réplica correspondente.

O tribunal de seleção de Scopus argumenta que nossa revista é ambiciosa e difusa na declaração dos objetivos e que sua cobertura temótica é tão ampla que é difícil distinguir as especificidades disciplinares, porque os artigos variam dramaticamente no conteúdo. Neste ponte devemos precisar que a revista não se circunscreve a uma só disciplina e avança para abordagens críticas inter e transdisciplinares, que permitem apreender e intervir nas complexidades do mundo social e nas realidades concretas das crianças e jovens, como campos de conhecimento.

Pois bem, sabemos que a constituição da infância e da juventude como "objetos de conhecimento" tem se desenvolvido através de contribuições significativas realizadas por distintas disciplinas e reflexões. A noção de infância, por exemplo, tem sido tratada a partir dos mais variados aportes da psicanólise, da sociologia, do direito, do trabalho social, dos estudos literórios, dos estudos da comunicação e da cultura, da antropologia, da história, da pedagogia, entre outros. Ademais, tem sido ancorada por toda sorte de imaginórios e representações que algumas vezes circulam de maneira contraditória: "menores de idade", pessoas necessitadas de proteção, objetos de intervenção e cuidado, sujeitos de direitos, para mencionar alguns dos lugares simbólicos onde se pretende situala. No entanto, em que pese serem muitos os enfoques, assim como as temóticas e problemóticas, as tendências na investigação social e cultural relativas as infâncias apontam para lugares cada vez menos homogeneizadores, abstratos e disciplinares, e cada vez mais plurais, contextuais e relacionais.

As múltiplas formas de ser criança e as complexidades das experiências infantis conduzem a formas de investigação mais flexíveis e abertas, tanto em termos teóricos quanto metodológicos, que transitam pelos interstícios das disciplinas e resistem a abordagens reducionistas ou aquelas que consideram as crianças como cidadãos de segunda categoria ou como sujeitos sem agência. Os desdobramentos no campo de estudo da infância questionam seu caróter universal e ahistórico, a redução das crianças a depositórios de tradições ou de ensinamentos dos adultos, e a leituras exclusivamente biologisadas ou centradas em vulnerabilidades e carências. Em seu lugar, desde enfoques situados ou locais (sem dizer com isso particularistas), se tem pensado as infâncias como construções sócio-culturais imersas em estruturas materiais e tramas de significação que limitam as possibilidades de certos movimentos, determinam tragetórias vitais, sedimentam próticas; mas, ao mesmo tempo, possibilitam outros movimentos, não esgotam as agências, nem se situam além dos avatares da história.

Esta discussão se dó em alto nível no mundo investigativo e acadêmico, desde a epistemologia para poder responder ao campo de estudo da infância até a possibilidade de impactar políticas que busquem melhorar suas condições de vida. Por isso, o debate em voga nas ciências sociais sobre o tema é fundamental nos contextos latinoamericanos, caribenhos e no mundo em suas distintas latitudes.

Outro ponto exposto pelo tribunal é que os artigos variam dramaticamente na qualidade, pois alguns são bstante bons, mas outros parecem "amadores". Frente a esta anólise fundamentamos nossa resposta no rigoroso, sério e de alto nível avaliativo dos artigos, que se reflete na porcentagem de recusas, em torno de 40%. Todos os avaliadores da revista são investigadores ativos e publicam em revistas científicas nos últimos anos.

A revista foi criada no marco de um Doutorado em Ciências Sociais, Infância e Juventude e de um Mestrado em Educação e Desenvolvimento Humano do Centro de Estudos Avançados em Infância e Juventude do Centro Internacional de Educação e Desenvolvimento Humano, Cinde, e a Universidade de Manizales, Colômbia. Portanto, os estudantes de Doutorado e Mestrado estão ocupando posições no mundo investigativo e seus trabalhos publicados na revista são avaliados com o maior rigor científico. Consideramos que sua qualidade de jovens investigadores, em processo de iniciação na comunidade acadêmica e científica, não pode ser argumento para negar-lhes espaço nos âmbitos de disseminação do conhecimento em publicações de alto nível, tal como é a revista, que é um meio formativo por excelência, reconhecido internacionalmente. Estes trabalhos dos estudantes provém de suas dissertações e teses concluídas.

Se coloca por parte do CSAB de Scopus que as citações da revista indicam um impacto internacional abaixo do esperado para revistas que solicitam sua inclusão no Scopus. O Fator de Impacto da revista no índice Scielo Colômbia (índice bibliogrófico com comitê de seleção), no ano de 2014, foi de 98, com 3.038 citações concedidas e 383 citações recebidas, que no primeiro semestre de 2015 passaram a 451, o que indica fator em ascenção.

Consideramjos que se a Revista Latinoamericana de Ciência Sociais, Infância e Juventude fosse aceita no Scopus, teria maior visibilidade e seria estimulante para elevar o nível de citação e impacto, o que beneficiaria a geração e difusão do pensamento latinoamericano e caribenho, assim como um maior conhecimento de seus investigadores.

A revista estó se convertendo em importante contribuição para o campo da infância e juventude, o que permite um diólogo permanente entre os investigadores do mundo e nossa região latinoamericana e caribenha, portanto, sua inclusão no Scopus sería um apoio fundamental no incremento deste intercâmbio e da frutífera produção de conhecimento em âmbito global e local.

Deixamos estas inquietudes no ambiente da discussão aberta e profícua que deve alimentar nossos contextos investigativos e acadêmicos e como propostas que permitam redirecionar as políticas através das quais são tratadas as ciências sociais e humanas por parte daqueles que detém o poder de tomar decisões a respeito da produção e validade do conhecimento.

O Diretor-Editor,

Héctor Fabio Ospina

O editor covidado,

Fabión Acosta
Professor da Universidade Nacional da Colombia, Colombia.

Editoras associadas,

Sônia Maria da Silva Araújo
Universidade Federal do Paró, Brasil.

Liliana Del Valle
Secretaría da Educação de Medellín, Colombia.

Marta Cardona
Integrante do Coletivo Coordenador do Mestrado em Educação e Direitos Humanos da Universidade Autônoma Latinoamericana, Medellín, Colombia.

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