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Revista Finanzas y Política Económica
versión impresa ISSN 2248-6046
Finanz. polit. econ. vol.11 no.1 Bogotá ene./jun. 2019 Epub 10-Oct-2020
https://doi.org/10.14718/revfinanzpolitecon.2019.11.11
Editorial
Convite para refletir sobre a ressignificação de desenvolvimento na América Latina
* Doutoranda em Ciências Sociais, mestra em Deficiência e Inclusão Social, Editora da revista Finanzas y Política Económica, da Universidad Católica de Colombia. E-mail: revistafinypolecon@ucatolica.edu.co. ID https://orcid.org/0000-0002-4681-1576
Na atualidade, a América Latina, diante da prevalência da pobreza, da deterioração ambiental, da violação de direitos, da violência, entre outros, expressa a urgência de restaurar os debates sobre o desenvolvimento e propor alternativas a este que permitam uma melhor vida. Durante o século XX e as primeiras décadas do século XXI, a região enfrentou problemas econômicos resultado do colonialismo e do imperialismo, ao que se soma a instabilidade política e social de cada país do continente. Tudo isso lhe imprimiu uma marca de região subdesenvolvida e, em resposta a essa situação, surgem propostas teóricas ad hoc com alternativas e soluções a suas problemáticas particulares.
Contudo, o convencionalismo das teorias alternativas e dos posicionamentos clássicos não tem permitido ressignificar o problema do desenvolvimento na América Latina; ainda, somado à instauração de regimes progressistas, principalmente no sul do continente, o saldo dessas gestões é negativo, pois, embora 26 países dentro da região sejam classificados como de renda média e quatro tenham ascendido como nações de ingressos altos (Bahamas, Trinidad e Tobago, Bermudas e Chile), quase 30 % da população na região vive abaixo da linha de pobreza, enquanto 12% estão abaixo da linha de indigência (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento [PNUD], 2016). Além disso, o crescimento tem desacelerado quase em nível generalizado e têm ressurgido fenômenos como a hiperinflação (principalmente em países como Argentina e Venezuela) e crise de legitimidade (Brasil, México, Venezuela), ao mesmo tempo que o deslocamento forçado entre 2016 e 2017 aumentou de 436.000 pessoas a 457.000, o que afetou, principalmente, El Salvador, Colômbia e México (Conselho Norueguês para Refugiados, 2018).
Resultado de uma experiência de mais de 70 anos de constructos sobre o desenvolvimento, é possível se conscientizar diante da urgência de que a América Latina não necessariamente requer da consolidação da ordem e do progresso próprios dos séculos XIX e XX, mas sim enfatizar na inter-conexão que subjaz dentro das esferas econômica, política, sociocultural e ambiental, bem como nas necessidades, capacidades e potencialidades dos seres humanos e dos territórios (Monroy, 2014); em resumo, é possível dotar esses elementos de consistência teórica e formalizar as alternativas prováveis para o desenvolvimento.
Nesse sentido, neste número da revista Finanzas y Política Económica, cada artigo contribuiu para o debate acerca do desenvolvimento e do crescimento. O convite a ressignificar o desenvolvimento está aberto a qualquer contexto, não somente o latino-americano; contudo, nossa revista é um referente para abordar esse tema na região. Assim, em primeiro lugar, Nieto e Rendón, em seu artigo "A integração regional é um veículo para a convergência? O caso do Mercosul 1990-2014", pretendem resolver o questionamento trazido no título do texto; para isso, revisam o referencial teórico da integração e buscam explicações que justifiquem o processo de integração em torno dessa figura, sob o esquema de união alfandegária e sua vinculação com a convergência. Os autores concluem que o Mercosul não favoreceu o crescimento dos países em termos de PIB per capita.
Por outro lado, Gyula e Siljak, pesquisadores do Instituto de Assuntos Exteriores e Comércio da Hungria, em seu artigo "Convergência econômica dos Bálcãs Ocidentais à UE-15", demonstram que a recente crise financeira na região dos Bálcãs Ocidentais afetou negativamente o processo de convergência absoluta e condicional, quando são incluídas variáveis econômicas como a abertura econômica, a taxa de inflação e a formação bruta de capital fixo.
De forma simultânea, em "Investimento estrangeiro direto e crescimento econômico na Jordânia: uma pesquisa empírica que utiliza o teste de limites de cointegração", Oudat, Alsmadi y Alrawashdeh recopilam indicadores, principalmente do Banco Mundial, a partir dos quais se revela que os responsáveis políticos jordanos se esforçam por atrair mais investimento estrangeiro direto à economia desse país, portanto isso conduz a uma diminuição dos obstáculos econômicos, como a redução da taxa de desemprego e o aumento do nível de investimento produtivo.
Em "Tratado de Livre Comércio Colômbia-Japão: oportunidade comercial? Uma análise ex ante, Venegas e De la Peña esclarecem os efeitos quantitativos de uma redução tarifária entre a Colômbia e o Japão como consequência de um possível acordo comercial; ressaltam que, para alguns setores, são identificadas oportunidades de exportação e sinalizam que os efeitos comerciais são baixos para ambos os países, além de existirem mínimos riscos potenciais.
Por sua vez, Ramón Dangla, no texto "Reforma econômica trabalhista versus conjuntura econômica: o impacto do Fundo de Garantia Salarial sobre as finanças espanholas", evidencia que a reforma trabalhista de 2012 na Espanha, adotada sob a influência da estabilidade orçamentária, foi bem-sucedida e influenciou as contas do Fundo de Garantia Social. Para isso, o autor analisou os orçamentos e buscou, mediante um modelo de regressão linear, as variáveis que melhor explicam as despesas, como a evolução do PIB e outras variáveis econômicas que têm mais peso que a redução de prestações (passivos trabalhistas).
No trabalho "Desemprego juvenil na Colômbia: a educação importa?", García e Castillo estabelecem, a partir da modelação econométrica (logit-probit), fatores que influenciam na taxa de desemprego juvenil. Concluem que há que prestar particular atenção no papel da educação e confirmam a importância desta para conseguir emprego formal, mas não necessariamente para a probabilidade de estar ocupado.
A seguir, Rivera e Rivera em "Crises financeiras: desta vez não é diferente, apresentam uma discussão sobre as principais características teóricas que as diferentes tipologias de crises financeiras têm; afirmam que um banco central está limitado para agir contra bolhas de crédito e que os modelos macroeconômicos atuais não podem explicar corretamente as interações dos mercados financeiros.
Os autores deduzem, além disso, que as economias emergentes sofram crises financeiras nos meses próximos.
O artigo de Parra, "Impacto das decisões de política monetária do FED em indicadores da economia colombiana durante o período 2007-2015", conclui que os anúncios de política monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) no período de análise impactaram de maneira significativa o índice COLCAP3 e a taxa representativa do mercado (TRM), em intervalos de 3, 5 e 7 dias, em 93,3 % dos casos.
Finalmente, em "Fundamentos conceituais para estabelecer multas ambientais na Colômbia", Redondo e Ibarra estabelecem uma relevante discussão sobre o estabelecimento de multas ambientais na Colômbia, por meio da qual determinam que a fórmula de taxação de multas por infração ambiental no país é adequada para os processos punitivos desenvolvidos.
Dessa maneira, a revista Finanzas y Política Económica convida seus leitores e autores a se unirem à tarefa de ressignificar o crescimento e, principalmente, o desenvolvimento de nossos contextos. O continente latino-americano se transforma de acordo com as condições de vida das pessoas e das nações, em regiões e realidades continuamente flutuantes em termos materiais e históricos.
REFERÊNCIAS
1. Banco de la República (2018). Índices del mercado bursátil colombiano. Retrieved from http://www.banrep.gov.co/es/indices-del-mercado-bursatil-colombiano. [ Links ]
2. Internal Displacement Monitoring Centre, Norwegian Refugee Council. (2018). Informe mundial sobre desplazamiento interno 2018 - GRID 2018. Retrieved from http://www.internal-displacement.org/global-report/grid2018/downloads/misc/2018-GRID-Highlights-SPpdf. [ Links ]
3. Monroy Flores, V. (2014). VI Congreso en Desarrollo Económico y Calidad de Vida: "Alternativas al desarrollo y buen vivir". Universidad La Gran Colombia, Bogotá, 10-11 November 2014. Retrieved from https://goo.gl/RK9S1Q. [ Links ]
4. United Nations Development Programme (UNDP) (2016). Progreso multidimensional: bienestar más allá del ingreso [Informe Regional sobre Desarrollo Humano para América Latina y el Caribe]. Retrieved from http://www.latinamerica.undp.org/content/rblac/es/home/library/human_development/informe-region-al-sobre-desarrollo-humano-para-america-latina-y-e.html. [ Links ]