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Bitácora Urbano Territorial

versión impresa ISSN 0124-7913

Bitácora Urbano Territorial vol.28 no.2 Bogotá mayo/ago. 2018

https://doi.org/10.15446/bitacora.v28n2.70037 

Central dossier

Grandes eventos esportivos no Rio de Janeiro: impactos nas favelas1

Grandes eventos deportivos en Río de Janeiro: impactos en las favelas de

Big sports events in Rio de Janeiro: their effects on the slums

Sewwrgio Moraes Rego-Fagerlandea 

a Posdoctor en Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ sfagerlande@gmail.com


Resumo

As favelas cariocas tem sido palco de recentes mudanças urbanas relacionadas às atividades turísticas, em especial ligadas aos grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. A visitação por brasileiros e estrangeiros sempre foi expressiva na cidade, e o aumento da movimentação nas favelas é um fato relevante. O presente artigo é parte de pesquisa que vem mapeando os impactos das obras de mobilidade urbana em favelas do Rio de Janeiro, das políticas de segurança através das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e seus reflexos no turismo e na imagem dessas áreas da cidade. O trabalho focou o estudo nas favelas na Zona Sul, de maior atividade turística. A pesquisa tem mapeado albergues, bares, restaurantes, parques e trilhas turísticas, buscando dados como suas localizações, quem são os empreendedores, de que maneira estão inseridos no turismo em favelas e a importância da participação comunitária e das políticas públicas no processo, buscando também entender se as transformações têm causado gentrificação nessas comunidades.

Palavras-chave: turismo em favelas; mobilidade urbana; albergues; grandes equipamentos urbanos

Resumen

Las favelas en Río de Janeiro han sido escenario de cambios urbanos recientes relacionados con las actividades turísticas, en especial, ligadas a los grandes eventos deportivos, como la Copa del Mundo de 2014, y los Juegos Olímpicos y Paralímpicos de 2016. La visita por brasileños y extranjeros siempre ha sido significativa en la ciudad, y el aumento del movimiento en las favelas es un hecho relevante. El presente artículo es parte de una investigación que mapea los impactos de las obras de movilidad urbana en las favelas de Río de Janeiro, y de las políticas de seguridad a través de las Unidades de Policía Pacificadora (UPP) para ver sus reflejos en el turismo y en la imagen de esas áreas de la ciudad. El trabajo se enfoca en las favelas de la Zona Sur, la de mayor actividad turística. La investigación ha mapeado albergues, bares, restaurantes, parques y senderos turísticos, buscando datos como sus ubicaciones, quiénes son los emprendedores, de qué manera están insertos en el turismo en favelas, así como la importancia de la participación comunitaria y de las políticas públicas en el proceso, para entender si las transformaciones han causado gentrificación en esas comunidades.

Palabras clave: turismo en favelas; movilidad urbana; albergues; grandes equipamientos urbanos

Abstract

The slums of Rio de Janeiro have been the stage of recent urban changes related to tourism, chiefly those linked to the large sports events such the 2014 Football Cup, and the 2016 Olympic and Paralympic Games. The visiting by Brazilian and foreign people was always significant in the city, and the increase of the flow in the slums is a relevant fact. This article is part of a work of research that has been mapping the effects of urban mobility work, done in the slums of Rio de Janeiro, and of the security policies implemented along with the UPPs and their effects on tourism and on the image these areas of the city have. The work shifted its focus to the study of slums in Rio's South Side, which has always been the scenario of greater tourist activity. The research has been mapping hostels, bars, restaurants, parks and tourist tracks, seeking data on their locations, and on who the entrepreneurs behind them are, as well as on the importance of community participation and the public policies currently active in the process, also seeking to understand the transformations that have triggered a process of gentrification in these communities.

Keywords: tourism in slums; urban mobility; hostels; large urban equipment items

Introdução

O Rio de Janeiro é, desde o século XIX, a cidade brasileira que melhor representa o Brasil. Capital do país entre 1763 e 1960, construiu a imagem de cidade maravilhosa, epiteto que mantém, mesmo com o agravamento de suas condições urbanas, econômicas e sociais, agravadas pela saída da capital para Brasília. Além de sua condição de capital ter durado muitos anos, a cidade tem sido o principal destino turístico nacional, e uma grande atração para turistas de todo o mundo.

Mesmo com muitos problemas sociais e de segurança pública, o Rio de Janeiro buscou, a partir de década 1990, recuperar as condições de grande polo turístico e lugar com inúmeras atrações turísticas. Nesse período a cidade passou por diversos projetos de melhorias urbanas2 e começou a ter um planejamento voltado a recuperar sua imagem positiva, buscando se recolocar no contexto das cidades globais, tendo o turismo como ponta de lança de um processo de transformações urbanas. As melhores oportunidades para isso tiveram como motivação os grandes eventos esportivos, em especial a partir de 2003, com a escolha do país como sede da Copa do Mundo Fifa de 2014, que teria o Rio de Janeiro como uma de suas principais sedes, e onde se jogaria a grande final e a Copa das Confederações, no ano anterior. Mais tarde, em 2009, houve a escolha da cidade como sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, e a cidade se comprometeu em realizar grandes obras, parte delas de mobilidade urbana e, também, um projeto de segurança com a ocupação das favelas (Izaga e Pereira, 2014), em especial as situadas no percurso dos turistas, e junto aos equipamentos esportivos e áreas ligadas aos eventos (Fagerlande, 2015). O interesse juntou as diversas esferas de poder, da municipal à federal passando pela estadual, criando condições para se realizar as obras em toda a cidade.

As favelas são os lugares de moradia de mais de 1.440.000 de pessoas na cidade do Rio de Janeiro, cerca de 23% de sua população (IBGE, 2010), e sempre foram colocadas de lado no planejamento urbano. Além de grandes problemas habitacionais e sociais, a segurança tornou-se um grave obstáculo para a integração dessas áreas da cidade, que tiveram um histórico de grande violência em especial a partir dos anos 1980 (Coutinho Marques da Silva, 2014).

Ao lado das grandes obras foi iniciado um programa de segurança pública nas favelas, com Unidades de Polícia Pacificadora, as UPP. A partir da ocupação dessas comunidades pela polícia, iniciada em 2008,3 o projeto se desenvolveria com serviços sociais e comunitários, ainda incipientes nesses locais.4 A urbanização dessas comunidades, com construção de vias internas e grandes equipamentos de mobilidade como teleféricos, elevadores e planos inclinados passou a atender não somente a esses interesses diretos de valorização dessas áreas, em uma iniciativa que buscava mudar a imagem dessas partes da cidade, como também fazia parte da política de segurança, trazendo novas perspectivas para a integração física dessas áreas à cidade formal (Fagerlande, 2015).

A pesquisa apresentada se iniciou exatamente em quatro conjuntos de favelas, ocupados por UPP's, e que foram alvo de grandes obras ligadas a mobilidade urbana.5 O maior deles é o Complexo do Alemão, na zona norte da cidade, em que a construção de um teleférico buscou trazer novas possibilidades de acessibilidade urbana ao local, inclusive para uso turístico (Fagerlande, 2015). Outra comunidade estudada se situa na área central da cidade, no Morro da Providência,6 e que também recebeu um teleférico, fazendo a ligação entre a Central do Brasil, principal estação ferroviária da cidade, e a zona portuária, que receberia um projeto de revitalização, o Porto Maravilha. Uma das pontas do teleférico se localiza exatamente junto à Cidade do Samba, local que agrupa os barracões das escolas de samba, onde são feitas as alegorias e fantasias para o carnaval carioca, com grande potencial turístico.

Na Zona Sul da cidade o estudo dos equipamentos em favelas focou no Cantagalo-Pavão-Pavãozinho e Santa Marta, o primeiro conjunto de favelas com um elevador ligando a comunidade a uma estação de metrô, e que tem um mirante ao alto, com claro objetivo turístico, e Santa Marta com um plano inclinado. Todas as favelas citadas foram palco da instalação de UPP's, mostrando o interesse de juntar os equipamentos de mobilidade urbana, turismo e segurança pública, trazendo benefícios à imagem das favelas e da cidade.

O estudo prosseguiu em favelas da Zona Sul da cidade, em que a proximidade tanto das praias como de toda a rede hoteleira e de serviços turísticos trouxe uma maior movimentação para as favelas locais, em um processo de turistificação destas. Dessa maneira a pesquisa deixou de lado as favelas de outras áreas, em que se verificou que as atividades turísticas tinham menor desenvolvimento. Foram estudadas as favelas do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, Babilônia-Chapéu Mangueira, Vidigal, Santa Marta e Rocinha. O trabalho prosseguiu com o mapeamento de albergues, bares, restaurantes, parques e trilhas ecológicas e como as comunidades locais se apropriaram do turismo, gerando um turismo de base comunitária a partir desses grandes investimentos públicos.7

O turismo em favelas no Rio de Janeiro tem o ano de 1992 como um marco inicial, a partir da visitação realizada durante a Eco 92 (Rio Conference on Environment and Sustainable Development), importante conferencia do ONU para o meio ambiente, como nos fala Freire-Medeiros (2009). O turismo em favelas naquele momento surgia na África do Sul, e suas atividades passaram a estar presentes em vários países em todo o mundo, como nos apresenta Frenzel, Koens e Steinbrink (2012), e vem se desenvolvendo como uma alternativa de geração de renda, empoderamento e possibilidade de trazer transformações em áreas de assentamentos informais em diversas cidades no mundo, em especial no chamado sul global.

O estudo do turismo em favelas leva em conta o que nos fala Ribeiro e Olinger (2012) e Sanches (2001) sobre a mercadificação das cidades, que também chega às favelas, que se tornam produtos a serem vendidos da mesma maneira como ocorre com as cidades na economia global, e autores como Pearlman (2016), que fala de processos de mudanças urbanas e como a população pode ser expulsa dessas áreas, em uma das consequências da valorização imobiliária trazida pelo turismo nessas comunidades, dentro do que Smith e Williams (1986) tratam como gentrificação, em especial sobre como as políticas públicas pode se relacionar a esse fenômeno.

Por outro lado, as ideias do turismo de base comunitária levantadas por Bartholo, Sansolo e Bursztyn (2009), mostram possibilidades de o turismo trazer benefícios para os moradores locais, como também tratam autores como Beeton (2006) e Steinbrink, Frenzel e Koens (2012) ao falar das possibilidades do turismo para o empoderamento, de renda e melhorias para as comunidades, ao ser realizado de maneira consciente e ética. Nesse contexto temos os relatos sobre a participação comunitária nos livros de Rodrigues (2014), e Pinto, Silva e Loureiro (2012), produtos de participantes desses processos nas comunidades aqui estudadas, de Santa Marta e Cantagalo-Pavão-Pavãozinho. O estudo de albergues e mobilidade nas favelas tem sido apresentado por Fagerlande (2016, 2017b) que mostra como se dá a relação entre mobilidade, visitação e hospedagem nas favelas turísticas.

Fonte: foto do autor, 2014.

Figura 1 Vista do bairro de Ipanema a partir do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho 

O trabalho de mapeamento vem sendo realizado através de visitas às favelas, com a localização dos albergues, fotos e entrevistas com moradores, funcionários de albergues e empreendedores. Os dados referentes aos albergues apresentam certas dificuldades para serem obtidos, por serem atividades na grande maioria ainda informais e sem registro nos órgãos oficiais de turismo. As informações são por vezes fornecidas por empregados menos informados ou por proprietários pouco interessados em divulgar dados.

Foram também realizadas pesquisas em sites de hospedagem como booking.com, tripadvisor.com, facebook.com, brazilian.hoste-lworld.com e reservehotelonline.com.br. São poucas as informações completas sobre o tema, mas deve ser destacado o trabalho do Sebrae com seu Guia de Favelas (Sebrae, 2015).

A pesquisa está em andamento, buscando complementar dados e traçar um quadro ainda mais completo sobre a situação dos empreendimentos e sua relação com a comunidade, em especial sobre a participação dos moradores ou de agentes externos nessas atividades. No momento pode ser percebida a participação de moradores nos empreendimentos em áreas dentro das favelas, e grande número de agentes externos em áreas de acesso, nas vias de acesso às comunidades (Fagerlande, 2017b).

No presente artigo são apresentados dados quantitativos sobre os albergues encontrados nas favelas pesquisadas e com relação a quem são esses empreendedores, se locais ou não, e foi traçada uma linha de tempo para entender como esses albergues se relacionam a eventos importantes da cidade e as intervenções urbanas nesse período.

Os dados encontrados foram analisados através de gráficos que buscam esclarecer a relação entre as favelas, o momento em que os albergues foram implantados e a instalação de UPP's e obras de infraestrutura nas favelas. Outra situação apresentada é um processo de aumento contínuo do surgimento de albergues entre 2010 e 2016, e a diminuição do número desses empreendimentos em 2017 e 2018, em geral causadas pelo aumento da violência na cidade, ainda maior nas favelas, pelo fim do projeto das UPP's e a falência do Estado.

Turismo em favelas cariocas

A institucionalização do que chamamos de turismo de favelas no Rio de Janeiro teve início em 1992, com a visitação da favela da Rocinha (Freire-Medeiros, 2009). Essa visitação se dava com o Jeep Tour, um verdadeiro safári urbano, e que trazia visitantes para um tour guiado pelas ruas da favela, com algumas paradas para se observar a vista e fazer compras de souvenirs. Esse modelo ainda persiste em diversas favelas, sendo visto como negativo pelos moradores, pelos poucos ganhos que traz para as comunidades. Dessa maneira grupos comunitários organizados passaram a ter o turismo como uma possibilidade de ganhos econômicos com a visitação, sem depender de agentes externos (Freire-Medeiros, 2009).

Durante alguns anos o poder público pouco se interessou pelo turismo em favelas, achando que a visitação a esses lugares traria uma imagem negativa para a cidade, dentro de uma política de negação da presença das favelas na cidade. Alguns fatores foram decisivos para a mudança de posição, ainda que dentro de um processo em que por vezes o turismo em favelas passa a ser apoiado em seguida negado, dependendo de quem está à frente da gestão pública da cidade e do estado no Rio de Janeiro. Um dado que demonstra essa situação é a maneira como as favelas são representadas em mapas. Antes de 1976 elas não existiam nas representações da cidade, e somente em 2012 o IPP Instituto Pereira Passos, órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro, passou a representar as edificações das favelas nesses mapas. Em 2013 a prefeitura solicitou a retirada do nome favelas dos mapas do Google (Ferraz, 2016), e em 2017 as favelas foram retiradas dos mapas turísticos da cidade, trazendo novamente a invisibilidade para esses moradores.

Um momento decisivo para uma dessas mudanças foi a iniciativa do Turismo de Base Comunitária, programa do governo federal de 2006 (Rodrigues, 2014), inicialmente voltado para as comunidades agrícolas e de pesca do interior do país, e que passou a ser utilizado para financiar iniciativas em favelas cariocas. Ao mesmo tempo o projeto das UPP's e a ocupação dos morros cariocas trouxe um momento de união de esforços para a criação de iniciativas voltadas a melhorias nas favelas, tanto com obras como com projetos sociais e de novas possibilidades econômicas. Assim surgiu o projeto Rio Top Tour, projeto do governo do estado, criado na favela Santa Marta em 2010 (Rodrigues, 2014).

Esse projeto incluía a formação de guias locais e a participação da comunidade no estimulo ao turismo. Deve ser salientado que a favela havia sido palco da filmagem de clipe do Michael Jackson em 1996, onde foi erigida uma estátua mais tarde que se tornou ponto turístico (Rodrigues, 2014). Dessa maneira, junto com o plano inclinado que facilitava o acesso ao alto do morro, com um visual panorâmico da Zona Sul, suas montanhas e o mar, a favela se tornou palco de grande visitação turística, com roteiros realizados com os guias locais. A criação de albergues por moradores só trouxe ainda mais estímulo às atividades, mostrando as possibilidades em uma comunidade que passava a ser mais integrada à cidade formal.

O turismo passava a fazer parte de um processo estimulado pelo poder público, tanto por obras públicas como por políticas de estado, como o Rio Top Tour, além de publicações de guias, sites e revistas que buscavam estimular o turismo em favelas, com a criação de percursos ligados à gastronomia, observação da paisagem urbana e natural da cidade, e finalmente a hospedagem, com a criação de albergues (Fagerlande, 2017a, 2017b).

Outras iniciativas comunitárias relacionadas ao turismo surgiram nesse período, como o Museu de Favela (MUF), criado em 2009 no Cantagalo Pavão Pavãozinho (Pinto, Silva, Loureiro, 2012), e o trabalho da CoopBabilônia, no Morro da Babilônia mostram a participação local em diversas iniciativas relacionando turismo e favela.

Os albergues nas favelas

A pesquisa se iniciou a partir da constatação de uma grande presença de empreendimentos de hospedagem em favelas da Zona Sul carioca, verificada a partir de 2010. Após uma pesquisa iniciada em 2012 em favelas com obras de mobilidade urbana e onde haviam sido implantadas UPP's, como o Complexo do Alemão, Morro da Providência, Cantagalo-Pavão-Pavãozinho e Santa Marta, pode ser verificada a inexistência de albergues nas duas primeiras favelas, e o grande número desses empreendimentos nas duas últimas. Foi percebido então que as duas primeiras, situadas na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, mesmo com potencial para o turismo representado na visitação de seus teleféricos, em especial nos anos logo após a instalação (Fagerlande, 2015), essas atividades não tiveram continuidade, em especial devido ao aumento da violência. Dessa maneira foi percebido que o grande interesse em se empreender para o turismo nas favelas se direcionava a morros da Zona Sul.

Fonte: foto do autor, 2014.

Figura 2 Visitação no Circuito Casas-Tela, do Museu de Favela, no Cantagalo-Pavão-Pavãozinho 

Deve ser entendido que na Zona Sul carioca estão localizadas as maiores atrações turísticas da cidade, como as praias, e sua paisagem é uma forte atração. Ali se concentra grande parte da rede hoteleira, e dessa maneira as favelas seguem uma tendência do turismo na cidade, estando, portanto nas favelas próximas aos bairros litorâneos a maior parte dos albergues nas favelas (Fagerlande, 2017b).

Dessa maneira, foram escolhidas para o trabalho de pesquisa as favelas de Santa Marta, Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, Babilônia Chapéu-Mangueira, Vidigal e Rocinha, conforme mostra a figura 3. São comunidades que, ao lado da presença de muitos albergues, o turismo se relaciona com atividades de algumas associações comunitárias já mencionadas, como o Museu de Favela (MUF) no Cantagalo-Pavãozinho (Pinto, Silva, Loureiro, 2012) e a CoopBa-bilônia no Morro da Babilônia, além de projetos governamentais, como o Rio Top Tour, no Santa Marta (Rodrigues, 2014) que tiveram um impacto sobre o turismo e a participação da comunidade local, com a formação de guias e criação de albergues.

Fonte: desenho do autor sobre Google Maps, 2017.

Figura 3 Localização das favelas estudadas na Zona Sul do Rio de Janeiro 

A relação entre os albergues e as associações comunitárias é em geral descrita como positiva, e o turismo, mesmo sendo um tema ainda controverso para muitos moradores, tem tido apoio nessas organizações, como mostra a ligação entre elas e as possibilidades de guiamentos que oferecem, seja pela favela ou pelas trilhas ecológicas nas matas dos morros junto às favelas, em que trabalhos comunitários de importância para o reflorestamento de relacionam com a criação de atrações para o turismo, como é o caso do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho e Babilônia-Chapéu Mangueira (Pinto, Silva, Loureiro, 2012; Morais, 2010, 2013). Uma das grandes preocupações que se tem com as atividades turísticas, em especial em assentamentos populares é a possibilidade de existir o que Pearlman (2016) chama de expulsão branca, ou seja, um processo de gentrificação nesses lugares que são objeto de intervenções. Por certo o turismo é uma atividade invasiva, e a pesquisa buscou observar se os empreendedores fazem parte das comunidades ou são investidores externos. Dessa maneira a participação dos moradores é fundamental para que o turismo seja positivo para essas favelas. A mudança de perfil de moradores na favela tem sido constatada, mas não necessariamente relacionada às atividades turísticas.

Como falam Smith e Wiliams (1986), gentrificação é um processo de mudança de perfil de áreas residenciais ligado a processos que incluem questões sociais, econômicas e a atuação de políticas públicas. No caso do turismo em favelas, pode ser considerado que algumas políticas públicas relacionadas às grandes obras para os eventos esportivos de 2014 e 2016 colaboraram para que as atividades turísticas se desenvolvessem nas comunidades estudadas, e a pesquisa buscou verificar de que maneira isso se ocorreu. Com certeza a valorização verificada em diversas favelas foi resultado dessas políticas, e a própria existência de empreendimentos turísticos, como os albergues, se liga a essa questão, mas mesmo sendo uma importante possibilidade econômica para geração de renda nessas favelas, o turismo ainda é numericamente pouco significativo, ainda mais em termos de número de albergues, para ser responsabilizado pela possível gentrificação de favelas.

O trabalho da pesquisa tem realizado o mapeamento dessas favelas, a quantidade de albergues existentes e sua localização nas favelas citadas, buscando dados sobre quem é o empreendedor, da comunidade ou não. O número de albergues encontrado na pesquisa sempre pode ser variável, devido às condições da informalidade dos negócios, e as mudanças constantes das condições de segurança e, portanto, de interesse e possibilidade da permanência das atividades em favelas que passam por um processo e aumento de violência constante. Nesse momento a pesquisa trabalha com dados entre 2008 e inicio de 2018.

Ao lado de dados sobre a localização dos albergues e número de hóspedes, a busca-se registrar o momento de instalação dos albergues, e o presente artigo busca mostrar a relação entre o estabelecimento desses albergues nas favelas e as condições para que isso ocorresse.

Uma análise geral dos dados apresenta um total de 97 albergues em 2016, e que atualmente diminuiu para em torno de 63, com um grande fechamento após os Jogos Olímpicos de 2016 e a falência do projeto público de segurança das UPP.8 A presença de maior número de albergues em favelas em que a paisagem se destaca certamente indica a importância desse aspecto para o turismo em favelas (Fagerlande, 2016, 2017b). A proximidade dos bairros que exercem maior atração turística pode ainda explicar essa questão, com a preferência por Vidigal, Cantagalo-Pavão-Pavãozinho e Chapéu-Mangueira-Babilônia, situadas junto a bairros como Copacabana, Leme, Ipanema e Leblon.

A Figura 4 apresenta dados referentes aos albergues mapeados pela pesquisa em 2016 e os encontrados em funcionamento em 2018, especificando números referentes aos empreendimentos locais e por consequência os que não são de empreendedores das próprias comunidades.

Fonte: pesquisa do autor.

Figura 4 Número de albergues mapeados nas favelas pesquisadas em 2016 e em 2018, com destaque para aqueles que são de empreendedores locais, janeiro 20189  

Pode-se perceber que apesar da diminuição do número de empreendimentos em cada uma das favelas pesquisadas, foi mantido o equilíbrio entre os albergues abertos por moradores locais e os que foram abertos por empreendedores de fora das comunidades. Em 2016 o porcentual de empreendimentos locais era de 48,4%, e passou a ser de 41,2 em 2018. No entanto percebemos que houve uma queda significativa em duas favelas, Sant Marta e principalmente Babilônia Chapéu Mangueira. Cada caso tem que ser verificado por motivos que nem sempre são diretos, mas pode ser pensado que são duas das comunidades em que o turismo comunitário sempre esteve muito presente, e de alguma maneira é sinal de que nem sempre essa modalidade do turismo conseguem se manter em momentos de maior crise. O fato dos empreendimentos no Vidigal se manterem em altos índices talvez seja resultado de um empreendedorismo menos comunitário, mesmo que levado por moradores locais.

Outro aspecto importante que a pesquisa verificou é que em geral a localização dos albergues nas favelas se divide em unidades situadas em áreas de acesso ou entorno direto e parte dentro da malha da própria favela, o que define também muitas vezes se o empreendedor é local ou não (Fagerlande, 2016, 2017b). A maior parte dos albergues situados em áreas de acesso são de fora das comunidades, mas a maior parte dos que se situam dentro das favelas são moradores. Existem exceções localizadas, como no Vidigal, que tem grande número de albergues dentro da favela de propriedade de forasteiros.

A linha do tempo apresentada na Figura 5 mostra um panorama da instalação dos albergues nas favelas da pesquisa. Nela aparecem ainda as datas de instalação das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPP's, e de inauguração de grandes equipamentos ligados à mobilidade, como o Plano Inclinado da favela Santa Marta e o Elevador Mirante do Cantagalo. Esse gráfico não mostra o processo de fechamento dos albergues, que se deu em especial após meados de 2017.

Fonte: pesquisa do autor.

Figura 5 Linha do tempo com a instalação dos albergues nas favelas pesquisadas, janeiro 2017 

Ao se analisarem os dados, considerando-se os dados obtidos sobre a data de abertura dos empreendimentos,10 algumas observações são possíveis de se verificar. Em primeiro lugar observa-se que antes de 2010 não foi verificada a presença de albergues nessas favelas. Existe a possibilidade de eles terem existido e a pesquisa não ter registrado sua presença, seja pelo momento em que foi iniciada, em 2014, ou pela falta de registro nas fontes pesquisadas.

Esses dados trazem um quadro que pode explicar a relação entre as obras de mobilidade e acessibilidade, a instalação das UPP's e seu reflexo sobre a instalação dos albergues. Se as políticas públicas trouxeram algum estímulo para o turismo em favelas, mesmo que de maneira pouco ampla, pode ser percebido que houve um aumento significativo na implantação desses locais relacionado ao novo momento gerado pelas novas condições de segurança e acessibilidade. Deve se considerar, entre algumas ações públicas, o programa Turismo de Base Comunitária (TBC), lançado em 2006 pelo Ministério do Turismo como um marco para a atuação em turismo de favelas, e o programa Rio Top Tour do governo estadual, com efetiva atuação na favela Santa Marta, como um dos principais resultados de sua atuação nas favelas cariocas, mesmo que sem continuidade (Rodrigues, 2014). Essa relação entre os investimentos públicos e o crescimento do número de albergues mostra a direta relação entre as políticas de segurança e de melhorias urbanas e o crescimento do turismo em favelas.

O ano de 2010 traz o primeiro registro, nas favelas da Rocinha e do Cantagalo Pavão Pavãozinho. A Rocinha tem um papel importante no turismo em favelas, seja pela primazia das atividades ou pelos estudos já realizados (Freire-Medeiros, 2009) e o Cantagalo Pavão Pavãozinho aparece talvez já relacionado à inauguração do Elevador Mirante, ocorrido no mesmo ano, obra de impacto e de grande repercussão na mídia.

Outra importante observação é a de que os anos entre 2013 e 2016 concentram grande parte dos albergues pesquisados. Pode ser observado que foi exatamente o mesmo momento em que ocorreram na cidade do Rio de Janeiro os eventos citados, tanto a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo FIFA de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Dessa maneira pode ser observado um interesse por parte de quem empreende nas favelas para a abertura desses albergues em um momento de grande visibilidade da cidade para o turismo internacional. Essa grande exposição da cidade, com a expectativa de aumento do número de visitantes, teve reflexos imediatos na movimentação turística nas favelas, e no interesse da criação de albergues como resultado desse processo.

Considerações finais

O estudo ainda em andamento pode mostrar alguns resultados. Ao pesquisar o turismo em favelas da Zona Sul carioca, em especial Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, Babilônia-Chapéu-Mangueira, Vidigal, Santa Marta e Rocinha, é percebida a presença de grande número de albergues, com o efetivo registro desses empreendimentos. A partir desse trabalho a pesquisa buscou entender como se deu a instalação desses empreendimentos em relação aos grandes eventos realizados no Rio de Janeiro, e seus impactos para o turismo em favelas. Entre os anos de 2013 a 2016 ocorreram na cidade grande eventos esportivos, como a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo FIFA em 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2016. A criação de programas de segurança e obras em favelas, iniciado em 2008 com a criação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora, ao lado de grandes investimentos de mobilidade, como Plano Inclinado na favela Santa Marta e Elevador Mirante no Cantagalo Pavão Pavãozinho mostram uma relação entre as políticas públicas, a grande divulgação nas mídias e o crescimento de albergues nessas comunidades. Mesmo com o interesse pelo turismo em favelas ter se iniciado em 1992, a presença de albergues só é significativa a partir de 2010.

Os dados obtidos pela pesquisa apresentada, em que se percebe ausência desses empreendimentos antes de 2010, e grande crescimento entre os anos de 2013 e 2016, além da diminuição do número, mas não o término de albergues em 2017 e 2018, apontam uma relação direta entre os eventos e o turismo em favelas, além da importância de uma politica de segurança adequada e continuada. Mostra que mesmo sendo ainda uma atividade relacionada às comunidades, com a participação de grupos locais, como ONG's e guias locais na visitação, as políticas públicas são importantes para o estimulo ao turismo nas favelas, pois se percebe que elas causam um impacto grande nessas atividades, mesmo que ainda sejam poucos os incentivos diretos.

Com relação à participação comunitária no turismo, é demonstrada com a pesquisa que mesmo podendo existir um processo de valorização das propriedades nas favelas, por conta dos investimentos públicos, o turismo não parece ser responsável por um processo de gentrificação, por um lado pela pequena quantidade de empreendimentos ali existentes relacionados a essas atividades, como pela participação de moradores locais em muitos desses albergues pesquisados. No entanto pode ser percebida uma maior dificuldade em se manterem os albergues das comunidades em que existe maior participação comunitária em funcionamento, como mostram os casos da Babilônia Chapéu Mangueira e Santa Marta.

As políticas públicas para a cidade têm reflexos diretos no empreen-dedorismo ligado ao turismo nas favelas, e a presença dos albergues e a distribuição temporal da criação dessas atividades pode nos mostrar de que maneira essas atividades respondem a políticas públicas ou à sua ausência, como fica demonstrado com a presença de obras e projetos de segurança ou sua saída dessas favelas.

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1Pesquisa realizada no Laboratório de Urbanismo e Meio Ambiente do Programa de Pós-graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro LAURBAM PROURB FAU UFRJ, com apoio do PIBIC CNPQ.

2Dentre esses projetos se destacam o Rio Cidade de 1993, voltado para áreas públicas em bairros da cidade e o Favela Bairro iniciado em 1995, projeto pioneiro de urbanização em favelas (Sakata, 2011).

3A primeira favela ocupada foi a de Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul carioca (Rodrigues, 2014)

4A ocupação com as Unidades de Polícia Pacificadora incluiria a criação da UPP Social, com uma ocupação social, não realizada de maneira eficiente.

5Grande parte dessas obras foram realizadas com recursos do PAC Comunidades, do Governos Federal.

6O Morro da Providência, inicialmente chamado de Morro da Favela, foi o local em que surgiu esses assentamentos no Rio de Janeiro, ainda no final do século XIX, dando nome a todas as comunidades do tipo em todo o país.

7A escolha de favelas da Zona Sul em detrimento as de outras áreas se deve em especial á localização de albergues, em geral somente encontrados nessa área da cidade.

8O governo do estado do Rio de Janeiro, responsável pela segurança pública e pelo projeto das UPP vem passando por grave crise econômica desde o final de 2016, com graves consequências para diversos setores públicos, inclusive com a falta de pagamento dos funcionários públicos.

9Os albergues mapeados foram pesquisados em cada uma das favelas apresenta

10Esses dados não contemplam todos os albergues mapeados, somente aqueles em que foram obtidas as informações, em torno de 60% do total.

Sergio Moraes Rego-Fagerlande Arquiteto e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro FAU UFRJ. Especialista em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC RJ. Mestre e Doutor em Urbanismo pelo Programa de Pós-graduação em Urbanismo PROURB FAU UFRJ. Pós-doutorado em Urbanismo pelo PROURB FAU UFRJ. Professor Adjunto da FAU UFRJ. Leciona História das Cidades e Projeto Urbano e da Paisagem na FAU UFRJ. Pesquisa Turismo e Cidade no PROURB FAU UFRJ.

Recebido: 27 de Janeiro de 2018; Aceito: 07 de Abril de 2018

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