SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.10 número3Factores condicionantes básicos en cuidadores informales de pacientes crónicos en el domicilio índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

Links relacionados

  • En proceso de indezaciónCitado por Google
  • No hay articulos similaresSimilares en SciELO
  • En proceso de indezaciónSimilares en Google

Compartir


Revista Cuidarte

versión impresa ISSN 2216-0973versión On-line ISSN 2346-3414

Rev Cuid vol.10 no.3 Bucaramanga sep./dic. 2019  Epub 20-Dic-2019

https://doi.org/10.15649/cuidarte.v10i3.810 

EDITORIAL

Globalização no contexto da desigualdade social: como garantir a saúde global?

1Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Brasil. Autor de Correspondência. E-mail: andrealvim1@hotmail.com


Podemos discutir a globalização na ótica de seus efeitos ou defeitos, do ponto de vista da fartura e da riqueza ou da miséria e pobreza, onde o rico fortalece sua fortuna e o pobre afunda na sua penúria. Essas são algumas reflexões que emergiram após leitura do artigo “Globalização, pobreza e saúde”, uma análise crítica do filme “Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá” e debate do livro “A globalização e as ciências sociais”, com alunos e professores de doutorado em enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil1-3.

Globalização é um processo econômico, social e cultural que se estabeleceu nas últimas duas ou três décadas e diz respeito intensificação das relações sociais que unem países distantes, promovendo a rápida disseminação de eventos locais para todo o mundo. No entanto, este processo ainda é bastante criticado por autores e organizações. As desigualdades instaladas de forma quase irreversível nos países em desenvolvimento nos faz refletir sobre até que ponto é aceitável as discrepâncias econômicas, políticas e culturais entre seres humanos, levando em conta os aspectos éticos e morais1-3.

A governança global liderada por poucos atores que retém uma grande fatia econômica contribui para maiores disparidades entre as nações. Alguns exemplos de lutas sociais contra a globalização ocorridas na Bolívia, na África, na Argentina, no próprio Brasil e outros países fazem perceber o mundo capitalista que se disseminou entre os povos e sociedade. Assistir a luta diária das famílias para se sustentar e levar comida para casa reflete a intensidade na qual as desigualdades acabaram se tornando nocivas ao indivíduo, principalmente, no contexto da pobreza e do combate à fome1-2.

Nesse sentido, a necessidade de transformar o mundo e reduzir as desigualdades promoveu um plano de ação ousado, contendo dezessete objetivos de desenvolvimento sustentável, 169 metas e 241 indicadores, todos interconectados e interdependentes. Essa nova agenda proposta pela Assembléia Geral das Nações Unidas deve ser implementada por todos os países até 2030, tornando-se uma prioridade mundial. O primeiro objetivo, acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares, corrobora com as iniquidades sociais e de saúde e nos faz refletir sobre a real situação de vida que torna esta condição multidimensional nas raízes de seu conceito. Pare e pense: ainda temos 836 milhões de pessoas que vivem na extrema pobreza. Que planeta é esse que queremos para o próximo? Quais são os direitos humanos diante do mundo multinacional, globalizado e capitalista?4.

Os outros objetivos relacionados ao desenvolvimento sustentável dizem respeito a assegurar vida saudável, a educação inclusiva e equitativa, a alcançar a igualdade de gênero (valorizando a mulher), a assegurar saneamento básico e energia à população, a promover crescimento econômico e reduzir as desigualdades, entre outros (Figura 1). Todas essas prioridades puderam ser identificadas através do filme Encontro com Milton Santos e foram corroboradas no texto de Buss1 quando afirmou que a globalização tem empobrecido países e ampliado a pobreza, a exclusão e as iniquidades econômicas e sociais. De fato, são fatores que influenciam negativamente os sistemas resilientes, impactando na saúde do indivíduo, família e coletividade4,5.

Fonte: United Nations, 2018.

Figura 1 Os 17 (dezessete) objetivos de desenvolvimento sustentável. 

Além disso, as guerras e conflitos por disputas econômicas, as doenças emergentes e reemergentes, as drogas ilícitas que ganham o mundo, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) e o HIV/Aids que debilita o indivíduo, além da mortalidade materna promovem um pensamento crítico sobre o verdadeiro sentido da Constituição Federal Brasileira mediante a globalização. Neste contexto, é imprescindível citar o Art. 196 quando diz que “saúde é direito de todos e dever do estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas [...] para promoção, proteção e recuperação”. Trata-se de uma utopia ou realidade?1,3,6.

Outro exemplo diz respeito à desigualdade social relacionada às empresas multinacionais, como por exemplo, a Boeing 777 e a Nike, que faturam alto com suas vendas pelo mundo e quem as produz, recebe o mínimo do mínimo. Salienta-se a “louca” divisão social do grupo dos que não comem e do grupo dos que não dormem com receio da revolta dos que não comem2. O fato é que enquanto não houver luta contra a globalização injusta, pela equidade na saúde, pela paz mundial e pela diminuição das desigualdades, os conflitos se intensificarão de uma forma patológica, como já vem acontecendo nas últimas décadas, onde a economia permanecerá no poder de poucas figuras movidas por interesses próprios e os pobres permanecerão ganhando o suficiente apenas para se sustentarem com o básico. É possível ofertar saúde e bem estar diante deste contexto?1-3,5,7.

REFERÊNCIAS

1. Buss PM. Globalização, pobreza e saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 2007;12(6):1575-89. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232007000600019Links ]

2. Encontro com Milton Santos. o mundo global visto do lado de cá [Filme]. Direção: Tendler S, Tendler AR. Rio de Janeiro; 2006. [ Links ]

3. Santos BS. A globalização e as ciências sociais. 2ª ed, São Paulo; 2002. [ Links ]

4. United Nations. Sustainable Development Goals. Sustainable development knowledge platform. 2018 Available from: https://sustainabledevelopment.un.org/?menu=1300#Links ]

5. Kratou H, Goaied, M. “How Can Globalization Affect Income Distribution? Evidence from Developing Countries”. International Trade Journal. 2016:1-27. https://doi.org/10.1080/08853908.2016.1139480Links ]

6. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília. 1990. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htmLinks ]

7. Silva AS. Agir na globalização: condições e orientações da ação coletiva. Sociologia, Problemas e Práticas. 2017; 84:121-38. https://dx.doi.org/10.7458/SPP2017849992Links ]

Recebido: 18 de Março de 2019; Aceito: 15 de Maio de 2019

Creative Commons License  This is an Open Access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution Non-Commercial License, which permits unrestricted non-commercial use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.